Sinal escrita por Universo das Garotas


Capítulo 27
27º Capítulo




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27º Capítulo – Beatriz

Eu não conseguia esquecer o rosto de Frederico, mesmo fazendo duas semanas desde a última vez. Literalmente a última vez que beijamos, que nos vimos, nos falamos e fizemos o sexo mais louco da minha vida.

Mas hoje tudo que eu não poderia ter na minha cabeça era ele. Junto com Felipe Andreas eu assinei várias petições que iriam comprometer toda o patrimônio de Frederico. Isso se considerasse que os bens de Jason Arruda Sampaio pertencessem de fato ao magnata da Global Time.

Sim, descobri que era este o nome daquele sujeitinho que estava com Fred no dia em que bati em seu carro. O mesmo que estava na porta do meu apartamento encarando-me do outro lado da rua. E eu entendi bem o recado, aquilo era um sinal de ameaça.

Na hora que vi a foto do sujeito na revista de celebridades tudo começou a fazer sentido. Ele era estranhamente esnobe e mesmo que tivesse em seu nome um patrimônio extensivo e considerável algo me dizia que tudo aquilo pertencia realmente a Frederico e não a ele. Mesmo que ostentasse demais alguns luxos. Provavelmente uma das regalias de ter sido sócio laranja das empresas.

E todo seu castelo de cartas marcadas cairia hoje. Ia tudo por terra.

Nem pude me demorar em meus dois trabalhos nesta sexta feira. Para piorar eu tinha esta noite a festa de 10 anos de casamento do meu sócio. Ele e Brena faziam o tipo de casal tão perfeito que tornava o resto de nós meio idiotas pairando em volta deles. Era ver o Ken e a Barbie reais. E levando em conta a minha mais desordenada vida amorosa seria estupidamente horrendo comemorar com eles o aniversário de casamento mais feliz do século.

Sem contar que eu reencontraria a família do meu ex marido, sua atual mulher e seus diversos filhos.

Enfim, seria uma noite daquelas.

Arrumei como pude meu cabelo que estava demasiado grande, no topo da cabeça. Coloquei um simples vestido preto, bem ajustado e até a altura dos joelhos. De sapatos eu usava pretos novos de Christian Louboutin. Sim, estes mesmo. Não foi minha surpresa que ao voltar para meu apartamento descobri um embrulho na porta, com a seguinte frase em bela caligrafia “sapatos novos para um novo trabalho”. Era de Frederico. Ele se lembrava do meu descuido quando usei sapatos idênticos naquela maldita perícia da mina. Ele não fez qualquer contato, apenas deixou isso para mim há alguns dias.

Mas eu não fui trabalhar com eles. Os guardei para alguma ocasião. Nem sabia se iria realmente usa-los. Mas aqui estou, vestida e calçada, de frente ao espelho me analisando.

Que bela figura! Eu tentei dizer para mim mesma, quem sabe eu acreditaria?

Peguei minha bolsinha de mão, desci até a área do estacionamento do meu prédio. Liguei o carro e já começou a tocar minha playlist no MP4. Era uma bem especial, fruto do meu estado da última semana: The Scientist (Coldplay), Bleeding Out do Imagine Dragons e para finalizar Gotta be you do One Direction. Meu Deus, daqui a pouco eu me jogo da próxima ponte!

Não aguentei e mudei para uma estação de rádio e os acordes de uma música animada da Rihanna começaram a tocar. Balancei meus ombros no ritmo da música para me animar.

Avistei a porta do local onde seria a festa, um espaço muito refinado e entreguei as chaves para o manobrista. Ele me lançou um olhar abusado enquanto eu descia do carro.

Entrei na recepção e quando olhei pro lado encontrei Felipe Andreas que veio na minha direção sorrindo:

– Procurando um guarda costa? Ele disse próximo ao meu ouvido após inspirar ruidosamente no meu pescoço. Ofereceu seu braço e eu gentilmente aceitei.

– Sim – eu olhei de volta para ele – acho que metade da festa vai tentar me fuzilar hoje.

– Não se preocupe, estou aqui para você. E sou a prova de balas. Vem, já peguei uma mesa bem no fundo.

Eu fui seguindo ele. As mesas estavam todas dispostas em frente a um grande palco no centro de tudo. Nas laterais puffs e sofás para os convidados relaxaram. Era um imenso salão de festas com vários lustres de globos luminosos. Na parte externa havia um jardim iluminado por velas suspensas. Todo o ambiente possuía um clima intimista e aconchegante. Uma decoração digna de um Oscar.

Olhei em volta para ver onde estava o casal principal mas antes que eu percebesse fui abraçada por um par de braços familiares.

– Me diga se alguém se comportar mal com você – Diogo olhou para mim vestido com um smoking maravilhoso – e obrigado por vir.

– O que a gente não faz para o sócio predileto? Eu disse sorrindo. Gostava de Diogo e o admirava ainda mais pela sua capacidade de equilibrar a vida pessoal e a do trabalho. Ele era um mestre naquilo que eu era ainda aprendiz.

Ele cumprimentou amigavelmente Felipe, que já se considerava seu amigo. Nesse momento olhei de soslaio em volta da onde estávamos e percebi vários pares de olhos em mim. A família de meu antigo marido estava há poucas mesas de nós. E uma loira que deveria ser sua atual mulher me lançava um olhar em chamas.

Não demorei meu olhar sobre ela. Brena vinha na nossa direção com seus braços estendidos para me dar um abraço:

– Bia, quanto tempo! Só assim para eu vê-la! Você tá tão linda, seu corpo continua de se admirar...

– Quem fala, do alto dos seus 1,70, com esse vestido turquesa, você parece uma visão das páginas da Vogue – eu disse abraçando ela. Era realmente muito bonita. E tinha àquela altura invejável.

– Mulheres – disse Felipe para Diogo sorridente – vem Bia, eles tem uma festa pra rodar e nós muita tequila para beber...

Fui com ele para uma mesa que estava próxima, e sentamos apenas nós dois olhando para uma multidão que se formou em frente ao palco. Várias pessoas começavam a se balançar no ritmo dançante que começava.

Eu tomava tequila com certo cuidado. Queria manter minha mente alerta naquele lugar. Felipe pelo contrário simplesmente descia pela garganta um copo a cada minuto. Eu não iria repreende-lo mas suas risadas descontroladas estavam começando a aumentar, em claro sinal de embriaguez.

Olhei ao meu redor e observei que a festa estava ganhando vida. Todos estavam ou dançando ou de pé conversando animadamente. Apenas Felipe e eu estávamos sentados.

Queria sair rápido dali então dei uma desculpa de ir no banheiro para meu companheiro de mesa. Ele levantou outro copo de tequila em minha direção dando me carta branca para levantar.

A passos rápidos cheguei ao toalete mais próximo, entrei em uma das cabines e fechei a porta. Fiquei respirando por quase cinco minutos. Assim que me senti mais confortável, saí de dentro da cabine e dei de cara com a mulher do meu ex.

Ela era bonita embora suas escolhas de roupa e sapatos fossem bem estranhas. Exageradas eu diria. Me olhou com uma expressão de nojo e disse para a mulher que a acompanhava:

– Essa daí não deveria estar aqui...

Não arrisquei nenhuma palavra para a moça. Era claramente insegura, porque mesmo estando casada e vivendo com o marido há mais de cinco anos, estava me considerando uma rival.

Saí do banheiro olhando na direção da mesa. Felipe não estava mais lá. Caminhei no sentido contrário ao que estavam todos convidados. Cheguei a área externa rezando para que houvesse ali uma saída que levasse para o estacionamento. Planejava sair a francesa para não despedir de ninguém. Mas não encontrei nenhuma maneira de chegar aos carros por ali.

Rodeei um canteiro de flores, com rosas que cresciam por toda parte assim como azaleias. Era um lindo jardim e tinha banquetas para se sentar. A iluminação era amena, contrastava com as luzes fortes da área interna. E o barulho estava estranhamente reduzido por ali.

Sentei em um dos bancos, olhando para as estrelas. Sempre gostei de olhar as estrelas. Meu pai sempre me dizia para fazer um pedido sincero quando olhasse para alguma. Eu tinha tantos nesse momento que nem sabia por onde começar.

– Ainda fazendo pedidos para o céu, Ana?

Somente uma pessoa me chamava assim. Era meu ex marido. Ele me conhecia desde a escola e depois começamos a namorar na faculdade. Ele de administração eu de direito. Prédios vizinhos. E festas conjuntas. Bem, acabamos nos casando quando formamos. Mas aí, descobrimos que não éramos tão compatíveis na convivência. Bem, eu descobri.

Olhei para seus olhos. Ainda eram claros mas agora pareciam extremamente desbotados. Eu diria que cansados.

– Não faço mais, Jorge. Depois de tantos pedidos não atendidos, acho que me cansei – falei com naturalidade aquilo. Não conversávamos há muito tempo. Mas sempre fomos tão amigos. A simpatia ainda estava lá. Ele apenas sorriu para meu comentário. Sentou-se ao meu lado, mantendo uma boa distância e falou:

– Sinto muito pelo seu pai. Não o conheci mas sei que você gostava dele. Desculpa eu não pude ir no enterro, espero que tenha recebido meu telegrama.

– Recebi sim, não se preocupe – olhei na direção de seu rosto que parecia ansioso com minha resposta. Não querendo tornar meu dia pior emendei:

– Preciso ir, sabe como encontro uma saída para os carros?

– Atrás daquela tenda – disse apontando para uma parede coberta com tecido preto – tem uma escada que leva direto. Entrei por ali, porque tive que trazer o carrinho do bebê.

– Filhos heim? Fico feliz que tenha conseguido as crianças que sempre quis – ele não disse nada, olhou para o céu quando eu disse isso. A minha necessidade de ir embora só crescia e logo fui dizendo - Boa noite, e obrigada! Diga ao Diogo que eu não quis me despedir.

E saí logo dali, sentindo a última das mulheres na terra.


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