Samuel,

Há essa altura eu já terei partido e você acabado de se acordar. Abriu os olhos por causa da claridade eu começou a lhe incomodar. Bocejou. Espreguiçou. Olhou pros lados e não me viu. Seu corpo deve ter sido tomado por um desespero agudo, sua respiração deve ter ficado falha e seu coração disparado. Mas logo voltou a si, eu deveria ter ido só no banheiro.

Você deve ter se levantado, ainda nu. Está excitado, toca o seu pau, o movimenta, gemi meu nome sem pudor. Você está vermelho, ansiando por sexo. Você me quer dentro, você quer sentir a minha textura, você quer a satisfação.

Abre a porta do banheiro. Sua vontade é tanta que não quer preparação. Você quer se fodido, você quer que eu te foda.

Nosso amor é brutal, é sujo, é demoníaco? Mas eu não estou no banheiro, eu não estou embaixo do chuveiro, não estou com um sorriso convidativo no rosto. Eu não estou lá.

Aquilo parecia real demais para ser um pesadelo, aquilo não podia estar acontecendo.

Procurou suas roupas pelo quarto (na noite anterior eu fiz questão de joga-las, arranca-las para longe do seu corpo), achou sua calça (ainda melada como o meu gozo, mas você não se importava com isso, sua cabeça estava em outro lugar, você precisava me encontrar). Vasculhou toda a casa, mas era em vão. A cada segundo que se passava você percebeu que realmente estava sozinho.

Voltou pro quarto, já com lágrimas em seu rosto, eu tinha te deixado, eu fiz a única coisa que tinha prometido não fazer.

“E se eu entregar meu coração para você? E se eu entregar minha alma para você? O que lhe impede de você jogar tudo fora?”

“O que me impede? Bem Samuel, o que me impede de jogar seus traços restantes de alma no calabouço profundo dos 7 círculos do inferno é que eu te amo. Eu nunca pensei que sentiria isso por um ser tão inferior como você, ser de barro. Nunca pensei que iria me encantar por um dos lacaios mais fraco do meu Pai. Mas é como dizem, o mundo dá voltas não é? E aqui estou eu, um seraphim caído, apaixonado por um humano destinado a perdição.”

“Lucifer ...”

“Por favor Sam, me der uma chance, me deixe provar que posso salvar nos dois, me deixe prova que eu sou sua cura. Eu prometo que nunca vou te machucar, eu prometo que nunca vou te deixar”

Eu posso ter te salvado do inferno, mas eu não te salvei de mim mesmo.

Eu quebrei a promessa, mas foi para te proteger.

Você deve ter percebido a carta agora, escolhi um envelope azulado, essa é a sua cor favorita não é? Seus olhos pararam de marejar um pouco. Você sorriu, eu não tinha ido embora, eu tinha lhe feito uma surpresa! Você foi correndo abri o envelope e ...

Por favor Sammy, me perdoe, por favor Sammy não chore.

Seja forte, eu fiz isso por nós dois.

Os 7 grandes príncipes do inferno arrumaram uma rebelião, eles criaram um tribunal e me julgaram, o veredito foi que eu sou um desertor. Eles me acusaram de ser um traidor, de ter criado laços com o mundo humano.

E eu criei não foi?

Eu abandonei todo meu erro por você, e eu faria tudo de novo.

Belzebur me procurou, a sentença não era só a sua morte, mas sua alma seria aprisionada no pote de Pandora e você passaria todo o resto da humanidade sofrendo do lado das piores mazeles do mundo.

Eu não podia deixar isso acontecer Sammy, eu não poderia deixar nossa filha sem um pai. E além disso Dean iria me matar.

Então em um ato de desespero eu acabei exorcizando Belzebur, e agora sua essência está presa em outra dimensão.

Eu matei um irmão meu.

Matei um dos principies do inferno.

Selei meu destino naquele momento.

Salvei sua alma, salvei Helena, e é só com isso que eu me importo.

Espero que você seja feliz com outro rapaz.

Você tem uma vida toda pela frente meu amor, por favor não a desperdice. E quando Helena, nossa filha, for grande o suficiente, explique a ela que eu sempre vou ama-la. E que cabe somente a ela a escolha do seu destino.

Com 1001 beijos,

Lúcifer.