O maior crime que se pode ter é não amar. Não amar uma pessoa, não amar um amigo, não amar a sua família. Não querer amar a si mesmo. Por que se não se amar e não amar outras pessoas, como poderá ser amado?

— Delírio Insignificante, Pauline Morris e Jordan Packson.

Após a apresentação, Oliver Moore desceu as escadas olhando as costas de uma das participantes. E quando descobriu que era Laila Ayla, engoliu em seco e olhou para o outro lado. Um incrível tom de pele percorreu seu rosto branquelo.

— Kalyn não veio novamente na apresentação. — Chelsea Parker suspira desanimada.

Um garoto loiro apareceu ao lado de Oliver, que estranhamente, prendeu a respiração. Lá no fundo, sabia que o garoto era uma pessoa perigosa. Sim, Oliver se achou um mané pensando isso.

— Ela nunca vem, Chelsea. — fala. — Tente se contentar com isso.

A voz do garoto parecia melancolicamente triste e ao mesmo tempo raivosa, e Oliver pensou por um momento que talvez houvesse algo entre o loiro e a tal Kalyn. Mas depois do pensamento, apenas balançou a cabeça. Isso não era da sua conta.

Chelsea solta um suspiro e se alegrou rapidamente.

— Não vamos pensar em coisas ruins. Precisamos ir embora logo, logo. Esses doentes estão começando a me assustar. — o rosto da apresentadora fez-se em se transformar uma careta.

Por um minuto, Oliver engoliu a raiva e relaxou os ombros depois. A população era realmente doentia, mas também em todos os setores existem doentes. Menosprezar, isso o fez gostar um pouco menos de Chelsea.

— Acho que só estão esperando os eliminados do programa de saúde da Capital para já pegarem uma carona com a gente. — Laila fala normalmente, mexendo com seu polegar o anel completamente prata no dedo anelar.

— Eliminados?

— Isso mesmo, panda. — Laila deu um sorriso torto, na verdade, quase um sorriso. — As regras são que quem participa dos Jogos, bem, não pode mais ter a chance de voltar a.. — ela hesitou, tentando achar a palavra certa para que não o machuca-se. Não que Oliver se machuque todas as horas, ele preferia ser chamado de “emotivo”. —De não poder mais tentar ganhar um elemento. Mas não se preocupe, você está nos Jogos, é isso que importa não é mesmo?

Oliver não respondeu, mas sabia que isso não era tão importante ao ponto de não pensar em deixar uma amiga sozinha. Isso era importante. Estavam juntos deste o começo, não poderia deixa-la para trás.

...

— Luna!

Ela estava do outro lado da praça, com os braços junto ao seu corpo. Dando um abraço apertado em si mesma. Parecia triste, e em algum lugar, Oliver teve uma enorme vontade de correr atrás dela e reconforta-la. E era isso que iria fazer.

A cada passo que dava, sua mente se perdida, como se já estivesse certa que mesmo que corresse muito, bem, não daria tempo antes de ouvir a voz de Charlie Steven se decorrer enquanto segurava o microfone com o queixo levantado.

Oliver empurrava várias pessoas gritando coisas agradáveis como um “desculpe!”, mas pouco se importava, ele estava correndo para falar com sua melhor amiga e pedir algo com um egoísmo muito maior do que pensara ter. Ele queria dizer por si próprio, não a voz irritante e autoritária do Charlie que iria. Queria explicar, queria pedia desculpas... e sim, queria muito ser desculpado.

— The Jogos Ellen vem se aplicando desde os Tempos Sombrios, e isso acabou fazendo os deuses olharem para os humanos de outra forma. Querer se aproximar, querer abençoar e sem saber, querer voltar aos velhos tempos. — Oliver só ouvia a voz doce de Charlie pelos auto-falantes, por que seus olhos só fitavam a garota triste olhando para o nada, e claro, sentindo seu coração apertar-se contra seu peito. Sim, ele estava se achando patético sentindo isso, mas era a sua amiga. Estava só preocupado, não é mesmo?

Gotas de suor desciam sobre seu queixo quadriculado sentindo um pouco de cosquinha. Mas não estava na hora de bancar o despreocupado e coçar seu queixo. Não, ele tinha que correr e correr. No momento, percebeu de como a distancia de um lado para o outro era enorme. A praça era enorme.

— E como todos nós sabemos, depois de muitos anos, estamos novamente em uma Era de Ouro. Dominadores e não-dominadores, sejam bem-vindos a apresentação de grupos de elementos. — Charlie fora logo para o assunto principal, diferente de Chelsea, que explicou deste o começo dos tempos até a devastação da raça humana. — Stobyl’s, Nobiwl’s, Pryat’s e Siteryl’s. Vamos logo mostrar as lutas e escaladas que deram a essas equipes de cada país uma vitória devagar, mas de uma vez por todas, juntas.

As costas de Oliver sentiram o vento frio enquanto corria, sua rapidez deixava sua blusa um pouco mais levantada. Ele se arrepiou e suspirou de alivio quando sentiu a pele gélida da amiga, mesmo assim, ela estava tremendo, o que não era normal de sua pessoa.

Realmente chegou ao seu encontro, após alguns segundos –ou talvez minutos- de pura preocupação e medo de não poder se explicar. Seus lábios roçaram o ouvido dela, e acabou sussurrando algo com sua voz rouca e entrecortada por sua respiração.

— Tenho que te contar algo.

Quando ele coloca os dedos na cintura dela, sente uma eletricidade. Não é aquele tipo de eletricidade que faz um casal de apaixonados ficarem ainda mais apaixonados. Mesmo sabendo que eles não são um casal de apaixonados, a eletricidade faz Oliver se sentir melhor, apenas ele.

Selene pulou para trás o olhando assustada, colocou sua mão cor de neve em seu coração, sentindo o palpitar. Suas bochechas estavam enrubescendo, os cabelos colados em sua pele por causa do enorme calor que sentia. Parecia que acabou de ganhar uma onde de calor paranormal, já que minutos atrás, abraçou-se sentindo um frio que achou realmente ser perene.

— O que... — sua voz falhou.

— Eu não sei. — ele suspira. — Eu realmente não sei o que aconteceu.

Aqueles enormes olhos castanho-escuros o fitaram procurando a resposta também em seus olhos. Os dois se olharam rapidamente até perceberam que não havia resposta para o que aconteceu. Então, no momento, deixariam esse assunto para depois.

— Temos um problema. — ela engoli em seco, mexendo com os dedos uma de suas mechas cinzentas naquela imensa cor dourada do seu cabelo. — Lembra quando eu disse que havia algo errado com os meus testes...

— Semana passada. Sim, eu me lembro. — Oliver falou como se aquela semana fosse distante e há muito tempo, até ele se assustou com o seu tom de voz.

Parecia igualmente do garoto loiro, que especificamente, Oliver ainda acredita que goste da tal Kalyn. Mas ao mesmo tom melancolicamente triste, ele não estava raivoso. É como se implorasse mentalmente para que tudo voltasse ao normal. Sem mortes, sem jogos, sem mudanças. Ele sabia que mudanças aconteciam, só não conseguiam entrar no ritmo delas.

— Ocorreu algo realmente de errado no meu teste hoje. — ela fungou e se achou ridícula por isso.

— Me diz logo o que...

Ela o olhou com raiva e acabou soltando:

— Eu fui expulsa do programa.