Sam, Dean e Adam saíram do quarto após matarem os dois bruxos. Massageavam os ombros pela dor que sentiram ao lutar contra eles. Admitiam que tinha sido difícil.

– Caramba! - Adam exclamou. - Aquele cara chutou meu braço!

– Pois é. - Sam concordou. - Ele lutava bem. Mas a mulher não fica pra trás.

– Verdade. Algum problema, Dean? - perguntou observando o irmão que olhava para os lados.

O rapaz fingiu que não ouviu e levantou a garrafa de champanhe, mostrando a eles.

– Cadê a Kate? - Sam perguntou.

– E-ela... - Dean gaguejou.

– Dean!

– Eu deixei ela aqui...

– Era pra você ter ficado com ela!

O loiro passou as mãos no rosto, nervoso.

– Ela saiu bêbada? - Adam perguntou exaltado. Sem esperar por resposta, ele saiu pela porta dos fundos.

Sam lançou um olhar repreendedor ao irmão mais velho e saiu também. Dean balançou a cabeça e a abaixou.

Adam procurava a irmã ao redor da mansão e Sam seguia para o carro. Dean fez o mesmo e Adam acabou cedendo.

– O que aconteceu, Dean? - ele perguntou para o loiro que estava sentado no banco do passageiro.

Ele não respondeu.

– Responde. - Sam disse ainda olhando para a estrada, tentando não levantar a voz.

– Eu só deixei ela sozinha e fui ajudar vocês.

– Ela tava bêbada! Será que você não pensou...

– Para de culpar ele! - Adam protestou.

– Mas a culpa é dele! - o olhou.

– Eu sei! - o loiro aumentou o tom de voz. - Não precisa me lembrar!

– Não sei como pôde fazer isso! - apertava o volante.

*

Kate estava andando pela rua deserta de cabeça baixa. O que ela mais queria era tirar o vestido antes que algum cara se aproximasse.

– Kate. - Anna apareceu na frente dela.

– O que você quer? - perguntou seca.

– Conversar com você.

– Não vai rolar. - virou as costas.

– É sobre a Pedra Negra. - a menina parou de andar.

– O que tem ela?

O anjo olhou para os lados e estendeu uma muda de roupa para a garota, que pegou e entrou em um bar atraindo olhares de alguns homens. Quando voltou, elas se sentaram no chão no fundo de um beco pouco iluminado, escolha de Kate, esta que não estava nenhum pouco sóbria.

– O que faz aqui? - Anna perguntou.

– Fugindo dos meus irmãos.

– Por quê?

– A Pedra.

– O que ela tem a ver?

– Aqueles babacas estão brigando por causa dela. Ficaram sabendo que se eu não extrair o poder dela para mim eu morro.

– E eles acharam?

– Não, pode ficar tranquila.

– Ah! Eu estou!

– O que você quer falar?

– Kate, você saiu da cola dos seus irmãos por que não os quer brigando por sua causa, certo? Então você faria qualquer coisa para tirá-los de tudo isso?

– Aonde você quer chegar? - perguntou balançando a cabeça.

– Posso te ajudar, Kate.

– E como? Sei muito bem que você quer me matar!

– Não, eu não quero. Aposto que Castiel enfiou isso na sua cabeça! Ele sempre quer...

– Na verdade, ele disse o contrário. Mas eu não consigo imaginar outra coisa que você possa querer! Então, será que dá pra você desembuchar logo?

– Vamos por partes. Tem se sentido diferente? - ela perguntou como se cumprisse uma lista.

Kate decidiu responder de uma vez.

– Mais ou menos. Tenho ficado mais exaltada.

– Exaltada como?

– Estressada; irritada.

– Desde quando?

– Pouco antes de descobrir que preciso da Pedra. Antes de eu fazer o que não devia com a telecinese.

– O que você fez?

– Matei quatro anjos.

Anna ficou repentinamente séria e pareceu ainda mais interessada.

– Matou anjos? Então, você... já está bastante forte!

– Não exatamente. Castiel disse que eu não devia ter feito aquilo sem a Pedra.

– Não coloque tanta confiança nesse anjo. Você nem precisa que seus irmãos digam que Castiel já mentiu sobre coisas importantes, não é?

– Mas de qualquer forma eu sei que fiz muito esforço quando os matei! - ela insistia em defender o anjo.

Não era sobre Castiel que Anna queria falar então, pôs fim na discussão, perguntando:

– Sabe... a lenda sobre você? Que diz que você vai virar uma pessoa má e vai...

– Eu não vou fazer nada daquilo! - interrompeu. - Não vou matar ninguém! Apenas vou continuar sendo a caçadora que eu sempre fui!

– Kate, você acha mesmo que vai conseguir? Certo. De qualquer forma você vai ter que achar a Pedra, se não vai morrer. Disso você sabe e não tem como fugir. Mas eu sou muito mais velha que você e sei muito bem do que aquela pedra é capaz de fazer com qualquer um que extrai o poder dela. - o anjo começou a sorrir. - É a melhor sensação do mundo, Kate! Você se sente mais forte, mais capaz... e realmente é isso! E, aliás, quem te garante que você não vai matar ninguém? Todo caçador tem seus inimigos. Você então!

– Matar o Zachariah não seria má ideia...

– Tá vendo? Era aí que eu queria chegar! - Anna se levantou, agitada. - Você, Kate, devia estar agradecendo aos seus irmãos por estarem praticamente se matando para encontrar a Pedra Negra e te salvar! E... bom... eles podem estar querendo alguma em troca também...

– Não fala assim deles! - a menina se levantou e ficou de frente para o anjo, apontando o dedo pra ele. - Nunca mais fale mal dos meus irmãos na minha frente!

– Por que os defende? Lembra quando começaram a te olhar torto depois que Castiel disse que você poderia matar os humanos?

Por causa do álcool, Kate não prestou muita atenção no que ela falara, então apenas perguntou:

– Como sabe disso?

– Tolinha, Zachariah e eu estamos o tempo todo te observando. Assim como Castiel faz com vocês... Que foi? - Anna perguntou ao ver a cara atônita da menina. - Não são só os "anjos da guarda" que olham vocês, não!

– Sobre eu querer matar alguém... por que me perguntou sobre isso?

O anjo continuou encarando a menina por alguns minutos até que resolveu falar.

– Kate, se você achasse a Pedra, qual a primeira coisa que faria com ela?

– Não sei, mas não mataria ninguém se é o que quer saber.

– Não. Quando acharmos a Pedra - "Quando"? Kate pensou franzindo a testa. - quero me aliar a você.

A menina continuou olhando-a estranho.

– Se aliar à mim pra que?

Anna cerrou os dentes nervosa com a proposta que iria fazer.

– Quando você tiver a Pedra... quero me juntar à você e... te ajudar. O que você quiser fazer eu te ajudo. Como se eu fosse sua assistente.

– Mas você não quer isso de graça, não é? - a menina disse sorrindo cínica e cruzando os braços.

– Não... - ela respondeu séria. - Quero que me dê uma parte do poder que você vai tirar da Pedra.