Wake me Up escrita por Carol Munaro
Notas iniciais do capítulo
Ooi! Boa leitura!
Comecei a passar o vídeo que eu tinha preparado faz alguns dias. Essa seria minha primeira proposta de inovação pra empresa. Isso aqui precisa começar a vender. Ou a empresa vai a falência!
– Bom... Não penso que precisa ser necessariamente igual ao vídeo. Podemos juntar a minha ideia e a de vocês. - Falei insegura. Eles não expressaram uma reação durante toda a exibição do vídeo!
– Está sensacional! - Um dos acionistas falou sorrindo, fazendo eu sorrir envergonhada. - Sinceramente, achei que a empresa finalmente fecharia as portas, mas acho que vamos ganhar mais dinheiro do que nunca com essa campanha!
– Obrigada. - Falei.
– Precisamos decidir quando vamos lançá-la. - Um outro cara falou. E começamos a organizar tudo. A reunião demorou quase a tarde toda. Mas eu ainda tinha coisas pra resolver na empresa. Então, fiquei até tarde na minha sala.
– Anne? - Meu pai falou assim que abriu a porta.
– Oi. - Respondei enquanto organizava alguns papéis. Ele fechou a porta e sentou-se a minha frente.
– A gente precisa conversar sobre seu futuro.
– É...
– Eu sei que você quer fazer faculdade.
– Mas eu acabei de assumir a empresa.
– Seu futuro é mais importante, não acha? E tem uma faculdade aqui na cidade. Você pode conciliar tudo.
– Pai, eu já pensei em algumas coisas. - Olhei pra ele. - Após o lançamento da campanha, eu pretendo ir pra Europa. Eu só quero recuperar o dinheiro que a empresa perdeu.
– Deixa eu adivinhar... Pelo o que eu te conheço e pelo o que você apresentou hoje na reunião... Moda? - Sorri envergonhada. - É isso mesmo que você quer? - Fiz que sim com a cabeça. - E quando você for?
– Então... O senhor vai me ajudar, não vai? E eu posso continuar trabalhando pra empresa de lá.
– Claro que pode. Vai dar tudo certo. - Sorri.
Antes de ir pra casa, passei na casa do Ethan. Ele estava no banho.
– Eu pensei em algo pra depois do verão. - Falei e ela olhou pra mim.
– Ah, meu Deus... Você vai se mudar!
– Já falei com o Ethan sobre isso.
– E... E ele vai junto?
– Ele não quer deixar a senhora sozinha. Por isso, eu pensei em algo que pode dar certo pra todo mundo. - Me ajeitei no sofá. - Como eu to trabalhando pra empresa da família e vou fazer faculdade em outro lugar, eu vou precisar de alguém pra me ajudar. E não vou convidar qualquer pessoa pra ir comigo.
– Tipo uma assistente. - Assenti.
– Tipo isso. Então... Eu to convidando você e o Ethan pra irem comigo.
– Agora?
– Ainda vai demorar alguns meses.
– E pra onde você pretende ir?
– Milão. - Ela abriu e fechou a boca diversas vezes. - Não precisa pensar agora. Aliás, acho que a senhora e o Ethan precisam conversar sozinhos sobre isso.
– Seria uma oportunidade incrível pra ele. - Fiz que sim com a cabeça. Ficamos em silêncio. Ethan apareceu na sala um tempo depois. Ele me convidou pra dormir lá. Então, fomos até a minha casa pra pegar uma roupa pra mim.
– Ouvi o que você propôs pra minha mãe. - Ele falou enquanto eu colocava os produtos de higiene pessoal na mochila. - Sei que ela vai querer aceitar.
– Eu espero muito que ela aceite. - Ele não falou nada. - Eu sei que não é tão simples pensar nisso. Mas sei também que é uma boa oportunidade tanto pra você quanto pra ela.
– Eu sei. - Ethan estava encostado no batente da porta do banheiro de braços cruzados. - Acha que vai dar certo?
– O que?
– Tudo. Você trabalhar na empresa, ir pra Europa... - Ele ia falar algo, mas desistiu.
– Se eu não arriscar, eu nunca vou saber, Ethan. E eu arrastando você nisso junto comigo porque não quero ficar longe de você.
– O que eu queria perguntar é... Será que nós vamos dar certo? - Larguei o hidratante e o shampoo em cima da pia e fui até ele.
– Eu quero muito que dê certo. - Coloquei as mãos no seu rosto e o fiz olhar pra mim. - Eu vou fazer o possível pra que dê certo. Eu quero isso tanto quanto você. - Ele sorriu.
– Eu te amo. - Sorri também.
– Eu também te amo. - Ele me beijou e depois me abraçou.
– E a sua mãe?
– O que tem ela?
– A biológica. - Me soltei dos braços dele e apoiei-me na pia.
– Eu não sei. Você iria atrás dela, não iria?
– Sim.
– Ela sumiu, Ethan! Ela nem procurou saber sobre mim.
– Seu pai deixou isso totalmente explícito? - Mordi a parte de dentro da bochecha. - Imaginei...
– Ela teria dado um jeito de entrar em contato comigo. E isso nunca aconteceu.
– E se o seu pai mentiu? Ele já fez isso tantas vezes, Anne. - Eu sabia que isso não era impossível.
– Ele mentiria pra que?
– Pra você não ir atrás dela. É óbvio! - Não falei nada e ele suspirou. - Tem que pensar em todas as possibilidades. Tá na hora de sair "do casulo", do seu mundo, Anne.
– Ah, desculpa se eu praticamente me criei sozinha enquanto você tinha sua mãe, seu pai, avós, irmãos e mais pessoas olhando por você. - Ele cruzou os braços de novo.
– E a Margareth? Você sempre fala que foi sozinha, mas não reconhece tudo que ela fez por você. - Foi como se uma lâmpada acendesse em cima da minha cabeça.
– Margo! - Gritei e saí do banheiro, logo depois saindo do quarto. - Margo?! - Fui até o andar de baixo. A essa hora ela tem de estar em casa. - Margo?! - Falei um pouco mais alto.
– Aconteceu alguma coisa, querida? - Ela apareceu preocupada.
– Você trabalha aqui em casa faz anos, certo?
– Sim....
– Então... Você sabe algo da minha mãe biológica? - Ela me olhou, olhou pros próprios pés.
– Não.
– Sabe sim. Te conheço, Margo. Quem é ela?
– Eu não sei nada sobre isso, Anne.
– Meu pai falou que o nome dela é Christina. Alguém com esse nome já apareceu aqui?
– Christina? Tem certeza que ele falou esse nome? - Arqueei uma sobrancelha.
– Tenho. - Falei baixo. - Você sabe alguma coisa e não quer me contar. - Disse cruzando os braços.
– Aquele cretino! E eu achando que finalmente essa farsa iria acabar!
– Do que você sabe, Margo? Eu preciso saber!
– Eu sempre o pressionei pra contar a verdade. - Ela falava como se eu não estivesse ali. Hey! É da minha vida que você tá falando! - Mas claro que eu nunca tive muita voz aqui dentro apesar de tudo.
– Apesar do que?
– E ainda inventa uma história de pneumonia pra todo mundo. Naquela época, meus pulmões nunca estiveram tão bons!
– Seus? - Finalmente ela parou de andar e olhou pra mim. - É isso mesmo que eu to pensando, Margo?
– Eu não pude te contar, meu bem. - Ela pegou nas minhas mãos e apertou. Eu não sabia se ficava brava por ela ter me escondido a verdade todo esse tempo, ou se eu ficava aliviada pela minha mãe ser alguém que esteve sempre comigo.
– Eu não sei o que falar. - Fui sincera. - Você sempre me tratou como filha.
– Eu sempre quis estar por perto. Eu sabia que aquela vadia não cuidaria direito de você.
– E não cuidou mesmo. - Falei rindo baixo e ela fez o mesmo.
– Eu não sei do que ela é capaz. Tive medo de contar. - Fiquei pensando... Julie era capaz de fazer qualquer coisa e isso não é um exagero. É. Eu também teria medo.
– Tudo bem. O que importa é que agora eu sei de tudo. - Ela me abraçou. Senti meus olhos marejarem, mas não caiu uma lágrima. Acho que meu corpo já estava cansado de chorar. Assim como meu subconsciente.
(...)
– Amor, acorda. - Escutei a voz do Ethan e me encolhi ainda mais na cama. - Enquanto eu to de férias do trabalho e vou dormir até tarde, você tem que trabalhar. - Ele disse rindo.
– Depois dessa eu devia fazer uma greve de sexo. - Resmunguei e ele parou de rir.
– Qual é, Anne! Foi engraçado.
– Não foi, não. - Fiz bico.
– Mas, sério. Já são quase oito horas. Levanta. - Me espreguicei e me joguei em cima dele. - Eu. Não. Consigo. Respirar.
– Para de falar mentira. Não sou gorda.
– Eu sei que você não é. - Ethan deu um tapa na minha bunda e me jogou pro lado. - Agora levanta. - Finalmente, levantei. Me arrumei e fui pra cozinha. Pelo jeito, a mãe dele já havia saído pro trabalho.
– Sua mãe já saiu? - Perguntei.
– Já sim. Agora, falando sério. - Ele terminou de colocar as coisas na mesa e olhou pra mim. - Como você tá?
– Bem.
– Mesmo?
– Eu to... Aliviada. Acho. Pelo menos não é uma desconhecida.
– Isso eu tenho que concordar. Ela já sabe de Milão? - Fiz que não com a cabeça.
– Vai dar tudo certo, Ethan. Eu sei que vai. - Ele sentou-se a mesa e tomou o café da manhã comigo.
Os meses foram se passando até que calmos. Ontem tinha sido o lançamento da campanha que eu fiz sozinha. Aquela que eu apresentei no meu primeiro dia de trabalho. Eles decidiram deixar do jeito que estava. E só com um dia de vendas, já pudemos ver os lucros.
Uma empresa da Europa entrou em contato pra vender as peças nas lojas de lá. E é como se Deus tivesse planejado tudo certo pra mim. A empresa é da Itália. Eu sei que a economia lá atualmente não é uma das melhores, e que quase toda a Europa está em crise, mas isso não quer dizer que as universidades de lá perderam o seu valor e que eu não possa ganhar dinheiro. Fora que é a capital da moda. Direto tem desfiles lá.
Eu conversei diretamente com o dono da empresa e combinamos de criar uma terceira. Assim, viraríamos sócios da tal. E, bom... Precisaria de alguém pra "cuidar" dessa terceira. Mais um motivo pra eu ir pra lá.
– Qualquer coisa, me liga. Eu não vou deixar a empresa da vovó aos ventos. - Falei pro meu pai.
– Acha que não vou cuidar direito? - Ele perguntou risonho.
– To de olho em você. - Falei séria e ele riu. Estávamos no aeroporto. A mãe do Ethan tinha concordado em ser minha secretária e braço direito em Milão. Sei que não tinha nada a ver Arquitetura com a empresa, mas o Ethan não queria ficar as minhas custas, então arrumei algo pra ele também.
Agora só falta a minha mãe. Mãe de verdade, não aquela... Deixa pra lá. Nem sei mais dela. Última vez que eu soube, ela tinha ido morar com aquele namorado. Coitado...
Agora sobre a minha mãe. Ela vem comigo. Eu não aceitaria deixá-la aqui. De jeito nenhum.
– Sua mãe vai com você. Isso me deixa mais tranquilo. Mas, cuidado. Eu sei que você já foi pra lá, mas viajar e morar não é a mesma coisa.
– Pai, eu não vou estar sozinha. - Ele me abraçou. Fiquei um pouco surpresa, mas retribui.
– Vou te ligar de hora em hora. - Brendon fala passando o braço pelos meus ombros, após eu me soltar do meu pai.
– Como se, entre nós dois, eu que precisasse de alguém me vigiando. - Ele sorriu. - Espero que dê tudo certo pra você na faculdade. - Falei e o abracei. Ele seria a pessoa que eu mais sentiria falta.
– Vai dar. Em alguns anos você vai me ver como um engenheiro civil. - Brendon beijou minha bochecha.
– Certo... Mas você vai estar na Califórnia. E devo dizer que você é terrível, Brendon. - Ele sorriu.
– Eu até tentei arranjar uma namorada esse ano. To melhorando. - Ri baixo e ele me abraçou ainda mais. - Vou sentir sua falta.
– Eu também vou sentir a sua. Muito! - Nos separamos e olhei pro portão de embarque. Então... Adeus, América.
(...)
Estamos faz um mês na Itália. Minha faculdade e a do Ethan começaram faz uma semana. Ele tá adorando. Mas tá cheio de coisas pra fazer. Eu já tenho que montar um projeto. Conversei com o professor e vou usá-lo na minha empresa também.
– Tá cansada? - Ethan perguntou me abraçando por trás e deu um beijo na minha nuca.
– Um pouco. - Eu tinha chegado do trabalho fazia pouco tempo. Só tinha tomado banho e vim pra varanda do nosso apartamento. Gosto de ficar aqui e observar a movimentação da cidade. Virei de frente pra ele.
– Pensei em algo pra gente. - Ethan falou. - O dia dos namorados tá chegando.
– Chegando? Falta muito ainda. - Falei e ri.
– Pro que eu to pensando, já está chegando sim.
– E no que seria? - Ele aproximou a boca do meu ouvido.
– Paris. - Sorri.
– Passar o dia dos namorados na cidade do amor, senhor Cooper?
– Se eu pudesse, faria com que passássemos todos os dias na cidade do amor.
– Você é perfeito. - Ele me deu um selinho.
– Tento ser. Por você.
Não posso falar que sei que vou continuar com o Ethan pro resto da minha vida porque ninguém pode ter essa certeza. Isso é o que eu espero e ele também, mas ninguém sabe o futuro. Eu não sei nem se vou querer morar na Europa pra sempre. Eu posso querer voltar pra América um dia. Eu tenho apenas 18 anos. Não sei o que a vida reserva pra mim depois. Ainda tenho muitas experiências pra viver. Mas, por enquanto, acho que é a hora do nosso ponto final.
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Espero que tenham gostado. E muito, muito obrigada a todos que leram e comentaram! E obg pelos favoritos tbm. Eu amei tanto escrever sobre a Anne