Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 85
Capítulo 84


Notas iniciais do capítulo

Foi só eu falar que tava tendo altos picos de visualização que os número baixaram de vez =/ Mas tem capítulo BOMBÁSTICO e tô nem aí! Hora de ver se as teorias de vocês estavam certas... O que acho muito difícil ^.^

Enfim, ENJOY!



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Em menos de 24h estou novamente sozinha com o Max. E ele não é um professor. Pelo menos não de Gestão de Pessoas II, não de Administração. De repente tudo está tão claro... E tão absurdo também.

Estamos na sala do diretor, na faculdade. Estou sentada na cadeira, encarando a mesa, mas muito atenta à presença dele, atrás de mim. Posso sentir seu perfume, posso ouvir seus passos e quase posso ouvir também sua respiração. No ambiente reina o silêncio. Ele mesmo havia pedido um tempo para Fabiano e Djane para conversar comigo a sós. Isso depois da pequena reunião em que estivemos nos últimos minutos.

– Eu queria deixar muito claro, senhorita Milena, nunca foi minha intenção algum tipo de assédio. Acho que fomos muito mal interpretados, não?

Bote mal interpretado nisso. Aperto a região abaixo de meus olhos e passo as mãos pelo rosto, ainda descrente de todo esse papo. De ter um policial disfarçado na faculdade. De Max ser um policial investigativo. De estar rolando de verdade.

De ver que há algo muito maior envolvido.

E eu fui um alvo dessa investigação. Ou ainda sou, não sei. Acabei chamando atenção por não chamar atenção. Pode isso? Por ter meu nome na boca de tanta fofoca, por ter uma relação direta com uma das professoras, por ter amigos e conexões com os grandes suspeitos. Por ter estado envolvida em mais de uma situação com André! Era como ver uma das minhas teorias malucas de conspiração se tornando realidade. Era... surreal demais.

– Mal interpretados é uma boa colocação. O senhor não foi muito feliz em suas abordagens.

– Estava tentando ganhar sua confiança. Queria mostrar que poderia contar comigo. Que...

– Como eu disse, o senhor não foi muito feliz na hora de me abordar.

Não nos viramos um para o outro, Max permanece às minhas costas e eu fico apenas a ouvir os sapatos dele indo de um lado para o outro. Eram, no entanto, passos calmos e concentrados. Calculados, quem sabe.

Ninguém quis me dizer sobre do que se trata a investigação por exato, mas posso imaginar que é sobre aqueles lances que o Sávio havia me contado – Max não parece ter conhecimento que eu sei. O que foi dito é que há alguns detetives trabalhando disfarçados na instituição e Max é um deles. Existe algum tipo de esquema que eles estão atrás e existe essa armação toda porque há alguma coisa muito séria rolando por aqui, tão séria a ponto de ser preciso investigadores mais incisivos e de trabalho disfarçado (infiltrados!) pra sacar mais dos envolvidos e dos esquemas.

Djane foi uma das escaladas pra manter o disfarce, é ela quem está treinando Max, para dar aulas específicas. Por isso que ela estava fazendo extra aos finais de semana, por isso que ela parecia exausta. Apesar de não ter assumido as turmas, ela ainda toma de conta. De tudo. Renato mesmo havia me perguntado sobre um comportamento estranho dela. E era isso.

Apesar de Max ser muito comunicativo, ele tem um pouco de dificuldade em certos tópicos das matérias e isso ficou muito claro naquela aula estranha dele. As primeiras aulas foram muito boas porque era um conteúdo mais razoável e era como um começo. Conforme as matérias foram acumulando, ele foi se embaralhando. Por isso aquela aula foi tão ruim, Max estava confundindo aulas de outras turmas com a nossa!

Quando foi mesmo que eu entrei num filme? Em uma analogia bem singular, era como estar em Matrix e o Morpheu me ofereceu a pílula azul e a pílula vermelha. Isso significava viver em ignorância ou viver conhecendo a real realidade. Eu podia escolher, assim como eles, de mandar a real pra mim. Eles preferiram me mandar essa real, em vista de interesses maiores. E eu... adivinha que pílula escolhi.

Será que Sávio sabe disso?

Imagino que sim. Ele é um dos informantes da polícia. Max é da polícia. Mal posso acreditar que tem polícia na faculdade. A que ponto chegamos!

Claro e determinado, Max continua.

– Quero deixar claro que nunca te cantei.

– Mas flertou.

– Fazia parte dos recursos investigativos e... Olha, Milena, entenda que eu não tentei nada com você. Mas precisei checar algumas informações e você estava nelas. Vários alunos e funcionários estão. Existe uma investigação aqui e só decidimos abrir o jogo com você por... por nossa situação ter chegado onde chegou. Uma acusação como aquela poderia me expor e expor toda a operação. E precisamos estar bem próximo de todos para extrair as informações que necessitamos. Estamos correndo um risco aqui. E é por isso que pedimos que não comente com ninguém. É crucial mantermos isso em silêncio. Além disso, você pode ser uma de nossas informantes.

– Informantes?!

– Preciso fazer algumas perguntas. Não agora, não hoje, apenas saiba que estamos de olho. Se você passar essa informação pra frente, vamos saber. Se você faz parte de algum esquema ou tentar quebrar a ação dele, vamos saber. Entenda que não tem ninguém brincando aqui.

Só de ter ele presumidamente me acusado, me enfureço. Mas me seguro, pra não complicar pro meu lado. Se fazendo nada, sou suspeita, imagina fazendo cena. Tento por fim me convencer que este é o trabalho dele e até aqui ele pode estar me manipulando para verificar se há algo mais para extrair de mim.

– Eu NÃO estou envolvida. Mais cedo ou mais tarde vocês vão se tocar disso.

– A situação não anda favorável, só isso que posso lhe dizer.

Engulo a eminente raiva e pego minhas coisas ali na quina na mesa, onde havia deixado. Não dava pra entrar em classe desse jeito, ficaria muito evidente minha chateação. Além de que eu não conseguiria me concentrar na aula com essa dor de cabeça que começava a doer de verdade. Me levanto e finjo que encaro ele enfim, pois apesar de estarmos frente a frente, eu não olhava diretamente.

– Posso ir agora?

Ele não diz nada, só abre a porta pra mim. Antes que eu passe por ele, Max insiste num último recado.

– Não esqueça, estamos confiando essa informação com você. Não nos decepcione.

– Tudo bem, pelo bem da operação, pode deixar. Só... nunca mais me chame de lindinha ou algo do tipo. Eu odeio.

Ele ri, na minha cara, por eu ter dito isso entredentes e então assente.

– Me parece justo.

Assim que passo pela porta, me lembro de algo e retorno antes que ele feche a porta ou alguém apareça. Luto pra não transparecer tudo o que estou sentindo no momento. Chamá-lo de professor agora parecia tão... errado. Mas era necessário por motivos de aparências.

– Professor?

– Sim?

– Aquela história de não saber de onde o senhor me conhecia... Era verdade? Ou foi mais um recurso para se aproximar de mim?

– Foi... verdade. E eu descobri na festa em que nos encontramos. No dia do seu depoimento na delegacia com o Ramos... Eu estava lá. Averiguei o caso por acaso e vi as filmagens dos depoimentos de todos. Estava avaliando alguns trabalhos daquela delegacia e, bom, você estava dentre eles.

– Isso influenciou na sua impressão sobre mim? Para ser mais incisivo na investigação, digo.

– Não tive muito o que pensar após descobrir esse fato, mas, sim, isso me fez ser mais incisivo ontem. Achei que o fato de você não querer denunciar uma suposta invasão como aquela era sinal de que você poderia guardar muito mais coisas. Suas ações podem revelar muita coisa por debaixo das aparências. Presumi que sua perturbação poderia ter a ver com... Enfim, não imaginei que era por minha causa em específico.

– Pra um detetive, você deveria ser mais imaginativo, professor.

E saí, sem pensar duas vezes em apenas seguir meu caminho para fora da faculdade.

~;~

Murilo está em casa, constatei por ver seu carro na garagem. Quando ele me ouviu passar a chave na porta da rua, já podia ver pela janela da sala que ele se levantou estranhando minha entrada tão cedo. Quando enfim me arrastei pra entrar em casa, ele mesmo abriu a porta da sala. Lá a tv tava ligada, o som relativamente baixo, passava algo que eu não me atentei bem, mas não devia nem ser o jornal principal ainda. Era muito cedo mesmo.

Meu espírito também logo foi notado e nem fiz questão de esconder.

– O que aconteceu, mana?

– Só estou indisposta, achei melhor vir pra casa.

Coloquei a chave na mesinha de canto do lado da porta e joguei meu material e bolsa em cima da mesa de estudos, na ala seguinte à sala. Murilo veio logo atrás.

– Ontem você também não tava legal.

Claro, ontem foi aquele rolo esquisito com Max. E mais esquisito com Fabiano.

Mas eu podia dizer isso a meu irmão? Infelizmente não.

Esfreguei as têmporas quando fiz que descansava apoiada em uma das cadeiras dali da mesa de estudos. Murilo parecia cuidadoso.

– É só uma dor de cabeça chata.

– E qual dor de cabeça não é chata?!

Fiz que ri um pouco pela piadinha boba, arrisquei puxar um pouco a linha de minha boca, mas não havia muito o que fazer além disso. Tirei meu celular da bolsa e ajeitei as coisas para não ficarem amontoadas por ali. Pensei que Murilo fosse deixar quieto, como ontem, ou mesmo oferecer algum chamego, também como ontem, e eu só podia querer um banho no momento, porém, assim que passei por ele para me dirigir ao corredor, ele perguntou, muito incerto do que falar:

– Hey, você... você não tá... hum... tomando demais daquelas... daquelas pílulas, está?

Não nego, a primeira coisa que pensei foi na maldita pílula de Morpheu em Matrix e na vermelha que eu havia escolhido. Logo mais, a ficha considerou que era coincidência demais ele tocar justamente no nome pílula e veio o entendimento de que ele falava de outro tipo. Um bem específico, os contraceptivos.

Noutro momento, eu poderia ter uma reação totalmente diferente. Se explosiva ou se gargalhante, mas do jeito que me encontrava, já não tava muito aí para o que Murilo tentava referenciar ou tomar isso como algo ruim. Ele só estava sendo cuidadoso mesmo. Como eu não falei nada e parei no caminho, meu irmão esclareceu:

– É que ouvi falar que essas coisas dão algumas reações nas mulheres.

– Não, Mu, pode ficar tranquilo, não é nada disso.

Pra falar a verdade, estava tão indisposta que nem conseguia falar sobre esse tipo de pílula ou outra mais. Murilo, por outro lado, quis se certificar do que poderia ser para saber o que fazer comigo.

– É um mal-estar do tipo de... ir ao hospital? Ou marcar consulta?

É do tipo que possa envolver delegacia e detetives.

– É só uma dor de cabeça mesmo. Vou apenas tomar um banho e comer alguma coisa. Tem jantar? Você preparou algo?

– Na verdade não. Mas deixa que vou conseguir algo bom pra você.

– Valeu, Mu.

Assim que saí do banho um tantinho mais revigorada, na cozinha me esperava um belo prato de caldo, que ele sabe que adoro. Estava morninho e comer algo do tipo era o que realmente eu precisava no momento. Cada colher parecia aplacar a dor de cabeça. Na mesa comigo, meu irmão assistia o jornal à distância, enquanto me perguntava – e eu respondia tudo com calma – sobre quaisquer hábitos que pudessem estar me prejudicando. Coisas como alimentação, se eu estava comendo doces demais, doces de menos, se frituras demais, frituras de menos, se houve algo que poderia me fazer mal e tal. Fui indo nessa vibe e melhorando aos poucos.

Isso até Djane ligar.

Quando estive no ônibus, ela me ligou, mas eu preferi não atender. Ao chegar em casa, nem me lembrei disso. Ignorei tudo, até as mensagens que chegavam pouco a pouco no meu aparelho. Só havia mandado uma, para o Bruno, avisando que eu tinha me retirado mais cedo.

Foi bom que nessa hora que tocou, o Murilo tinha se levantado para ver alguma notícia de jogo do time dele, e eu pude levantar da mesa sem que ele viesse atrás. Fui para a área do terraço com a desculpa de que a Tv tava num volume alto e assim atendi.

– Alô, Milena, onde você está?

– Em casa, descansando.

– Ah! Pensei que... Ah, querida, tem sido muito para sua cabecinha, não?

– Aposto que para a sua também, Djane. Tô melhor. Só... precisei me afastar.

– Poderia ter me avisado. Com quem você voltou?

– Com o motorista.

– Que motorista?!

– O do ônibus, Djane. Eu não ia tirar ninguém de sala só pra me trazer.

– Mas Milena... Ok, eu entendo. Posso passar na sua casa mais tarde, para conversarmos melhor sobre isso. Acho que foi muita coisa de repente e... O que você acha?

– Na verdade, estou sem ânimo. Só quero descansar mesmo, professora, agora que a dor de cabeça deu uma trégua. Acha que pode avisar pro Vini? Tô pensando em desligar o celular por um tempo.

– Tudo bem, querida. Qualquer coisa, pode me ligar. E, Milena?

– Oi?

– Eu fiz de tudo para não mentir para você.

– Entendo, Djane. Agora eu entendo.

Ao desligar e me virar para entrar, lá estava meu irmão, sereno, encostado na porta aberta e ouvindo minha conversa. Ou pelo menos o que eu dizia a Djane. Murilo detinha os braços cruzados e o olhar baixo, de repente muito triste.

– Então aconteceu algo, não é? Você não quer contar.

Ele não estava forçando a barra, estava só... constatando um fato. Um fato que lhe entristecia. Amassei um lábio no outro e abaixei a cabeça, engolindo a seco. É claro que eu queria contar, e não era como outras vezes, que meu senso me gritava para ficar calada, dessa vez eu... Eu não podia. Estava impedida oficialmente.

Pela polícia.

– Não nego que há algo rolando, mano, mas pode ter certeza que quero muito poder falar a respeito. Tô a ponto de transgredir só por falar pra você. Mas a verdade é que não posso. Há algo bem maior que eu ou você.

– Tudo bem.

Ele assentiu e se virou, sem nem ao menos me olhar. E eu... eu quebrei.

Não porque estava impedida, não porque pareceu que eu não confiava o bastante, mas, sabe, quando você chega em um ponto alto e negar tudo isso é de um esforço que não vale a pena? E, droga, tinha muita gente sabendo demais, pro bom e ruim da história. Nessa hora o que quebrou em mim foi essa noção. Eu que tanto tento ser uma boa pessoa e sou investigada. Os bons é que estão na mira. E que mal eu faria nisso? O que Murilo saber poderia fazer de diferente? Ele não derrubaria uma operação inteira e ele entenderia o quão sério é isso. O Murilo... ele mudou.

Caramba, até pro caso do seu Júlio e do Vinícius no outro dia, ele tava dando uma de calculista. MURILO CALCULISTA! Quer dizer que ele sabe onde tá pisando e sabe que é preciso muita cautela. E eu... eu preciso saber que ele está comigo. Melhor, eu preciso dele nessa comigo. Não era como ter a palavra de Djane, nem o apoio de Bruno ou a resignação de Sávio. Talvez seja essa minha prova de verdadeira mudança, estar apta a abrir mão de mim ou do outro para transmitir de fato a confiança que um dia se foi. As coisas, afinal, não devem só partir do meu irmão.

Nos quinze segundos que fico ali plantada sozinha no terraço encarando a porta onde ele esteve é o bastante pra eu decidir em ser egoísta nesse momento. Me mexo como se tivesse tomado um choque e é bem provável que seja um. Um choque de realidade.

– Espera, Murilo!

Entro em casa de novo e fecho a porta. Murilo está logo mais a minha frente, indo para a cozinha, os ombros baixos, sem muita vontade até para falar, resignado com minha resposta anterior. Eu mal consigo pensar, porque não sei mesmo como ou por onde começar. Só sei que... algo sai. Assim, no calor do momento, sai algo de supetão.

– Eu só vou ajeitar as louças ali pr...

– A polícia está na minha faculdade.

– O q...?

Mal dou tempo para ele se recuperar e metralho de novo.

– Tem detetives atuando como funcionários e eu descobri... por acaso. E eu sei muito mais coisas que também descobri faz um tempo. Coisas que a polícia não sabe que eu sei...

Muito embora eles saibam no que diz respeito a Sávio, pois Sávio é um informante direto, ou imagino que seja a mesma operação. Eu não poderia perguntar diretamente sem quebrar a confiança que Sávio repassou a mim. O fato é que eles não sabem é que eu sei, que nisso também estou envolvida. Se soubesse, é muito provável que as coisas poderiam complicar pra mim. Nesse caso, é bom omitir, afinal, não seria uma grande contribuição eu desviar a atenção da operação e pelo jeito, são muitas as pessoas em que estão de olho.

– Mas...? Que porr...?

– Contrariando a ordem do policial, Mu, eu vou te contar tudo que eu sei.


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Notas finais do capítulo

Mano... MANO! Uma investigação. Policiais infiltrados. Suspeitos. Conspiração.

A-DO-GO!



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