O Destino Me Fez Mudar escrita por Lana


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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PDV Rosalie.

Quando entrei no apartamento Allie e Jake estavam sentados no sofá, assistindo um filme na televisão.

— Oi gente. – eu disse fechando a porta.

— Oi. – disseram eles. Decidi então não enrolar e ir falar logo com Jake.

— Jake, podemos conversar? – perguntei.

— Tudo bem. – ele concordou depois de olhar pra mim.

Nós fomos até meu quarto. Fechei a porta e sentei na cama de frente para ele. Foi arrependimento instantâneo. Não deveria tê-lo chamado para conversar. As palavras simplesmente haviam sumido de meu cérebro e eu não tinha ideia do que falar. Ele me olhava, esperando que eu dissesse algo.

— Me desculpe, Jake. – foi a única coisa que eu consegui dizer.

— Por que você fez isso, Rose? – ele me perguntou.

— Jacob, antes de você vir para Forks eu tinha uma história com o Emm. – se é que se podia chamar assim, eu pensei – Nós já tínhamos algo, sabe? Eu já tinha uma vida antes de você chegar aqui. – eu respondi.

— Você já tinha uma vida antes de vir pra cá. E você já tinha um cara. – ele disse sem me olhar diretamente. Eu não sabia o que responder. Porque de certa forma ele estava certo. Eu tinha uma vida antes de vir pra cá e eu tinha ele. – Você prometeu que seria sempre minha Rose. Não foram promessas verdadeiras?

— Foram verdadeiras, Jake. Mas naquela época. – eu tentava argumentar. Mas os argumentos nunca pareciam ser bons o suficiente. Mal convenciam a mim.

— Rose, eu te amo. – ele disse segurando minha mão direita e me olhando profundamente. E eu ouvi a sinceridade e verdade daquelas palavras. – Você nunca vai conseguir entender isso?

 E então, naquele momento eu soube: eu amava Jacob. Eu sempre havia o amado. Desde sempre, eu o amava e sempre o amaria. Foi como se eu finalmente quisesse enxergar o que estava na minha frente todos esse tempo. Como se eu quisesse finalmente notar o que era óbvio e esperado. Eu o amava quase tanto ou tanto quanto amava a Emmett e só agora havia me dado conta disso. Eu sempre soube que o amava, mas não desse jeito, e esse clique no meu cérebro me deixou atordoada. Ele ainda me olhava, esperando por uma resposta.

— Eu também te amo, Jake. – eu disse. Ele se aproximou de mim, nossos lábios quase se tocando.

— E esse amor não é suficiente para fazer você se entregar? – ele perguntou.

— Jake, por favor... – eu sussurrei.

— Apenas hoje, Miss. – ele disse e eu não tive forças para negar.

Ele juntou seus lábios aos meus, delicadamente, em um beijo carinhoso e ao mesmo tempo cálido. Um beijo que tinha saudade e muito amor. Era diferente de todos os beijos que nós já haviamos trocado, era especial. Seus lábios estavam suaves contra os meus, mas urgentes. Com uma de suas mãos ele segurava minha cintura e com a outra segurava meu rosto. E então eu estaquei. Jake parou o beijo e me olhou. Eu havia me lembrado repentinamente de Emm. O que eu achava que estava fazendo? Eu estava namorando agora! Namorando o Emmett e não o Jacob. Não podia fazer isso com Emm.

— Rose, o que foi? – perguntou Jake, preocupado.

— Não posso Jake, não posso. – eu disse a ele.

E eu pude notar a tristeza no olhar dele. Com certeza, ele deveria imaginar que o motivo era Emmett. Agora, na minha cabeça estava a pergunta: era melhor apenas dois corações machucados, ou machucar também um terceiro para a satisfação plena apenas de um?

— Rose, por favor... Me escolha. Você sabe que sou perfeito pra você, ele nunca vai ser tão bom pra você quanto eu. Voce me conhece desde a vida toda, e mal conhece ele. Por favor Rose, você não vê isso? – ele perguntou.

— Jake, me desculpe, mas eu não sei. Eu não sei o que fazer, eu estou tão confusa! Por favor Jake, por favor, não torne isso mais difícil pra mim! – eu pedi levantando-me da cama e indo em direção a porta.

— Se eu não tentar tornar isso mais difícil, você provavelmente não vai pensar duas vezes antes de fazer a sua escolha. E escolher o cara errado. – ele sussurrou. Eu não queria ouvir mais.

Saí do quarto e passei rapidamente para a sala, sem parar para responder quando Alice perguntou o que havia acontecido. Desci o elevador, peguei minha BMW na garagem e liguei-a, saí dirigindo pela cidade em alta velocidade. Aquilo me distraia, me fazia não pensar. Dirigi sem ter uma direção realmente certa, apenas virava em esquinas e seguia grandes avenidas. Era bom sentir o vento no rosto. Lembrei de Los Angeles e da minha mãe. Repentinamente, uma saudade imensa tomou conta de mim, ela fazia tanta falta. Eu senti a enorme necessidade de um abraço de mãe e de um conselho naquele momento. Mas ela estava em Los Angeles e eu em Forks. Mas pensar em Los Angeles não era algo muito bom naquele momento. Tentei tirar todos esses pensamentos da minha mente e só dirigir. Continuei naquilo por mais meia hora ou mais que isso.

Quando voltei para o apartamento, tentei entrar sem fazer barulho algum, acreditando – e desejando desesperadamente – que Jake e Alice já estivessem dormindo. Tentativa falha. Alice estava preocupada e me encheu de perguntas quando eu cheguei. Do tipo “Onde você estava? Quer me matar do coração? Por que não avisou para onde ia, Rose?!”

— Allie, amanhã nós conversamos, tudo bem? Eu estou cansada, preciso dormir. – eu falei indo em direção a meu quarto. Andei até lá, peguei uma roupa mais confortável e me vesti. Alguém bateu na porta. Eu disse um “Entre” e Jake abriu a porta devagar.

— Eu vim pegar os cobertores pra levar para a sala. – ele murmurrou. Ainda era visível traços de tristeza no rosto de Jake, e eu odiava aquilo. Jake não combinava com aquilo, de certa forma era deslocado no rosto dele.

— Não precisa dormir na sala Jake, sabe disso. – eu falei.

— Eu não quero lhe causar mais nenhum incômodo. E nem te confundir mais.

— Jake, não faça isso. Você vai me causar incômodo se for dormir na sala. Por que não pode ser simplesmente fácil como antes? Nós ainda somos os mesmos Jake, não precisamos fingir que somos dois velhos estranhos que não se falam há décadas. Isso é ridículo! – e magoa. Eu não disse a segunda parte. Eu não queria me afastar de Jake, por mais que ele quisesse algo que eu realmente não sabia se podia dar. Eu queria, de verdade, ficar numa boa com ele, como sempre foi.

— Não acho que isso seja certo Rose, você não tem namorado agora? Acho que ele não vai gostar de saber que você dorme comigo. Além do mais, nós dois não somos os mesmos. Um de nós mudou demais. Mais do que eu queria, até. – ele disse e aquilo doeu. Mais do que eu poderia descrever.

— Fique. – eu sussurrei.

— Você sabe que isso não vai dar certo. – ele respondeu.

Fique. – eu repeti.

— Sinto muito, Rose. – ele disse se virando e saindo, fechando a porta logo em seguida. Aquilo doeu mais do que deveria.

Meu coração se apertou e eu me lembrei de tudo que eu tinha vivido com Jacob. Tudo que nós costumávamos fazer juntos, todos os sorrisos, beijos, abraços... Tudo que eu sempre quis, bem ali. Mas eu amava Emmett e tinha certeza disso. Por mais confuso que meu coração pudesse estar, essa era uma certeza que eu não podia contestar. Como podia uma mesma pessoa amar tanto duas pessoas desse jeito ao mesmo tempo? Jake era meu primeiro amor, mas eu me apaixonara por Emmett de forma que não previra.

 Eu não queria mais pensar, deitei em minha cama, me cobri até a cabeça e fiz o possível para dormir o mais rápido que conseguisse. E deu certo.

— O que aconteceu com você? Está tão distraída. – Emmett comentou enquanto andávamos abraçados pelo corredor do colégio naquela manhã.

— Impressão sua. – respondi.

— Não, não é. Eu te conheço melhor do que você imagina, meu anjo.

— É verdade – eu menti – Está tudo bem. – forcei um sorriso. Acho que não o enganei, mas ele resolveu mudar de assunto.

— O que acha de jantar na minha casa hoje a noite? – ele sugeriu.

— Jantar? Na sua casa? – perguntei e ele assentiu. – Quer dizer, com sua família?

— É claro. O Jasper disse que ia chamar a Alice e parece que agora que o Ed e a Bella estão namorando de verdade ele vai chamá-la também. Acho que vai ser meio que uma apresentação de noras. – ele brincou, sorrindo.

— Tem certeza que é uma boa ideia? E se ele simplesmente não gostar de mim?

— É só o meu pai, Rose. E além disso, ele não é um bicho de sete cabeças. Quer dizer, não na frente dos outros. – ele disse me fazendo sorrir.

— É bom que não. Porque eu odeio bichos de sete cabeças. – eu disse aproximando nosso lábios num beijo delicado. Era delicado, suave, era um sonho beijá-lo.

— Que bonitinho o novo casal de pombinhos! – Alice disse, chegando até nós abraçada a Jasper.

— Ah, olha só quem resolveu aparecer, bem no momento errado... – Emm resmungou baixinho. E Alice mostrou a lingua.

— Calma, mano. Viemos em missão paz – Jasper brincou – Só queríamos saber se o jantar de hoje à noite ainda estava de pé.

— É claro que está. – falou Emm – O Edward já falou com a Bella?

— Acho que já. O nosso pai vai ficar orgulhoso, fizemos um ótimo trabalho. – Jasper comentou.

— Que ótimo trabalho vocês fizeram? – Alice falou parecendo confusa.

— Arrumamos as noras mais bonitas da cidade para ele. – Jasper falou, dando um selinho em Alice.

— Você fala como se isso fosse durar para sempre, Jazz. – eu falei.

— Eu realmente espero que dure. – Emm sussurrou em meu ouvido. Jasper sorriu.

— Por que não duraria?

— Bom, acho que nós já vamos. Vamos dar um tempo a sós para o casal. – Alice falou com um sorriso.

— Isso seria bom, sabe. – eu falei e eles riram.

— Até mais, então. – disse Alice.

— Nos vemos no almoço. – disse Jazz.

— Parece que nunca temos tempo suficiente para ficar a sós. – Emm resmungou antes de voltar a me beijar.

— Você sabe que isso não é verdade. – eu falei sorrindo, me separando dele.

— Você sabe que é, não diga o contrário. – ele sorriu também e voltou a me beijar. Um beijo ainda calmo, suas mãos em volta da minha cintura, prendendo meu corpo ao dele.

O resto da manhã foi assim, sempre que podíamos ficavamos juntos, almoçamos com Jazz, Alice, Ed e Bella e eu descobri que afinal ela não era uma garota tão ruim quanto parecia. E acho que Allie pareceu notar isso também. Ela era simpática no final das contas, uma pessoa que dava para se conviver. Acho que isso se devia ao fato dela não estar interessada no Emmett ou no Jasper, satisfeita com o Cullen mais velho. Quando os horarios acabaram, fomos para casa. Jake continuava chateado comigo, conversando o mínimo possível e aquilo magoava.

— Vocês estão lindas! – Jazz disse quando entramos no carro. Ele e Emmett haviam ido nos buscar para nos levar até sua casa. Jake disse que tinha um encontro. Tive que lembrar a mim mesma que não deveria me importar, já que eu havia escolhido Emmett, e não Jacob. Havia passado a tarde toda pensando naquilo, remoendo tudo na minha mente até decidir definitivamente o que eu queria.

— Obrigada. – eu e Alice dissemos em coro. Me sentei no banco de trás com Emmett, enquanto Jazz e Alice iam no banco da frente. Emmett me elogiou e quando chegamos abriu a porta do carro pra mim. Eu sorri.

— Preparada para conhecer o Sr. Cullen sete cabeças? – perguntou ele com uma voz ameaçadora.

— Claro, não pode ser pior que os filhos que tem, então... – eu brinquei e ele fez uma careta falsa de ofensa. Segurou minha mão e íamos entrando quando Bella e Edward chegaram também.

— Chegamos, pai! – disse Emm assim que passamos pela porta da frente. A casa era linda por dentro, não que por fora não fosse magnífica, a decoração era impecável. Um homem louro, muito bonito, apareceu descendo as escadas.

— Boa noite. – ele disse com um sorriso educado.

— Boa noite. – nós respondemos.

— Pai, deixa eu te apresentar. Essas são Alice, – Jasper disse e fez um gesto em direção a Allie – Rosalie – fez um gesto em minha direção – e Bella.

— Sou Carlisle. É um prazer conhecer vocês, finalmente. Os garotos falam muito sobre vocês. – Carlisle disse estendendo a mão para nos cumprimentar.

— O prazer é todo meu. – eu disse educadamente quando toquei sua mão.

Fomos para a sala de jantar, o pai de Emmett era um homem muito agradável de se lidar, extremamente simpático a meus olhos. Conversamos durante o jantar assuntos banais. Até que alguém citou Phoenix.

— Nós passamos alguns verões lá, eram bons. – Jazz falou.

— É, nos divertíamos muito. – Ed concorodou, e eu imaginei um certo tipo de diversão a que ele deveria estar se referindo.

— Eu já morei lá. E, definitivamente, não é um bom lugar para se viver. – Bella falou e nós rimos do tom de voz dela.

— Eu costumava ir lá com a Rose e com a tia Esme. – comentou Alice. – É um lugar lindo, mas bem quente.

— Tia Esme? – repetiu Carlisle com uma voz estranha de repente.

— É, mãe da Rose. – Alice explicou.

— Como se chama sua mãe, Rosalie? – perguntou ele, me fitando de modo estranho. Olhei para Alice que tinha literalmente acabado de falar, mas então olhei de volta para ele.

— Esme Hale. – eu respondi, estranhando a pergunta.

 Depois disso, Jazz falou alguma coisa e o assuntou mudou. Continuamos com uma conversa animada, mas notei que Carlisle estava estranho, diferente do cara do início da noite. Quando o jantar acabou fomos nos sentar na sala de estar, onde havia grandes sofás brancos que transmitiam uma certa paz e tranquilidade. Carlisle estava pouco atento à conversa e ele ficava olhando meio de lado para mim e Emmett, tentando com que não percebessemos, achei. Sempre que Emmett me tocava, ele fazia uma expressão estranha, que eu não conseguia entender, por mais que tentasse. Depois de ter se passado mais ou menos meia hora, ele levantou-se.

— Bom, vou me desculpar com vocês, meninas, por ter que me retirar tão cedo. Mas o hospital me consumiu hoje, e amanhã cedo preciso estar nele de novo. Então, acho melhor eu ir me deitar. – ele deu um sorriso – Fiquem a vontade, a casa é de vocês. – ele terminou e subiu as escadas, sumindo no segundo andar.

— Bom, ele gostou de vocês. – Emm disse, apertando-me mais em seu abraço.

— É, vocês se saíram muito bem em frente ao Dr. Cullen. – Jazz concordou.

— Ele foi extremamente simpático conosco. – Alice falou, assim como eu havia reparado.

— Ele foi simpático demais. Quase achei que tinham sequestrado meu pai e colocado algum alien no lugar. – Ed brincou com um sorriso nos lábios.

— Bom, acho melhor eu ir. Já está tarde, além do mais, eu preciso chegar cedo. Estou de castigo. – Bella disse fazendo uma cara de choro.

— Castigo? – repetiu Ed.

— É... Foi porque eu peguei o carro da minha mãe para ir ao shopping. Escondido. E bati ele. E ela ficou furiosa comigo. – ela disse com uma careta. Nós rimos.

— Tudo bem, vou te levar para casa agora. – Ed disse. Nos despedimos deles e eles saíram.

— Acho que é minha hora também. – eu disse.

— Ainda é cedo. – Emm falou.

— Não é não. – eu discordei.

— A Rose tem razão, acho melhor nós irmos. – Alice falou.

— Por que voce não dorme aqui? – sugeriu Emm me olhando maliciosamente. Eu ri.

— Porque eu tenho mesmo que voltar. Se pudesse, ficaria. – eu falei dando-lhe um beijo rapido. – Agora, vamos. – falei levantando-me.

— Ah, não. – resmungou Jazz.

— Ah Jazz, relaxe. Amanhã teremos o dia todo juntos. É só uma noite. – Alice disse.

— Sabe o monte de coisas que nós poderíamos fazer em uma noite? – Jazz perguntou, os olhos brilhando.

— Jazz! – Alice o repreendeu, corando minimamente. Eu e Emmett rimos. – Hoje não e muito menos com seu pai aqui. E vamos antes que você decida dizer algo mais. – ela falou se dirigindo à porta e Jazz murmurou alguma coisa initeligível enquanto a seguia.

— Vamos. – murmurei passando os braços ao redor da cintura de Emm enquanto nos dirigíamos lá pra fora.

No caminho para o apartamento, tivemos uma animada conversa no carro e combinamos de sair juntos no fim de semana. Quando chegamos, Emm me deu um longo e doce beijo de boa noite, dizendo que me buscaria amanhã pela manhã. Depois de nos despedirmos, eu e Alice subimos para o apartamento que ainda estava vazio.

— O Jake ainda não chegou. – afirmei, mesmo sabendo que Alice já sabia daquilo.

— Rose, quer conversar? Falar sobre isso, sei que você está mal e se você me contasse, talvez ajudaria. – ela ofereceu e eu não via o porquê de não contar tudo à ela. Ela era minha melhor amiga, afinal. Não era para isso que serviam as melhores amigas? Nos sentamos no sofá e eu me pus a contar toda a história para Alice, que ouviu tudo sem me interromper.

— Sempre desconfiei que você tinha tido um caso com Jake. – Alice comentou, balançando a cabeça.

— Alice. – eu suspirei.

— Foi mal. Olha Rose, realmente sua situação é péssima amiga, eu nem tenho ideia de que conselhor te dar dessa vez, eu.. não sei o que faria se estivesse no seu lugar, simplesmente não consigo imaginar uma solução.

— Eu já tenho minha solução. – falei firme – Vou ficar com o Emm, Allie. Eu o amo.

— Mas você também ama o Jake. Isso está mais do que claro. – ela protestou.

— Mas eu estou com o Emm agora. E eu posso esquecer o Jacob. – eu disse tentando convencer mais a mim mesma do que a ela.

— Bom, se você acha que sim...

— Eu sei que sim, Allie. – a interrompi.

Estavamos na segunda aula, eu a fazia com Alice. Não era uma matéria agradável, era meio tediosa. Quando a assitente do diretor bateu à porta e disse que o diretor queria falar comigo, levantei-me da carteira e andei lentamente até a sala dele, sem ter a mínima ideia sobre o que ele queria falar comigo. Eu era uma ótima aluna, sobre o que ele poderia querer reclamar? Suspirei pesadamente antes de bater na grande porta escura. Ouvi um “Entre” e abri a porta minimamente.

— Me chamou, diretor? – perguntei, com uma esperança ridícula de que ele dissesse que era engano.

— Sim, senhorita Hale. Entre, por favor. – entrei, meio temerosa. E fiquei relativamente confusa com a figura que estava do lado de dentro. Com um casaco preto e uma expressão estranha, Carlisle Cullen parecia esperar pela minha chegada.

         - O que houve? – eu perguntei, ainda sem entender.

         - Bom, o senhor Cullen quer falar com você. Vou deixá-los a sós, com licença. – ele disse saindo da sala, deixando-me a sós com o pai de Emmett. Presumi que ele tinha grande influência na escola, o que não era surpresa nenhuma.

         - Bom dia, Rosalie. – ele falou.

         - Bom dia. – murmurei, mais confusa ainda por ele querer falar comigo em particular.

         - Bom, sei que você deve estar estranhando me ver aqui, para falar com você, mas é um assunto sério. – ele falou e eu assenti. – Eu não sei por onde começar. Sente-se.

         - Comece pelo começo. – disse enquanto sentava-me em uma cadeira em frente da mesa do diretor. Mas temia esse começo que sugeri, algo ruim havia se formado dentro de mim. Um mau pressentimento.

         - Bom, ontem no jantar, quando você disse que era filha da Esme... – ele falou e parecia estar escolhendo com muito cuidado cada palavra. – Bom, eu não sabia disso. – eu esperei que ele continuasse, mas ele não falou nada.

         - Bem, o senhor sabe agora. – eu disse e ele me fitou, como se procurasse algo em meu rosto. – O que o senhor quer dizer com isso, senhor Cullen?

         - Hm, quem é seu pai Rosalie? – ele perguntou.

         - Eleazer, senhor Cullen. – eu respondi e ainda não tinha ideia da onde ele queria chegar com aquilo. Ele ia querer minha árvore genealógica agora? Será que ele era o tipo de homem que falava “sua família não é boa o suficiente” como pretexto para me separar de Emmett? Eu quase ri diante de minha tolice.

         - Você tem certeza de ele é seu pai, Rosalie? – perguntou ele.

         - O que o senhor quer dizer com isso? – perguntei erguendo as sobrancelhas, os devaneios já distantes. Ele suspirou, parecendo dedicir algo.

         - Bom, provavelmente você não sabe, e eu não deveria lhe contar, mas a situação exige que eu lhe conte. Seu envolvimento com Emmett parece ser bastante forte, e não devo deixar isso passar adiante. – ele falou. Talvez haja um motivo para que eu não saiba. Minha mente pareceu sussurrar isso para mim mesma.

         - Contar o quê? Sobre o que o senhor está falando, senhor Cullen? – eu não entendia, não via sentido, o que havia em meu relacionamento com Emmett? E o que eu não poderia saber e que ele precisava tanto contar por causa de Emmett?

         - Eu e sua mãe, bem, nós tivemos um envolvimento enquanto ambos éramos casados e e-

         - Está dizendo que minha mãe teve um caso com o senhor? – eu o interrompi incrédula. Ele apenas assentiu.

         Eu não conseguia acreditar naquilo. Era ridículo. Minha mãe amava meu pai, o tratava bem, não existia motivos para nenhuma traição. Da parte de ambos. Era totalmente incompreensível algo desse tipo.

         - Bom, nessa época – ele continuou a falar quando viu que eu não esboçaria mais nenhuma reação diante do fato que ele acabara de me revelar – ela ficou grávida. De você. Minha mulher estava grávida nessa época também.

         - E então, ela terminou com você e voltou para meu pai, para viver feliz com ele. Esse é o final, não é mesmo? – perguntei com todas as minhas esperanças.

         - Bom, mais ou menos. – ele respondeu. – Quer dizer, sim. Mas ela não sabia de quem era a filha que ela estava esperando naquela época.

         Meu coração acelerou-se e parecia que as batidas dele estavam esmagadoras em meu peito. Como uma pancada, tudo de repente fez sentido. Cada pedacinho se emendou. Eu já havia entendido tudo, e pela expressão do rosto de Carlisle, ele parecia ver disso. Ele tinha um caso com minha mãe, ela não sabia de quem estava grávida. Traição, gravidez, filha. Paternidade. Mas de quem? Tudo fazia sentido agora. O jeito como ele olhava para mim e para Emmett na noite anterior, a expressão que só agora eu conseguia entender. Ele queria dizer, afinal, que era meu pai? Minha respiração parecia ser irregular, e meu coração parecia bater mais forte a cada momento. Isso queria dizer que Emmett era meu irmão. De sangue.

         - Você é... – as palavras pareciam não querer sair da minha garganta, como se minha boca se fechasse para não pronunciá-las. Eu não conseguia sequer pensar naquela possibilidade remota, eu não queria acreditar que aquilo fosse real. – Meu...

         - Pai. – ele falou com uma voz insegura. – É uma das alternativas, afinal.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Mereço reviews? Beijo grande!