In the flesh escrita por Mean, SheWolf, Paperback Writer


Capítulo 10
Battersea


Notas iniciais do capítulo

E ai pessoas? Minha primeira nota procêis, que emoção! Hahahah
Bom, espero que gostem desse capítulo, gostei muito de escreve-lo... É isso... Mwahaha



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Weißt du was, Owl. (Adivinhe, coruja)

Weltkrieg kann nicht warten. (A segunda guerra não pôde me esperar)

Vier Türme, George Orwell weiß was auf mich geplant (George Orwell sabe o que planou sobre mim)

Stolz ist das Schlüsselwort. (Orgulho é a palavra-chave)

O papel áspero e amarelado continuava na palma da minha mão. Escrito em código morse (Embora em alemão, não em inglês). Alguém me enviara pelo correio junto com um pedaço de cabelo loiro trançado encharcado de Metanol, uma substancia que em grande uso, pode ocasionar a cegueira.

Larguei o papel no criado-mudo que ficava ao lado da cama e virei minha cabeça, ficando cara a cara com o travesseiro branco e sentindo o “irritante” cheiro de erva-doce.

Tomei coragem suficiente para me levantar da cama do meu querido “Amigo” e vestir minha roupa intima que estava espalhada pelo quarto. Aproveitei e peguei a camisa social branca que estava no chão, abotoando-a sobre meu corpo logo em seguida.

Seguindo o barulho da televisão – Que por acaso, passava algum programa sobre a guerra do Vietnã – Achei Keith sentado no sofá, assoprando a xícara de chá.

– ‘Dia. – Ele cumprimentou, sorrindo de canto e pausando o documentário. – Quer chá?

Neguei com a cabeça, me sentando ao seu lado no sofá.

–Me lembre de nunca mais aceitar sair com você. – Eu disse, sorrindo.

–Não foi isso que você gemeu na noite passada, sabia? –Ele riu e eu belisquei seu braço em tom de brincadeira.

–Calado. – Nós rimos. – Ah Els, está chovendo, vamos para a minha casa...”. O duplo sentido corre solto...

–Ah claro, até porque você odiou a ideia.

–Idiota – Encostei minha cabeça em seu ombro.

– A propósito, - Ele começou – Já descobriu qual era o lugar que o papelzinho se referia?

–Não. – Suspirei frustrada. – Como você sabe desse papel?!

–Você me falou ontem à noite.

–Falei?!

–Falou. A resposta é Battersea Power Station.

Rolei os olhos.

–Não pode ser tão simples.

–Mas é. Olhe, Els... A guerra não pôde esperar o termino da obra. Entre a década de 20 e 30, começaram as obras. A outra torre foi feita na década de 40. Entre as guerras.

–E o George Orwell?

– A revolução dos bichos. O porco na capa do Animals* saiu da ideia desse livro.

–E o orgulho? – Dei um gole em seu chá.

–Você disse que não queria chá... Mas enfim. Ora Els, Battersea, o orgulho de Londres! Grande usina termelétrica!

–Surpreendente. – Foi tudo o que resmunguei.

Ele voltou a assistir o documentário e ficamos em silêncio, até que ouvi o toque do meu celular.

–Alô? – Atendi.

–Eleanor Johanna Waters! – Lola gritou do outro lado da linha.

–Que foi?

–Pela voz, sua noite foi animada...– Ela riu. – Aonde você tá?

–Keith. Por que?

–O que eu te ensinei sobre não pegar o amiguinho? Hein? – Lola riu do outro lado da linha. – Seguinte, que horas você chega?

–Sei lá. Imagino que logo. Precisamos ir para a Battersea Power Station.

– Tá louca?! Aquela porra não funciona mais!

–E daí?

–Ok, ok, Els... Até. – Ela desligou antes de eu me despedir.

–Quem era? – Keith perguntou. – Se é que eu posso saber...

–Era a Lola. Aliás, logo eu vou precisar ir e...

–Acho que deixei sua roupa no quarto.

–Não estavam quando eu acordei.

–Procure melhor. – Ele se levantou, voltando para a cozinha.

Revirei os olhos ao ver as roupas em cima das caixas que ele provavelmente teve preguiça demais para abrir.

Vesti a blusa e a calça rapidamente, junto com o par de sapatilhas pretas. E voltei para sala. Keith continuava assistindo o documentário.

–Que horas são? – Perguntei.

–Dez e vinte e três.

–O ônibus passa que horas?

–Dez e trinta... Mas eu posso te dar caron...

Com toda a delicadeza que eu ainda não tenho, sentei no sofá e puxei-o pela gola, dando um rápido beijo de espedida.

–Até qualquer dia. – Disse, fechando a porta atrás de mim, mas abri de volta. – Me mande uma mensagem algum dia. Se eu não responder, estou ouvindo músicas depressivas e chorando na frente do espelho ou morta.

–‘Kay... – Ele respondeu com um meio sorriso enquanto eu fechava a porta.

O elevador logo chegou, e assim que desceu, cumprimentei o porteiro e corri até o ponto de ônibus, que com a mesma pontualidade britânica que as vezes me faltava, chegou no ponto e eu subi, sentando-me ao lado de uma idosa.

–Quando eu era pequena... – Ela começou. Ah, lá vai... – Minha mãe lia para mim contos do irmão Grimm...

–Hm. – Murmurei.

–Minha história favorita era Rapunzel. A bruxa, por vingança, prende a princesa na torre, sem conhecer o mundo. Então se apaixona por um príncipe! E ai? A bruxa o cega! Afinal, todo os contos de fada tem o vilão. Mas Rapunzel continuou amando o príncipe. Não é lindo?

Irmãos Grimm... Germânicos... Rapunzel... Vingança... Rache... Cegueira... Mecha loira trançada...

Tem algo muito estranho acontecendo...

A senhora viu que eu não prestava mais atenção e parou de contar suas histórias. Desci em meu ponto e corri até nosso apartamento.

Nick estava na cozinha, pelo cheiro bom, cozinhava. Lola provavelmente estava em seu quarto, e eu fui para o meu, escrever tudo o que eu sabia sobre o que estava acontecendo, logo depois, voltei para a sala, reunindo as duas garotas lá.

– Seguinte... – Comecei. – Se lembram de quando o francês gritou “Rache” e “Moriarty”? –Elas concordaram. – Pois bem, ignoraremos o Moriarty por enquanto. Me enviaram um cartão em código morse e uma trança com metanol esses dias. Metanol é uma substancia letal. A trança era loira e já voltamos a falar nela. O bilhete se referia à Battersea Power Station. Mas não consigo ver ligação dela com os contos dos irmãos Grimm. Por que os irmão Grimm? Ora, quem escreveu o conto em que uma garota loira com uma longa trança teve seu príncipe cego? Irmãos Grimm. Metanol leva a cegueira. Conseguem entender?

Elas apenas concordaram com a cabeça e então ficamos em silêncio. Uma olhando para a cara da outra. Me perguntava se elas realmente tivessem entendido. Esperava que elas não estivessem duvidando de mim, como na época do orfanato, antes de Faster nos adotar.

–Quando vamos? – Nick cortou o silêncio.

–Agora. – Respondi. Indo em direção à porta. As duas me seguiram. – Estão levando uma faca, ou algo do gênero?

Elas concordaram, e descemos para o térreo.

Pegamos um táxi e um tempo depois, chegamos na Battersea. Entramos com certa dificuldade e ouvimos um grito de socorro, corremos até onde tal grito vinha.

Uma garota estava em uma jaula circulada por doces, pegava-os sem hesitar. Devia estar faminta. Deve ter começado a gritar quando entramos, pois sua voz não estava tão rouca.

Ouvi Nick soltar um gritinho agudo quando olhou para a garota. Quase fiz o mesmo.

A garota era a cara da Victória.

A loira não hesitou em ir até a cela da menor. Mas eu segurei o braço de Lola, melhor não interrompermos esse momento.

Mas a garota não é a Vic.

Vic está morta.

–Nick. – Lola chamou, mas não obteve respostas.

–Tirem ela dessa jaula! – Nick gritou, olhando para mim. – Tirem-na agora!

Lola correu até a jaula e com toda a sua habilidade destrancou o cadeado com dois grampos.

A garota loira correu até os braços de Nick, sendo recebida por um abraço. A loirinha também era a cara de Nick, mas sem mechas roxas em seu cabelo.

–Qual seu nome? – Me aproximei da garotinha.

Brianna­- Disse com a voz fina. Definitivamente não era a Vic. A irmã da Nick tinha uma voz forte e decidida.

–Brianna... – Lola disse – Quem te pôs aqui?

– M-m-moriarty! – Ela chorou.

Me sentia inútil naquele momento. Não sabia como acalma-la. Odiava quando choravam na minha frente. Me sentia uma máquina.

Fria. Com as engrenagens começando a desmontarem. Nem a mais potente das máquinas funciona para sempre.

Moriarty estava aqui. Ele não a deixaria sozinha.

–Apareça, Moriarty! – Gritei. Brianna chorou com mais força ao ouvir o som de seu nome e recebi olhares severos das duas garotas.

Nenhuma resposta.

Respirei fundo e afaguei o cabelo loiro de Brianna, olhando com atenção para os lados.

Cause everybody knows, she’s a femme fatale... – Ouvi uma voz masculina cantar o refrão da famosa música do The Velvet Underground.

Como em um musical, um homem escorregou por uma das vigas de metal e parou ao nossos pés.

Forte. Alto. Cabelo escuro, assim como os olhos. Indecifráveis. Um belo terno como vestimenta e o rosto parecido com o que as histórias dizem que Hercules tinha.

Lola sacou a faca e Nick ficou na frente de Brianna. Novamente, me senti inútil.

–Quem é você?! – Perguntei, mesmo já temendo saber a resposta.

–Não sou seu inimigo. – Ele sorriu. Um maldito sorriso que era inegavelmente atraente. – Não me conhece? Talvez porque Faster não tenha a minha ficha.

A risada dele ecoou pelo lugar fechado, junto com o choro de Brianna e nossa respiração descompassada.

–Vou perguntar novamente. – Ele se aproximou de mim e pude sentir seu forte perfume. – Quem é você?

–Moriarty. – Nem hesitou ao dizer isso.

–Você disse que não era nosso inimigo! – Lola disse, a faca sedo segurada na altura do queixo.

–Disse seu. Mas me referia a Eleanor. Não somos inimigos, não é, docinho? – Voltou o olhar para mim. – Jogamos no mesmo time.

–Jogam?! – As três garotas olharem espantadas para mim.

–Não! – Gritei, me defendendo. Como ele ousa...

–Eleanor, todo o conto de fadas precisa do vilão. Esse é o nosso papel. – Ele pegou a minha mão e eu a puxei de volta na mesma hora.

–Você prendeu uma garota numa cela! Eu jamais faria isso! – Gritei. Eu comecei a me preocupar com os olhares que eu recebia.

–Não Eleanor. Você mata. Não prende. Vocês três.

Era a primeira vez que eu ficava cara a cara com Faster dês do dia em que ele me adotara. Só eu e ele.

Eu estava atrás da mesa de madeira escura. O olhar de Faster ainda me assustava. Não que hoje eu ainda consiga encará-lo por mais de sete segundos.

–Primeira regra. – Ele disse. – Jamais deixe o inimigo te enganar.

– Mentira. – Rosnei.

–Verdade. – Ele sorriu – Ora Eleanor, qual é a única certeza da vida?

–A morte.

–Exato, boa menina. – Senti o sangue subir até minhas bochechas com ele me tratando como uma cadela. – E somos nós quem a garantimos.

Brianna me olhava incrédula, mas Nick e Lola pareciam mais firmes à minha versão.

–Vamos fazer um trato, que tal? Todos nós. – Ele disse. Não respondemos.

–E qual seria? – Lola pronunciou.

–Soltem suas facas, eu lhe darei um revólver para cada. Sim, carregados. Não sou injusto.

Ouvi passos, e mais três homens apareceram. Nos entregaram armas e saíram. Moriarty era esperto. Não ficaria sozinho.

Lola e Nick checaram o revolver. Eu não me dei ao trabalho.

– E agora? – Nick parecia impaciente.

Brianna foi arrastada por Moriarty até seu lado.

–Eleanor, você pode atirar em mim agora. Mas... Sabe que se fizer isso, saiba que vai morrer sem nem ao menos saber o que aconteceu com a Victória Willians. Eu sou o elo perdido, você sabe disso. Ou... Você pode atirar em Brianna e eu lhe contarei tudo.

–E se ela não atirar? - Nick disse

–Vocês três morrem. - Ele sorriu. Sabíamos que era verdade.

Olhei para Brianna e seu olhar assustado. Para Nick e Lola, para Moriarty e seu sorrisinho sonso. Adoraria tirar o sorriso daquele rosto. Mas a curiosidade corria por meu corpo.

Puxei o gatilho, respirei fundo e ouvi o barulho da bala.

Como se fosse em câmera lenta, a loirinha caiu para trás e Moriarty caiu duro no chão, com a boca espumando. Um antigo truque usado na segunda guerra mundial. Jamais revelar o segredo para o inimigo.

Nick e Lola olharam assustadas para mim e senti uma lagrima escorrer pela minha bochecha. Mais tiros. Não eram nossos.

Peguei meu celular e digitei rapidamente.

“Faster, Help

E.W”

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Notas finais do capítulo

Não me matem :3
Bjs d luz -q
-PW



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