Foi isso mesmo que ele disse? Ele morreria por mim? Ele nem me conhece direito! Que garoto sem noção. Lindo. Porém, sem noção.

– O que você disse?

– Que eu não deixarei você morrer. Você é meio surdinha. – Soltou um riso abafado

– Não foi isso seu idiota. Foi a outra frase.

– Você tem uma mania de me chamar de idiota, não é Srtª Dixon? Isso é amor encubado.

Agora ele revira as páginas, sem prestar muita atenção no que eu digo. Ele sabe que isso me irrita. E é isso que ele quer, simplesmente pelo fato de que eu deveria começar a gritar com ele. É uma maneira de desviar o assunto, para não repetir a frase.

– Isso é tudo para não dizer que morreria por mim? – Gargalhei – Pensei que você era ousado demais para desviar de um assunto.

– Eu não desviei de assunto algum. Pois Diferente de você, quando eu fizer isso, ninguém vai perceber. Eu sou ousado, mas na medida certa. Se eu fosse extremamente ousado, já teria te beijado – Ele riu de canto. Devo admitir que isso fora um pouco sexy.

– Esta fazendo isso de novo. Desviando do assunto. Eu só gostaria de saber o porquê que você morreria por mim.

– Katherine, você é linda de mais pra morrer. Seria um erro de minha parte se eu deixasse a oitava maravilha do mundo falecer. – Que cantada ridícula. Mas devo confessar que eu corei um pouco.

– Já encontrou a página que procurava? – Ignorei sua última frase

– Você não é nem um pouco ousada. É incapaz de desviar de algum assunto sem que alguém perceba.

– Para de encher o saco e me ensina logo como dominar o ar! – Que garoto insolente. Pensei como a minha ex-psicóloga.

– Vamos lá pra fora. Sabe, não quero que você derrube a minha casa.

– Eu não faria isso. Só se eu estivesse do lado de fora. – Mais um ponto pra mim

– Não acho que mataria a única pessoa com quem tem comunicação e que pode te ajudar a dominar os poderes. Seria burrice. – Parou – É. Você faria isso.

–Esta me chamando de burra.

– Não. Apenas de mentalmente desorientada.

Andamos e discutimos mais um pouquinho. Logo me encontrei à beira do lago que eu supostamente nasci.

– Esse será o seu ponto de treinamento. – Falou sentando-se. Me juntei à ele – O que você acha que esta fazendo?

– Me sentando. Ou já invertemos os papéis e eu fui rebaixada do meu cargo de rainha?

– Então, acha que sentada vai aprender a manusear o ar? – Arqueou a sobrancelha – Levante-se logo! – O fiz.

– E agora? O que está escrito nesse livro?

– Diz aqui, que dominar os quatro elementos é uma coisa bem simples. Mas que é aprimorada com o passar do tempo. Para a fada ou bruxo dominar o ar, deve-se esvaziar a mente totalmente. Imagine que é um pássaro, o seu favorito.

– Uma fênix.

– Você já viu alguma fênix?

– Não. Mas elas são tão lindas pelo que a mitologia diz.

– Fênix são estranhas. Elas são pretas. Seus olhos são totalmente brancos, não enxergam. Dizem por aí que elas não enxergam para não se enganar com os rostos angelicais das pessoas, por isso que quando elas gostam de alguém é por causa da personalidade e faz de tudo para manter essa pessoa viva. Ela pode tirar e pôr a vida de quem quiser.

– Eu também gosto de corujas.

– Não dá pra pensar que é um pombo, uma arara, um urubu, ou uma arara? Pense em uma coisa mais simples.

– Aí diz que é para pensar no meu pássaro favorito. E é uma coruja. Continue a ler.

– Ok. Imagine que é um pássaro, o seu favorito. Suas asas orientam para onde o vento deve ir. Norte, sul, leste, oeste. Você manda. Movimente suas asas – Foi o que eu fiz, ordenei o ar/vento contra o meu rosto e ele obedeceu.

– Eu estou conseguindo! – O vento parou – O que aconteceu?

– Kathy, inicialmente, você é um pássaro, foque apenas nisso. Pássaros não falam. Não as espécies que eu conheço.

– Se homens podem virar lobos, porque animais não podem falar?

– Isso não é comigo. Reclame com a mãe natureza.

Escutei alguns cantos.

Só agora percebi que uns 15 animais observavam o meu treinamento.

– Agora temos público – Thommas falou – Se você quer que a plateia aplauda, faça as coisas corretas. Faça aquilo novamente, mas ouse mais. Se é que consegue.

– E o que você sugere que eu faça Tom? – Esse foi o apelido que eu dei a ele antes do meu treinamento. Era para ser irritante, mas ele gostou. Idiota.

– Me levite. Você já fez isso uma vez Katherine. Disse-me que acordou levitando e que colocou Carolina contra a parede, sem contato com o chão. Faça isso comigo. Só não me enforque. – Debochou.

– É fácil rir desse assunto, já que não foi você que matou uma garota. - Exclamei

–Minha adorável Katherine. – Riu um pouco – Eu mato garotas da sua idade todo dia, praticamente. Até hoje não me arrependi de ter matado nenhuma.

– É diferente. Você é meio vampiro. Vampiros são frios. Não fazem questão de matar alguém.

– Você acha que eu sou frio? – Gritou. Estremeci. Agora ele segurava os meus braços fortemente. Alguns animais se aproximaram mais de nós, certos de que se houvesse mais um movimento da parte de Thommas eles avançariam – Se eu fosse realmente frio eu não teria te acolhido na minha casa, dobrado o risco que eu tenho de morrer e já teria sugado até sua última gota de sangue – Foi soltando pouco a pouco meu braço– Só não esqueça que você também tem tendência de ser fria. Bruxos são tão frios quanto os vampiros.

– Não precisava ter sido tão rude comigo. Amanhã eu ou acordar com marcas de dedos nos braços. – Reclamei.

– Fique feliz pelo simples fato de não acordar com marcas de dentes no pescoço ou com sua pele rasgada. Ou seja, fique contente por poder acordar amanhã.

– Isso foi uma ameaça? – Cerrei os olhos.

– Eu não ameaço. Ou eu faço ou eu não faço. Agora vamos voltar ao treinamento.

– Eu não estou mais afim – Virei em direção ao caminho de volta para minha atual casa.

– Então você acha que é assim Dixon? Cada dia que você fica sem treinar é um dia a mais que o inimigo ganha para se aproximar e poder mata-la. – Suspirou – É isso que você quer? Morrer?

– Lembro-me, que hoje, alguém disse que morreria por mim.

– Acontece que esse alguém não esta disposto a morrer em vão.

– Então você mentiu? – Odeio mentiras.

– Não estou dizendo isso. Apenas quero que você saia viva dessa. Até porque eu não hesitaria em morrer para te dar mais um segundo de vida ou para que sua morte seja a menos dolorosa possível. – Devo admitir que isso fora extremamente inconveniente para esse momento.