Rob esperava Regina na sala enquanto a morena fora fazer um chá. O homem não era muito de se meter na vida da noiva, não se percebesse que as coisas estavam sempre do mesmo jeito, mas, naquela noite ele precisava. Sabia que algo tinha mudado nesse tempo em que esteve fora.

–É canela, ajuda a fazer a digestão e é bom para dor de cabeça. - Disse enquanto servia o chá para o noivo.

–Regina..., senta aqui. - Bateu a mão livre no lugar ao lado do seu no sofá. A morena que já estava a caminho para a poltrona do outro lado da sala dá meia volta e senta-se ao lado do homem com uma xícara de xá nas mãos. Rob vira-se de frente pra ela:

–Que porra está acontecendo, Reg? Chegar aqui e ver o Henry me tratando como se eu fosse o carrasco da família me é bem normal, eu nem mesmo me importo mais com isso..., mas você... o que você tem, querida? E não me diga que não tem nada. Estou cansado de você estar sempre com seu ar superior pra cima de mim, porra, Regina..., eu sou amigo desde, desde uns trinta anos? Além disso sou seu noivo também. - Fala esta última frase com uma expressão divertida.

Regina quase sorri. Respira profundamente. Põe a xícara em cima da mesa de centro. Não sabe o que dizer ao amigo. Conhece Rob desde a infância, suas famílias sempre foram as mais ricas, tradicionais e respeitadas da cidade e mesmo com a distância da vida que os havia separado, sabia que podia contar com amigo pra tudo, mas naquele momento não conseguia formular direito as palavras.

–Minha vida está uma bagunça...., na verdade, eu estou uma bagunça. Está tudo desandando - Confessou depois de relutar por alguns minutos.

–Percebi. Nunca tinha visto esse clima "velórico" na sua casa antes. É algo com Henry, com Cora? O que aquela bruxa má do leste fez dessa vez, hein? - Perguntava levantando o queixo de Regina com a ponta dos dedos.

– Não é nada com eles, é comigo.

–Com você e com a loirinha filha do xerife?

–Do...do que você está falando? - Pergunta surpresa.

–Por onde começo? Hum..., já sei...! Posso começar pelo fato de ela olhar pra você e você olhar para a parede ou, melhor ainda, por vocês trocarem aquele olhar super denunciador. Desculpe, ‘darling’, eu estava olhando..., e agora encontro você assim. A mulher mais linda e forte que já vi na vida tomando chá de canela com olhar mais murcho que uma uva passa do natal de mil novecentos e bunda. Quer mais algum motivo?

–Não...

–Regina, você não precisa ser forte e superior sempre. Você pode sair do pedestal de vez em quando, não vou contar pra ninguém que a rainha dessa cidade também chora.

Regina sorriu.

–Ela disse que me chamam de rainha má.

–Ela?

–Emma... Disse isso ontem logo após eu por abaixo tudo que ela demonstrou sentir por mim.

–Então está acontecendo algo entre vocês?

–Não! Ela é uma criança, uma aluna da escola.. e..., ela só tem dezessete anos isso é loucura, você não percebe?

–Amor..., em que mundo medieval você vive? Hoje em dia garotinhas de dezessete anos já sabem fazer bebês, sabia? Além disso ela já tem dezessete, daqui a pouco faz dezoito e, pronto..., você se livra do peso de se sentir uma pedófila.

–Não é isso... E você está sendo ridículo.

–Ah... Regina, não me venha com essa. Somos namorados de fachada tem mais de dez anos e nesses dez anos eu vi você se divertir com sua coleguinha, qual nome dela?

–Lacey..

–Isso. Ela é linda, ruiva, olhinhos azuis, não era tão mais velha que Emma quando você se pegou com ela pela primeira vez e bem,o que de mal aconteceu? Nada além de uns excelentes orgasmos, não foi?

–Você é tão indecente.

–Eu sei, por isso todos me adoram. Agora me diz, qual o problema de você trocar seu brinquedinho sexual por uma loirinha mais jovem?

–Emma não é um brinquedo sexual.

–Hum... o que aconteceu? Você está gostando dela?

–Não, claro que não.

–Negar um sentimento é tolice, Regina.

–Se entregar a um sentimento é tolice, você sabe disso melhor que ninguém.

–Eu não sei de nada, querida. - Rob respira fundo. - Você não pode viver fugindo de você mesma, do seu passado, tentando não lembrar, tentando não sentir. Eu sei da sua história, eu participei de tudo aquilo e em doze anos eu nunca vi você ser feliz. Depois de tudo a única felicidade que você tem é Henry e única que você diz querer, mas... querida, isso não é suficiente. Daqui a pouco seu filho se torna um homem, terá a própria vida e você? Ou você acha mesmo que vamos nos casar, Regina? Um gay e uma lésbica..., sei que você é estupendamente sexy, querida..., mas não pra mim. Nossa vida sexual seria um tédio a não ser que você seja o homem da relação!

Regina sorri.

–Só você e suas tentativas de fazer piada pra me fazer sentir um pouco melhor. Tinha esquecido como tu consegues ser um bom amigo.

–Eu sei... Mantemos essa mentira faz tanto tempo, chego mesmo a pensar que você é a Regina rainha má e também não me abro com você.

Regina se aproxima de Rob, abraça-o, descansa os olhos e a cabeça no peito do amigo.

–Não é só sexo, né? Você está gostando dela, gostando de verdade, como você gostava da Danielle?

–Não sei se daquele jeito, mas sim... estou gostando dela e tenho medo de gostar demais, de me apaixonar demais, de amar demais e de perder, novamente.

Rob acolheu a amiga ainda mais em seus braços. Há quanto tempo ficaram assim não foi possível precisar.

–Regina? - falava Neal entrando em casa. Havia acabado de voltar de sua tarefa árdua de deixar Emma em casa.

–Aqui na sala. - Respondeu Rob. Tudo que Regina menos queria naquele momento era olhar para Neal.

–Boa noite. - fala para Regina e Rob.

–O que foi, garoto? - Regina pergunta.

–Emma pediu pra eu dizer pra você não tentar falar com Henry, pra deixar ele sozinho essa noite. Ela não me disse por que, apenas me pediu pra te dizer isso. Até amanhã.

–Até amanhã. - Quem respondeu foi Rob, novamente.

–Você não precisa ficar com ciúmes dele, Regina.

–Não me olhe desse jeito, não estou com ciúmes...

–Tá bom, ... eu acredito!

–Você falou besteira pra ela, não foi? - Pergunta Rob depois de um tempo.

–Falei... Falei coisas horríveis sobre ela ser uma adolescente apaixonada e patética.

–E você pensa isso mesmo pra ter sido tão cruel?

–Não. Emma consegue ser mais madura que eu você juntos. Viu o que ela pediu..., provavelmente ela vai conversar com Henry amanhã na escola. Vai esperar ele se acalmar primeiro. Ela sabe lhe dar melhor com meu filho que eu.

–E por que todo esse medo? Você nem sabe se o que sente é realmente algo grande, consistente.

–Não sei se quero amar de novo, não quero sentir aquilo de novo e não quero mais falar sobre isso, por favor...

–Ok, querida..., Mas me avise quando você não aguentar mais e se lançar aos braços da sua garotinha, vou querer saber e com detalhes.