O Coração da Rainha escrita por Ami


Capítulo 12
Estamos Indo!


Notas iniciais do capítulo

Girls maravilindas, como estão? Eu estou ansiosíssima! Essa semana tem REIGNNNN!!! Não sabemos se trará boas notícias para as mashers, mas fazer o quê?
Fazer o quê? LER!!!! A fic ta ficando boa! Leiam leiam! Ah, coloquei a prévia nas notas da autora para não embolar! Bjusss :*



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– Bash!

Corri como uma desesperada até ele, mas fui segurada pelos guardas. Não consegui avançar nem mais um passo.

– Bash! Bash! Larguem ele! - Estavam açoitando-o! Um carrasco musculoso de capuz ricocheteava a chibata nas costas dele. Estalos de pele arrebentando-se eram ouvidos em todo o pátio. Bash não gritava, mas grunhia. Respirava aceleradamente enquanto trituravam-no. Havia sangue salpicado no chão.

– Soltem ele! Deixem ele! - eu gritava. Esperneava.

Diane não estava ali. O rei assistia quase tomando a mesma atitude que eu. Ele, pelo menos, tentava parecer firme. Os músculos do carrasco se contraíam numa força enorme. Rasgando a pele do Bash com uma violência sem igual. Ele tinha uma mordaça na boca, para não morder a língua. Suado, sanguentado. Mordendo forte aquele pano para suportar cada chibatada. Estava na sétima, pela contagem do carrasco. Fiquei chorando, empurrando todos para tentar salvar o meu Bash. Meu Bash.

O barulho era terrível, um som seco do chicote estalando no ar e arrebentando nas costas dele. Por minha causa Bash estava sofrendo. Cada golpe era direto no meu coração. Ele respirava com dificuldade, seus músculos se contraindo. Seus olhos fechados, apertados. Com certeza ardia, queimava! Uma dor lancinante.

Oitava.

Inspirar, expirar. Morder o pano com força.

Nona.

Inspirar, expirar. Prender. Cerrar os punhos, aguentar a última.

Inferno.

Joelhos dobrados, suor queimando as feridas. Uma alma machucada: a minha.

E fim. Fui correndo até ele, tirar a mordaça de sua boca. Bash não gritou, pelo menos não enquanto eu estava ali. Soltei as mãos dele, estavam presas por uma série de panos. Henry foi embora, provavelmente se matar.

– Bash, por favor... Diga que está bem, por favor.

Ele estava sentindo uma dor terrível. Não falou nada. Estava machucado, com marcas horríveis nas costas, fraco, cansado. Eu segurei o rostinho dele e o beijei nas bochechas com todo o meu carinho e desespero, dizendo:

– Já acabou, já acabou, Bash. Eu sinto muito te fazer passar por isso... Eu sinto tanto!

Bash respirava com dificuldade. Com certeza o chá que Diane tinha me dado me fez dormir até tarde. Bash tremia, tentava apalpar algo em que pudesse se firmar. Diane estava chegando com um cantil de água. Disse:

– Por Deus, afaste-se dele, todos estão notando!

A multidão tinha os olhos em mim e as mãos na boca. Boatos estavam sendo gerados. Olhei para o rosto de Francis. Ele estava assustado, triste pelo irmão e mais triste ainda por mim. Eu não estava nem aí. Segurei o rosto de Bash e olhei em seus olhos assustados:

– Vai ficar tudo bem, ok? - dei a água na boca dele, que bebeu com angústia e pressa.

Então o irmão veio ajudá-lo. A multidão se dispersou, ciente de que o seu rei não poupava nem os filhos na prática da justiça.

Bom para ele. Para mim nada estava bom.

Francis não disse palavra alguma. Ajudou Bash a vir até o quarto dele e despejou-o na cama. Bash sentia dor, sentia dificuldades para andar. Em seguida, puxou-me pelo braço até a porta e fechou-a.

– Que ceninha foi aquela, hein? - Francis falou borrifando cuspe no meu rosto. Limpei.

– Você não sabe? A cena de uma pessoa que está preocupada com outra! - a resposta era óbvia.

– Ele quis te incriminar, Mary! - Francis parecia disposto a me dizer o que ele achava ser verdade.

– E você caiu nessa? Não, Francis, as ervas eram minhas e você sabe disso. Eu quis usar de bruxaria, sim! Pra esse casamento acontecer logo e podermos nos casar. Eu não quis fazer mal a ninguém, só o bem ao meu povo! Estou errada, é claro que estou! Afinal ser uma boa líder nunca significou ser uma boa pessoa. Mas o Bash me livrou da fogueira! Ele é capaz de se sacrificar por mim, você é capaz de quê?

Abandonei-o aos próprios pensamentos.






Bash






Cada parte do meu corpo latejava. Minha pressão tinha que se normalizar. Cada gota de água que minha mãe derramou nas feridas me causou gritos.

– Agora você grita, não é? - ela indagou. Secou uma lágrima do rosto e continuou limpando – Isso é pra você aprender a não se sacrificar pela mulher dos outros.

– E eu devia esperar o Francis fazer alguma coisa? - eu lacrimejava, pegando outro pano para colocar na boca e grunhir à vontade - Ele não fez nada, mãe. Ao menos, nada efetivo. Se dependesse dele, Mary estaria enforcada ou queimada.

– É a lei, filho.

– Pela lei, estaríamos mortos – eu rangia os dentes ao falar – Meu pai disse que a mataria se soubesse que é bruxa – gemi esganiçadamente.

– Que ele não saiba, então. O que torna os reis fracos é sua incapacidade de colocar o coração no que fazem. Você está colocando demais.

Minha mãe passou uma pasta nos meus ferimentos. A pasta esfriou uma porção da minha pele e fez parar de arder. Agora gemi de alívio.

– Gosta de bruxaria agora? - ela perguntou – Esse é um remédio do boticário da cidade. É bom para assaduras e queimaduras, achei que seria bom usar em você.

– Passa mais, por Cristo – pedi, com meus olhos quase fechados. Eu estava sentado na minha cama e ela passava aquele creme branco nos meus ferimentos. Minha mãe era meu anjo da guarda. Só então comecei a respirar direito sem sentir tanta dor.

Então, Mary passou por baixo da mesa, pela passagem e minha mãe teve uma taquicardia.

– Como essa menina chegou aqui? - ela quase derrubou os cremes.

– Túneis – Mary respondeu – Nossos quartos são conectados... - os olhos da minha mãe se arregalaram – Mas não fizemos nada de errado.

– O que quer com meu filho? - lady Diane já ia tomar as rédeas da situação e expulsar Mary do quarto, quando interrompi.

– Mãe... - eu a cutuquei, com voz baixa – Por favor, deixe que eu mesmo cometa os meus erros...

Ela me olhou bem, uniu as mãos à altura das coxas e foi embora.

Assim que a porta bateu, Mary pegou algumas ataduras. Já estava ficando boa naquilo. Colocou-as sobre meus ferimentos com a pasta e os fechou com uma perigosa rapidez. Gemi nos momentos em que não deu para aguentar. Os lençóis cheios de sangue ainda estavam esparramados ali. Sei que Mary se assustou.

– Como conseguiu aguentar?

Não respondi. Quem disse que eu aguentei? Ainda está doendo, queimando, ardendo. Cada dedo que ela toca na minha pele parece uma vela encostando e enfiando com força. Era muita força numa região muito pequena da ponta da chibata. A pele não resistiu. Havia sulcos em minhas costas. Dez, é claro. Fendas de bordas arrebentadas. Eu tinha que resistir, pelo menos na frente dela. Não sei como ainda estava consciente.

– Eu faria de novo, Mary. Eu faria por você - não conseguia calar a droga da minha boca. Minha imensa e enorme boca. Lá estava eu me declarando para a Mary como jurei que nunca mais faria quando fui procurar os pagãos na floresta para salvar a vida dela. Poxa vida...

Mary segurou minha mão e acariciou meu rosto. Eu estava suado, manchado de sangue. Ela não se importou. Segurei a mão dela em meu rosto e a beijei. Eu não aguentava. Eu não conseguia aguentar! Aquele contato era forte demais! Se Mary soubesse o poder que tinha sobre mim, me deixaria de joelhos, prostrado para sempre. A verdade é que esse amor já dura tanto tempo que não me conheço sem ele.

– Poderia ter sido pior. Poderiam ter sido quinze – comentei, sussurrando.

Quando Mary colocou o último esparadrapo na atadura, se acumulasse as dores que me provocou, poderia-se considerar onze chibatadas.

Fiquei olhando para ela, a expressão constante de dor.

– Vou deixá-lo descansar – ela arrumou as mechas de meus cabelos que caíam no rosto. Eu parecia uma múmia de tantas ataduras – Quero que pare de se sacrificar por mim, Bash. Eu não tenho nada a oferecê-lo em troca.

– O bom de sermos amigos é que não há necessidade de recompensas – amigos...

– Não é justo...

– Eu sou seu amigo independente de você querer ser minha amiga, Mary. Quero só o seu bem, nada além disso. Mary...

Coloquei o cabelo dela atrás da orelha para ver bem seu belo rosto. O rosto mais bonito de todos.

Ela estava hesitante.

– Nunca mais faça isso. Olhando você ali... eu acho que preferia ter sido queimada.

– Meus ferimentos vão sarar... Quem pode sarar a morte, Mary?

Ela me abraçou como pôde. Sei que tentou não tocar minhas costas, abraçando meu pescoço, mas tudo já estava doendo, mesmo. O cheirinho dela de perfume de flores frescas era estonteante. Fiquei inebriado.

– Eu te devo a minha vida. O que posso fazer? - ela me perguntou, apertando minhas orelhas.

– Vivê-la – soltei um sorriso apesar da dor. Mary respirou fundo.

– Eu não ia contar a ninguém, mas não vou conseguir - pausa - Bash, estou indo embora.

– Como assim? - por um segundo a dor sumiu.

– Todos sabem que eu pretendia fazer a bruxaria. Todos sabem que você se sacrificou por mim. Eu sei que não sou mais bem-vinda aqui. Nunca fui, na verdade. Sempre fui uma opção.

– Esse castelo também é meu, se não sabe – mordi os lábios e cocei a testa por causa da dor. Meus dedos estavam comichando. As pernas formigavam – E para mim você é mais que bem-vinda.

– Você foi a pessoa que, nesses dois dias que lhe conheço, mais se preocupou comigo aqui. Então eu devia, pelo menos a você, um adeus.

Mary beijou minha bochecha. Segurei seu rosto no meu para que o beijo fosse longo.

– Mary, não vai – meus olhos estavam cheios de lágrimas – O que vai ser de mim sem você?

Eu tenho certeza que minha voz segurando os soluços e minhas sobrancelhas tremendo e tentando não chorar foram a coisa mais patética que ela já viu. Contra todas as expectativas, provoquei algum sentimento bom nela, porque ela abraçou minha cabeça, colocando-a em seu ombro, num gesto materno.

– Não adianta, essa não é a minha casa, estou fazendo papel de idiota aqui. E fazendo mal a pessoas legais como você.

– Mary – consegui levantar meu braço para abraçá-la, talvez fosse nosso último contato. Não consegui controlar as lágrimas – Está me dizendo adeus, Mary?

– Não – ela sorriu.

– Como assim? - milênios se passaram naquele segundo – Não entendi. O quê?

– Quero que você vá comigo, Bash. Você aceitaria?






Mary






Bash foi a pessoa que mais fez algo por mim em menos tempo. Bash era a pessoa que eu queria por perto. Ele não tinha medo de me proteger, ele gostava de mim de verdade. Ouviu minha pergunta e fez uma carinha de bebê. Começou a secar o rosto com a atadura do pulso, que fiz nele ontem. Estava chorando.

– Ora, não chore – ele cobriu o rosto com o braço e ficou chorando – Você não quer ir?

– É tudo que eu quero, Mary – ele secou os olhinhos – Eu quero cuidar de você, quero te proteger. Sempre quis.

Bash cobriu o rosto com as mãos e ficou chorando. Mas por quê?

– Bash, por que está chorando?

– Porque você me quer por perto, Mary – eu o abracei de novo. Mexi nos seus cabelinhos escuros – E eu sempre quis ficar perto de você.






–--






– Lola, você não vem? - perguntei.

– Voltar à Escócia? Onde eu não consegui um bom partido? Se aqui não tenho chances, quem dirá lá!

– Kenna? - voltei-me para a que costumava ser minha melhor amiga.

– Ah, Mary, eu queria muito muito voltar com você e rever minha família – ela segurou minhas mãos já com pena da minha reação – Mas eu prefiro ficar aqui a voltar para casa!

– Entendo – fiquei chateada com elas. Mas acho que eu entenderia. Dei esperanças a elas e só porque meu sonho se espatifou, não tenho direito de acabar com a graça delas também.

– Além do mais... Acho que estou começando a flertar com o rei – ela me deu uma piscadinha.

– Kenna! Isso é uma coisa muito séria! O rei adora Diane!

– Ela já está velha. Não deve estar dando conta do recado. Ele me olha direto – Kenna se abanou com seu leque.

– Ah, Kenna – suspirei – Se você diz... Só não quero que se arrependa depois.

Nós três nos abraçamos. Nada de despedidas. Eu sentia falta de Aylee, mas nem tanto. Fui embora e as deixei em um lugar que, rogo eu, seja menos hostil a elas do que foi para mim. Também cometi erros graves que espero que elas não cometam.






– Tem certeza que os ferimentos não vão abrir? - perguntei a Bash. Éramos só nós dois.

– Não me importo! – ele estava feliz da vida. Bash era uma pessoa incrível. Agora parecia uma criancinha comendo o doce favorito feito pela vovó. Um doce feito de paraíso.

– Olha, desse jeito não vou deixar que vá comigo.

– Não seja boba! - ele deu partida no cavalo. Pobre Bash, estava todo ferido e acabado. Mas estava feliz. Eu também podia ficar.

– Vamos ver quem chega primeiro à estrada?

– Bash, espere! Você não pode correr!

Olhei para trás por um instante. Francis estava olhando-nos de sua janela. Ele jamais me aceitaria naquele castelo de novo. Diane estava na porta, dando adeus. Ela teria que controlar a fúria de Henry depois.

Francis...? Francis nunca me perdoaria.

E agora, já não me importava tanto.







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Notas finais do capítulo

"O coração nunca deixa passar. Minha pulsação ficou acelerada. Eu já tinha sentido isso antes.
— Bash, eu... - inspirei – Eu gosto muito de você de verdade... e...
— E...? - ele arregalou os olhos e segurou meus ombros – E...?????"
.
"- Ah, Mary. Onde está seu noivo? Vá atrás dele – minha mãe ficou rindo, passando a mão nos braços de Bash, no rosto – Meu Deus, quem é esse galã?"
.
"- Calada – mostrei os cinco dedos para ela para que parasse de falar – Acho que agora vai pensar em mim – coloquei minhas mãos nos peitos dela e apertei. "
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ATÉ MAIS, GALERA DA BAGUNÇA!
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