Sinal escrita por Universo das Garotas


Capítulo 28
28º Capítulo




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28º Capítulo – Fred

Cheguei bem tarde, desembarcando na minha cidade natal mais de meia noite. Mesmo cansado da viagem eu tinha um lugar certo para ir.

Peguei um táxi no aeroporto. Esperar meu motorista, o Sr. Carlos era tempo demais. E também era hora de me acostumar com uma vida mais simples.

Observei o trânsito da Cidade, que mesmo tarde da noite ainda era notável. Como estávamos distantes de cidades com Berlim, Munique e outras mais.

Percebi pela familiaridade das ruas que estávamos chegando e dei uma conferida no espelho retrovisor do taxista. Minha barba começava apontar, sinal de desleixo dos meus últimos dias. Minha camisa social parecia um pouco amassada apesar do tecido nobre. Meu cabelo mesmo liso estava amassado de um lado do rosto. Passei a mão pra tentar disfarçar e peguei um olhar do taxista sorridente para mim. Sorri de volta porque eu já estava de bom humor por estar próximo dela.

– Saudades da patroa? Disse o homem ao volante.

– Você não imagina o quanto – eu disse. Estava mesmo. Morto de saudades, as duas semanas foram as mais longas da minha vida.

Chegamos e eu dei duas notas altas para o taxista que aceitou com muita alegria. Meu deus, eu estava radiante com um sorriso na cara que se estendia fora a fora.

Toquei o interfone mas ninguém atendeu. Chamei o porteiro de plantão e ele informou que Beatriz havia saído. Olhei no relógio já passava das tantas da madrugada. Aonde ela estaria?

Estremeci com a ideia de Beatriz em alguma noitada qualquer e virei para sentar na calçada. Eu esperaria pelo tempo que for. Tinha que falar hoje com Beatriz. Já estava me curvando para sentar quando um par de faróis conhecidos virava para entrar na garagem. Era ela. E parecia ter me visto porque descia os vidros do carro.

Seus olhos olharam para mim, depois para minhas roupas e por fim para a minha mala de mão. Sua testa se vincou em uma interrogação e Beatriz falou o que pareceu para mim como a 9ª Sinfonia de Beethoven:

– Tá de mudança para cá? Disse isso segurando um sorriso. Eu me curvei colocando minha cabeça para dentro do carro e avistei as belas pernas de Beatriz saindo de um vestido preto justo.

– Se eu disser que sim você deixa eu mudar?

Ela negou com a cabeça e logo perguntou:

– O que faz aqui Frederico?

– Cheguei de viagem e precisava ver você. Precisamos conversar.

Ela ficou nervosa, pude perceber pelo franzido de sua boca. Mas ela mandou eu entrar no carro com um aceno e eu não pensei duas vezes.

Nós entramos no estacionamento e eu coloquei minha mala de rodinhas no chão enquanto caminhávamos para o elevador.

Até seu apartamento não falamos nada. Quando chegamos no andar arrisquei olhar para Beatriz quando ela saiu na frente. Aonde ela estava vestida daquele jeito? Suas curvas estavam muito bem demarcadas e se não fosse pela altura do vestido até os joelhos, Beatriz estaria quase nua aos meus olhos.

Ela abriu a porta e tirou os sapatos, o que me deu a percepção de que se tratavam do par que deixei em sua porta antes de viajar. Comprei eles por encomenda um dia depois que fizemos amor. Mas eu temia entrega-los a Beatriz com medo do que ela ia pensar. Assim que soube que ela estava provavelmente quase tão rica quanto eu não vi problema em entrega-los.

Ela olhou para mim com braços cruzados, percebendo que eu tinha olhado para os seus Louboutins. Sorri para ela. Ela apenas apontou:

– Obrigada por eles. São idênticos aos que eu tinha.

– Eu sei – eu conclui o pensamento dela – consegui por encomenda.

– Quando exatamente você encomendou?

Ela era experta. Não eram produtos facilmente comerciáveis, especialmente aquele modelo. Decidi falar a verdade:

– No outro dia, depois que você dormiu na minha casa.

Ela olhou para o chão e procurou uma cadeira próxima para se sentar. Conhecendo Bia eu sabia que agora iria me mandar embora, então eu disse rapidamente:

– Fiz uma viagem internacional a negócios Bia, tive que sair apressadamente mas voltei agora e vim direto pra cá do aeroporto. Preciso lhe contar uma coisa. Mas peço que você me escute até o final.

– Não tem que me contar nada Frederico. Você não tinha nem que ter vindo aqui. Por favor, eu preciso descansar. Acabo de chegar de uma festa do meu sócio e trabalhei muita essa semana...

– Bia, pode por favor abaixar uma vez esse escudo que você teima em usar e ouvir o que tenho a dizer? Ela me olhou profundamente irritada.

– Não, não posso. Estive trabalhando nos processos contra GlobalTime essa semana Frederico. Sabe o que significa para mim defender trabalhadores em meio a uma gigantesca fraude trabalhista e ter por trás de tudo isso alguém em que você está envolvida? Droga! Ela explodiu gritando.

– Bia, o que vou dizer vai mudar tudo. Eu fiz toda uma negociação para ficar bem com você – eu disse isso e fui logo me aproximando dela. Quando viu o que eu estava fazendo ela levantou as mãos em sinal pra que eu não tocasse nela. Recuei alguns passos e sentei no sofá. O cansaço da viagem batia forte no meu corpo mas o medo de não conseguir fazer Beatriz entender era maior.

Não precisei continuar porque o que Bia disse logo em seguida mudou tudo:

– Nós chegamos fundo no patrimônio da empresa Frederico. Já assinei petições que foram repassadas nos processos hoje que implicarão muitos bens. Nem sei porque eu estou te falando isso mas você vai ficar sabendo na segunda mesmo pelos seus advogados. Agora de uma vez por todas me deixa em paz, você e aquele outro sócio que fica rondando meu apartamento. Não vou recuar por causa de ameaças!

Não entendi o que Beatriz quis dizer com patrimônio e o conteúdo das tais petições mas o final da frase me deixou com os cabelos em pé.

– Do que você está falando, que sócio?

– Jason Arruda Sampaio, faz algum sentido para você? Eu congelei quando ela disse o nome do Jason. Minha urgência em saber o que aconteceu me fez aproximar de Beatriz e tocar as pontas do seus braços.

– Bia, o que foi que o Jason fez? Ela percebeu meu tom de preocupação, porque seu tom amenizou e ela olhou para baixo quando continuou:

– Ele não fez nada. Mas aquele dia que você me deixou na porta da minha casa ele estava parado do outro lado da rua. E me olhava de um jeito estranho. Na hora não percebi quem era. Mas quando vi a foto dele em uma revista eu reconheci o sujeito. Fred, de onde você conhece esse cara?

Eu olhei no rosto de Beatriz, tentando não transparecer minha preocupação. Deus, eu queria abraça-la e manter seu corpo dentro de uma bolha de proteção para nada conseguir atingi-la. Mas o perigo estava o tempo todo ali e eu não percebi. Jason encontrou meu ponto fraco e eu não podia ficar ali. Tinha que fazer alguma coisa. Decidi não preocupar Beatriz. Apertei ela em um abraço, beijei o topo de sua cabeça, inspirando seu perfume. Ficaria assim pra sempre não fosse a urgência do que tinha para fazer.

– Não se preocupe, resolverei com Jason. Ele não é problema seu.

Estava perto demais de Bia e não resisti. Dei um suave selinho na sua boca quando ela levantou os olhos para mim. Seus olhos estavam sérios quando eu recuei mas ela estava também me sondando. Acariciei sua bochecha com indicador e passei meu polegar de leve desenhando sua boca.

Fiquei cobiçando seus lábios ao tempo que Beatriz permanecia congelada. Mas ela não recuou. Queria deitá-la em seu tapete da sala e me afogar em suas curvas. Mas não fiz. Despedi dela apertando suas mãos e dando um suave beijo no seu punho.

Eu tinha coisas para acertar.


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