Escondidos escrita por 4rtemisa


Capítulo 10
Capítulo 10




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 “Foi um sonho tão vivo, parece que ainda o sinto comigo.”

Hermione ouviu um suspiro impaciente ao seu lado. Abriu os olhos.

 

    - Bom dia.

 

 

“Afinal… “

 

     - Bom dia, Severus.

     - Dormiste bem?

     - Dormi, sim. – Assim que lhe respondeu, soube que era verdade. “Só não me lembro de como vim parar a cama ontem… Será que aconteceu algo e eu não me lembro?”

 

Os dedos dele percorreram os lábios dela.

 

     - Está ferida, dói-lhe? – Os olhos dele reflectiam a preocupação que lhe ia na alma.

     - Não, mas obrigado por perguntar. “Não posso ficar na dúvida…”Professor, como é que eu vim aqui parar?

 

Ele continuou a acariciar-lhe os lábios.

 

     - Não se lembra de nada de ontem? “O que é que aconteceu? Nós estamos os dois vestidos… não, eu não me ia esquecer o meu momento…”A McGonagall trouxe-a até aqui… Ah, por favor, não me trate por professor. Faz-me sentir que isto é errado.“Não é que seja certo…”

     - Desculpe. Não era sobre isso que eu lhe estava a perguntar, estava a falar da cama. Como é que eu vim parar a esta cama?

     - Por momentos pensei que não se lembrava do que tinha acontecido ontem.“Como poderia eu esquecer?” Adormeceu ao meu colo e eu achei que estaria mais confortável aqui. – “Agora me lembro, eu estava a ler as cartas que ele me escreveu… “

     - Desculpe ter adormecido ontem.

     - Hermione, não me peça desculpas por isso. Adorei, fica linda a dormir. Eu é que provavelmente não tinha o direito de a trazer para a minha cama e ficar aqui consigo.

     - Se o desejar, poderá estar sempre comigo. Não acreditou no que lhe escrevi nas cartas? – Hermione via dor no olhar dele, não entendia o que se estava a passar. Quando ele se começou a afastar dela, ela não aguentou mais e perguntou-lhe: - o que se passa? O que está errado?

 

Ele continuou a afastar-se, estava de costas para ela quando parou e lhe respondeu.

 

     - Isto não é certo. Eu não tenho o direito de lhe roubar a juventude. A menina merece alguém muito mais digno de si. Eu matei, eu menti, eu defendi algo terrível, eu matei quem confiou em mim. Por uma causa, que eu cheguei a apoiar, muitos ainda sofrem hoje em dia. – A voz dele ficava cada vez mais baixa. Hermione tremia, sabia que nem tudo iria ser tão fácil como parecia. - E os outros? Eu não me posso mostrar, e mesmo que mostrasse, nunca nos iriam aceitar. Os seus amigos detestam-me, os feiticeiros querem a minha varinha. Eu nunca poderei sair vivo desta confusão toda.

     - Poderás sim, eu e o Harry temos limpado o teu nome. As pessoas estão dispostas a reconhecer o que fizeste.

     - Isso é porque pensam que estou morto. – A voz dele era áspera. - Depois de mortos todos são heróis. 

     - Não, não e não. Não estragues este momento. Não estragues este sentimento. Por favor, peço-te. – A voz dela era de súplica, queria levantar-se mas as pernas não lhe obedeciam. Severus Snape teve de voltar a chamar a si todo o auto-controlo que tinha tido durante os últimos anos para não se virar e reconfortar a rapariga que estava atrás de si.

     - Hermione é muito nova. Ainda tem uma vida pela frente. Quer estar amarrada a alguém não pode dar-lhe um futuro? A alguém que tem idade para ser seu pai? “Eu poderia estar simplesmente a reconfortar uma filha ontem à noite… não é certo… “

     - A idade… Veja o que aconteceu ao meu namoro com o Ron, acha que por ser da minha idade ele é mais digno de mim do que você? Acha?! Eu amo-o. Eu preciso de si ao meu lado. Para ter um futuro isso basta-me. – E um soluço espaçou dos lábios de Hermione. – Por favor. – Estas últimas palavras foram ditas num sussurro tão baixinho que ele mal as ouviu.

     - Isto está errado.  

 

O tom definitivo em que foram ditas as três palavras que explicavam todo o dilema de Severus fez com que Hermione voltasse a controlar o seu corpo.

Ela levantou-se e foi até ele rapidamente, meteu-se à frente dele e pegou-lhe na mão.

 

     - Errado é não vivermos o que sentimos. – Ele continuava sem a olhar, ela levou a mão ao rosto dele e obrigou-o a encara-la. – Deixe-me ser eu a decidir se é digno ou não de mim. Peç0-lhe, confie em mim.

 

“Severus Snape, tu não lhe podes estragar a vida, ela diz que me ama, não é certo obriga-la a viver assim, ela diz que me ama, ela vai sofrer muito, ela diz que me ama, este sentimento nunca será aceite, ela diz que me ama, eu só a iria magoar, ela diz que me ama, tu tens um passado asqueroso, ela ama-me e eu amo-a a ela, não a posso fazer sofrer assim.”

Ela assistia em silêncio ao debate que acontecia dentro dele. Os seus olhos nunca se separaram.

Os minutos que se passaram pareceram-lhe horas. Até que ele meteu o joelho direito no chão e, sem deixar de a olhar, pegou na mão dela com mais força.

 

     - Hermione Granger, deixas-me amar-te?

 


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