Divergente - por Tobias Eaton escrita por Willie Mellark, Anníssima


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Olá, povo lindo!

Primeiro, a gente quer agradecer à LitaSapeca pela recomendação fofíssima!!! Sua querida, quase que soltamos fogos quando a vimos porque isto é uma grande prova do quanto você gosta de nossa versão à lá Tobias!

Queremos agradecer também, todas as pessoas que favoritaram e comentaram e, para tanto, destacamos: filha de Hades, Nicky Fletcher, Miss Death, Karina Mocchi, Rebeca Woset, Cristal Cipriano Potter, Aquaria, ThamyLomiel, Manu Maddox, Izzy Eaton e Anna Hemsworth.

De coração, vocês são leitoras valiosas" Beeeeijos!



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É inevitável que a recente memória do que havia acontecido entre nós fosse repassada em minha mente como em um filme, atrás e adiante e de volta novamente. Na verdade, parecia que alguém tinha parafusado um sorriso permanente em meu rosto, que simplesmente se recusava em mascarar a imensa alegria que eu trazia em meu peito. E, como a felicidade não era algo que realmente tivesse me sido ofertada durante estes anos, eu me permite afundar nela.

Neste ponto, eu já me encontrava dentro do meu quarto, com as costas apoiadas contra a porta, sentindo o coração bater forte em minha caixa torácica e o sangue fluir como nunca antes. Cada nova experiência abrasiva e avassaladora de que meu corpo tomava conhecimento apenas se adicionavam como indicativos de que, ao contrário de antes, eu não mais apenas sobrevivia neste mundo particionado em facções. Hoje eu descobri que existe vida dentro de mim...

E não é pelo fato de ter beijado Tris e ser correspondido no beijo, como um ato relegado ao simples contato físico. Algo mais profundo aconteceu naquele abismo, e só posso tentar traduzir usando como exemplo a imagem de ferro em brasa, nos marcando como um do outro, no exato momento em que nossos lábios se encontraram. Já antes eu não podia suportar a ideia de vê-la perto de outros garotos, sofrendo de dores físicas e saudades ou sendo de alguma forma ameaçada pelos outros iniciandos e pelos líderes do Destemor, agora estes temores se tornaram, se é que possível, ainda mais intensos.

Ela entrou em mim como uma pequena centelha que foi crescendo. Tris tomou tamanha proporção em minha existência que, agora, ela representa todo brilho que me constitui. Eu posso divisar minha estória entre as trevas - quando era impingido pelas torturas de Marcus e o abandono de Evelyn - e a luz - que o descobrimento repentino do amor me proporcionou.

Nunca antes fui amado e nem senti esperança. Tris me mostrou que as duas coisas são inclusivas e indissociáveis. Sei, que ela é o meu amor e a minha esperança.

Deito em minha cama, olhando para o teto, e a vontade de buscá-la e tê-la em meus braços é poderosa... Calma Tobias, ela é uma inicianda de 16 anos não totalmente acostumada com contatos físicos, meu subconsciente aponta. E, ainda assim, permitiu que eu a tocasse, completo mentalmente. Ela me conhece como ninguém e me aceitou com todas as minhas imperfeições.

Meus pensamentos não se desviam um segundo sequer dela. Mente e corpo estão preenchidos por seus lindos e profundos olhos azuis, por sua boca macia e pela personalidade forte que ostenta, tão destoante de sua aparência... Ela é uma infinita contradição e isto só me faz querer observá-la mais e mais porque eu nunca seria capaz de desvendar os pensamentos de sua mente divergente e os desejos de seu coração.

Sorrio.

Ela é um mistério que eu daria cada dia de minha vida tentando desvendar.

Se Zeke e Shauna me vissem agora me taxariam como um idiota bobo. E, sim, este sou eu. Idiota, bobo, apaixonado. Feliz.

*************************

Quando adormeci na noite anterior não tive os já acostumados e vívidos pesadelos com Marcus, os sem-facção e membros do Destemor me perseguindo por terem descoberto sobre minha divergência. Sonhei com Tris e tudo era tão incrivelmente belo, colorido e claro que quase me senti triste por constatar que não era real, até me dar conta que, embora aquele cenário não o fosse, o sentimento é, e isto, nem a aurora ou qualquer força da natureza ou humana poderia modificar.

Sento na beirada da cama e penso que preciso ser prático. Mal posso esperar a hora de vê-la novamente, mas tenho que me concentrar e manter o foco. Expressar meus sentimentos ou permitir que ela o faça de maneira pública não é uma opção. Deixa-la segura é meu objetivo imediato e, nisto já venho pensando há tempo suficiente para saber que os novatos pensariam ou até se queixariam sobre alguma desvantagem na competição (obviamente fictícia) proporcionado por nosso relacionamento. Embora esta ideia seja absurda, considerando que o lado da balança de Tris sempre foi o desfavorecido, à vista das lutas e agressões físicas e psicológicas injustas que sofreu, bastaria uma faísca para Eric ‘atear fogo’ contra ela, e indiretamente contra mim.

Eu não suportaria perdê-la por um descuido. Ela se diz egoísta, mas eu que certamente o sou, pois tenho ciência de que preservando-a me preservo em consequência. Sua pequena estrutura é vital para mim, e ela não escapará por entre meus dedos. Portanto, nossa divergência e nosso sentimento devem ser assuntos inexistentes para os demais membros do Destemor.

Mas é aí que eu me lembro que estava de tal forma envolvido nos momentos extasiantes que passei ao lado de Tris, na última noite, que esqueci de lhe dizer como nos comportaríamos frente às outras pessoas. Só posso supor que ela seja confiante o bastante para entender que a indiferença com a qual terei de trata-la neste dia não interfere em minhas palavras de ontem... Eu disse que gosto dela. Tris sabe que foi verdadeiro.

Apenas para lembra-la, de forma implícita que me importo com ela e que tenho orgulho e respeito por nossa origem, decido que cortarei meus cabelos o mais próximo possível a que um abnegado faria.

Corro minhas mãos para a gaveta do criado mudo ao lado da minha cama e retiro a tesoura, me direciono ao espelho pendurado na parede oposta. Com a tesoura em mãos corto meus cabelos como fui ensinado por Evelyn, quando eu era mais novo, para que eu pudesse ajudar os outros com seus cortes. Aparo o mais curto possível.

Espero que Tris entenda, assim, que ainda estou com ela mesmo que minhas atitudes indiquem o contrário.

Caminho até o refeitório e coloco uma moldura impassível em meu rosto, evitando, ao máximo, contato visual com o local em que sei que habitualmente ela se senta com seus amigos. Não consigo evitar sentir seus olhos queimando a face esquerda do meu rosto, como se exigissem minha atenção.

É quase um punhal cravado em mim, não poder nem olhar para a minha garota, e saber que ela pode estar triste com isto. Sinto por mim e por talvez causar dor nela, mas eu prefiro magoá-la por algumas horas, a correr o risco de não tê-la mais.

Céus, que ela entenda meus motivos...

Após entrar no refeitório, caminho até a mesa de Zeke e, sem desviar o olhar dele, me sento.

“Hey Quatro.” Diz Zeke.

“Zeke, oi.” Eu cumprimento.

Então ele desanda a falar e, como sempre, eu fico grato pelo fato de que os assuntos de Zeke são infindáveis, de modo que não preciso, bem... pensar sobre o que dizer. É como ligar no automático e é o máximo que posso fazer neste momento. Parcela de minha atenção capta temas que vão dos ciúmes de Shauna à uma suposta briga com Uriáh que ele NÃO causou, mas eu não consigo me concentrar em nada por mais que eu tente. Observo e redor do refeitório e paro os olhos na mesa dela. Tris está linda com os cabelos soltos caídos em cascatas sobre seus ombros e uma camisa mais aberta, deixando à amostra, suas tatuagens.

Será que ela olhou para mim quando entrei?

Ela entendeu o aviso?

Ela parece meio triste... Será que se arrependeu?

Tris está entretida conversando com Uriáh e Will e sou pego de surpresa quando ela se vira e seus olhos encontram os meus. Eu a encaro por alguns instantes antes de desviar meus olhos na direção do meu prato, como se ali houvesse algo muito interessante de se ver.

“Então é por isso que eu odeio esses idiotas... Quatro você está me ouvindo?” Zeke pergunta me arrancando do meu devaneio.

“Sim, eu entendi, continua.” Digo.

*************************

Depois do café da manhã, Lauren e eu conduzimos os inciandos transferidos e os nascidos no Destemor até a sala da paisagem de medo. Nenhuma divisão é mais necessária entre os novatos já que estamos prestes ao terceiro e último estágio da iniciação. O bom disto é que não serei eu a revelar meus medos aqui. Eu jamais revelaria meus maiores medos à quem quer que fosse, além de Tris.

E, por pensar nela, a vejo de esguelha e ela está olhando diretamente para Lauren e eu continuo mantendo meu olhar fixo em qualquer pedaço de objeto sem vida no chão.

Lauren para na porta da sala e começa:

“Dois anos atrás, eu tinha medo de aranhas, sufocar, paredes que se movem devagar e nos prendam entre elas,” sinto um arrepio no meu corpo, sei bem quanto agonizante isso é “ser tirada do Destemor, hemorragia, cair de um trem em movimento, a morte do meu pai, humilhação pública e ser sequestrada por homens sem rostos.”

Ela prende o olhar de todos, inclusive o meu.

“A maioria de vocês terá entre dez e quinze medos em sua paisagem de medo, essa é a média.” Lauren continua.

“Qual é o menor número que alguém já teve?” Lynn pergunta.

Abaixo a cabeça porque esta pessoa se trata de mim e eu não me orgulho disso. Não é o número de medos, mas quais são eles é que me incomoda e é por isso que Amar me deu esse apelido. Ele queria que eu me sentisse como parte desta facção de qualquer forma.

“Nos últimos anos... Quatro.” Lauren fala determinada. “Vocês não irão descobrir seu número hoje, a simulação está programada para minha paisagem de medo, então vocês irão experimentar meus medos ao invés dos de vocês. Para a finalidade desse exercício, entretanto, cada um de vocês enfrentará um dos meus medos, para ter uma noção de como a simulação funciona.”

Ela escolhe aleatoriamente as pessoas que verão a primeira parte dos medos e assim por diante, programo cada um e então começa. Discretamente, olho para Tris que está rindo da reação de Peter que era publicamente humilhado. Ela, sorrindo, fica ainda mais bonita.

“Vou aplicar nos outros, Quatro. Tudo pronto aí?” Lauren me pergunta.

“Tudo certo” respondo.

Lauren aplica em mais alguns e, dentre eles, Tris, que ficou com o sequestro.

Tris caminha até o meio da sala, e então começa. A princípio ela parece confortável, mas, logo depois, cai no chão e começa a se debater e gritar desesperada.

Eu não consigo entender. Tris que suportou zombarias e foi agredida por inveja, que golpeou repetidas vezes Molly somente se concentrando para isso e que consegue sair de seus medos simulados mais cedo do que qualquer um, não consegue lidar com um medo que sequer é dela?

Isso não faz nenhum sentido. Todos em volta param e olham para ela. Lauren coloca as mãos no rosto tentando manter a postura porque, ela, melhor que ninguém sabe, o quão terrível é este medo.

Corro e cancelo o efeito do soro e sei que fui imprudente já que não abri exceções para nenhum dos outros inciandos...

Tris está abaixada, com lágrimas nos olhos, tentando abafar soluços que explodem de sua garganta. Ela parece um passarinho quebrado e a imagem corta meu coração, mas eu não posso confortá-la. Não agora.

Puxo-a com certa rudeza para que fique em pé e ereta. Seus olhos ainda brilhantes pelas lágrimas me encaram com vergonha, como que pedindo silenciosas desculpas por algo de que não era culpada. Eu queria abraça-la, mas ao invés disso, a olho inexpressivamente, mantendo uma das mãos firmes em seu braço e pergunto: “O que foi isso, Careta?”

“Eu... Eu não...” ela tenta.

“Se recomponha! Isso é patético.” Falo rigidamente.

Raiva e mágoa ficam estampadas em seu rosto. Reconheço estes sentimentos de quando cortei sua orelha. Os soluços são interrompidos como se alguém tivesse simplesmente apertado um botão. Ela me olha com uma ferocidade evidente e não encontro nenhum vestígio daquela Tris que me beijou.

Não prevejo, somente sinto quando sua mão vem de encontro com a lateral do meu rosto em um forte tapa. Meu rosto pinica onde sua palma estalou, mas não é esta a maior dor que sinto. Fico meio desesperado porque uma vez cessado o estampido de sua mão em mim é como se nossa pequena bolha de afeto tivesse sido estourada por minhas ações.

E isto vem em uma confirmação quando ela dispara: “Cale a boca!” Ela puxa seu braço do meu aperto e sai da sala, decidida e sem olhar para trás.

Não entendo por que ela agiu dessa forma depois do que passamos juntos ontem. Em minha paisagem de medo ela mostrou total domínio de si e confiança em mim. Pensei que ela entenderia. Que talvez ficasse chateada, sim, com minha insensibilidade, mas não a ponto de perder a cabeça desta forma.

Será que eu a perdi?

Saio da sala, ainda frustrado, e com rosto queimando do tapa que ela me desferiu. Mas que dói mesmo é meu coração. Estou despedaçado.

Todos me olham, prendendo a respiração. Alguns tensos, outros com vontade de gargalhar, mas ao verem minha expressão, abaixam os rostos, quietos. Junto as seringas utilizadas para serem posteriormente descartadas e as entrego para Lauren.

“Dê um momento para a garota, Ok? Esse foi um dos meus piores medos, Quatro,” Lauren diz pensativa, olhando séria para mim. “Foi depois da morte do meu colega de dormitório que caiu ‘acidentalmente’ no abismo. Passei a temer que tentassem me jogar nas águas revoltas e este virou um medo constante em minha paisagem. Até hoje não o superei.” Ela suspira e recupera a compostura. “Acho que Tris talvez tenha se lembrado do garoto – Albert -, eles eram próximos, não?”

E de repente percebi que Lauren, que só conhecia a Tris que aparecia ao raso, entendeu aquilo que eu - que a observava mais do que ninguém e que julgava conhece-la com profundidade - não notei. Só que ela não se lembrou de Al, pelo fato dele ter se jogado no abismo, mas por ter revivido o que ele, junto com Peter e Drew planejaram fazer com ela.

Sinto-me um estúpido! Porém, eu realmente não me arrependo. Prioridades sempre e por mais que as minhas consistam em estar junto dela, desde que me descobri apaixonado, minhas prioridades desceram um degrau para dar à ela o topo. Ela precisa estar segura e assim ela ainda continua!

Irei procura-la e tentar desfazer o que quer que ela esteja pensando ou sentindo com relação à mim. Se eu sair daqui agora despertarei suspeitas. Terei de esperar...

Então, sento-me na cadeira e continuo a fazer a programação das paisagens restantes, torcendo para que as horas passem o mais rápido possível.


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Notas finais do capítulo

E aí gente aprovaram???
Espero que sim e nos perdoem por demorar^^
Anníssima e eu amamos vcs^^
....................
Agora tenho uma proposta interessante para vocês:
antes uma pergunta: Gosta de Peetnis? Sim?
ahhh então leia essa Fic é mais que perfeita eu e a Anníssima amamos^^
http://fanfiction.com.br/historia/474715/Jogo_De_Amor_Em_Las_Vegas/
Vocês não vão se arrepender ^^