Wake me Up escrita por Carol Munaro


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Ooi! Boa leitura.



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Tinha acabado de chegar na empresa da família. Eu estava com todos os documentos em mãos. Já que agora sou maior de idade e possuo a maior parte da empresa (50%), porque não assumir a presidência? Eu esperava enquanto os acionistas chegavam pra reunião de emergência convocada por mim.

– Anne? - Um dos caras me chamou enquanto eu esperava na sala de reuniões. - Tá esperando sua mãe? - Olhei pra ele.

– Na verdade, a reunião foi convocada por mim. Pode se sentar. - Ele ficou me olhando com uma sobrancelha arqueada. - Vou pedir pra trazerem um copo d’água pra você. - Levantei-me e pedi pra estagiária. Voltei pra sala e fiquei esperando. Aos poucos, o povo foi chegando. A última a chegar, claro que foi a minha mãe. Com aquele pose de dona do mundo.

– Qual a sua ideia pra arruinar a minha vida agora? - Ela perguntou sentando-se no lugar da presidente. No caso, eu.

– Acho que a Anne tem mais o que fazer do que se preocupar com você. - Meu pai falou e eu sorri um pouco envergonhada.

– Obrigada, pai. Bom, resolvi marcar a reunião pelo seguinte motivo: é óbvio que a maior herdeira da empresa sou eu. E, como alguns já devem saber, fiz 18 anos esse fim de semana. Ou seja, sou maior de idade.

– Era só o que faltava! - Minha mãe resmungou.

– Como eu sou a maior acionista, nada mais justo que eu querer meu lugar.

– E quem disse que só por você ser maior de idade pode herdar a empresa? - Ela perguntou irritada.

– A lei. - Um dos acionistas falou. - Anne agora tem a maior voz aqui dentro. Se ela não aprovar algo, não podemos fazer nada.

– Eu sou sua mãe. Eu tenho o direito que ficar na presidência.

– Ahn… Não. Você não é minha mãe biológica. - Joguei os papéis na mesa. - Ou seja, você não tem o direito de ficar no meu lugar. Nem nunca teve. Meu pai que deveria estar aí. Aliás, não sei como ele ainda não te tirou. E não precisa dessa cara de desespero. Seu novo namorado tem dinheiro pra sustentar a cidade inteira.

– Eu não vou sair da presidência tão fácil assim! - Ela berrou. Respirei fundo.

– Eu voto na sua saída da presidência. - Falei sorrindo.

– Pelo o que eu saiba, as reuniões são sempre democráticas.

– E vão continuar sendo. Mas acho que você tem alguma deficiência porque não consegue entender que eu tenho cinquenta por cento das ações! - Ela se calou. - Quero minha sala vazia até amanhã. - Levantei e saí da sala. Pedi pra secretária da minha mãe me passar os orçamentos, lucros e essas coisas todas da empresa pra mim.

Bom, eu teria que comprar coisas pro meu escritório. Como eu já tinha pedido demissão na loja, fui as compras. Passei a tarde inteira no shopping. Não aguentava mais ver móveis na minha frente. Cheguei em casa e fui direto pro quarto. Abri meu e-mail e lá estava tudo o que eu tinha pedido pra secretária. Comecei a analisar todos os gráficos e relatórios. Era um saco. Mas seria meu trabalho a partir de amanhã.

– Sumiu o dia todo. - Ethan falou assim que atendi o telefone.

– Passei o dia resolvendo umas coisas. - Falei e cocei o olho.

– Você foi o único assunto na escola hoje. Ainda mais seu pulo na piscina. - Ri baixo.

– Imaginei.

– E, claro, o namorado imbecil que comeu o que não devia. - Ri de novo. - O que tinha pra resolver hoje?

– Minha parte na empresa. Fiz uma reunião hoje de manhã.

– E…?

– Amanhã começo na presidência. - Ele não falou nada. - Meio louco tudo isso, né?

– Cuidado onde você vai se enfiar, Anne.

– Vou tomar. E eu vou ter muito trabalho. Ela tava começando a afundar a empresa. To com algumas ideias pra recuperar o capital já.

– Não esquece que amanhã tem as provas finais.

– Eu sei. Vou pedir ajuda pro meu pai. - Comecei a rir de novo. - Eu queria muito ter visto essa cena.

– Qual?

– Você depois de comer.

– Não queria não! - Ri. Ficamos em silêncio. Eu lia os e-mails enquanto ouvia a respiração dele. Teve uma hora que eu comecei a estranhar.

– Ethan? Tá fazendo o que?

– Jogando e ouvindo você resmungar números. - Que legal. Pareço uma louca!

– Acho que eu vou dormir. To cansada.

– Te vejo amanhã? - Por força do hábito, balancei positivamente a cabeça, mesmo sabendo que ele não iria ver. - Anne?

– Sim. Vou amanhã.

– Te amo. - Sorri.

– Também te amo.

(…)

Mal pisei no colégio no dia seguinte e já ouvi piadinhas sobre o meu mico na festa. Que ótimo!

Senti uma braço por cima dos meus ombros enquanto pegava os livros no armário.

– Bom dia, Jones.

– Que é, Brendon?

– Acordou com o pé esquerdo hoje?

– E uma dor de cabeça infinita.

– Ainda tá de ressaca? Uau! - Revirei os olhos.

– Não, idiota. Fiquei até tarde lendo uns relatórios ontem.

– To sabendo. Ethan me contou que você vai assumir a presidência hoje. Tá nervosa?

– Pra que? - Perguntei rindo. - Eu só vou entrar naquela sala e fazer o mesmo que fiz ontem.

– E a faculdade?

– To pensando nisso ainda. Únicas pessoas que eu confio de olhos fechados e que saibam resolver alguma coisa da empresa é você e o Ethan. Porém, vocês também tem faculdade.

– Que meiga. Há de quanto tempo não ouvia algo parecido vindo de você? - Brendon perguntou risonho.

– Meu Deus! Que drama! - Ele me abraçou. Mas logo foi empurrado sem muita força.

– Tá tentando pegar minha garota?! - Ethan falou fingindo irritação. Comecei a gargalhar e o Brendon também.

– Fomos descobertos, amor. - Falei fazendo bico. Ethan me deu um selinho.

– Sabe nem mentir. - Ele falou no meu ouvido.

– Me sinto uma tocha olímpica quando to com vocês dois. - Sorri e o Ethan também. - E sou ignorado além disso.

– Cara, tá na TPM? - Perguntei.

– Tá com umas viadagens, né? - Ethan disse pra mim e eu concordei. Brendon revirou os olhos. O sinal bateu e fomos pra sala.

(…)

– FÉRIAS! - Brendon berrou na sala de aula assim que tocou o último sinal, fazendo a gente rir. - Da escola é permanente ainda!

Conforme fomos saindo da sala, tirando as coisas do armário, nos despedindo de algumas pessoas (no meu caso, de alguns professores), vinham gente que eu nunca vi na vida falando que iria sentir minha falta e esses caralhos todos. Sorria falso pra todos eles. Isso pra não parecer mal educada.

– Você não participou do grupo até o fim, Anne. Mas acho que te ajudou um pouco. Mesmo você não percebendo. - O senhor Young falou assim que eu terminei de empacotar as coisas que estavam no meu armário. Não tinha quase ninguém pelos corredores.

– Acho que sim.

– Você parece mais feliz. - Minha mente fez tipo uma retrospectiva de antes e depois do grupo de apoio. Ele tem razão.

– E eu realmente to. - Senhor Young sorriu.

– Fico feliz por isso. - Dei um sorriso discreto e ele começou a se afastar.

– Professor? - Ele virou-se pra mim. - Obrigada.

– Não tem de que.

Coloquei a caixa dentro do carro e ouvi alguém me chamando. Hoje eu não volto pra casa.

– Já achei que era alguém avulso de novo. - Falei e ele riu.

– Só consegui falar com você agora também. - Ele ficou olhando pra mim. - Ahn… Boas férias.

– Obrigada. Pra você também. - Falei sorrindo discretamente.

– Você sabe que merece tudo do melhor, não sabe?

– Para de falar como se nunca mais fosse me ver.

– Provavelmente é isso que vai acontecer. - Encostei na lateral do carro. - Obrigada. - Arqueei uma sobrancelha.

– Pelo o que?

– Antes eu era um cretino estúpido e otário… Eu não sei como você me aguentou por tanto tempo. - Mordi o lábio.- Sei que você também não. - Ri envergonhada. - Desculpa por tudo.

– Você já me pediu isso.

– Eu sei. Acho que você percebeu que eu mudei. Nem que seja um pouco - Fiz que sim com a cabeça. Ele ficou me olhando.

– Que é? - Perguntei rindo ainda envergonhada. Ele deu de ombros.

– Você é linda. - Pronto…

– Brian…

– Tá. Desculpa. Eu só queria me despedir de você. Mesmo. - Cruzei os braços.

– Você vai se mudar, não vai?

– Boston. - Arregalei os olhos.

– Tá brincando, né?

– Se não fosse o time e suas ajudas em química eu nunca teria passado.

– Isso é incrível! Mas… Eu achei que você tinha saído do time.

– Já tinha sido os testes. To indo procurar um apartamento amanhã e vou ficar definitivo pra começar a treinar.

– Eu to muito feliz por você! Mesmo! - Ele sorriu. - Eu tenho que ir. Tchau, Anne. - Ele me abraçou a me deu um beijo na bochecha. - Eu não teria conseguido sem você. - Brian disse ainda abraçado comigo.

– Eu não fiz nada demais. - Senti minhas bochechas esquentarem.

– Obrigada por tudo. - Ele deu um beijo na minha testa e foi embora. Entrei no meu carro e o liguei. Bateram no vidro. Era o Ethan.

– Achei que já tinha ido. - Falei.

– Tava esperando a cena acabar. - Fiz uma cara de ponto de interrogação, mas aí me toquei.

– Tá falando sobre o…

– É. Isso mesmo que eu to falando.

– Ele veio se despedir só.

– Achei que aconteceria uma reconciliação. - Revirei os olhos.

– Deixa de ser idiota.

– Eu to sendo idiota?

– Ele tá indo pra Boston, ok?

– Quanto mais longe, melhor.

– Ethan, é sério. Ele só veio se despedir. Para de cena e entra no carro. - Assim ele fez. Com um bico gigantesco na cara, mas entrou. - Brian só veio me agradecer por ele ter mudado com o fim do namoro. Algo assim. Sei lá.

– Hm… Espero mesmo que ele tenha deixado de ser babaca. - Ri baixo.

– Ele deixou. - Ethan me olhou de canto de olho.

– Continuo não gostando dele.

– Provavelmente eu nunca mais o verei. - Ethan resmungou algo me deu um selinho. Liguei o carro e fui saindo do estacionamento. - A gente precisa conversar sobre algumas coisas.

– Tipo o que?

– Tipo onde você pretende fazer faculdade. Pra onde você se inscreveu? - Ele não falou nada. - Ethan!

– Que foi?

– Você não se inscreveu pra nenhuma?!

– Eu não sei o que fazer! Sem contar que eu não vou ter dinheiro pra pagar.

– Por que não falou comigo?

– Porque eu não quero ser dependente de você. E o curso que eu realmente queria não vai dar em nada.

– O que você quer fazer? - Ele hesitou em responder.

– Arquitetura.

– E por qual motivo daria em nada?

– Eu iria trabalhar aonde? - Não falei nada. - E você? Vai pra onde?

– Já que eu to na empresa agora… Pensei em moda.

– Seria uma boa.

– Em Milão. - Ele olhou pra mim. - Olha, lá tem ótimos cursos de arquitetura. A gente vai poder juntar o útil ao agradável.

– Anne, eu não vou pensar só em mim. Não sei se você esqueceu, mas eu moro com a minha mãe. Eu não vou deixá-la sozinha.

– Então, ela vem junto!

– Não é tão simples assim! - E eu sabia que não era. - Eu não quero depender de você.

– Sua mãe trabalha comigo na empresa e você vai ser obrigado a se mudar pra lá. Duvido que ela recuse minha oferta. Aliás, eu realmente vou precisar de alguém.

– E como você vai pra Europa se vai assumir a presidência hoje?

– Já pensei em tudo. Só preciso de alguns meses. Fora que eu ainda tenho que lançar uma coleção aqui pra poder ter certeza de que vou conseguir algo lá. Não to te pedindo pra arrumar as malas agora, Ethan. Eu não vou do nada. - Parei o carro na frente da casa dele.

– Vou pensar com calma, ok? - Assenti. Ele me beijou e saiu do carro.


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Notas finais do capítulo

Então... Penultimo capítulo e o próximo é o ultimo. Não vai ter epílogo, muito menos segunda temporada. Eu até pensei em prolongar mais um pouco a fic, mas, devido a algumas circunstâncias, decidi acabar de vez. E... o final não vai ser diferente do que eu tinha planejado. Bom... Tchau.



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