Zodíaco escrita por Markievicz


Capítulo 5
0.5 — Explodidos pelos gritos


Notas iniciais do capítulo

VIRAM A CAPA NOVA???
Gente, Tô apaixonada



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Eu canto o que há, mas canto

Só vejo um papel-tela em branco

Diluiu-se, livre e rarefeita,

Agora pode ser bebida em tudo

Delírio Insignificante, Pauline Morris e Jordan Packson.

Ela olhou seus olhos negros com certa raiva e tão pouco sentiu-se como se tivesse acabado de saber o que já sabia; Oliver iria hesitar. Só precisava de uma confirmação.

Essa amizade, talvez, não seja realmente verdadeira.

E então, se lembrou de como foi o começo dela. Diferente? Talvez? Nada normal? È, talvez seja. Mas aquilo, era bom.

As luzes do hospital e o garoto dos amendoins.

Uma fase estranha, com medos estranhos, e um desconhecido em pé a sua frente, mais do que previsto, também estranho.

As lâmpadas fluorescentes do corredor piscavam histericamente e isso fazia Selene piscar várias vezes para enxergar o garoto que a olhava sereno. Havia olheiras enormes embaixo de seus olhos - que soltavam faíscas por ele estar tão nervoso -, ou talvez, ansioso.

Selene tentava segurar suas duas mãos, as pressionando juntas uma contra outra para que não começa-se a tremer e parecer ao ponto de vista do garoto – que ela ainda considera um desconhecido - uma menina frágil e ingênua. Talvez ela fosse mesmo essas duas palavras que acabei de insinuar, mas não precisa mostrar isso, não é mesmo?

— Sinto muito.

A frase – mesmo pequena - fora entrecortada com a respiração frágil do garoto. Ela ainda não sabia o porquê, mas já está comprovado – na mente dela - que ele tinha um certo problema pulmonar que o fazia parecer que tinha acabado de chegar de uma maratona de corridas para profissionais -as quais acontecem todos os anos na véspera de outono em Prypat.

— Não, você não sente. — queria -realmente queria- parecer um pouco mais agradecida por ele ter dito aquelas palavras, mesmo não a conhecendo, mesmo não sabendo o por que dela estar ali, mesmo tendo a atitude no minuto seguinte -após receber uma resposta amarga- dar um passo á frente, mostrando para ela um saco médio e prateado.

— Quer um pouco de amendoim?

— St. Stephen foi fechado - pelo que sei, para sempre - á mais ou menos... — ela fingi olhar para um relógio invisível em seu pulso, tornando o tom de sua voz irônica. -, cinquenta e cinco minutos. Se quer atendimento médico ou dar amendoins com gosto ruins para pessoas, por favor, procure outro hospital.

O desconhecido joga para trás sua cabeça, gargalhando. E Selene ainda não distinguiu o porquê.

— Os amendoins não estão tão ruins. — ele se arruma melhor, segurando com mais força a muleta - que a pouco tempo atrás, Selene nem havia a visto-, para jogar mais três em sua boca. Uma careta se formou em seus lábios, mas logo um sorriso pequenino cobriu-a. — E nem preciso de atendimento médico. Mas obrigado por se preocupar. — também soa irônico.

— O que aconteceu com a sua perna?

O garoto olha para baixo, diretamente para sua perna esquerda -enfaixada e enxada, sim, está doendo muito. Por causa da sua veste (uma camisola branca, agora, cheia de poeira e manchas de barro) dá para se ver do seu joelho até seu pé, marcas roxas e amarelas. Com alguma coisa branca tampando um pouco - que Selene pensou ser uma pomada qualquer -, o seu joelho está horrível. Por um minuto, ela quis ver a perna toda, o estrago todo. Mas depois disso, descartou esse pensamento.

— Coisas bobas. Nada grave. -sorri.

— Hm.

— Oliver.

Ela franzi sua testa.

— O que?

— Meu nome. — seu sorriso cresce um pouco mais. — Oliver, Oliver Moore.

Foi aí que todas as lâmpadas do corredor se apagaram por completo.

Selene se levantou, tocou com uma de suas mãos o braço direito de Oliver - aquele que está segurando o peso todo de sua perna - e por alguns segundos parecia, realmente parecia, que uma força maior ajudou o garoto a elevar o peso entre as duas pernas.

As luzes se acenderam novamente, e os olhos dos dois se encontraram. Castanho se misturou com o preto.

— Eu me chamo Selene.

...

— Você me ouviu, Luna?

Ela piscou várias vezes para ver que estava em movimento.Seu pulso doía, ficando cada vez mais vermelho enquanto a mão de Oliver a puxava para fora da multidão. Eram gritos de medo e guardas batendo em alguns homens raivosos. Era uma multidão de pessoas. Era um caos sem fim, pelo que parecia.

O palco não existia mais. Chelsea Parker não estava mais a vista de Selene, nem Charlie. Aonde eles estão? Ela também não sabia. Não estava mais se preocupando com o programa, já que o laboratório se foi quando virou para a esquerda de um quarteirão, feito apenas, agora, por um monte de vidros quebrados e tijolos sem a coloração vermelha clássica.

— O prefeito não é mesmo um homem de palavras honestas. — resmunga o amigo.— Devemos ir para a rua de baixo. Agora.

— O que está acontecendo?

Não houve resposta.

O chão tremeu, felizmente, eles já estavam na rua sem alcance da bomba que explodiu todos que estavam na praça.

— Fomos atacados de uma hora para outra. — Oliver estreitou os olhos para ver melhor o estrago. — Matando pessoas sem nenhuma explicação.

— Você não está triste por isso? — Selene explode de raiva. — Nem ao menos em choque? Com raiva?

As mãos do amigo tremem, como se quisessem por um minuto dar um tapa em Selene. Mas ele nunca faria isso, ela sabia. Ele colocou as mãos no casaco de veludo e a olhou sem expressão.

— Você não foi a única que se acostumou com a morte. — diz. — Não se ache por isso.

— Mas eu não estou...

A frase dela foi cortada por outra bomba, que se preencheu um pouco mais perto deles - que caíram de lados opostos e ficaram inconscientes.

No fundo da mente de Selene, bem, ela já sabia a resposta disso tudo. Latejando sem sentido algum, fazendo aquilo virar loucura. Lentamente sem resposta, rapidamente com a pergunta.

Se era só aquilo, ela não sabia. Só tinha a certeza que:

Collinwood estava em guerra consigo mesmo.


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Notas finais do capítulo

GOSTARAM? EU não muito, mas a opinião de vocês que importam para mim mim mim.
Espero vocês nos comentários