Por toda a minha vida escrita por Elle Targaryen


Capítulo 43
Capítulo 43


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas...
ESTAMOS DE VOLTA!!!!

Enjoy!!! ♥



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Regina senta no sofá e apoia as mãos nervosas nas coxas enquanto o silencio toma conta da sala. Era a primeira vez em muito tempo que resolve abrir aquela caixinha de mágoas que compunha mais um pedaço de seu passado conturbado. Respira fundo enquanto fita os olhos ansiosos de Emma. A garota parecia querer entrar em sua cabeça a qualquer momento para descobrir de uma vez o que havia acontecido de tão ruim entre ela e Zelena.

–Então? – Pergunta com a voz baixa, meio sem jeito abrindo os olhos verdes numa expressão de ‘fofura’ e preocupação. Não queria apressar a morena, mas não conseguia esperar. A vontade de saber mais sobre ela a consumia.

Arruma-se no sofá de forma mais confortável encarando silenciosamente os olhos da garota. O que estava prestes a dizer era bem mais do que já havia dito para qualquer pessoa, por mais amigo que fosse. Na verdade nunca tivera muitos amigos, Robin era o único mais próximo. Para ele não precisava contar nada, bastava que ele a visse ou ouvisse mesmo a quilômetros de distancia, para saber seu estado real ou simplesmente “adivinhar” o que havia acontecido. Com Emma era diferente. A loira sabia ler seus olhos, seus movimentos, sua postura e com certeza sabia que algo delicado já havia acontecido em sua vida, mas aqueles não eram problemas dela. Emma nunca havia vivido algo parecido com o que ela passara. Queria de certa forma, protegê-la e sentia que falhara no instante em que resolvera abrir àquela garota o seu coração.

Estava certa que faria de tudo para manter Emma a salvo, de que nem ela mesma sabia, mas não queria ser um problema na vida da loira. As diferenças de idade, maturidade, posição já haviam feito Regina pensar inúmeras vezes sobre a loucura que fazia. Aquele era um jogo extremante arriscado tanto para ela quanto para a Emma; um deslize e colocaria abaixo todo o esforço que fizera para recuperar sua vida e de sobra ainda bagunçaria a família da garota, mas de uma coisa não podia estar mais certa: Se sua intenção era alertar e proteger Emma, precisava contar sobre Zelena. Aquela altura, a aproximação da irmã era uma ameaça.

–Está tudo bem. – Emma diz pousando a mão em cima da mão de Regina. – Se você não estiver a vontade, está tudo bem. Sei que tem muitas coisas no passado e não muito agradáveis. Até eu tenho algumas coisas que não gosto de lembrar. – Fala mostrando seu melhor sorriso consolador.

Regina sorri timidamente. Não conseguia imaginar que coisas seriam aquelas do passado “tenebroso” de Emma Swan. Respira fundo mais uma vez colocando as mãos de Emma entre as suas.

–Ok. – Finalmente fala e faz uma pausa soltando todo o ar pelo nariz. – Te falei uma vez que já amei uma pessoa, você lembra?

–Sim...

–Então..., o nome dela era Danielle e ela era uma mulher incrível. Doce, leve, gentil..., aquele tipo de pessoa que não se imagina existir nesse mundo onde todos só desejam se dar bem e só olham para si mesmos. Ela não era assim. – Diz olhando para Emma com os olhos além, como se memorasse coisas boas de um passado distante. A garota nota aquele tom calmo da voz da mulher e sorri.

–E? – Pergunta depois de um tempo observando a morena calada.

–Quando viemos para Storybrooke e Danielle conheceu minha família a primeira coisa que me pediu depois de uns dias foi pra que eu cuidasse de Zelena. Ela só tinha quatro ou cinco anos quando voltei para a cidade a pedido de Cora, que resolveu fazer uma trégua na nossa pequena guerra familiar para conhecer Danielle e o futuro neto que ela carregava...

–O quê? Henry...? – Emma pergunta, mais surpresa do que gostaria, interrompendo a morena

Regina a repreende com os olhos.

–Ok. Desculpa, continue.

–Sim, Henry. – Confirma e cala-se por alguns segundos. Toda uma historia de felicidade, tragédia e superação passava pela sua cabeça. Olhava os olhos esmeralda ansiosos a sua frente. Não podia contar tudo a ela. Não que tivesse medo de Emma sumir da sua vida, até porque aquilo seria a coisa mais sensata que a loira poderia fazer. Ela era complicada demais, com um passado conturbado demais, com uma família cheia de fantasmas que sempre apareciam uma hora ou outra pra assombrá-la. Mas não podia deixar Emma na escuridão.

–Vou contar desde o começo então.

–Ok.

–Só me escuta, ok? Deixa as perguntas pra depois.

–Sim, senhora! – Fala levando a mão direita à testa numa continência e tirando um sorriso bobo da morena.

–Então... Eu fui estudar em Londres quando terminei a escola. Viver em Storybrooke estava fora de questão após a morte do meu pai. A cidade era insuportável pra mim. Cidade pequena. Pessoas que me olhavam como se eu fosse o monstro da perversão juvenil. Fofoca. Diziam coisas sobre mim que eu jamais tinha feito. Minha mãe jamais me aceitou e discutíamos todos os dias, pois ela me forçava um comportamento que nunca foi meu. Eu não era a moça comportada, estudiosa, prendada e pronta para aceitar a que ela queria para o meu futuro: um noivo com a mesma condição social que a minha, já que ela era diretora da melhor escola do Maine e meu pai era o prefeito da cidade. Parecia que eu vivia na idade média e meu papel não era ser o guerreiro que matava dragões e sim a princesa na torre e eu odiava isso. Meu pai era mais confortante. Quando me abraçava, e ele fazia isso todas as noites enquanto cantava suas musicas favoritas até me fazer dormir, eu conseguia suportar qualquer coisa e..., eu não suportei estar aqui quando ele foi embora. – Diz enquanto sua cabeça pende sobre o pescoço involuntariamente.

Emma vê uma lágrima cair em suas mãos enlaçadas. Retira mão direita daquele nó e leva os dedos ao queixo de Regina.

– Estou aqui... – Diz apenas isso e enxuga as lágrimas que rolavam devagar no rosto da outra.

Regina abre um pequeno sorriso. Toma o ar e continua:

– Minha família sempre foi um campo de batalha. Minha mãe e minha tia Rose, mãe da Zelena, uma mulher horrível, nunca tiveram um bom relacionamento. A historia que sei é que Cora roubou o noivo de Rose, meu pai, e Rose nunca a perdoou. Pra que o escândalo não tomasse toda a cidade, as famílias se preocupavam muito com isso naquela época, meu avô mandou Rose para um convento fora do estado. Ela voltou quando ele morreu e por vingança engravidou do meu pai.

Emma faz um gruído involuntário e interrogativo. Como podia? Zelena era irmã de Regina? Elas nem ao menos se pareciam. Em gênio talvez, mas nada além.

–Sim..., Zelena é minha meia irmã e prima ao mesmo tempo. – Confirma após ver a cara surpresa da garota. -Continuando..., conheci Danielle quando estava de férias em Paris. Ela estudava música e tocava piano num bar nos finais de semana.

–Era francesa? – Não se conteve em perguntar, mas logo reteve a curiosidade e baixou os olhos como se tivesse feito algo muito errado.

Regina apenas sorri e confirma:

–Sim, era francesa.

–Devia ser linda!

–Ela era... – A morena faz mais uns segundos de pausa e pensa longe.

–E então?

–Hum... Então, aquela coisa..., eu a conheci, passei as férias daquele ano com ela e dei meu endereço em Londres, mas nunca pensei que ela fosse atrás de mim. – Sorri ao contar. – Mas ela foi. Apareceu uns meses depois do nada batendo na minha porta com todas as coisas que tinha.

–Uau!

–É..., ela tinha dessas coisas e confesso que isso me fez apaixonar ainda mais. Vivemos juntas e resolvemos montar uma família juntas.

–Henry...?

–Sim... Quando viemos para Storybrooke, por insistência dela que queria conhecer minha família e de Cora que queria conhecê-la, estava nos dando uma “trégua”. Eu não queria mas mesmo assim viemos, enfim.. Quando cheguei Zelena tinha quatro ou cinco anos, morava com Rose e ganhava - ganha até hoje - uma pensão até ter idade suficiente pra administrar a parte dela na herança dos Mills. Danielle se compadeceu dela. Rose era uma mãe terrível, tem Zelena até hoje como um troféu de guerra que não lhe serve pra mais nada.

–É, já percebi o quando ela sofre com a mãe. – Emma comenta e Regina confirma com a cabeça. – O que você fez?

–Fiz o que Danielle me pediu. Quando..., quando ela morreu... – Diz com a voz como se tivesse um nó na garganta difícil de ser desfeito. - minha vida virou de cabeça pra baixo. Levei muito tempo para conseguir me erguer e quando consegui fiz o que havia me pedido. Levei Zelena para casa, não foi difícil convencer Rose, só precisei dar dinheiro a ela todos os meses.

–Nossa... que mulherzinha...

–Posso continuar?

–Sim, sim...

–Criei Zelena como uma filha. Dei tudo pra ela. Ela e Henry cresceram como irmãos. Eu tinha duas crianças na minha casa e eu tinha amor pelas duas. Nem eu acreditava naquilo. Eu não odiava Zelena e nem via aquilo como caridade, via como amor. Era o mínimo que Danielle, dentre tantas coisas, havia me ensinado: amar. Mas... – Faz uma pequena pausa e sorri quando vê os olhos curiosos de Emma arregalados. – Tempos depois, quando Henry já estava na escola eu comecei a notar uma mudança em seu comportamento. Ele passou de um garoto extrovertido, falante, carinhoso, curioso para uma criança retraída. Comecei a notar marcas em seu corpo. Eu perguntava e ele nunca me respondia. Falei com professores da escola, com pais de alunos, com psicólogos, com todos que pude e não consegui encontrar o problema. Ele ficava cada vez mais estranho e retraído e eu comecei a me desesperar achando que era uma péssima mãe, alguém estava fazendo algo com meu filho e eu não conseguia descobrir. Até um dia que Neal, nessa época Cora e Gold já estavam casados e ele brincava com Henry nos finais de semana, contou pra mim, na sala da diretoria, que havia visto Zelena afogando Henry na piscina da escola. Todas as peças se encaixaram naquele momento. Eu nunca iria suspeitar dela..., era uma criança fofa, sempre disposta a ajudar, meiga, amiga..., mas nada daquilo era sincero. Eu passei a odiá-la. – Conclui e olha para Emma. O olhar da garota não era mais o mesmo.

–Quantos..., quantos anos Henry tinha? – Pergunta incrédula.

–Zelena tinha onze então..., uns sete.

–Sete? Ela teve coragem de machucar um garoto de sete anos que morava com ela? – Pergunta mais para si do que para Regina. Como ela pôde? A vontade de Emma era sair dali naquela mesmo segundo e arrastar Zelena pelos cabelos até fora da cidade e fazê-la não retornar mais.

–Sim e, bem..., você já sabe e não quero ficar falando sobre isso.

–Tudo bem, eu entendo, mas não consigo não ter vontade de socar a cara dela agora mesmo. O que você fez? Bateu nela?

–Não..., não bati. Não por falta de vontade. Apenas a impedi judicialmente de se aproximar do Henry ou de qualquer um da família, isso inclui Neal que passou a morar comigo.

–Por isso ele tá sempre atrás do Henry como guarda costas?

–Sim..., e por isso fico tão preocupada quando ele some. Quando você começou a se aproximar dela juro que pensei o melhor, que talvez ela pudesse mudar e não ter mais todo aquele ódio, mas ainda assim tenho o pé atrás.

–É..., eu sei que ela não gosta de você nem de ninguém da família Mills apesar de ela ser uma Mills também.

–Só tenha cuidado, Emma. Ela não pode saber sobre nós e é um risco que ela se aproxime demais.

–Eu sei e você sente ciúmes. – Diz de forma sapeca quebrando o clima sério do segundo anterior. – Ciumentinha! – Diz segurando o queixo da morena.

–Não sou ciumentinha, Emma! Não tenho ciúmes.

–Aaaah, não? - Pergunta maliciosa deslizando o corpo pra cima da morena. – E o que você faria se por acaso eu me interessasse por uma garotinha da escola, uma colega de classe? – Pergunta novamente com o corpo já todo em cima da outra que se deitava completamente no sofá.

Regina franze a testa em descontentamento.

–Não brinca comigo. – Diz ameaçadora.

–Hum... não posso brincar com minha baixinha ciumenta?

–Aaaa, não Emma! – Fala invertendo as posições sentando na barriga da loira e com a expressão ligeiramente irritada enquanto a garota ria sem parar.

–Ciumenta tudo bem, mas baixinha não?

–Não! – Regina diz com a voz firme tentando não rir da situação quando é surpreendida pelos lábios da loira embaixo dos seus. Põe o peso de seu corpo sobre o dela enquanto se encaixa entre suas pernas tentando não quebrar o contato dos lábios. As mãos da loira passeiam pela cintura da morena que aprofundava o beijo cada vez mais segurando sua nuca e sugando deliciosamente seus lábios.

Regina quebra o contato:

–Henry pode chegar a qualquer hora.

–Eu sei. – Emma responde enquanto, lentamente, procurava caminho pela parte de baixo da blusa da morena.

–Emma.... – Regina suspira ao sentir o toque da garota em sua pele. – Henry pode chegar a qualquer momento.

–Eu sei..., você está em cima de mim. Pode sair quando quiser. – Fala sussurrando enquanto suas mãos sobem até os seios rígidos da morena.

–Sim, mas eu não consigo sair daqui. – Diz com a voz rouca e logo toma os lábios da garota entre os seus. O clima se torna mais intenso e é cortado no segundo seguinte por batidas na porta da frente.

Regina pula do sofá arrumando a roupa e o cabelo da melhor forma possível.

–É o Henry! – Fala nervosa enquanto Emma senta-se arrumando o cabelo.

–É.., deve ser. – Concorda sorrindo.

A morena fita a garota com um olhar de desaprovação e em seguida sorri indo em direção a porta. Estavam certas. Era Henry recém-chegado da noite do pijama e cheio de coisas pra contar. Entra na mansão eufórico falando sem parar do quanto se divertiu na noite anterior com todo o sorvete que conseguiu tomar antes de dormir. Regina apenas o repreende com o olhos enquanto ele se aproximava das escadas ainda falando de como a tarde havia sido ótima e que havia pescado um peixe enorme no lago. O garoto para de falar apenas quando ouve um barulho vindo da sala.

–Tem alguém ai com você? – Pergunta curioso.

Regina é pega de surpresa. Abre a boca pra responder e saem apenas sons vazios quando Emma aparece no hall.

–Sou eu. – Fala sorrindo.

–O que você tá fazendo aqui? – Henry pergunta curioso.

–Arre, não mereço nem um abraço é logo perguntando, perguntando...

O garoto desfranze a testa e vai até ela abrindo os braços para um abraço confortante.

–Agora me diz o que você faz aqui? – Pergunta sorrindo.

Emma vira a cabeça para o lado por um segundo enquanto revira seus neurônios atrás de uma resposta rápida.

–Vim atrás de você. Queria te ver. Faz tempo que não jogamos vídeo Game nos domingos, mas sua mãe me disse que você estava na noite dos garotos e que iria pescar hoje e só voltaria no fim do dia. Resolvi te esperar pra dar um abraço e acabei quebrando alguma coisa lá dentro. – Fala dando um sorriso amarelo para Regina.

–Não vamos mais jogar vídeo game? – Garoto pergunta desempolgado.

–Não Henry... , você deve estar cansado e amanhã é dia de escola. Fica para o próximo domingo, ok?

–Ok. – Diz meio chateado. – Boa noite, Emma. – Novamente abraça a garota demoradamente e sussurra algo em seu ouvido que faz Emma gelar e olhar para Regina com os olhos arregalados. O garoto se despede depositando um beijo na bochecha da loira e sai correndo escada acima enquanto Emma continua parada feito uma estátua olhando pra Regina que não entendia a reação da garota.

–O que foi, Emma? – Pergunta preocupada.

Não fala. Vai até Regina, dá um toque em seu braço e silenciosamente pede para que a morena a acompanhe até a cozinha. Chegando lá Emma encosta o corpo no balcão da pia e olhando para a morena ainda com aquela expressão de surpresa, diz:

–Henry me disse que essa camisa é tua. – Fala quase cochichando com a borda da camisa entre os dedos.

–E? – Regina pergunta sem entender.

–E daí que ele disse isso com uma voz meio..., meio insinuosa.

–Insinuosa? Como assim? – Regina pergunta curvando o corpo sobre o balcão no centro da cozinha.

–Não sei Regina..., acho que ele desconfia de nós.

–Emma..., claro que não! Henry só tem doze anos ele não pensaria nessas coisas.

–O quê? Em que década você pensa que estamos, Gina? Todas as crianças da idade do Henry já sabe sobre sexo e relações homoafetivas e...

–Querida..., eu sei, mas não acho que Henry pense algo sobre nós. – Fala interrompendo a garota. - Quem conseguiria imaginar uma coisa dessas? Eu, a diretora da escola, e você, aluna, juntas? Acho que isso já seria demais pra imaginação de um garoto de doze anos... – Faz uma pausa de meio segundo e pergunta cerrando os olhos para a loira: - Do que você me chamou?

–Gina? Foi de Gina..., se você não gostou desculpa.

–Não gostei? – Regina pergunta saindo de sua posição e indo até a loira.

A morena vagarosamente se aproxima apoiando as mãos no balcão da pia de um jeito que Emma fica entre seus braços.

–Achas que não gostei? – Pergunta com sua voz rouca e sexy que apenas ela sabia ter e que levava Emma para outra dimensão.

–Você gostou? - A garota pergunta já toda derretida, apenas a voz daquela mulher já era suficiente para sentir-se mole e ansiar pelo toque da outra.

–Eu adorei. – Diz num sussurro enquanto sela seus lábios carnudos nos lábios finos da garota. As mãos sempre incontroladas de Emma arrumam um lugar nas laterais do corpo da morena, indo vagarosamente na ordem cintura, quadris, nádegas onde enchia as mãos puxando-a para si. Regina encosta seu corpo no dela pressionando-a contra o balcão. As mãos passam do balcão para o pescoço da garota, seus dedos dançam com os fios loiros de Emma enquanto o beijo fica mais ardente. Emma aperta ainda mais Regina contra seu corpo apoiando o centro quente da morena em sua coxa esquerda enquanto segura firme seus quadris fazendo um vai e vem vagaroso que faz a morena soltar um gemido rouco para em seguida mordiscar toda a extensão do pescoço da outra.

–Gina... cadê seu senso de responsabilidade? Henry está no quarto. Pode descer a qualquer momento. – Diz ofegante enquanto todo seu corpo arrepiava com os lábios quentes da morena tocando sua pele.

–Então vamos pro quarto... e me chama de novo de Gina, eu adorei. – Diz novamente tomando os lábios de Emma para si.

–Regina... o Henry está em casa, com certeza vai procurar você antes de dormir. – Diz com os olhos fechados e as mãos passeando pelo corpo da diretora.

–Ok. –Regina diz dando um passo pra trás. – Você tem razão menina ajuizada.

–É... – Concorda fazendo um bico de decepção.

–Emma.. Se você está preocupada com Henry, essa história da camisa, relaxa. Tenho certeza que ele não desconfia de nada. Se desconfiasse eu saberia. Conheço meu filho. Ele deve ter falado isso pra brincar você. - Diz de forma confiante enquanto pega ambas as mãos da loira e entrelaça os dedos nos seus. - Está tudo bem, ok?

A garota demora um pouco para responder. Sabia que Henry havia recebido uma educação impecável e bem longe de qualquer preconceito que ele poderia vir a ter, mas sabia também que mesmo se o garoto aceitasse relações homoafetivas numa boa, como parecia aceitar, seria diferente saber que sua mãe estava tendo algo com sua melhor amiga, uma garota que frequenta a mesma escola. Pela primeira vez se via realmente preocupada com aquilo enquanto Regina, pelo contrário, parecia confortável. Esperava realmente que a morena estivesse correta. Henry saberia delas na hora certa e gostaria muito que pudessem contar a ele juntas.

–Ok. - Diz afagando as mãos de Regina entre as suas, puxando-a para um abraço. - Queria continuar de onde paramos. - Fala assim que sente o perfume de maçã nos cabelos negros.

A morena sorri pondo as mãos no rosto da garota.

– Eu adoraria, mas Fico devendo. Você está certa, não vamos arriscar que Henry saiba de nos dessa forma, certo?

–Certo. - Confirma e fica uns segundos com os olhos distantes, perdidos no rosto da morena a centímetros do seu.

– O que foi? - A mulher pergunta meio preocupada.

– Gina... O que nós temos? - Questiona com os olhos visivelmente receosos. Temia a reação da outra, mas não conseguia segurar sua vontade de saber realmente o que Regina pensava sobre elas.

A morena abaixa a cabeça por alguns segundos.

– Como assim o que nós temos? - Pergunta como se não tivesse entendido. Queria detalhes sobre o questionamento da garota. Sobre o que exatamente ela estava perguntando? Passava na cabeça de Emma que estavam namorando? Ou que tinham apenas um caso de atração? Repreende-se mentalmente no mesmo segundo. Como poderia pensar aquilo após todos os gestos, carinhos, beijos e olhares amorosos que Emma lhe dirigia? Porém, fazia tanto tempo que não entrava numa história tão intensa quanto a que agora vivia. Tudo se tornava motivo para inseguranças. Logo ela uma mulher que já passara por tantas coisas difíceis, se via tão sensível à insegurança com uma simples pergunta da garota que havia derrubado sua fortaleza com tanta facilidade.

–Não precisa responder. Acho que assim como eu você também não tem ideia, né? – Diz meio cabisbaixa. Alguns meses já se passaram desde aquele primeiro beijo. Amavam-se, isso era fato, confiavam uma na outra, isso era outro fato, mas não eram realmente um casal, pois casais dividem muito mais que amor e confiança. Emma tentava ao máximo não pensar muito, mas às vezes era impossível não perceber a si mesma como uma pessoa tão próxima de Regina e ao mesmo tempo tão distante.

A morena fita os olhos cor de esmeralda que tremulavam a procura dos seus. Amava tanto aquela garota, tanto, que por varias vezes tinha certeza de ser capaz de fazer tudo por ela até mesmo deixá-la, se fosse o melhor a ser feito. Não queria de forma alguma bagunçar sua vida, a vida de sua família, seu bom relacionamento com os pais; não queria que ela passasse por coisas tão difíceis. Se queria tê-la para sempre como se é esperado quando se ama? Sim, queria. Queria torná-la bem mais que os encontros escondidos, mas a que preço? Aquele seria sempre um assunto delicado, a ferida aberta daquela historia de amor.

–Já vou. – Diz abaixando a cabeça levemente para cortar o contato de seus olhos com os da outra.

–Emma... – É tudo que Regina consegue dizer antes de a garota atingir o portal da cozinha e Henry descer correndo as escadas.

–Mãe, estou com fome. – Diz distraído ao ir em direção à cozinha. Para surpreso ao ver Emma. Não imaginava que a loira ainda estaria lá. – Come conosco, Emma? – Pede abrindo um sorriso contente.

–Ahn..., acho que não dá.

–Por que não? – Pergunta curioso.

–Eu tenho de ir pra casa terminar um trabalho da escola pra amanhã. – Dá a primeira desculpa que vem em sua cabeça e esperava que o garoto não fosse esperto o suficiente para perceber seus olhos e expressões tristes. – Nos vemos amanhã na escola. – Diz bagunçando os cabelos úmidos do garoto para, em seguida, se dirigir até a porta de entrada.

–Não vai acompanhar Emma até a saída? – Henry pergunta à mãe que parecia meio distraída.

–Por que não a acompanha enquanto faço um sanduiche pra você? – Regina pergunta tentando mostrar ao filho seu melhor sorriso, mas passa bem longe disso.

O menino olha a mãe meio de lado como se por sua cabecinha quase adolescente passasse um milhão de pensamentos, mas um estava certo, alguma coisa havia acontecido entre sua mãe e Emma. Prefere não fazer suposições e corre até a porta da frente antes que a loira saia.

–Ela tratou você mal? – Henry pergunta abrindo a porta para Emma.

–Não precisava vir se despedir. Vamos nos ver amanhã. – Diz tentando parecer animada.

–Não vim me despedir. Minha mãe sempre diz que devemos abrir a porta quando alguém estiver indo embora para que essa pessoa volte sempre. Quero que você volte sempre e também quero saber o que aconteceu. – Fala preocupado.

– O que aconteceu com o quê? – Pergunta tentando, inutilmente, fingir que não sabia do que o garoto estava falando.

Henry franze a testa demonstrando impaciência enquanto seus lábios formam um leve bico de lado. “Exatamente como Regina quando irritada”, pensa a loira.

–Não aconteceu nada, Henry..., ou melhor, não aconteceu nada entre mim e sua mãe. Ela não me tratou mal, nem nada...

–Hum..., Então por que você está triste?

–Quem disse que estou triste, garoto?

–Seus olhos. – Henry fala confiante afundando seus olhos azuis esverdeados nos de Emma.

A garota gela por dentro e ao mesmo tempo se questiona como aquele garoto consegue ser tão esperto para notar algo que ela tentava esconder até para si. Aproxima-se dele. Ela do lado de fora e ele do lado de dentro.

–Sim, estou chateada. Alguém de quem eu gosto muito não me disse algo que eu gostaria muito de ouvir. Eu sei que isso parece um pouco infantil porque na maioria das vezes, durante toda a vida, é normal não se ouvir o que quer. É difícil, mas acontece com todo mundo e eu não devia me lamentar por isso. Então..., eu não quero falar a respeito. Você consegue entender?

O menino olha para baixo encarando os pés descalços. A mãe iria matá-lo por andar pela casa assim depois de ter tomado banho para dormir, mas não era hora para pensar em pequenas coisas. Emma havia acabado de confessar algo importante e ele sentia a necessidade de também confessar sobre algo que guardava havia semanas.

–Eu entendo. – Fala meio acanhado ainda olhando os próprios pés. – Tem semanas que tento falar com uma garota da escola, mas tenho medo que ela não sinta a mesma coisa por mim. Seria muito triste. – Confessa com as bochechas corando ainda sem olhar para a loira.

–Uma garota? Sério? Oh, Henry..., você está apaixonado? – Emma pergunta surpresa com um sorriso natural no rosto.

–Shiiiu! Fala baixo. Minha mãe pode ouvir. - Repreende a amiga e continua: - E não estou apaixonado, só acho que ela é uma garota legal e bonita.

–Ok, desculpa. Me conta mais...

–Não. Tenho uma condição para contar.

–Qual?

–Você deve me contar quem deixou você triste assim.

Emma abaixa os ombros na mesma hora. Aquilo não era justo. Ela não podia contar, mas queria muito saber sobre as primeiras experiências amorosas do garoto.

–Ok. Amanhã conversamos na escola, pode ser? - Pergunta animada.

–Ok. Encontro você na hora do almoço. – Diz sorridente.

“Henry..., o sanduiche está pronto!”

Ouvem a voz de Regina vindo da cozinha.

–Até amanhã então. – Se despede dando um beijo o topo da cabeça do garoto.

–Até. – Henry fala abraçando a loira.

Emma dá as costas enquanto a porta da mansão Mills se fecha atrás de si. Anda devagar pela entrada, abre o pequeno portão de ferro, fecha-o e no momento em que põe os pés no asfalto sua animação se desfaz completamente.

Minutos após vagar pelas ruas gira a chave na fechadura da porta com desinteresse. Não tinha ninguém em casa. Com certeza seu pai estava no hospital e passaria a noite por lá. Vai até a cozinha e abre a geladeira, mais para pensar do que para realmente pegar algo na intenção de comer ou beber. Fecha a porta com desinteresse quando percebe um recado pendurado num ímã.

"Emma, estou no hospital. Sua mãe sai amanhã de manhã com o pequeno. Não sei que horas você lerá isso, mas prepare a casa para a chegada deles. Beijos. Pai".

Lê tudo com certa culpa dentro do peito. Como queria naquela hora sentir-se tão empolgada quanto ele, mas não tinha ideia do que poderia fazer para arrumar a casa. Não tinha louças na pia nem almofadas jogadas de qualquer jeito pelo sofá. Provavelmente os quartos também estavam arrumados principalmente o seu já que passará o final de semana fora. Já era noite de domingo, não tinha onde arrumar buquês de flores para espalhar por aí ou coisas do tipo.

Sobe as escadas degrau por degrau como se fosse pesado demais sustentar o peso de seu corpo naquele momento.

O silêncio de Regina havia deixado um peso dentro de seu peito.

Não era nada que Emma já não soubesse ou que já não tivesse passado por sua cabeça. Não poderia ter um relacionamento com Regina, não de verdade. Quanto tempo mais aquilo duraria?

Joga o corpo na cama querendo apenas esquecer aquele silêncio e lembrar os bons momentos daqueles dias desde o jantar até antes daquela maldita pergunta. Não consegue parar de mover-se de um lado pro outro. Se enrola na cama feito um feto tentando proteger seu interior das flechadas que o amor oferece para quem o aceita de peito muito aberto.

Naquela noite não chovia. As lágrimas não sentiam aquela vontade absurda de escorrer por seu rosto. O silêncio era a única coisa que a incomodaria durante toda a madrugada, cortado apenas pelo bipe do celular tirando sua atenção para uma pequena mensagem de Regina às duas da manhã:

"Desculpe.”


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Notas finais do capítulo

Dúvidas, críticas, sugestões, pedidos, xingar a autora? Não se acanhem e escrevam tudo nos comentários, ok?

Sobre a atualização da fic, Sábados e quartas. Então.., até sábado!