Apenas, Catherine escrita por A pequena sonhadora


Capítulo 10
Nona Parte




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O final de ano foi simplesmente maravilhoso. No natal o gu foi passar com a família na Bahia e eu tive a ideia de irmos pra casa da vovó, a mamãe da minha mãe. Sempre gostei muito dela, era minha mãe com açúcar, e, aliás, sempre gostei de toda a família da minha mãe. Eles são descendentes de italiano, ou seja, família sempre unida, muita comida, e conversas ao último volume, e isso que eu sempre gostei neles. E também pelos traços físicos bem marcantes de italianos, a maioria com a pele e os olhos claros, assim como a minha mãe. E eu acho que é aí que entra aquela famosa frase ''os opostos se atraem''. A minha mãe era a caçula de seis irmãos, já o meu pai é filho único e seus pais tinham no máximo dois irmãos, era uma família pequena e calma, todos tímidos e pouco comunicativos. Apesar de tudo eles eram o oposto, meu pai era alegre, agitado e muito extrovertido e a minha mãe já era bem calma e até um pouco tímida e por isso eles se enquadraram bem com a família do outro, mas nós sempre preferíamos a da mamãe, a gente ia direto lá, e eu adorava as festas e especialmente a comida que sempre tinha um toque italiano. Mas quando a minha mãe morreu, inevitavelmente a gente acabou se afastando deles que entenderam perfeitamente, mas nunca deixaram de nos convidar para as festas.

Já no ano novo eu passei com o gu no clube, a Samantha quis ir junto e o Nícolas insistiu tanto que eu acabei conseguindo mais ingressos. Já à noite eu e as meninas arrumamos na casa da bia, todas com a roupa característica da festa tropical e como ficamos prontas bem cedo então passamos o resto do tempo conversando até os meninos chegarem. Eles queriam ir mais cedo, pois assim poderíamos aproveitar o luau inicial com uma banda tocando violão em volta de uma fogueira perto de uma piscina. Assim que chegamos vimos que as decorações tinham acabado de serem montadas, e eles estavam distribuindo colares de flores para todos, Tinha uma mesa com frutas cortadas em diferentes tipos e depois outra mesa de frios e porções seria servida, tudo parecia ser bem legal.

Às 22 horas o show começou e a gente curtiu bastante até apagarem todas as luzes e a contagem regressiva começou muitos até assustaram já que o show estava tão legal que a gente até esqueceu que há poucos minutos iria ser ano novo. Eu mesma estava distraída lembrando o ano novo que se sucedeu após a morte da minha mãe, e eu lembro que a partir dali sempre dizia quando dava meia noite: ''mais um ano sem você''. Esse ano eu não diria isso, simplesmente porque esse ano eu sentia que não estava sem ela. Na verdade, ela sempre esteve aqui, mas foi somente esse ano que eu consegui aceitar ou até mesmo entender a morte dela, talvez por enfim as coisas começarem a dar certo.

Despertei-me com os fogos e então me toquei, era ano novo! Olhei em volta e todos estavam se beijando, inclusive a Samantha e o Nicolas, o que me surpreendeu porque ela não era o tipo dele, ele sempre pegava meninas ''morombinhas'', aquele tipo preocupado com a aparência, com um bronzeado perfeito, aquele tipinho que chega a ser artificial. Já a Samantha era bonita ao natural, e pra mim o Nícolas sempre a tinha visto como a amiguinha da irmãzinha, ela mesmo vivia de amores por ele, mas sabia que não tinha chance e pelo visto estava enganada. Fico feliz pelos dois, ela já tinha dado em cima de todos os meninos presentes e ele estava a tempos reclamando que queria namorar sério, mas só encontrava menina errada.

Olhei para o gu que estava com uma expressão estranha e eu já ia perguntar o que tinha acontecido quando ele me puxou e nos beijamos. Depois de um tempo nos afastamos do povão e ele disse que estava preocupado, porque até agora, mesmo depois de tudo, não tínhamos feito nenhum planejamento certo para o futuro. Esse ano ele ia prestar vestibular pra artes cênicas e eu iria começar o cursinho. Pela manhã os dois estariam ocupados estudando, a tarde ele estaria no estúdio gravando, só teríamos tempo à noite, e quando passássemos na faculdade ia ser pior. E foi ai que a ficha caiu. Eu tentei acalmar ele, disse que nunca íamos nos separar e era uma promessa, e promessa é divida. Ele começou a me beijar e a rir.

– Vamos voltar para o show?

– Virou bipolar é? Uma hora você está estranho, outra me abraça, outra hora está preocupado e agora já passou pra animado?

– Não é isso... É que eu não quero me preocupar agora, só isso. Vamos aproveitar enquanto a gente tem tempo!

O resto da noite foi muito bom, mas infelizmente foi à despedida...

Começo de aula já é chato e agora com todo mundo, praticamente todo mundo, concentrado em passar no vestibular, professores correndo contra o tempo e matérias mais complicadas que as outras são ainda pior. Eu era a única ali que não ia fazer cursinho ou até mesmo me matando de estudar para o vestibular. Eu não queria e não estava preparada para faculdade. Na verdade eu nem sabia pra qual área eu tinha vocação, eu sabia tocar piano, mas música não é pra mim uma carreira e sim um hobby. Meu pai até insistiu comigo pra fazer cursinho junto com o Nícolas, mas eu não quis.

E por isso eu estava em engordando horrores. Academia em reforma, o Gabrieu ia do cursinho pra estúdio e de lá dormir ou decorar fala até de madrugada. Eu estava vendo ele apenas no domingo. E todo mundo da escola também estava no mesmo ritmo, apenas eu ficava em casa o dia todo, e isso já estava me irritando, por isso resolvi que iria fazer teatro. Não que eu me interessasse como o gu, mas eu achava legal, e queria tirar um pouco a timidez.

Pedi o gu que me levasse na primeira aula e no carro eu contei pra ele a novidade do teatro e ele ficou empolgado, pouco depois o papo morreu. Ele estava muito cansado, com olheiras enormes e com a maior cara de sono, aquilo tudo estava fazendo muito mal pra ele.

Assim que chegamos ele abriu a porta e eu desci, mas antes que saísse, eu tinha que conversar com ele.

– Gabrieu me promete uma coisa, hoje mesmo você vai largar o cursinho ou aquele filme? Sério, isso está te detonando, antes de tudo você é um ser humano, você é um filho, você é amigo, você é namorado, você é um estudante. Pensa nisso. Ou você estuda ou você trabalha, serio, eu vou ter que te levar no medico se isso continuar!

Ele fez cara de surpreso, e começou a rir.

– Eu estava mesmo pensando nisso... Eu achei que ia conseguir, mas não... Eu vou largar o filme! Vão ter mais propostas depois da faculdade, eu espero!

– Com certeza. Agora levanta desse banco e me leva até lá dentro! Estou com saudade de você...

Fomos de mãos dadas até o palco do teatro, eu estava atrasada uns 15 minutos, então um a mais não ia fazer diferença. Abracei-o como se nunca fosse soltar e ficamos um tempo até escutarmos passos e ele ir pra casa dormir.


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