Apenas, Catherine escrita por A pequena sonhadora


Capítulo 14
Décima Terceira Parte - O casamento




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Terça-feira, 23 de abril.

É incrível como tudo acontece com o Marcelo na pior hora. O casamento estava marcado pra 20h30min e eram 20h00min horas em ponto quando o Marcelo ligou pra avisar que o carro tinha dado problema, então eu e a Mary fomos de táxi para a igreja. Assim que eu cheguei eu dei um toque no Marcelo e ele disse que tinha acabado de deixar o carro com o primo e estava chamando o táxi mais próximo pelo celular. Mas infelizmente a Suzana chegou na hora, poxa, ainda faltavam cinco minutos para o horário marcado, será que ela não sabe que pelo menos aqui no Brasil as noivas SEMPRE atrasam?! Implorei pra que ela esperasse pra começar somente quando o Marcelo estivesse do meu lado e com muito custo ela concordou, já que eu seria a primeira, depois do meu pai, a entrar no salão. E as horas foram passando e passando e quando eram quase 21 horas e nada do Marcelo chegar, eu já tinha tirado todo o meu esmalte, mandado trezentas mensagens, mas ele ainda estava no engarrafamento. A cerimonialista que estava mais nervosa que meu pai e a Suzana juntos, sugeriu que eu fosse a último dos padrinhos a entrar e como os convidados já estavam impacientes, nós acabamos aceitando. E assim foram entrando todos e minha preocupação só aumentava.

– Vamos fazer assim, se eu o seu par não chegar até o penúltimo padrinho entrar, eu posso pedir o meu sobrinho pra entrar com você! A sua mãe... Quer dizer, madrasta, conheceu eles e convidou para o casamento.

Como eu estava desesperada, não tive opção...

– Ele é bonito?

Ela apenas riu e foi chamar ele. O Marcelo ligou novamente e disse que chegaria em 5 minutos e disse que tudo bem se eu entrasse com outra pessoa.

– Ele pode ser meu sobrinho, mas ele é um gato. Certeza que vai se apaixonar! E ele não tem namorada então aproveita viu?

Quando eu virei pra trás a minha única reação foi rir. A mesma coincidência. Definitivamente um raio cai duas vezes no mesmo lugar!

– Olá.

– Então você é o sobrinho gatinho e solteiro da cerimonial?

– Bom eu não diria solteiro de primeira vista, mas agora que você já está sabendo, tente não parecer histérica pra conseguir um beijo meu!

Eu tive que rir.

– E esse tempo todo você estava aqui?

– Sim. A sua madrasta não teve culpa, já adianto! Eu vim mesmo porque eu queria te ver mais uma vez...

– Vocês serão os próximos, preparados? - A cerimonialista perguntou.

– Não- Confessei.

– Sempre estive - O Gabrieu brincou

Já estávamos em frente à porta de entrada, que era aberta assim que a cerimonialista fazia um sinal de que os próximos padrinhos já estavam em ordem para entrar. Pelo barulho dava pra saber que os últimos padrinhos já estavam terminando o percurso. Era a minha hora de entrar... Olhei para a faixada da igreja, nada do Marcelo. Olhei então para o Gabrieu que estava estendendo os braços pra mim. Já haviam passado os cinco minutos, no mínimo o Marcelo não estava encontrado o local. Apesar de tudo, eu não podia atrasar mais do que já havia atrasado.

As portas se abriram. Todos se viraram para nos ver. Pude ver algumas caras de espanto. Estavam todos em silêncio e uma música tocada por instrumentos estava bem no fundo. Eu até havia passado aquele percurso no ensaio e parecia bem menor porém naquela hora, abraçada com o Gabrieu, parecia que haviam se passado horas.

Assim que sentei no banco que estava reservado pra mim não pude esconder a cara de alívio. Avistei o Marcelo no fundo da igreja, sentado conversando com outras pessoas, ele me viu, pediu desculpas e sorriu, eu retribui o sorriso e disse que estava tudo bem. Logo começou a marcha nupcial. Chorei horrores ao ver a Suzana, na verdade chorei o resto do casamento inteiro, o Gabrieu ria de todo aquele choro e me abraçava. Assim que acabou fomos conduzidos até o salão para a festa e direcionados até nossas cadeiras. Tudo estava lindo. Os lustres, os convidados, as comidas, tudo. Tudo corria bem até anunciarem a valsa. O Marcelo apareceu na mesma hora.

– Preparado?

– Acho que sim... Eu andei treinando!

E assim começou a música e todos os casais começaram a dançar e a rodopiar pelo salão. Pelo visto o treinamento do Marcelo tinha valido a pena, ele estava ótimo!

– Eu me esqueci de dizer, mas acho que você já sabe que é proibido ficar mais linda que a noiva sabia?

– Mas isso não tem nada a ver, ela está linda! E eu...

– Maravilhosa! Você está maravilhosa.

Agradeci e naquele momento ali, cara a cara, nos beijamos. Um fotografo registrou o exato momento. Estava tudo tão gostoso que eu até me assustei quando outras músicas começaram a tocar e mais gente invadiu a pista.

– Agora vamos começar a valsa maluca! Todos vocês terão que trocar de par agora. - anunciaram.

O Marcelo trocou com a Mary e o menino que estava dançando com ela começou a dançar com a Raquel e eu acabei ficando sozinha. Aproveitei e fui tirar uma foto com o meu pai e a Suzana, mas antes que eu chegasse na fila que havia se formado pra tirar foto com os dois o Gabrieu me puxou.

– Dança com migo?

– Eu acho que...

– Por favor! - Ele pediu fazendo beicinho.

Concordei e ele me tomou pelas mãos e me puxou de volta a pista. Eu esperava que de imediato ele dissesse alguma coisa, afinal todos seus sinais corporais e seu jeito tenso mostravam claramente que ele queria dizer alguma coisa, mas ele só ficou parado me olhando, de vez em quando olhava para o chão e eu já estava começando a estranhar e quando ia me pronunciar ele disse:

–Xiiii! Só curte o momento!

Ele quer mesmo que eu acredite que ele me puxou até aqui apenas para dançar com migo?

– Olha, a música já está acabando... Se quiser dizer algo essa é a hora...

– Catherine... Eu estou tentando... Mas é difícil falar cara a cara com você! Eu tinha ensaiado tão bem em frente do espelho, mas aqui eu travo!

Ele esperou um tempo antes de continuar e eu tive que me segurar para não rir do seu nervosismo.

Bom... Eu venho te procurando a tempos e eu queria muito conversar com você, mas eu acho que a gente só ia perder tempo debatendo sendo que a gente sabe muito bem o que aconteceu, então vou direto ao ponto... Você...

– Gabrieu... Essas aparições suas... Estão me deixando muito confusa então não diga nada que não possa me confundir ainda mais, por favor!

– ...Você me perdoa?

Dei um sorriso. Na minha cabeça veio àquela cena na hora...

Eu estava detonada, pois tinha passado o dia com a Ana Claúdia montando a decoração da sua despedida de solteira que seria comemorada no prédio na Marcela, e como o elevador só ia até o décimo andar, nós tínhamos que subir uma escada até o décimo primeiro, onde ficava o salão, e isso é até legal, mas não quando se tinha que fazer o mesmo percurso por várias vezes, levando as decorações que estavam dentro do carro até o salão. Mas tudo estava lindo e o sorriso da Ana Claúdia compensava todo o esforço. Arrumei-me junto com as meninas no apartamento da Marcela e quando as convidadas começaram a chegar elas foram subindo para o salão e eu aproveitei pra telefonar para o Gabrieu, a gente não se falava desde ontem por causa da briga e eu não aguentava o fato dele estar em uma despedida de solteiro, brigado com a namorada. Mas ele não atendia o que me deixava ainda mais atordoada. Mais tarde, quando eu estava praticamente capotada no sofá conversando com a Rafa até que a Ana veio correndo em minha direção e mostrou uma foto que a Bianca havia acabado de postar, com o Gabrieu agarrado com ela, falando alguma coisa em seu ouvido.

Eu fiquei completamente em choque. E se não bastasse isso, mais três amigos do Gabrieu postaram algumas fotos onde dava para ver os dois atrás, juntinhos. E a partir daí eu agi impulsivamente. Comecei a chorar e na hora eu mesma não sabia o porquê e comecei a ficar histérica o que chamou atenção de todas que estavam ali que me fizeram explicar tudo. Logo em seguida um grupo de 27 mulheres saíram em direção a tal balada. E tudo foi acontecendo muito rápido. Eu cheguei a tempo de ver o Gabrieu ficando com a tal menina, e assim que me viu ele começou a chorar e a falar que me amava, mas que precisava de espaço e foi se aproximando completamente bêbado com um bafo insuportável, ainda com um copo de cerveja na mão. A minha raiva foi aumentando tanto que eu comecei a tremer e a chorar até soluçar, eu não sabia decifrar o que estava sentido. E ele foi se aproximando até tentar me dar um beijo e nessa hora eu não consegui me controlar. Quando me dei por mim a minha mão já tinha feito uma linda marca rosa na cara dele. Mas ao contrário do que eu pensei, ele apenas riu e começou a gritar: "Essa é a mulher que eu vou me casar’’, foi só nessa hora que eu vi que todos estavam parados nos olhando.

– Catherine? Tudo bem? Você ficou pálida de repente... Vou pegar um copo de água! – O Gabrieu disse me despertando.

Tentei procurar o Marcelo na multidão e ele ainda estava dançando com a Mary. Então avistei o Nicolas perto da mesa do bolo.

– Não vi a Samantha hoje...

– A gente está meio brigado.

– Não faz isso! Não deixe coisas bobas separarem vocês... As vezes o orgulho fala mais alto, eu sei, mas a gente tem que...

–Você me dando lição de moral... Engraçado, depois de tudo e você ainda estava dançando com ele...

Não tive resposta, ele poderia estar certo e eu estava fazendo papel de idiota, ou eu só queria acreditar que nada aconteceu e que... Bem, eu não sei ao certo... Ele pode ter mudado ou então a gente poderia voltar e recomeçar ou então eu só queria obter respostas, afinal depois que tudo aconteceu os nossos únicos contatos foram quando ele me procurou pela terceira vez e começou a se explicar e eu dei outro tapa na cara dele e no aeroporto, mas o meu nome já tinha sido chamado umas três vezes pela aeromoça e eu apenas sorri e continuei andando. Mas eu sei que ele não iria se explicar, mas na verdade não tinha explicação e não tinha porque, depois de tanto tempo... Além do mais eu não tinha mais nada com ele e isso me fez lembrar outra pessoa que alias estava bem na minha direção me olhando com aqueles olhos tristes com um brilho que iluminava aquele salão mais que qualquer lustre. Fui caminhando em sua direção e nessa hora eu lembrei que eu não tinha visto ele o dia todo e nosso último contato havia sido quando ele me pediu em namoro, e eu já estava com saudade de ficar a sós com ele.

Na verdade eu não havia aceitado o seu pedido na noite anterior, eu havia pedido um tempo para assimilar tudo, eu ainda estava muito confusa e ainda não sabia o que iria fazer agora após terminar o ensino médio, ao contrário dele que já planejava ir direto para a faculdade. Mesmo assim, ele ainda era meu melhor amigo.

‘’Atenção meninas, preparadas para pegar o buquê?’’

Desviei-me da direção dele que apenas riu e me juntei ao aglomerado de meninas que estavam a postos, avistei a Suzana subindo pela escada e antes de se virar para jogar ela me avistou e deu uma piscadinha, então se virou e jogou. Depois disso foi tudo tão rápido que eu nem consegui entender direito, só sei que no final, depois se ter sido jogado e pisoteado e passado por várias mãos, ele estava bem na minha frente e eu em um impulso só agarrei ele. E era isso, eu ia ser a próxima a me casar. Claro que eu não acredito nisso, eu sou muita nova pra isso, ainda tenho apenas 17 anos. Mas não era isso que os outros achavam, ou pelo menos era só brincadeira. Depois que toda confusão acabou eu consegui localizar o Marcelo que estava conversando com o Lucas e a Mary e eu fui até eles.

– Atenção gente todos estão convidados pro meu casamento, exijo bons presentes!

–E quem será o coitado no noivo? – O Marcelo perguntou.

–Você! - respondi, como que por brincadeira. Eu podia gostar muito do Marcelo, mas ainda estava em dúvida se era suficiente para que a gente pudesse sustentar uma relação do que dirá um casamento.

–Tá louca?! Eu ainda tenho muito o que viver!

O meu pai chegou bem no momento e pediu que eu me juntasse a família para as fotos com os convidados. Olhei para o Marcelo como que me desculpasse novamente, era o único momento que conseguimos ficar juntos e eu teria que sair novamente. Ele riu e disse que estava tudo bem.

Eu achei que seria rápido, mas eram tantos convidados que eu nem sabia que estavam lá. Surgiram pessoas que eu nunca tinha visto na vida, mas mesmo assim eu tinha que tirar uma foto com todos. Qual a necessidade? Eu não sei!

Quando a fila estava no final procurei o Marcelo para poder tirar uma foto com ele e lá estava ele conversando com os pais do Gabrieu que por ironia do destino eram tios dele. Eu fiquei petrificada. Sim eu sabia que eles estavam lá, o Gabrieu tinha me dito, mas o meu celebro ignorou completamente essa informação. Não que eu tivesse alguma coisa contra eles, pelo contrário, de inicio eu adorava eles e a caçula, mas com o tempo e com toda aquela confusão que eles fizeram quando decidiram que o Gabrieu tinha que se dedicar por completo a vida estudantil dele, e isso significava que ele teria que esquecer a vida social e isso incluía a mim, ou a qualquer namorada que ele tivesse, mas com o tempo o Gabrieu foi conseguindo conciliar uma faculdade, um emprego em um estúdio e um relacionamento fracamente sucedido. Mas com o passar dos anos as notas ruins começaram a aparecer devido ao cansaço e a vida corrida dele, o que alterou os planos deles e logo após com todos os acontecimentos sucedidos, términos, reconciliações e o fim em tudo. Durante todo esse período eu não tive contato com eles. Algumas poucas vezes, mas eles apenas me tratavam como uma colega distante do Gabrieu, sem muitas conversas ou diálogos. Eu sabia que eles gostavam de mim, eu nunca dei motivos para o contrário, mas era o jeito deles.

Pedi licença ao meu pai para ir curtiu um pouco a festa, cumprimentei eles no caminho e chamei o Marcelo e o Gabrieu para dançar, a baladinha afastada onde tinham alguns jovens e alguns velhos querendo parecer novos, parecia bem legal. Eu queria me divertir e esquecer os problemas. Eles eram meus amigos e também primos um do outro, não tinha porque ficar um clima chato entre a gente.


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