Teen Banshee escrita por Mr Cookie


Capítulo 9
Allison


Notas iniciais do capítulo

Oooi, meu povo lindo de bonito! Tenho tantas coisas pra falar, provavelmente daria um capítulo inteiro, então vou ser bem sucinto. Primeiramente eu devo agradecer a Andy Gilbert e a Caroline Hawkins pelas recomendações que me deram muita, muita, muita inspiração. Muita mesmo. Se não fossem vocês, acho que não teria saído esse capítulo. Muito obrigado a todos vocês que tiveram paciência comigo e com esse hiatus. Eu amei escrever esse capítulo, por mais que eu esteja extremamente inseguro se vocês vão ou não vão aprovar. Eu precisava escrever algo especial assim, e realmente foi muito gratificante. Adorei o resultado. Espero que vocês também gostem. Se a formatação do capítulo (parágrafos, pontos, etc) der errado, eu corrijo depois, porque essa net de merda que eu tô pegando clandestinamente, escondido na biblioteca municipal, é horrível.



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Estou dentro de um elevador, ou em algum lugar que se parece muito com um. Há espelhos ao meu redor, sobre placas densas de metal brilhante, e uma porta fechada à minha frente. Não é qualquer elevador. É aquele que sempre uso para chegar no meu apartamento.

Algo está errado. Não me lembro de como cheguei aqui. Só há resposta: isso é mais um sonho, mais um dos muitos pesadelos que eu tenho desde que cheguei aqui, em Beacon Hills.

O que será dessa vez? As pessoas que eu amo mortas ou violentamente torturadas? Monstros somente esperando estas portas de metais abrirem para me degolar? Corpos mergulhados em sangue, sob os pés de Jackson transfigurado em Kanima? Ou sob os pés do Darach?

Quando eu era criança, meu pai dizia-me para sempre desconfiar de tudo aquilo que não conheço. Esta é a minha mente, e não tenho a menor ideia do que encontrarei nela. Somente esta lívida e detestável sensação de terror é o que, de fato, conheço bem.

Meu rosto refletido nos espelhos encaram a mim mesma pelos quatro cantos, tentando parecer neutros sobre o que se passa por dentro. Olhos castanhos sem nenhum brilho, lábios vermelhos, pele ainda mais branca do que o normal... nenhuma reação. Gélida, fria. Sinto que não conseguirei manter essa expressão por muito tempo.

As portas, após o que parece ser uma eternidade, se abrem. Uma brisa fria entra de uma vez, e revela o que há fora deste elevador: um corredor pequeno e vazio, feito com o mesmo aço cintilante, que se encerra com uma porta de madeira simples.

Perco o ar por um momento, com a surpresa. Não há nada aqui, simplesmente eu e aquela porta. Aquela porta…. que eu devo abrir!

Se minha mãe estivesse viva, provavelmente ordenaria em tom severo algo como ''Faça!'', porque essa é mais uma das lições que aprendi quando me tornei caçadora: faça as coisas como devem ser feitas, a hesitação é a mãe do erro.

O que seguir agora? Eu não sei o que tem atrás dessa porta, mas sinto que devo abri-la. Pense, Allison!

A resposta é como uma luz na escuridão: devo voltar para o elevador! Ele me levará para longe daqui. Eu o conheço, e agora sinto que o melhor a fazer é isso.

Me viro rapidamente. A respiração novamente falha, e solto uma exclamação sem permissão. As portas do elevador estão fechadas.

Preciso abri-las!

Corro o mais rápido que posso. E a distância aumenta. Quanto mais me locomovo, mais longe o elevador se encontra. Não posso chegar até ele!

— Você não conseguirá alcançá-lo.

Flechas parecem acertar meu coração, dando-lhe pontadas. A porta no final do corredor está aberta, e só o que posso ver é uma densa escuridão. O som de passos ecoa. Alguém entra no corredor. Primeiro aparecem fios laranjas, ruivos e cintilantes, e olhos verdes com tons castanho-amendoados, depois um vestido preto que parece nunca ter fim, lábios vermelhos púrpuros e aquela velha — porém há muito tempo não vista — expressão maquiavélica.

— Lydia?! — ouço minha própria voz exclamar.

Ela revira os olhos.

— Lydia, Lydia, Lydia... Eles só falam na Lydia! Eu sou Katherine, amor. Lydia é a patética, eu sou a profética.

Sinto minha testa se franzindo. O que está acontecendo?!

— Por que você se parece tanto com ela? — é o que digo, apesar de todas as perguntas que bombardeiam minha cabeça.

Katherine faz um biquinho, olhando para cima.

— Hm…. É uma longa história. Você não tem que saber dela.

— O que está fazendo na minha cabeça?! — pergunto, com a voz firme. Firme até demais.

Katherine sorri maquiavelicamente. Um calafrio gelado passeia pela minha espinha.

— Isso aí, garota! Gosto de você, sempre rápida como uma flecha. Lydia demorou mais para perceber que nós estávamos na mente dela. — Katherine vai se aproximando aos poucos enquanto fala.

Minhas pernas começam a tremer, querendo correr para algum lugar seguro e longe, mas forço-as a permanecerem firmes.

— Eu só vou perguntar mais uma vez: o que está fazendo na minha cabeça?!

As sobrancelhas de Katherine se arqueiam. Ela está surpresa?

— Poucas pessoas já me enfrentaram assim. Você é muito corajosa! Sou proibida de estabelecer qualquer comunicação com o seu mundo…. Mas essa situação é bem rara. Seu vínculo com a Lydia é tão forte que me permitiu conectar sua mente com a dela para falar com você.

— E o que você quer tanto falar? — Encaro-a duramente. O sorriso maníaco se estende, e parece brilhar. — Mas o quê….?!

Envolvo os braços em volta do meu tronco. É como se um bloco de gesso caísse sobre meu estômago. O chão de metal frio me machuca quando caio grogue. Tudo dá um giro de trezentos e sessenta graus. Tento me levantar, mas simplesmente não consigo.

Forço-me a olhar para a criatura. Ela ainda está se aproximando, o sorriso aumentando conforme chega mais perto. O vestido negro esvoaçante mistura–se ao resto e não sinto mais nada, como se houvesse sido anestesiada.

Até o momento em que ela grita.

Depois do que parece ser uma eternidade, a escuridão sobre meus olhos se esvai aos poucos, como se estivesse sendo apagada por uma borracha invisível e sob ela estivesse o meu quarto. Quero gritar, correr, chorar, qualquer coisa que seja tão forte quanto a agonia que sinto. O ar finalmente parece voltar aos meus pulmões.

Estou deitada na minha cama. Meu corpo está suado, um suor frio e horripilante. Passo as mãos descolando os cabelos da testa, enquanto tento controlar a respiração e as batidas descompassadas.

Foi só mais um sonho. Mais um daqueles sonhos surtantes que eu já aprendi a não ter medo. Só um sonho!

A porta do quarto se abre de uma vez. Meu pai entra rapidamente, a besta nas mãos e a testa vincada. Os olhos azuis tempestuosos investigam todo o quarto até que ele perde a posição de ataque ao perceber que está tudo bem, embora não esteja. Não comigo.

— Allison, o que aconteceu aqui? Ouvi você gritar — ele pergunta, se aproximando, ainda olhando para os lados.

Eu nem ao menos percebi que tinha gritado, e isso faz meu estômago se revirar mais ainda.

— Um pesadelo — falo, massageando minha testa.

Ele solta um suspiro aliviado após sentar na ponta da cama, e toca meu ombro esquerdo carinhosamente.

— Foi só um sonho, querida. Nada com que se preocupar. Você sabe, certo?

Aceno positivamente com a cabeça, como se soubesse. Mas a verdade é que não sei. A única coisa que sei é que quero alguém que me abrace forte e que me faça sentir feliz e segura novamente. Como…. Como Scott fazia!

Meu pai afaga meu ombro de leve, se inclina e dá um beijo na minha testa.

— Durma, querida. Vai ficar tudo bem. Relaxe.

Tento sorrir de leve, acenando outra vez com a cabeça.

— Está tudo bem — minto.

— Se algo acontecer, chame — ele diz, antes de sair.

Respiro fundo, encarando a madeira da porta escurecida pelas sombras. Está acontecendo. Sinto que está, mas o quê, na verdade?!

Talvez eu possa ter deixado algum detalhe escapar, algo que a criatura falou no pesadelo….

''Sou proibida de estabelecer qualquer comunicação com o seu mundo…. Mas essa situação é bem rara. Seu vínculo com a Lydia é tão forte que me permitiu acessar a sua mente para falar com você.''

Não foi exatamente isso que ela disse?! É claro! A criatura deve ser real e também está na cabeça de Lydia. Por isso ela conseguiu estabelecer a tal ligação.

Pego meu celular em cima da cômoda e digito os números dela rapidamente, as mãos ainda tremendo, sem nem ao menos pensar duas vezes.

— Este número não está mais em uso — diz uma voz eletrônica do outro lado, e então, após um bipe, a chamada se encerra.

A dura percepção me acerta como um soco. É claro que Lydia mudaria até seu número para esquecer do passado!

Agora só me resta esperar. Esperar acordada e amedrontada, já que não vou conseguir dormir depois desse sonho horrível.

Se Scott estivesse aqui tudo seria diferente. A presença dele me dava segurança, e tenho certeza de que se sentisse seu corpo próximo ao meu, sua respiração calma e compassada, eu já dormiria, depois de ele carinhosamente me abraçar e dizer que está tudo ok. Mas isso não vai mais acontecer, porque terminamos, e estou muito mais segura longe do que perto dele.

Viro-me para o lado, abraçando o travesseiro.

Vai ser uma longa noite….

~o~

Encosto a cabeça no vidro do carro, bocejando. Como eu havia suspeitado: não dormi nada ontem. Todos os pensamentos me tiraram o sono e a alegria e me deram de presente o medo e a decepção.

O que aquele sonho significa? Será que realmente aquela duplicata é real e tudo o que ela disse também? Se aquilo existe, o que ela quis dizer com o grito que dera?

No final de todo essa confusão, o Sol surgiu e tive que me arrumar para o primeiro dia de aula depois das (macabras) férias. Tomei o banho demorando o máximo que pude e vesti o suéter de lã verde com coraçõezinhos que minha mãe me dera quando eu completara onze anos. Antes, ficara grande demais para mim (e eu não me preocupara com isso até os treze, já que o adorava), mas quando o vesti hoje mais cedo, ele ficou perfeitamente adequado. Usá-lo me dá até um pouco da presença forte de minha mãe. Lydia provavelmente me criticaria por isso se estivesse aqui.

Uma pontadinha faz meu coração doer. Pensar em Lydia me faz mal. Ela não precisava ter feito aquilo comigo! Quer dizer, ter parado de falar e até mesmo ter trocado o número do celular…. Não posso deixar de guardar um pouco de ressentimento dela.

Solto um suspiro audível demais quando o carro para.

— Allison, tem certeza que quer ir? Você pode esperar mais uma semana, se quiser — meu pai diz.

Investigo a escola ao meu lado pelo vidro do carro. Ela continua do mesmo modo com os mesmos jovens entrando, sorridentes, como se não tivessem nenhum problema. O gramado está verdinho e brilhante, há carros, motos e bicicletas de diferentes cores nas vagas estudantis e na calçada. Tudo do mesmo jeito.

— Tenho — digo, por fim. Viro-me para ele com um sorriso, para lhe mostrar que está tudo bem.

— Então…. — Ele dá uma pausa, sorrindo. — Agindo como um pai normal, devo dizer: boa sorte, ligue se quiser voltar.

Deixo escapar uma risada.

— Nenhum pai normal quer que o filho fique em casa em vez de estudar.

— Ainda estou em treinamento. Ninguém é perfeito.

Discordo levemente com a cabeça.

— Você é um pai perfeito para mim.

Os olhos azuis-claros parecem se iluminar ainda mais. Ele segura a minha mão forte e diz:

— Estou orgulhoso de você, Allison.

Sorrio novamente, dessa vez de verdade.

— Estou orgulhosa de nós.

Dou um último aperto carinhoso em sua mão e saio do carro.

~o~

Analiso o papel de horários pela última vez. A primeira aula é Inglês... Quem será o substituto da srta. Jennifer? Espero que não seja mais um monstro.

Pego os livros das três primeiras matérias do dia e os coloco na bolsa, esvaziando a parte de baixo do armário. Com surpresa, vejo que, sob o lugar onde os livros ocuparam, há uma tirinha de fotos minhas e de Scott.

Eu me lembro de quando tiramos isto! Estávamos na cabine de fotos em uma das festas de comemoração pelo time de Beacon Hills ter ganho o campeonato de lacrosse. Os olhos de Scott, por ser um werewolf, saíram com um pico de luz em duas das três fotos, menos na última, em que ele está com os olhos fechados e eu o beijo na bochecha. Minha preferida.

Passamos por tantos bons momentos juntos, assim como passamos por ruins. Independente deles, ele sempre esteve lá, comigo, me dando força…. Às vezes tenho vontade de voltar atrás e reviver todo este amor que tivemos, mas sei que ainda não estamos prontos para isso. Eu preciso de um tempo. Ele também.

Guardo a foto na bolsa entre os livros e fecho o armário.

— Hey, Allison!

— Stiles!

Salto para trás, assustada. Stiles Stilinski está parado bem atrás de onde estava a porta do meu armário, com os braços cruzados. Ele ainda continua com aqueles trejeitos indefiníveis de sua personalidade, hm, também indefinível, e com o mesmo topete.

— Então, Allison, como está o seu sono ultimamente? — ele pergunta, o cenho franzido. — Você tem tido sonhos alegremente coloridos com unicórnios saltitantes que vomitam arco-íris ou algo tipo atrocidades super sobrenaturais prontas para arrancar sua cabeça fora?

Stiles sempre tem segundas intenções em suas perguntas aleatórias. Não demoro nada para perceber o que ele quer saber.

— Oh, Deus! Stiles, você também teve algum pesadelo? Lydia…. estava nele?

Ele descruza os braços, desmanchando a postura e o cenho franzido. Conhecendo Stiles como conheço, ele está genuinamente preocupado e surpreso agora.

— Acho que ela precisa de nós — concluo, antes dele falar qualquer coisa.

Stiles se encosta no armário e cruza novamente os braços, com o olhar perdido.

— Lydia não quer mais saber de nós. Você sabia que ela mudou seu número? Simplesmente nos abandonou. Mudou de cidade e mudou de vida. E nós não estamos nela — ele fala.

Pobre Stiles! Também estou sofrendo por Lydia ter nos deixado, mas imagino que ele esteja muito pior. Scott me contou que ele é apaixonado por ela desde criança, mas nunca foi correspondido. Lydia nunca falava dele como falava dos outros caras, e agora faz isso: simplesmente o abandona.

— Isso é difícil para todos, Stiles. Tanto para nós quanto para ela. Lydia precisa de ajuda, mesmo que negue. Ninguém é forte o bastante para lidar com tudo isso sozinho — digo, por mais que eu também esteja magoada.

— Ok! — ele exclama, como se tivesse finalmente aceitado o fato. — Mas não temos certeza se esses sonhos são verdadeiros. Podem ser simplesmente sonhos. Lydia não nos pediu ajuda. Você sabe, ela ama gritar. Se algo acontecer, ela vai nos avisar.

Meneio com a cabeça, concordando. Stiles tem razão. É melhor que eu não ocupe a cabeça com tudo isso. Talvez foi só um pesadelo. Todos têm pesadelos, e eles nem ao menos são reais...

Mas por que algo me diz que isso não é verdade?

— E... Scott está bem? — pergunto de repente, sem conseguir evitar.

— Bem, por que você não pergunta direto a ele? — Stiles responde, meneando a cabeça para algum lugar atrás de mim.

Me viro rapidamente. Scott está vindo, próximo aos armários. Ele continua do mesmo jeito: os cabelos ajeitados com gel, o rosto inocente e meio torto e o velho modo bobo de andar. Meu coração dispara estranhamente. É como se eu não o visse há séculos, como se ele estivesse morto e de repente ressuscitasse. Sinto uma enorme vontade de abraçá-lo, mas reprimo a mim mesma por isso.

— Hey, pessoal! — ele cumprimenta, e parece estar tão nervoso quanto eu, por mais que disfarce.

— Eaí, Scott! — diz Stiles, dando uma pausa. — Bem, agora eu vou... inventar qualquer coisa para dar o fora daqui e deixar vocês dois sozinhos.

— Stiles! — eu e Scott exclamamos ao mesmo tempo.

Ele simplesmente sai andando para a sala de aula.

Coloco a mão no rosto, morrendo de vergonha, e viro-me tentando sorrir. Scott faz o mesmo.

Pense em alguma coisa, Allison! Fale alguma coisa para disfarçar!

— Então... Como foram suas férias?

— Foram boas, ótimas, totalmente nada ruins .

Ok, agora está comprovado que não sou só eu que estou nervosa. Scott está muito mais! Quer dizer, além de se enrolar com as palavras, ele etá pálido e há gotículas de suor por sua face.

— Hm... Você está bem? — pergunto.

— Claro — responde.

Ele passa as mãos pela testa, enxugando o suor. De repente, seus olhos começam a tingir-se de um vermelho lívido, como se houvesse um pincel pintando as íris castanhas escuras.

— Oh, meu Deus, Scott! Seus olhos... estão vermelhos! — sussurro, assustada. — Esconda-os, rápido!

— Eu... eu não consigo — Scott murmura, pego de surpresa, tentando esconder os olhos com as mãos.

Olho ao meu redor. Devo achar algum lugar em que não haja ninguém.

— Precisamos ir ao banheiro. Não deve ter ninguém agora — falo, puxando-o.

Vejo pelo canto do olho que algumas pessoas nos fitam com estranheza enquanto passamos pelo corredor. As mãos de Scott se apertam sobre a minha, machucando-a. Ele começa a grunhir baixinho.

— Aguente, Scott — murmuro, virando-me para vê-lo. — Estou com você. Foque-se na minha voz.

— Estou tentando! — ele grunhe, a voz grotescamente grossa.

— Sua voz... Oh, Deus! Você está se transformando!

Olho para os lados e empurro a porta do banheiro masculino. Entro rapidamente, e antes que eu possa fazer qualquer coisa, as mãos dele escorregam da minha. Me viro pouco antes de vê-lo socar a parede com força. Felizmente, ela é grossa o bastante para abafar o barulho, mas isso não a impede de ser quebrada pelo ataque.

— Scott! — sussurro apavorada.

— Fique aí! — A voz dele está completamente grossa e rouca. Ele se vira para mim, as mãos no rosto e a respiração arfante.

— Scott, me ouça! Estou com você agora, está tudo bem! Você pode lidar com isso, só se concentre em si mesmo!

Mais um rosnado. Acompanhando o coro confuso e desastroso, o sinal que sinaliza o começo das aulas toca.

— Desde que nós nos separamos, eu tenho sido minha própria âncora, eu tenho aguentado tudo isso sozinho, eu tenho sido forte. Mas agora não consigo! — Scott grita, berrando um pouco mais alto que o barulho sinalizador.

Ele retira as mãos do rosto. Os dentes já estão avantajados, grandes, de lobisomem, nas laterais do rosto já estão crescidos pelos espessos, e os olhos estão brilhando em um vermelho lívido. Um berro sai por sua boca, mais parecido com um rosnado. Ele se vira para mim, bufando.

— Saia daqui, Allison! Não sei se posso controlar por mais tempo!

Sinto meus dedos estalarem quando fecho os punhos com força. Como pude fazer isso com ele?! Como pude deixá-lo?! Fiz a mesma coisa que Lydia, e ainda tive coragem de julgá-la!

— Fui eu que te deixei Scott, fui eu quem causou isso. Me deixe te ajudar agora! — digo, enquanto me aproximo dele com o coração disparado e a culpa pulsando.

Ele retrocede aos poucos, por mais que haja ódio e selvageria em seus olhos. Scott está lutando contra isso, mas parece que não vai resistir por muito tempo.

— Por quê? Por que eu deixaria você fazer isso de novo, depois do que aconteceu? — ele berra, encostado na parede, as mãos cobrindo o rosto e os ombros batendo com força nos cantos do banheiro.

— Porque eu te amo.

Minhas mãos tocam seu rosto. Vejo-o me encarar, o rosto transformado aos poucos voltando ao normal. Sua mão toca a minha, nossos olhos ainda em um transe profundo. E logo cortamos a distância que nos separa.

Meus lábios tocam os dele, seguidos por nossas línguas, e logo todas as coisas ruins somem. Me sinto segura novamente, me sinto forte, feliz, em êxtase. Uma confusão de sentimentos como a que tive ontem, mas, dessa vez, muito melhor.

~o~

— Então você também teve pesadelos?

Depois do beijo, decidimos ficar um pouco no banheiro (mesmo que a perspectiva de alguém entrar e nos ver seja assustadora). Estou sentada com a cabeça repousada em seu ombro. Ele faz carinho em meus cabelos com a mão. Tudo como sempre fazíamos quando estávamos juntos.

— Sim. Sempre que eu olhava para minha própria sombra, via a de um lobisomem daqueles de filmes de terror. Era eu mesmo transformado em uma coisa horrenda, matando as pessoas. Não era nada legal. — Scott suspira ao terminar o relato. — Mas não foi nada como o seu. Digo, não conversei com nenhum espírito maligno que se parecia com Lydia.

— Eu e Stiles sonhamos com ela. Mas não tive tempo de perguntar a ele como foi — falo, relembrando de flashes do pesadelo. — Ele te contou?

— Só disse que teve um sonho com ela, e que foi bem menos prazeroso que os outros.

Estamos falando do Stiles. É claro que não teríamos respostas concretas!

— Ele só me perguntou se eu também tinha sonhado. Não tivemos muito tempo para falar sobre isso — Scott conclui.

— Tão estranho. Você sonhou que estava se tornando um monstro, e quase o fez. Será que tudo o que eu e Stiles sonhamos também pode se tornar realidade?

Sinto a mão dele apertar delicadamente meu ombro.

— Não é nada demais. Foi uma coincidência, só isso.

Por brincadeira do destino, meu celular toca justamente agora. Sento-me ereta, com a sobrancelha franzida, sem querer. Scott também o faz.

— Número desconhecido...? — sussurro, atendendo a ligação. E, antes que eu possa dizer qualquer coisa, a pessoa do outro lado exclama:

— Allison?!

Eu me levanto. Meu coração palpita dolorosamente. Por um momento, o ar não sai pela minha boca.

Conheço bem esta voz. É a voz de Lydia.


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Notas finais do capítulo

''Não gostei, tio Cookie! Detesto fanfic que fica revezando POV e tempo verbal!'' Eu sei, eu também não gosto. Mas não vai ser constante. Eu só pretendo fazer um POV para alguns personagens, algo mais especial e de vez em quando. Assim, com o nome deles, todos em primeira pessoa no presente. Eu realmente precisava fazer um pra Allison. Sério. Mas só se vocês gostarem. Caso o contrário, posso até excluir o capítulo e reescrever em terceira pessoa. A decisão é de vocês.



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