Hermione estava no banho, começou a relembrar cada segundo depois do pedido dele. Ela tinha-o puxado para os seus braços, mas ele continuava sério à espera de uma resposta formal. Ela deixou-o esperar mais um bocado, olhando-o nos olhos, gostava de o ver na expectativa, não percebia como é que um homem como ele não conseguia perceber que ela era dele, independentemente de ele a querer ou não. Quando lhe disse que sim, ele puxou-a num abraço e beijou-a calmamente. Um beijo que lhes pareceu mágico, como se a partir desse momento fossem definitivamente um do outro. Será que o amor era mesmo magia? Perdida nos seus pensamentos sentia a água quente a escorrer-lhe pelo corpo.

Vestiu-se, sem perceber como é que tinha roupa limpa à sua espera no quarto. Foi até à cozinha.

         - Cheira maravilhosamente bem.

        - Obrigado, tenho tido mais tempo para aprender as lides domésticas. – Ele abraçou-a e beijou-lhe o alto da cabeça. – Está linda.

         - Não seja mentiroso. – Ele ia dizer algo, mas ela continuou sem esperar. – Vamos combinar uma coisa? Vamos tratar-nos por tu.

         - Vamos sim. Reformulando, és linda. – Concordou a sorrir.

         - Gosto tanto de te ver sorrir, devias fazê-lo mais vezes. Severus, como é que as minhas roupas vieram até aqui?

         - Acho que foi a Minerva que as enviou.

         - Tinha-me esquecido dela. – “Será que ele concorda?” – Severus?

         - Diz…

         - Posso passar aqui o resto das férias?

         - Nada me daria maior alegria. – Ela abraçou-o feliz. - Vamos almoçar? Alguma coisa me diz que não te andas a alimentar decentemente. – “Ela estava tão diferente quando a Minerva a deixou aqui à porta, mas os olhos, hmm acho que já brilham como antigamente…”

Sentaram-se a comer.

A conversa foi feita através dos olhares, diziam mais do que aquilo que a boca os permitia dizer.

No final da refeição, ele pegou-a ao colo e levou-a suavemente para o sofá. Sentou-se e ela aconchegou-se no peito dele.

“Será que voltei a adormecer? Estamos nisto à quanto tempo?”

“Ela fica tão bela a dormir, parece tão calma.”

         - Queres que vá fazer o jantar?

         - O quê?! O jantar? Que horas são? Eu tive a tarde toda a dormir e tu não me acordaste?

         - Já são sete horas. Estiveste, mas tu mereces descansar. Pareces tão cansada.

         - E estava mesmo, sabes que não me sentia tão segura há muito tempo. Tens um efeito em mim… - “Ela não vai acabar esta frase.” Ela espreguiçou-se no seu colo. “É assim tão inocente? Ela devia aprender a não fazer isto em frente a um homem… Tão delicada… tão doce… tão mulher… é melhor arranjar uma maneira de sair desta sala, senão não me controlo.” – Mas já não estou cansada. E se for eu a preparar o jantar hoje? Posso preparar-te uma surpresa?

         - Acho que posso confiar-te a cozinha por hoje. – “É indecente, ela ficar tão sedutora sem fazer (ou dar) por isso.”

Ela esteve fechada na cozinha por mais de uma hora. Severus Snape sentia o cheiro do chocolate no ar, mas sempre que tentava ir à cozinha saber o que estaria ela a fazer, ela impedia-o.

Finalmente saiu e disse-lhe que o jantar estava pronto.

         - Espero que gostes, fiz uma velha receita da minha mãe, que é muggle mas acho que vais gostar.

         - Hermione tem calma. Eu também fui criado entre muggles lembras-te?

         - Desculpa, mas é difícil de acreditar…

         - O quê? Que um Slytherin tão convicto tenha vindo do mundo dos muggles? Não fomos poucos sabes? O Senhor das Trevas é um deles.

         - Calma…

        - Desculpa. Assustei-te. – Levantou-se e abraçou-a, “queria protege-la de tudo, e acabo por ser eu que lhe meto medo.”

         - Não faz mal. Eu prefiro que fales comigo, um dia ainda gostava de te perguntar muita coisa. – “Será que ele me responde?!”

         - Hermione, um dia. Vamos lá ver afinal o que é o jantar? – “Ela deve ter de se controlar muito para não me fazer perguntas difíceis, mas eu não lhe posso contar tudo o que ela quer saber, é negro demais para uma rapariga como ela.”

         - O jantar é frango com mel acompanhado com batatas cozidas.

         - E o que é este cheirinho a chocolate?

         - A sobremesa.

         - Que é…?

         - Não te vou dizer. – Um sorriso maroto escapou-lhe dos lábios. “Muito engraçadinha.”

         - Estás muito calado, não gostas-te?

         - Estou a apreciar. Adorei. Onde é que aprendeste a cozinhar assim?

         - Nos livros, no caderno com receitas da minha mãe. – Ela corou fortemente.

         - Ora… porque é que eu ainda pergunto?! Há alguma coisa que não aprendas nos livros?

         - Há sim, o Amor, nunca iria aprender o efeito que os sentimentos podem provocar em mim nos livros. O… - “Hermione Jean Granger, o que é que tu ias dizer?! Estás doida?”

Ela levantou-se, pegou nos pratos que estavam vazios e foi em direcção à cozinha.

“O que é que ela iria dizer? Ficou tão corada… E fugiu. Ela não foge.”

Voltou com pequenos pratos, a sobremesa cheirava maravilhosamente bem. Eram pequenas espetadas de fruta com chocolate. Acabaram a refeição sem mais palavras, ele voltou a pegar nela ao colo e a leva-la para o sofá, “Espero que isto não se torne rotina.”

Desta vez ela sentou-se ao colo dele e aninhou a cara no peito dele, sentiu o perfume dele e beijou-o. O beijo começou a ficar mais urgente, ele notava a mudança no beijo, queria corresponder mas algo lhe dizia que não era o momento. Tinha mais força que ela e facilmente tornou o beijo num beijo calmo. “Desculpa, mas tive de intervir.”

Quando se separaram, Hermione voltou a esconder a cara no peito dele. Deu-lhe um beijo leve perto do coração e sussurrou:

         - Quero ser tua.