Essa era a primeira vez de Elijah endagado por mais do que alguns dias. Geralmente, era parecido com uma boa noite de sono.

Mas dessa vez foi diferente.

Primeiro, havia a escuridão. Pânico encheu o vampiro. Era como se seu corpo fosse feito de chumbo. Ele não conseguia se mover. Em seu desespero, ele tentou gritar, mas ninguém vinha. Klaus, Rebekah, Kol, Finn. Ele estava só.

Até que ele gritou o nome dela.

"Clary!"

Então, veio a luz.

Uma voz, melodiosa e risonha, o chamou.

"...Elijah"

Era ela.

A garota estava com aquele sorriso que Elijah tanto amava. Ela estava com os cabelos cacheados bem arrumados, usava um vestido branco leve com pequenas flores de cerejeira estampadas, um cardigã vermelho, sapatilhas e seus óculos que destacavam seus olhos castanhos. Neles, havia somente felicidade em vê-lo. Não havia preocupações ou segredos.

Ao seu redor, tudo clareou e Elijah pôde ver que estavam em uma clareira. Sorriu. Essa clareira era-lhe mais do que familiar.

Clary inclinou a cabeça um pouco para o lado, olhando confusa para o Original.

–Por que você está deitado no chão?

Elijah riu.

–Não consigo levantar.

–Com tanta preguiça assim? - Clary perguntou, sorrindo. -Se é assim, vou deitar ao seu lado.

A garota se deitou ao lado do vampiro e Elijah pôde sentir o cheiro reconfortante da amada.

Amêndoas.

Ficaram em silêncio por alguns instantes.

–Então? Por que você não consegue levantar? - a garota perguntou, olhando para Elijah.

–Não sei.

–Por que você está deitado, em primeiro lugar?

–Klaus.

Fez uma expressão triste.

–O que ele fez dessa vez?

–Enfiou uma adaga no meu coração.

A garota levantou a sobrancelha.

–E você deixou?

Elijah riu.

–Minha guarda estava baixa. Ele disse que me reuniria com minha família. Agora, imagino que meu corpo com a adaga está ao lado do dos meus irmãos.

Ficaram em silêncio por alguns instantes.

–Você tinha razão. Tentar matar Klaus não trouxe sua família de volta, somente fez me deixar mais sozinho - Elijah disse para Clary e suspirou.

A garota soltou um suspiro entristecido.

–Bem, eu queria ter estado errada.

Ficaram em silêncio. Elijah sentiu o cheiro de amêndoas da garota. Ele queria tanto tocá-la.

A garota entrelaçou a mão com sua em um gesto de conforto. E de repente, Elijah sentiu seu corpo mais leve.

Normal.

Ele virou para a garota e levantou-se, sem nunca soltar a mão da garota. Ele ajudou-a a levantar e Clary riu.

–Onde estamos, por falar nisso? - Clary perguntou, olhando ao redor, admirando especialmente as flores que cresciam ao redor.

–É onde eu costumava brincar com os meus irmãos quando eu era menor.

Clary olhou para Elijah.

–Do que vocês brincavam a 1000 anos atrás?
Elijah sorriu. Lembrando da época em que ele mais foi feliz junto a pessoa que ele ama é, realmente, algo ótimo.

–Esconde-esconde, pega-pega. Eu lutava muito com meus irmãos e fazia competições. Rebekah se contentava em torcer para a gente, afinal, ela era só uma garota.

Clary assentiu. Soltou a mão de Elijah e deu um pequeno cutucão em seu ombro.

–Tá com você.

E saiu em disparada. Elijah riu e começou a perseguir a garota em sua velocidade humana. Afinal, qual seria a graça de usar seus poderes de vampiro?

Ele finalmente conseguiu segurar a garota pela cintura e jogá-la por cima dos seus ombros.

–Me solta! - a garota ria e se debatia, mas Elijah não se abalou.

–Nunca!

Clary riu. O Original ajeitou-a em seus braços, carregando-a nos braços. A proximidade o tentava a beijá-la. A maneira que ela o corpo inteiro dela sacudia ao rir, o jeito que ela não se incomodava se o cabelo estava bagunçado e a maneira que seus olhos o encaravam. Tudo era como um canto de sereia, que o atraia e o envolvia.

Ele a pôs no chão, mas sem tirar os braços de sua cintura. Elijah, aproximou o rosto dela no seu. O cheiro dela inebriava o Original. Ele fechou os olhos e encostou a testa na dela.

–Clary... - sua voz não era mais que um murmúrio.

Ele sentiu a mão dela em seu rosto. Seu toque era delicado e quente.

–Elijah... Não posso. Isso não é real.

O Original abriu os olhos e encarou a amada. Sua expressão dela mostrava tristeza e pena. Ela afastou delicadamente o rosto dele do dela.

–Como? Eu sinto seu toque... Você é real.

–Não sou. Isso é uma ilusão, Elijah. Você está adormecido. Tudo que você vê e sente aqui... É falso. Eu sou só um produto da sua mente. Eu não sou ela. Eu não sou real.

Elijah a soltou e a garota recuou um passo. Elijah olhou novamente para a garota por quem se apaixonou.

Não. Não era Clary. Era somente uma lembrança.

Uma memória.

–Por que estamos aqui? Por que você está aqui?

A garota deu de ombros.

–Me diga você. É o seu sonho, afinal. A algo que você queria ter dito ou feito com a verdadeira Clary?

–Eu queria mostrar o mundo a Clary. Eu queria vê-la sorrir todos os dias e dizer a ela como eu amo.

–Então por que você não faz isso?
Elijah ficou em silêncio por alguns instantes.

–Porque eu sou um idiota.

Clary riu.

–Finalmente percebeu? Até que enfim! Bem a tempo de acordar!

De repente, tudo começou a ficar mais claro, ofuscante.

Elijah não sentiu medo. Ele sabia exatamente o que fazer.

Ele resoveria seus assuntos em Mystic Falls e, assim que terminasse, iria para Fells Church.

"Espere por mim, Clary. Estou a caminho."