*Pov Thalia*

Depois de ouvir aquilo meu mundo desabou, depois do que ele fez, eu não me importava mais com a opinião dele, mas ouvir isso de sua boca é completamente diferente. Eu até intendendo que tudo o que aconteceu não exitiu realmente, para mim existiu, mas para ele não.. Toda a raiva que eu tinha dele a 2 anos atrás morreu quando eu esbarrei com ele naquele corredor, mesmo que eu tentasse não demonstrar o que eu estava sentindo naquele segundo era impossível esconder que eu estava gostando de todas as vezes que ele jogava cantadas idiotas ou até mesmo quando ele ficou do meu lado na discução com a "Peixe Cobra", mas agora, depois de ouvir mais uma vez, da boca dele que não sentiu nada mais que desejo da época que ficamos juntos. Toda aquela raiva, odio.. juntamente com tristeza e solidão, voltou, e em dobro.

Saí dali o mais rápido possível, eram 4:42 min am. A madrugada estava escura, não tinha estrelas, não tinha lua. Fui caminhando pela rua pensando e deixando contra a minha vontade, lagrimas escorrerem silenciosamente. Parei em frente a uma casa que parecia está abandonada a muito tempo (O que era muito estranho, já que naquela rua só tinha manções perfeitamente lindas), era uma casa bem grande, a unica da rua que tinha muros e um portão de grades bastante enferrujado, trancados por um grande cadiado. A grama la dentro já estava bem alta chegando, mais ou menos, um pouco acima de meus joelhos. Tinha apenas um estreito caminho de mármore branco que levava para uma ampla varanda que rodiava a casa, que era toda feita de madeira, com certeza era uma bela casa. No começo confesso que me assustou, a casa realmente dava uns calafrios, mas tinha algo ali dentro que me puxava para lá, fiquei um pouco parada na calçada admirando a obra. Se Annabeth estivesse aqui iria ficar admirada com a arquitetura do local, mesmo estando velha e acabada.

Minha cabeça estava latejando, minha pele estava quente e meu coração disparado. Por adrenalina me agarrei na grade do portão e impulsionei meu corpo para cima, passei minha perna esquerda por cima da última grade, passando a outra em seguida, por 5 segundos fiquei sentada no topo do portão pensando se eu deveria realmente pular... Pulei. Caí com os joelhos flexionados, praticamente agaixada. Me assusto quando ouço um assobio de espanto e surpresa atrás de mim.

– Não sabia que você era tão boa assim para invadir casas. - Disse o garoto loiro, lindo e de corpo escultural, enquanto pulava o portão.

– Eu invadia casas em vez de brincar no parquinho com outras crianças quando era pequena. - Disse com ironia.

– Eu também! - Mike disse sério.

– Eu estava sendo irônica. - Disse.

– Eu não. - respondeu ainda sério. Fiz uma cara de What ' O.o e ele deu uma risadinha. - Longa história, depois te explico. - disse enquanto pegava a minha mão e me puxava para algum lugar do jardim abandonado.

Chegamos até o fundo do terreno, naquela ocasião era um pouco sombrio, mas mesmo tão acabado e mal cuidado o lugar era realmente muito bonito. Era um terreno quadrado com, mais ou menos, 380 m². Havia um laguinho com uma água cheia de lodos no canto direito com dois banquinhos e muitas flores mortas em volta, caminhos de mármore branco guiava a vários ambientes diferentes, peguei o caminho principal que se encontrava na minha frente que me levou diretamente ao centro do jardim onde tinha um pequeno labirinto divididos por murinhos baixos de folhas secas, no meio do labirinto se encontrava uma grande estátua como um chafariz - que se eu não me engano era Ártemis, Deusa da Lua. - que segurava um arco-flecha direcionada para o oriente e cuspia água suja pela boca. Quando cheguei perto de um pinheiro, não muito grande, mais ou menos, três vezes o meu tamanho na outra extremidade do quintal, senti como se ali fosse a minha casa, uma coisa me dizia que eu nunca deveria ter saído dali, mesmo nunca tendo visto aquele jardim na minha vida. Seguindo outro caminho, cheguei a uma espécie de estufa com muitas flores, que pelo incrível que pareça estavam vivas e bem cuidadas, tal coisa que eu achei muito estranho.

– Eu venho aqui as vezes. - falou Mike enquanto procurava alguma coisa numa pratilheira embaixo de uma mesa cheias de orquídeas no centro. - Gosto daqui!

– Foi você que fez isso ? - Disse espantada/encantada. - Quero dizer, você vem aqui todo dia para cuidar disso ?

– As vezes eu, as vezes Nico.. Nós criamos isso aqui! - Ele disse quando levantou com uma tesoura na mão. - Ninguém mais sabe que isso existe além de nós.. - disse enquanto cortava uma muda perfeita de Dama da Noite - Juramos que só iriamos trazer aqui pessoas muito especiais, mas até hoje ninguém veio aqui além de nós dois.. só você! - ele me entregou a flor.

– Isso é meio gay, sabia ?! - Eu falei lhe arrancando um sorriso enquanto eu cheirava a flor. - Esse negocio de terem um "Paraíso abandonado" só de vocês. - Ele riu.

– Eu achei isso aqui primeiro.. tem uns 3 anos já, mas aí, quando Nico veio para cá, ele era muito quieto, não falava com ninguém, só vivia no canto dele. Num dia que eu cheguei aqui, no meu "Centro de energia", ele estava aqui, com as plantas.. Primeiro nós discutimos, aquele era o MEU lugar, mas depois que conversamos ficou tudo certo. - ele deu de ombros. - juramos que mais ninguém ia saber daquele lugar. E deu certo. Depois de dois anos, a unica que descobriu isso foi você.

– Nossa.. Então vocês são muito amigos, né ?! - Perguntei.

– Não, nem nos falamos direito. Só temos um segredo!

Ele ficou um tempo me encarando, num silêncio um pouco constrangedor. O ar cheirava a prima-vera, a lua que enfim aparecera, já começava a nos deixar para dar lugar ao sol, a brisa fria arrepiava meu corpo quente que não tinha mais um casaco como proteção. Saímos da estufa e fomos para um banquinho feito de tronco de árvore e ficamos ali, conversando sobre coisas banais e vendo o sol nascer atrás das nuvens que permaneciam no céu. Ele não tocou no assunto, não perguntou nada em relação ao o que aconteceu lá na casa de Spencer. E isso me deixou mais feliz, nessa noite, eu não pensei em nada que relacionasse um certo Di Angelo.

– Todo mundo que acha isso aqui tem um propósito. Mesmo que não tenha um motivo, algo te trás aqui. Você não resolveu pular um portão de uma casa abandonada no meio da noite sozinha, porque simplesmente quis. - Mike disse enquanto pulava o portão novamente para ir embora.

– Eu senti uma necessidade de entrar aqui, como se aqui fosse minha casa. - falei enquanto pulava o portão de quase 2 metros.

– Te entendo, também me senti assim.. Mas agora me diz : Como você faz para pular esse portão alto e enferrujado com tanta facilidade? - disse ele enquanto andávamos pela calçada as 7:16min am.

– Fiz ginástica artística até os 14 anos.. - dei de ombros.

– Começou quando?

– Com 9 .. mas já faz muito tempo. Estou mais enferrujada do que aquele portão! - ele riu. - Eu perdi a elasticidade, estou fora de forma, não tenho mais tanta prática como antes..

– Não diga isso, você está perfeita!

– Você fala isso para todas as garotas gordas que você sai? - perguntei fazendo ele rir.

– Nunca saí com nenhuma garota que eu considerasse gorda.. Só fofinhas! - Ele disse fazendo uma carinha fofa e apertando as próprias bochechas.

– Me sinto lisongeada por ser a primeira, então. - disse.

– Você é cabeça dura pra caramba, hein.. - falou ele. - E você é um idiota mentiroso. - falei rindo.

– Sou mesmo idiota, mas não sou mentiroso. - Mike disse começando a rir também.

– Então me fale uma verdade. - desafiei.

– Você é linda! - Vou me fazer de idiota agora u.u

– Deixe as cantadas pra depois, fale logo a verdade. - falei já parada na entrada de casa, me aproximando dele e encarando-o.

– Essa é a verdade, retardada.. - Ele disse brincando. - Você. É. Linda. - Ele se aproximou ainda mais, colando nossas testas - Distancia perigosa.– segurando meu rosto com a mão esquerda e minha cintura com a mão direita, fazendo nossos corpos se aproximarem ainda mais.

– Tenho que ir.. - Disse enquanto sai daquela situação perigosa. Dei um beijo na bochecha dele e fui em direção a varanda de casa, olhei para trás por um instante e ele estava na calçada encarando o chão com um sorriso bobo.

Entrei em casa e não tinha ninguém. Lembrei. Hoje é domingo, folga da empregada. Preparei alguma coisa pra comer e fui para o meu quarto, tudo que eu queria era dormir o dia inteiro hoje!