I Never Told You escrita por Bellice


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e comentem! *-*
Tenham uma boa leitura e feliz 2014 õ/



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Londres, Inglaterra.

O ano poderia ser novo, mas como em qualquer domingo, eu estava atirada em meu sofá, com o controle remoto nas mãos e zapeando pelos canais sem encontrar qualquer coisa que valesse a pena ser vista. Domingos eram assim sempre: entediantes. Terrivelmente tediosos.

“Vejam só! O ano mal começou e o nosso médico garanhão já entrou em ação! Edward Cullen foi visto ontem com uma mulher totalmente nova. Parece que a última não o segurou por muito tempo, não é? Afinal, quem segura?”

A mulher que apresentava aquele idiota programa de fofocas deu uma risadinha ao final de sua “reportagem” e eu me obriguei a continuar trocando de canal, como se não tivesse ouvido nada. Não era mais problema meu com quem ele se relacionava. Havia deixado de ser a mais de três anos.

No fim das contas, tudo estava como deveria estar agora. Como sempre deveria ter sido. Edward havia virado um médico renomado e eu, uma simples professora de inglês. Não que eu não gostasse do meu trabalho, nada disso. Era a minha verdadeira paixão, ensinar. Porém, a diferença entre eu e Edward é e sempre foi gritante. Foi um erro ter me envolvido com ele e ter me apaixonado por ele. E não passou disso: paixão. Paixão essa que logo teve fim.

Ah, a quem eu quero enganar? Envolver-me com Edward nunca fora um erro, pois meu coração sabia que ele era o homem certo. Pertencíamos a mundos diferentes com certeza, mas isso não me impedia de querê-lo com loucura e de Edward corresponder o meu desejo na mesma intensidade. Eu era tão louca por ele que abriria mão de qualquer coisa pela sua felicidade e sucesso. E foi o que eu fiz.

Não posso dizer que me arrependo, pois faria tudo de novo se fosse para fazê-lo bem. Mas isso não evitava o vazio e, principalmente, o aperto em meu peito toda vez que ele era visto com uma nova mulher. Tampouco poderia culpá-lo por seguir a sua vida. Eu própria tentei sair com outros homens depois de que rompemos, porém nada ocupava o espaço que Edward preenchia. Será que ele também se sentia assim? A julgar pelo número de mulheres que o acompanhavam em restaurantes e festas (e tenho certeza que na cama também), não. Ou talvez, sim. Talvez ele só estivesse tentando tapar o buraco deixado por mim quando parti. Eu nunca saberia, no entanto.

Sentindo as lágrimas próximas, fui correndo para o meu quarto e abri a minha caixinha proibida. Lá, eu guardava todas as coisas que eu abri mão abandonando Edward. Presentes dele, objetos, cartas ou papeis de bombons que significavam algo pra mim e fotos. Muitas fotos. Eu nunca teria coragem de me desfazer delas. Já sentindo minhas bochechas molhadas, peguei uma das fotos que eu mais gostava. Era eu e Edward. E estávamos no campus da faculdade. No mesmo lugar aonde nos vimos pela primeira vez, comemorando nosso aniversário de dois anos de namoro. Bons tempos aqueles. Eu apertei a fotografia contra o meu peito na vã tentativa de aplacar a saudade que sentia dele.

–O que diabos você está fazendo aqui no quarto, sozinha? Está um belo dia lá f... –Rose, minha melhor amiga intrometida que por algum motivo desconhecido por mim tinha a chave de meu apartamento, começou a falar, porém logo interrompeu ao ver que eu chorava.

Eu simplesmente não podia controlar mais. Não hoje. Geralmente quando esses momentos me aconteciam eu estava sozinha. No entanto, logo hoje isso foi acontecer e Rose estava ali. Acho que já era hora dela me conhecer plenamente, afinal.

–Bella, você está chorando?

–Você alguma vez já tomou alguma decisão certa Rose, mas mesmo assim, no seu coração, sentia que era extremamente errado? Porque é assim que eu me sinto a maior parte do tempo nos últimos três malditos anos. Eu...

–Ei, calma! Tudo vai ficar bem! –Rose veio para mais perto de mim e me abraçou, de certo querendo que eu me sentisse melhor, porém aquilo de nada adiantaria. Nada ficaria bem. Ou melhor, quem sabe tudo ficaria mesmo bem. Mas apenas isso. Desde que eu conhecera Edward eu soube a diferença entre “bem” e “maravilhoso”. E agora, eu tinha que me contentar em sobreviver, apenas. Só precisava achar um meio de me conformar e entender mesmo, que fiz a coisa certa, por mais que meus sentimentos me dissessem para ficar, eu fui embora. Eu tinha que lidar com as consequências agora.

–É, talvez fique... –Funguei mais um pouco, tentando me acalmar, o que só resultou em mais choro. Eu sentia Rose tensa me amparando, me abraçando. Ela estava preocupada, e com razão. Conheci-a logo que cheguei na cidade onde morava agora e logo nos tornamos amigas. Ela não sabia nada sobre meu passado, sobre ele.

–Você quer conversar sobre isso? Talvez ajude, amiga. –Eu queria dizer não. Não desejava que ninguém soubesse disso na minha “nova vida”, não queria trazer à tona o que aconteceu no passado, mas eu sentia como se fosse desabar ainda mais se não falasse pra ninguém. A dor da falta que ele me fazia nunca cessaria, mas talvez, pelo menos aliviaria.

–Eu namorava um cara na faculdade. Na verdade, não era qualquer cara, era Edward Cullen. E nós, bem, eu acho que me apaixonei por ele desde que sorriu para mim pela primeira vez. Estudávamos cursos diferentes, obviamente, mas ele me viu um dia lendo e se aproximou. Sorriu. E desde então não passamos um dia sem conversarmos, ele passou a almoçar comigo... E começamos um namoro que durou até o fim da faculdade.

–Isso é sério? Você namorou o médico bonitão, realmente? Uau, isso é inesperado. –Eu ofereci a ela um sorriso triste. Entendia o que ela queria dizer. Era inesperado porque caras como Edward –ricos e bem sucedidos- não costumam namorar mulheres que são professoras de inglês. –E por que durou apenas até o fim da faculdade?

–Porque eu fui embora de lá. Disse que as coisas entre nós estavam indo rápido demais e que não queria isso pra minha vida. Ele tinha me convidado pra morar com ele e era um passo grande, então dei essa desculpa.

Eu vi Rose abrir e fechar a boca várias vezes depois de que terminei de falar, tentando achar algo que fizesse sentido. No entanto, ela não encontraria. Não encontraria porque eu não contei a parte crucial da história.

–Eu não entendo. Você o amava e foi embora? Deixou o homem sozinho? Que merda você tem na cabeça, Isabella? Não que eu não tenha gostado de te conhecer, afinal você é a minha melhor amiga. Mas não abrimos mão de alguém assim.

–Você não entende porque não contei tudo, Rose. Bem, quando eu entrei na faculdade, Edward já estudava lá, você sabe... Medicina costuma tomar mais tempo. Então, nos formamos no mesmo ano. Ele fez a residência num hospital perto da faculdade, onde o pai de uma das colegas dele era dono. E quando se formou, Edward estava esperançoso que conseguiria um trabalho permanente lá.

–Eu ainda não entendi, Bella. –Rose me encarava confusa.

–A colega de Edward, filha do dono do hospital, aparentemente tinha uma pequena obsessão por Edward. Eu sempre desconfiei e ele também, mas nunca tive motivos para me preocupar. Até que ela me chantageou.

Fechei os olhos por um momento, querendo impedir que as lágrimas voltassem. Mas foi em vão. Aquele dia nunca sairia de minha mente, porque eu me lembrava dele muito bem. Com cada mísero detalhe.

“–Olá, querida! Você deve ser a –Tanya, a prepotente colega de Edward me olhou de cima a baixo antes de continuar sua frase – namorada do Edward. Estou certa?

–Isso mesmo. E você, quem é? –Eu sabia quem era, mas ela não precisava saber disso.

–Sou Tanya. –Ela me estendeu a mão. –Mas você já sabia, certo? Edward deve falar de mim. –Sorri. Na verdade, não. Ele não falava. Apenas me disse quem era quando eu a vi babando nele um dia em que estávamos almoçando juntos.

–Sinto muito, mas não. Tenho certeza que se ele tivesse mencionado você, eu me lembraria. Porém, é um prazer. –Mentira. Tanya me lançou um sorriso falso e venenoso e, mesmo sem saber, tremi ao vê-lo. Ela estava ali por algum motivo.

–Você sabe que Edward é um ótimo médico, não é? Meu pai quer muito contratá-lo, realmente.

–Fico realmente feliz com isso. Edward é realmente bom. Não só na medicina. –Eu poderia estar sendo cruel, ou agressiva, mas não me importava. Aquela vadia estava ali por algum motivo, eu sentia isso.

–Tenho certeza disso, porém você sabe, meu pai é o dono e por mais que ele queira funcionários eficientes, ele quer mais ainda a felicidade da sua filha.

–É o que qualquer pai quer. Mas vá direto ao ponto. Sei que você não veio até aqui, justamente no dia que Edward faltou, apenas para me conhecer oficialmente.

–Você é inteligente, garota. Por isso, vai fazer exatamente o que eu quero: deixará Edward livre para mim.

Eu gargalhei, gargalhei mesmo. Sério, quem ela pensava que era?

­–Você só pode estar de brincadeira! Não tenho motivo nenhum para fazer algo desse tipo, sua menininha arrogante e mimada! –Eu dei às costas a ela, querendo ir embora, porém Tanya puxou meu braço, forçando-me a encará-la.

–Então te darei alguns. Sabe como é fácil pra eu entrar naquele hospital, matar alguém e dizer que foi irresponsabilidade de Edward que aplicou os remédios errados? Sabe o quanto é fácil eu falar qualquer merda sobre Edward para meu pai e ele acreditar? Uma coisinha só e eu faço ele nunca mais ter emprego nem aqui, nem em hospital nenhum. A escolha é sua, Bella. Quer mesmo ser culpada pelo fracasso profissional dele? Quer? Bem, você é que sabe. Dou-te uma semana.

–Você não seria capaz de aprontar essas com ele. Quer ele pra você, como pode sequer pensar em prejudica-lo? –Ela sorriu pra mim e soltou meu braço, dessa vez, ela mesma virando-se e seguindo seu caminho.

–Eu sempre consigo o que eu quero. Sempre.”

–Eu não acredito que você deixou ela te chantagear, Bella! Realmente, você tem merda na cabeça de abrir mão do cara que você amava, do seu país, da sua vida por causa de uma bruxa dessas! –Eu explodi. Não por achar que Rose não poderia dar sua opinião, ou sobre sua percepção de certo ou errado, mas sim porque ela estava sendo injusta. Geralmente, as pessoas te julgam e criticam se achando as donas da razão, contudo, não param para se pôr no lugar da pessoa em questão.

–Eu teria merda na cabeça se continuasse com ele! Se deixasse o sonho dele morrer por minha causa! Você não sabe o quão difícil foi para ele se formar e o quanto ele queria isso. Não sabe o quão difícil foi entrar na merda de um táxi e deixa-lo lá, sozinho, me olhando, implorando para que eu não o abandonasse. Eu não podia ser egoísta, porque eu só queria que ele fosse feliz, e ele só seria feliz sendo médico. Se tirassem isso dele... Seria tudo minha culpa. E com isso eu não podia lidar. Não podia! –Sabia que estava gritando e chorando ao mesmo tempo e que Rose provavelmente me acharia uma louca, contudo eu não conseguia parar. A dor era tão grande. Tão grande como no dia que fui embora.

“–Bella, amor, isso não faz o menor sentido! Eu te amo tanto! Não quero que você vá, por favor... - A cada vez que ele implorava, ficava mais difícil seguir com a minha decisão, porém eu precisava ser forte. Por ele.

–Isso não é sobre você Edward, é sobre mim. E eu quero ir. Não seja egoísta, por favor. –Mentira. Tudo o que eu estava dizendo era uma fodida mentira. Mas o que eu podia fazer? Era melhor assim.

– É claro que eu estou sendo egoísta! Você disse que me amava durante todos esses anos e ficou radiante quando sugeri que morássemos juntos e agora simplesmente quer ir embora? Isso está muito estranho, Bella. –Soltei a respiração baixinho, sabendo que não ia ser fácil. Edward não era burro.

–Talvez... Talvez eu deva medir mais as palavras, não é? Talvez... Eu tenha me precipitado. –Sua mão que, anteriormente segurava delicadamente meu braço, foi para longe de mim e ele me encarava chocado, magoado e sem saber o que dizer. Eu me odiei naquele momento. Odiei-me por estar fazendo o homem que eu amava sofrer, por estar mentindo pra ele.

–Você não pode estar falando sério. Bella, eu... –O interrompi.

–Seja feliz e... Desculpe-me. –Me desculpe por estar te fazendo sofrer, mas é para o seu bem. Ninguém estava mais ferida que eu naquele momento.”

–Okay, tudo bem. Eu entendo seu ponto Bella, eu realmente entendo. Mesmo achando que, se isso acontecesse comigo eu faria as coisas de maneira diferente, não tem como ter certeza. Você só queria protegê-lo e fazê-lo feliz, mesmo que, para isso, tivesse que abrir mão da sua. Mas e agora? O que te impede de ir atrás dele? Edward é um médico renomado, não vão acreditar em qualquer merda que venha de uma vadia mimada. Por que diabos você está aqui, se podia voltar e procurar por ele?

Talvez Rose estivesse com a razão. Tanya era uma ameaça ridícula agora, porém ainda assim, eu havia mentido para Edward e, se tem uma coisa que eu sabia que ele não perdoava de maneira nenhuma, era isso. Óbvio que a vontade de vê-lo, tê-lo de volta era bastante gritante, mas como eu arriscaria tudo assim? Eu era covarde demais. Se continuasse na mesma situação, se não tentasse ir atrás dele e esclarecer o que aconteceu, eu nunca saberia se ele me perdoaria ou não, eu sempre teria o “se”. Contudo, se eu o procurasse e revelasse tudo? E se ele não acreditasse em mim e me rejeitasse? Aí eu saberia que aquilo era um claro “não”. Então, eu gostava dos meus “se”. Era minha zona de conforto.

–Não posso. Ele nunca irá me perdoar, Rose.

–Ora, pelo amor de Deus, mulher! Pare com essa merda fodida agora mesmo! Você pode sim, só não quer. Não quer porque tem medo da reação dele. Quer saber de uma coisa? A maioria das pessoas vive buscando a felicidade e você, ao contrário, fica se afastando da sua. Eu adoro ter você aqui em Londres, morando comigo, mas o seu lugar não é aqui, nunca foi. Sempre foi apenas um refúgio.

–Eu gosto de dar aula aqui! E da sua companhia! E dessa casa! –Gritei um pouco desesperada, já que a minha melhor amiga estava com toda a razão sobre tudo o que acabara de falar.

–Eu sei que você gosta e você faz isso maravilhosamente bem. Sei que também gosta de viver aqui e comigo. Mas Bella, você não vê? Isso é a vida com que você se conformou, não a vida que você quer. Você está bem aqui, no entanto, incompleta. Vá atrás da peça que falta. Vá, Bella. Tente.

O jeito com que Rose me olhava me fazia querer pular em seus braços e agradecer por tamanha força e apoio. Era difícil assumir que ela tinha razão e que eu estava acovardada. Também, quem não ficaria?

–Sabe do que mais? –Minha amiga continuou. –Nós duas estamos de férias, então, acho que é uma boa hora para sairmos de Londres e irmos para os Estados Unidos, colega. –Ela piscou pra mim e foi impossível não rir.

–Geralmente as pessoas fazem a viagem contrária, sim?

–Com certeza, mas nós moramos aqui e vemos todos os lugares maravilhosos desse lugar rotineiramente. Quero respirar novos ares, Bella. Vamos arrumar nossas malas, sim? Não! Melhor, deixa que eu arrumo a sua. Tenho que colocar suas melhores roupas lá dentro para divar na cara da JacaroTanya com classe.

Rose era absurda. Eu nem ao menos tinha concordado com essa viagem ainda e ela já estava pensando nas malas?!

–JacaroTanya? Sério? –Ri alto.

–Claro, meu bem. É uma mistura de Jacaroa com o nome da vadia. Ficou bom, não é?

–Combinou com ela, realmente. –Suspirei. Só de lembrar de Tanya, um asco já me subia pela garganta. Rose estava certa. Era melhor tentar do que me acovardar para sempre.

–Bella? Você está aí? –Percebi que havia me perdido em pensamentos quando Rose começou a me chamar insistentemente. Sorri. Era hora de recomeçar. Era hora de recuperar o meu homem. Afinal, ano novo... Vida nova.

–Vamos fazer as malas, Rose. Já perdemos tempos demais.

(...)


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Mereço reviews?
Por favor, me deixem saber o que acharam! ♥
Beijos e até amanhã :]