A mistura de medo e tensão pairava sobre a sala fazendo com que a maioria dos presentes se sentissem desconfortáveis ao lado dela.

– Espero que tenha entendido tudo, Sakura. – Disse Tsunade seriamente.

– Isso é mais um tipo de brincadeira do Itachi? É algum jogo de tortura? – Falou Sakura assustada.

Um copo foi arremessado na parede e todos estremeceram.

– Sério que a gente precisou salvar essa garota estúpida? – Gritou Sasuke enquando andava de um lado pro outro da sala.

– Sai daqui, Sasuke. – Disse Tsunade calmamente.

– O quê? Você não pode-

– Eu mandei você sair. – A loura repetiu e nesse momento a porta foi aberta sozinha, trazendo um estranho vento frio consigo.

Sasuke saiu pela porta emburrado e bateu-a ruidosamente.

– Vou tentar explicar tudo novamente para você. – Tsunade respirou fundo e começou: - Sakura, esse mundo não é habitado apenas por seres humanos. Existem criaturas mágicas e místicas que precisam lutar pela sua sobrevivência todos os dias. Seu ex-marido Itachi é dono de uma das maiores corporações de extermínio desses tipos de criaturas que existe.

– Tudo bem, mas o que eu, ou você, ou qualquer um que está aqui tem haver com isso? – Falou Sakura assustada.

– Todos aqui presentes, inclusive você, fazemos parte desse grupo de criaturas que eles desejam exterminar.

– Por favor, senhora, pare de brincar comigo. – Disse Sakura começando a ficar irritada.

– Eu não estou brincando, Sakura. Tudo isso faz parte de um jogo de vida ou morte. Se eles querem matar a gente, nós devemos acabar com eles também. Porém, nenhum deles deve descobrir nossa identidade. Nem nós sabemos quem faz parte da corporação deles. A única coisa que sabemos é que Itachi é quem comanda tudo, mas é praticamente impossível chegar até ele. Há seguranças que alta qualidade que o vigiam o tempo todo.

– Você ficou maluca? Criaturas mágicas existem apenas em contos de fada. – Falou Sakura elevando o tempo de voz.

Uma garota de cabelos presos, louros e rebeldes se levantou da cadeira e começou a flutuar pelo ar até chegar a rosada como se o ar fizesse parte dela. Nesse instante a garota de cabelos róseos percebeu que a cor dos olhos da loura quem antes eram verdes agora estavam amarelos como duas moedas de ouro.

Sakura por um estante pensou estar vendo uma miragem, mas a loura a fitava tão profundamente que ela ficou paralisada de medo.

– Temari, eu mandei não usar nenhum poder quando ela chegasse, não mandei? – Disse Tsunade.

– Oh, me desculpe Senhora Tsunade, eu não resisti. – Falou Temari com um sorrisinho irônico de lado. Então desceu do ar e voltou a sentar tranquilamente.

Tsunade se levantou e foi até Sakura, e levantou-a gentilmente pelo braço.

– Escute querida, está muito tarde. Por que você não dorme um pouquinho esta noite aqui e amanhã podemos conversar um pouco mais. Não se preocupe, se não quiser ficar aqui nos próximos dias nós não iremos te prender. Só peço que descanse aqui esta noite.

Sakura pensou em recusar, porém Tsunade havia sido tão gentil com ela que aceitou a oferta por pura educação.

– Tudo bem então. – Disse Sakura tentando dar um falho sorriso de lado.

– Ótimo. Shikamaru, acompanhe ela até o quarto, por favor. – Falou Tsunade sorrindo.

Um garoto moreno e sem muita expressão levantou-se, vez um gesto de cumprimento para a rosada, e juntos caminharam até a porta.

– Tenha uma boa noite, Sakura. – Disse Tsunade ao passarem pela porta.

– Obrigada. – Sussurrou de volta.

O quarto não ficava muito longe da sala onde eles estavam. Era preciso apenas subir uma escadaria e atravessar um corredor cheio de outros quartos.

Sakura notou então que o menino que estava á sua frente era o único que usava armas, pois haviam varias delas nos bolsos, na jaqueta e no cinto.

O jovem parou em frente ao quarto e Sakura esbarrou nele.

– Desculpe-me. – Disse recompondo-se logo em seguida.

O garoto ignorou-a e disse:

– Este é seu quarto, tenha uma boa noite. – E caminhou para outro quarto.

Um brilho metálico reluziu e foi colocado dentro da calça jeans da rosada. Antes de chegarem à mansão foi pedido para que ela colocasse um conjunto de roupas limpas e tirasse as da casa de repouso para que fossem queimadas e nenhum vestígio fosse encontrado.

Entrou no quarto e trancou a porta. Deu uma rápida vasculhada no cômodo e agradeceu mentalmente por não ter que dormir no chão duro e frio como já estava acostumada. Aquele quarto simples era um paraíso comparado á sua cela na Sta. Aby.

Sakura examinou novamente o quarto em que estava. Era aconchegante, organizado, tinha um estilo vitoriano e um estranho cheiro de “casa de vovó” que lhe irritava. Imaginou que o cheiro poderia ser apenas um feitiço para ela se sentir mais a vontade na casa.
Andou até uma poltrona de couro preto que estava no canto e pousou seu corpo sobre ela. Quase não acreditava no que havia acontecido há poucas horas atrás.
A menina colocou a mão na cintura da calça jeans e de lá tirou um objeto metálico. Lembrou-se de como foi fácil tirá-la da jaqueta do garoto Shikamaru. O brilho metálico do revólver hipnotizava a Haruno como uma canção mortal. E no embalo da canção colocou o revólver mirado em sua cabeça. Sentiu novamente o cheiro de “casa de vovó”. Respirou fundo e colocou o dedo no gatilho.
Ela sabia o que precisava ser feito.