Danger escrita por Vespertilio


Capítulo 24
O lado B


Notas iniciais do capítulo

Oi povo, I'M BACK!



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10 anos antes.

Casa da família Ward/ 11h06min.

– Mãe, sabe qual é a nova filosofia do Grant? Aproveite a vida, aproveite a liberdade. Isso é tão patético... – Ele tentou não ligar para aquilo, era a décima vez que o irmão o provocava, e não fazia nem dez minutos que ele havia chegado em casa.

Após passar pouco mais de três meses preso, agora ele estava em liberdade. Apenas deveria cumprir uma medida sócio-educativa, que consistia em limpar uma antiga escola, durante mais seis meses de sua vida. Mas comparado à cadeia, aquilo não era absolutamente nada. Sua mãe ficara muito feliz com sua volta, mas ainda havia algo de tenso na relação deles. Grant sabia o que era, assim como o próprio, ela também o culpava pela morte de Gabe.

– Se você pudesse me deixar em paz...

– Paz, amor, liberdade. Ui, ui, ui... Depois de matar o Gabe você ficou ainda mais fresco, Grant Ward? - Neste momento a mãe, que terminava de fazer o almoço de comemoração pela volta dele, deixou a panela cair. Com o susto pelo que ela mesma fez, acabou andando dois passos para trás e batendo na gaveta dos talheres que estava aberta, derrubando-os por toda a cozinha. Virando-se para ele disse:

– Eu não consigo meu filho, me perdoe... – Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto que ele tanto amava. Então ele chorou com ela. Chorou porque se sentia culpado, chorou porque se pudesse voltaria no tempo, mas não podia. Ele havia matado o irmão, ele carregaria aquela culpa para sempre.

– Eu sei que esse é um momento fofinho, mas eu estou realmente com fome.

– Por favor, David, será que você pode ficar quieto um minuto? – Pediu já sem paciência. Uma coisa era o irmão não respeitar a sua tristeza, outra bem diferente era despeitar a mãe. Que era de ambos, inclusive.

– Se eu não ficar quieto você vai fazer o quê? Me matar?

Nesse momento foi como se uma força maior se apoderasse dele. Ignorando os protestos da mãe, ele avançou para cima do mais velho e o socou bem no queixo. David se desequilibrou e caiu sobre a bancada. Antes que ele pudesse dar outro soco no irmão, a mãe segurou seu braço, pedindo para que parasse. Foi o que fez. Abraçou-a apertado, pedindo desculpas por tudo, então sentiu uma dor aguda e viu um fio de sangue escorrer por seu braço esquerdo. Virou-se para trás e viu seu irmão com uma faca entre as mãos.

– Meu filho, não faça isso...

– Se eu fosse você calava a boca, ou vai sobrar pra você também!

– Não fala assim com a mamãe, David!

– Nossa, como o Grant é machinho... Dá até medo.

– Pois você deveria ter medo mesmo. – Grant disse voltando a desferir um soco no irmão.

Desta vez David não cambaleou para trás, pelo contrário, o golpe recebido pareceu tê-lo dado força dupla, avançou com uma fúria sanguinária e então tudo aconteceu rapidamente. Ele ouviu gritos, seus, da sua mãe e de seu irmão. Depois um cheiro de sangue invadiu a cozinha. Com cuidado ele retirou a faca da mão de sua mãe, que, enfim, deu-se conta do que fizera. Ela era a assassina do próprio filho.

– Por que você fez isso, Ward? – Skye lhe perguntava pela enésima vez. Eles estavam sozinhos. Depois de escutar xingamentos de todos os presentes naquela sala, inclusive da própria Skye, ele fora trancado em uma sala escura. E então, momentos depois, sua namorada? Ele não sabia se ainda a podia chamar assim, apareceu e sentou-se na sua frente.

– Eu não fiz nada. – Falou depois de um tempo. E aquilo era verdade, ele não fizera nada, absolutamente nada.

– Você traiu a S.H.I.E.L.D. e traiu a equipe, agente Ward. Mas sabe o que é pior em toda essa história? Você me traiu.

Ele poderia ter pedido desculpas, poderia ter lhe dito a verdade sobre ele, sobre sua família, sobre tudo o que ele havia vivido. Sim, ele poderia ter contado a Skye que Havia sido encontrado por Garrett, após ter que sair de casa para fugir da polícia, pois ele assumira a culpa pela morte do irmão. Queria dizer que fora Garrett quem o ajudara no pior momento de sua vida, que por isso ele achara que devia tudo a ele. Mas então, pouco antes de ser chamado para fazer parte da equipe do Coulson, ele se deu conta de que não devia nada mais a Garrett, desvencilhando-se dele e de tudo o que o seu O.S. lhe dera. Ele poderia ser alguém melhor dali em diante. Ou pelo menos era o que achava.

Mas será mesmo que o fato dele ter se dado conta dos próprios erros o fazia alguém melhor? Bem, ele duvidava. Afinal, ele poderia ter contado para Coulson quem Garrett realmente era. Poderia ter impedido o plano, que ele conhecia de cor, de ser colocado em prática. No entanto, ele fez-se de cego, surdo e mudo. Se havia algum culpado ali, era ele. Não por ter feito alguma coisa. Justamente pelo contrário, por ter sido um covarde, por ter se omitido.

– Eu disse para você que não era um bom homem, Skye.

– Eu fico me perguntando, como posso ter me enganado tanto... Eu achei que você quisesse me ajudar, quando eu descobri que o Clarividente era.. Não... Não... – Skye levantou-se da cadeira e deu dois passos para trás, então começou a balançar a cabeça freneticamente enquanto o encarava boquiaberta. – Você... Você... Você é.

– Sou...

– Você é o Clarividente. Você não é só da Hidra, não é só o traidor, é você quem está a minha procura... E eu... Não...

A mente de Ward vagou para uma cena, quase igual a que ele vivia naquele momento. O diferente era que ele estava no lugar de Skye, fazendo uma falsa descoberta. E quem estava na sala com ele era Garrett. Ele lembrava-se bem de ter acusado seu O.S. de ser o Clarividente, ele, por sua vez, negara veementemente.

– Eu não sou o Clarividente, Skye.

– E você quer que eu acredite em você? – Ela riu abafado. – Eu nem te conheço Grant Ward.

– Conhece, você me conhece mais do que qualquer pessoa. Você sabe que eu me culpo pela morte do meu irmão mais novo, você sabe o quão meu irmão mais velho me fez mal. E se você quer saber mais, não fui eu quem matou o David, foi minha mãe... Eu assumi a culpa, então forjamos uma briga e ela me expulsou de casa, eu fiquei sem ter pra onde ir, então o Garrett apareceu e...

– E te salvei. – Ward gelou quando a porta foi aberta e um sorridente Garrett entrou na sala. – Não entendo porque você gasta seu tempo com ela... – Revirou os olhos. – Eu te disse que você era um fraco, não imaginei que fosse tanto...

– O-o que você está fazendo aqui...?

– Olá, Skye. – John caminhou até ela e parou bem a sua frente. – Não se preocupe, não vai te acontecer nada de grave, só vamos dar um passeio. Acho que está na hora de você conhecer o Clarividente.

– Eu não vou a lugar algum.

– Claro que vai.

– Garrett, você me prometeu.

– Sim Ward, eu prometi, mas promessas são feitas para serem quebradas... – Recebeu um sorriso amarelo – E além do mais, como eu vou te dever alguma coisa, se você está morto?

Um bilhão de perguntas atravessaram a mente dele neste momento, mas nenhuma delas teve tempo de ser proferida. Uma dor atingiu-o em cheio. O mundo pareceu girar rapidamente, como um carrossel ganhando cada vez mais velocidade. Então foi desacelerando, até as formas se misturarem, até ele não conseguir mais distingui-las, até tudo ficar leve.

E escuro.

~*~

Lugar desconhecido/ 05h26min

A cabeça de Skye doía.

E seus olhos ardiam tentando acostumar-se a claridade recém-chegada no local. Quem quer que tenha ligado àquela luz sobre a sua cabeça, não tinha o menor escrúpulo, ou noção. Tentou mover para o lado, a fim de sair da luz, mas de nada adiantou, ela estava amarrada. Mais exatamente acorrentada a uma cadeira.

Tentou se lembrar de como havia parado ali, então tudo retornou a sua mente com uma força incrível. Garrett invadira o hotel em que ela estava, entrara na sala para raptá-la e atirara em Ward. Skye gritou, esperneou, implorou pela vida de Ward, não sabia bem o motivo, mas vê-lo se contorcer daquela maneira não a fazia bem. Entretanto não adiantou, Garrett atingiu sua cabeça com algo. E então ela estava ali, com a cabeça e coração doendo.

– Vejo que você já acordou. – A voz do assassino de Ward ecoou na sala, ela gostaria de ter contido sua raiva, mas era impossível.

– Você é um nojo.

– Eu?

– Você o matou... Você matou seu próprio aliado.

– Ward nunca foi um aliado Skye, ele era um peão. E peões são sacrificados. Ainda mais quando deixam de lutar pela sobrevivência do seu rei. – Garrett agachou-se ao seu lado e passou a mão por seu rosto. – Ward sempre foi um homem fraco, sentimentalista... Acredita que quando eu o conhecia tudo o que ele tinha com ele era uma foto do irmão e de uma garotinha? Uma garota do orfanato, uma que sua mãe iria adotar... – Tirou um papel amassado do bolso e estendeu para ela. Seu coração quase parou ao constatar quem era a garota da foto. Ela, com seus sonhos de infância e o nome de Mary Sue. – Grant Ward é o homem mais patético que eu já conheci, na verdade, era. Eu o dei tudo, eu o transformei em tudo o que ele se tornou. Ele devia tudo a mim... Então, ele me virou as costas... Me traiu...

– E você o matou.

– Tinha de ser feito, meu bem, ele nunca deixaria usarmos você. Como eu disse, ele foi um fraco. E se apaixonou.

– Eu achei que ele fosse o Clarividente.

– Achou errado, Skye. – A porta foi escancarada trazendo mais luz para dentro do cubículo onde se encontrava. – Ward não pode ser o Clarividente, pois eu sou. - Piscou três vezes até reconhecer a silhueta magra e quase engasgou com o ar.

May?


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Notas finais do capítulo

MUHAHAHAHAHA
Lembrando que o próximo capítulo é último.



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