Goodbye, my lover escrita por Jogadora


Capítulo 3
Força da natureza


Notas iniciais do capítulo

Essa é a parte final! Espero que gostem.



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Descobrir onde eles se casariam foi fácil. Além de ser bem óbvio, Sara nunca deixaria que seu casamento fosse como o meu. Luxo não era bem sua praia.

A pequena – e única – capela da região estava visivelmente mais lotada do que de costume. Alguns arranjos de flores foram dispostos pelo corredor estreito que ligava as portas ao altar.

Várias pessoas olhavam em minha direção e dava pra ouvir o burburinho no salão enquanto eu procurava por um lugar para me sentar. Eu sabia que as pessoas reagiriam assim.

Todos os convidados estavam sentados e Daniel estava em pé esperando por sua noiva.

Alheia a situação, Sara apareceu na entrada. Seu sorriso me enojava e me segurei firmemente ao banco. Um violino tocava a Marcha Nupcial, enquanto ela caminhava até ele.

Daniel sorria até seus olhos encontrarem os meus e sua expressão mudar completamente.

A ansiedade deu lugar ao rancor e sem perder contato visual, acenei brevemente e arqueei minhas sobrancelhas, o desafiando.

Seria divertido, se não fosse tão trágico.

Memorizei seus traços, na esperança que minha memória fizesse jus a sua beleza. Deixei as lembranças de nós dois passar diante dos meus olhos, como um filme.

Fiquei assim por alguns minutos, deixando minha dor se tornar o combustível necessário para minha vingança.

Em algumas horas, eu teria completado minha missão. Haveria muito tempo livre para recordações e na verdade, eram as únicas coisas que sobrariam.

Fui tirada do meu transe por alguém que apertava meu braço quase violentamente.

– Srta. Thorne, por favor, me acompanhe.

Inacreditável. Daniel teve tempo de pedir ao segurança que me acompanhasse até a saída. É assim que quer jogar, querido?

Fiquei em pé e comecei minha encenação. Me preparei mentalmente para o que estava por vir.

– É assim que trata seus convidados, Daniel? – disse inocentemente – Vai me expulsar depois de tudo o que passamos? Depois de tudo que fez?

Fui puxada por dois braços fortes com mais força. Tentei me libertar daquele aperto e terminar minhas falas.

– Eu sei que ainda pensa em mim, Danny. Se ainda quiser conversar, me encontre na mansão.

Sara me olhava confusa e antes de ser puxada para fora, pude ouvir fragmentos da conversa. Daniel esbravejava:

– Não está tudo bem. Ela não deveria ter vindo, eu não a quero lá. Eu a quero longe daquela mansão.

– Acalme-se, Danny. Não dê esse prazer a ela. Deixe que ela vá! Esqueça isso. Por favor.

Um sorriso vitorioso brotou em meus lábios. Eu sabia que ele nunca lhe negaria alguma coisa e ela era ingênua demais para seu próprio bem.

Tudo seguia como planejado.

Thorne 1 x 0 Grayson

– - - - - - -

A mansão, assim como a capela, tinha uma decoração leve e algumas dezenas de flores foram colocadas estrategicamente.

Várias mesas se espalhavam pelo jardim e alguns empregados circulavam pelo local se certificando que tudo sairia perfeito.

Os novos empregados sabiam quem eu era, mas não o que estava fazendo ali. Pedi uma taça de champanhe para me esquecer da náusea que todo este circo me causou.

Convidados foram chegando aos poucos e o fio de esperança de que o casamento fosse cancelado morreu no momento em que Daniel e Sara apareceram de mãos dadas e foram aclamados por palmas.

Dava pra notar a insegurança no rosto dela e eu sabia que nesse momento ela s sentia ameaçada. Ela tinha mesmo se casado com ele, mas nada o impedia de voltar atrás. Sonhar não custa caro, certo?

Daniel me desprezava e deixava isso bem claro olhando pra mim. Sorri e bebi da minha taça.

Ainda que sua família tenha roubado tudo que amei e que ele não correspondesse meu amor, meus sentimentos por ele eram fortes demais para ignorar.

Era doloroso, psicótico e quase não cabia no peito.

Daniel não deveria ser um alvo e não era quando cheguei aqui. Apaixonei-me perdidamente por ele e sei que um dia ele me amou também. Pelo menos até o dia em que Sara Munello voltou a sua vida.

Ela tinha sido sua namoradinha do colégio, talvez seu primeiro amor. Eles se separaram, mas a paixão permanecera lá. Maldito seja o dia em que se reencontraram!

Mãos fortes apertaram meu braço novamente e eu voltei a realidade. As mãos não eram gentis e me arrastavam para longe dali. Daniel estava atendendo ao meu pedido e íamos finalmente conversar.

Fomos até um dos muitos cômodos do interior da mansão. E então ele começou a falar:

– Onde estava com a cabeça quando achou que vir aqui hoje seria uma boa idéia? – gritou ele – Acho que fui claro quando disse que você não era bem vinda e que não deveria aparecer. Eu quero que suma daqui. Agora!

Seu tom de voz ameaçador funcionaria com outras pessoas, mas não comigo.

Eu era uma adversária à altura.

– Se você acha que pode me fazer desaparecer fácil, está enganado. – me aproximei devagar.

Ouvi passos vindos em nossa direção.

Era hora de agir.

Me aproximei rápido e o beijei.

Agarrei seu terno e o empurrei contra a parede. Um gemido de dor escapou de sua garganta e eu continuei o beijando contra sua vontade.

Ele me empurrou para longe e Sara entrou em seu campo de visão.

– Espero não estar interrompendo nada. – ela disse.

– Sara, baby, não é o que está pensando. – ele tentava se explicar em vão.

Deixei uma risada alta escapar.

– Meu Deus, vocês dois são patéticos.

Alcancei a arma no coldre na parte inferior da minha coxa e apontei para eles.

– Sara sempre ingênua e bancando a boa samaritana. Como nunca pensou que isso te prejudicaria?

Daniel me pedia para abaixar a arma e me acalmar e minha raiva só aumentava.

– E você, Danny... Eu te amei todos os dias, mesmo sabendo da sua traição. Eu fiz tudo por amor. Eu menti por que não queria te perder. Mas eu já tinha o perdido. Pensei em tudo o que pude ter feito de errado e percebi que o problema não era meu. Ela era o problema. Você atirou em mim, por causa dela.

Apontei a arma para Sara.

– Você não me deixou alternativa. Tranque a porta. – ordenei e ela o fez.

– Você não passa de uma pedra no meu sapato, uma destruidora de lares. Vai ter o que merece.

Atirei e me arrependi no mesmo instante.

Daniel pensou mais rápido e entrou na frente dela, evitando que ela fosse baleada. Aiu de joelhos e me olhou uma última vez.

– Me desculpem. – disse antes de cair morto nos braços de Sara.

Minha visão ficou embaçada e tentei pensar na fuga que tinha planejado. Uma poça de sangue se formava no chão. Sara lamentava sobre o corpo do marido morto.

– Agora você sabe como é perder alguém que ama e vai desejar nunca ter cruzado meu caminho. – agarrei um guardanapo qualquer e esfreguei o revólver.

Sara se arrependeu de não ter dado ouvidos a Daniel antes e Emily estava certa sobre a amante de seu ex-marido.

Ela sempre via o melhor nas pessoas, acreditava que elas poderiam mudar pra melhor e sempre se deu mal por isso. Ela alcançou o revólver e tentou dispará-lo repetidamente.

Click.

Click, click, click.

Nada.

Tola.

Emily Thorne nunca seria incriminada pela morte de Daniel Grayson e nem precisou se esforçar muito por isso. Emily fugiu antes de Victória alcançar o quarto e ver seu filho amado caído ao chão e Sara ainda com o revólver na mão. Sara tinha se condenado sozinha.

Emily ouviu as sirenes.

Os policiais passaram na direção oposta e ela acelerou indo em direção ao pequeno aeroporto particular que mantinha. Seu jato já a esperava. Não olhou para trás nenhuma vez. Sua missão havia terminado.

Ela era uma força da natureza.

Era como o vento.

Era brisa, num dia de primavera, porém, cortante e destrutiva numa tempestade.

Nada em seu caminho se mantinha em pé.

Fim


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Notas finais do capítulo

Quando tudo que você ama é tirado de você, alguém tem que pagar.
Emily Thorne



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