POV Percy

E você deve estar pensando “Ótimo, Percy já sofreu o suficiente, já encontrou até uma carta da Annabeth, agora ela vai voltar a respirar e tudo vai ficar bem.” Acreditem, eu queria que isso fosse verdade. Mas, como eu tenho essa “maravilhosa dádiva” de ser um semideus eu acabei sonhando com a Annabeth, mais uma vez.

As coisas começaram mais ou menos assim: Eu estava deitado na cama olhando para o teto, esperando eu começar a sentir tédio e dormir, quando eu estava quase fechando os olhos o cheiro do cabelo da Annabeth invadiu o quarto e por mais que eu tentasse eu não consegui ficar acordado, minhas pálpebras de repente pareciam mais pesadas que o céu - acreditem, eu sei o peso do céu – e eu dormi. Pouco tempo depois eu acordei e arregalei os olhos, não era possível, não! Não a trariam de volta sem a minha presença.

– Vai ficar me olhando com esse rostinho lindo até o tempo acabar ou vai se mover? – disse a voz mais linda do mundo.

– A-nnie, eu...você...

– É um sonho Percy, acha que aquela árvore tem o cheiro dos meus cabelos á toa? Eles precisam de algo que faça parte de mim, algo que as pessoas gostem, uma memória marcante e que traga uma boa sensação, é por isso que eu estou conseguindo falar com você agora. – explicou Annabeth e eu corri para abraça-la, mas algo me impediu, como um campo magnético, como uma parede invisível.

– Por que eu não consigo te abraçar? – perguntei batendo na barreira

– É um sonho Percy, quase uma alucinação, eu que estou provocando ele, o máximo que eu consegui foi isso. – explicou Annabeth e eu abri a boca pra dizer tudo o que eu queria mas Annabeth e precipitou – eu não estou mais tão fraca, eu sei que a Sophie está me mantendo viva, eu sei que ela é incrível e que ela está sentindo a minha falta, mas proteja ela, se for preciso não me traga de volta, apenas proteja ela.

– Claro que não Annabeth! Vamos te trazer de volta e vamos protegê-la, vai ficar tudo bem. – eu disse

– Temo que não Percy, eles estão caçando a Sophie, eles vão usá-la em um sacrifício para fortificar os monstros, eles vão criar resistência á bronze celestial e a ouro imperial, a qualquer arma que possa feri-los, se for preciso não me traga de volta, apenas proteja nossa filha. – ela insistiu

– Annabeth, vamos te resgatar hoje mais cedo, e vamos proteger a Sophie, ok? Eu li a carta que você deixou, e eu te entendo, só tenho algumas dúvidas, quando você voltar vamos ter tempo o suficiente pra tudo isso. Você vai poder pegar a Sophie e vai poder cuidar dela comigo, eu sinto tanto a sua falta, de tudo, eu sinto falta até dos seus defeitos, quando você voltar nós nunca mais vamos sair de perto um do outro ok? – disse olhando em seus olhos, que continuavam lindos.

– Sim, sempre juntos. – ela disse e deixou uma solitária lágrima cair, fiz a menção de enxugá-la mas fui impedida pela barreira.

– Droga. – murmurei e ela soltou um risinho – o que foi?

– Você cresceu Cabeça de Alga, e ainda sim continua com o rosto mais bonito do mundo. – ela disse

– Você seria linda até com 100 anos de idade. – respondi

– Não quero viver tanto. – ela disse

– Nunca mais repito isso! Depois que você voltar não vou deixar nada te machucar e você vai viver muito tempo. – respondi

– Eu não me importo em viver muito, desde que seja com você e com a Sophie, tudo vai ser perfeito. – ela disse e começou a tossir, como se estivesse ficando sem ar.

– Annie está tudo bem? – perguntei (NA: Percy e suas perguntas...)

– O... tem-po...est-á...aca-bando...acorde...rá-pido – Annabeth disse e eu demorei muito a entender que teria que acordar, já que por mais real que aquilo tudo parecesse era apenas um sonho. Fui até a cama e bati meu joelho contra ela, o que me fez sentir dor e assim eu acordei em sobressalto.

Ai eu percebi que já estava de manhã, e que tudo aquilo tinha sido um sonho, mas o que me deixou mais triste foi o fato de que eu não pudera dizer “Eu te amo” pra ela, eu dizia aquilo milhares de vezes, e sempre, sempre fora verdade, daquela vez também seria, mas eu não tive tempo. “Quando você voltar vai cansar de ouvir isso Annabeth”. Ouvi batidas na porta.

– Entra. – murmurei e minha mãe entrou no quarto com um sorriso radiante.

– Bom dia! – ela disse abrindo o guarda-roupa e separando minhas roupas.

– Bom dia. Mãe, você não precisa mais separar minhas roupas, eu já estou bem grande, do tipo que separa a roupa que a filha vai usar. – eu disse

– Eu sei, mas hoje é o dia em que a Annabeth vai voltar, você precisa estar apresentável, faça a barba e penteie os cabelos, por mais difícil que isso seja. – ela disse – separei uma roupa super bonitinha para Sophie.

– Você não pegou nada muito curto né? Não quero que os garotos...

– Ela tem 7 meses Percy, só cabe em macacões ultra pequenos. – disse a minha mãe como se explicasse isso a uma criança de 5 anos.

– Ok. – respondi revirando os olhos e pegando uma toalha para tomar banho.

Após tomar banho vesti a roupa que minha mãe tinha separado para mim. Era uma blusa social azul (é necessário falar que abri um sorriso ao ver a cor azul?), com uma calça jeans simples (se fosse pra escolher as roupas que eu uso pra ir á faculdade eu mesmo escolheria). E fiz a barba, deixando ela bem aparada. Lembrei-me de quando Annabeth me disse que gostava da minha barba.

Flashback ON

Quando ainda morávamos no Acampamento.

Eu acordei e Annabeth estava vestindo minha blusa do Acampamento, dei uma risada lembrando da noite passada.

– Bom dia. – disse Annabeth me dando um selinho, puxei ela para o meu colo e dei um beijo de tirar o fôlego nela.

– Ótimo dia! – respondi e ela riu

– Que foi? – perguntei

– Sua barba, está maior do que eu gosto, mas não precisa mudar isso te dá à impressão de mais maduro. – ela respondeu

– Eu ia tirar, mas já que você gostou, vou deixar. – respondi e ela sorriu.

Flashback OFF

Quando eu já estava pronto, me dirigi á sala em que a cerimônia seria realizada, pela primeira vez observei o corpo de Annabeth, ela estava pálida, muito magra, e seus cabelos não tinham mais o mesmo brilho, enfim, ela estava realmente morta. Mas logo estaria respirando, e sorrindo para mim. Minha mãe segurava Sophie, Thalia e Grover estavam do outro lado da sala, Atena, Poseidon e Apolo estavam perto da porta e eu me posicionei perto do corpo dela, alguns irmãos da Annabeth também estavam no quarto, e me surpreendi quando vi o Quíron e um garoto alto e magro, com roupas escuras ao lado dele, aquele era Nico DI Ângelo? A última vez em que o vi ele estava forte, saudável, pensei que depois de tanto tempo ele encontraria alguém e seria feliz.

– Olá Percy. – disse Quíron se aproximando.

– Olá Quíron. – respondi apertando sua mão – a quanto tempo o Nico voltou ao Acampamento?

– Uns três meses depois de vocês fugirem, ele estava em missão, e foi amaldiçoado, ele está se tratando. – respondeu Quíron

– Ah sim, entendo. Eu estou bem ansioso, acha que eu deveria comprar flores pra ela... ou um anel? Eu quero preparar algo interessante, algo que Annabeth quer muito e que eu ainda não tenha dado pra ela. – eu disse

– Acho que ela vai querer descansar Percy, não sabemos se ela vai voltar totalmente bem, totalmente lúcida, apenas a deixe descansar. – ele aconselhou e eu assenti

– Ok. – me limitei a responder.

POV Nico

E então, eu estou aqui, juro que não queria estar, eu estava bem, numa boa, viajando nas sombras, ficando com garotos e garotas, até me obrigarem a embarcar numa missão e eu ser amaldiçoado, e agora que eu estou quase me recuperando, Quíron me obriga a sair do Acampamento pra ajudar o Percy e a Annabeth. Justo agora, quando eu consigo supera-lo. Pra fazer esse ritual eles necessitariam de alguém que tivesse alguma conexão com a morta, por que eu estou aqui? Quíron me disse que eu sou necessário porque já tentei trazer pessoas de volta á vida, mas logo depois me disse que ela não morreu qual o sentido de tudo isso? Só sei que preferia estar em qualquer lugar, menos aqui.

– Olá Nico. – disse Percy tocando no ombro me fazendo arrepiar. Droga! Não posso demonstrar nada!

– Oi. – respondi seco, tentando não olhar em seu rosto, olhei para baixo e fui subindo o olhar, e fiquei sem palavras, Percy de barba era muito, muito bonito. Eu tinha que manter o foco, então eu desviei o olhar para o outro lado da sala. E então dei de cara com a Thalia, que desviou o olhar para qualquer outro lugar, Thalia é tão linda, seus cabelos, seus olhos, tudo nela era tão perfeito. “Por que eu sempre desejo o que não posso ter?”

– Eu vim dizer obrigado, por estar aqui e nos ajudar a trazer Annabeth de volta. Você já viu a Sophie, minha filha? – perguntou Percy, juro que quis revirar os olhos.

– Não. – respondi.

– É um bebê adorável, se quiser vê-la me avisa – o olhei cético. - deuses, pareço um idiota querendo mostrar minha filha pra todo mundo... quando tiver o seu ou a sua vai fazer o mesmo. – ele disse. Eu simplesmente odeio crianças, pra que ter uma? Eles fedem, fazem barulho, enfim, são insuportáveis.

– Talvez. – eu disse

– A cerimônia vai começar em 5 minutos, então fiquem em seus lugares, e tentem lembrar-se de todos os momentos bons que viveram, dos momentos que fizeram suas vidas valerem a pena. - disse Apolo em voz alta. Ótimo! Eu nem tenho momentos bons mesmo.

Percy estava ansioso, quem não ficaria no lugar dele? Estava na cara que toda aquela simpatia comigo era forçada, eu sabia que ele estava diferente, aquilo tudo parecia seu último obstáculo até a sua provável felicidade, por alguns instantes eu quis estar no lugar dele, sim, ele não estava muito feliz, a namorada dele estava “morta” (eu juro que não percebi a morte dela, pelo contrário, quando eu cheguei à casa senti que Annabeth estava lutando), depois que Annabeth voltasse Percy, ela e a pirralha viveriam felizes pra sempre, com monstros enchendo o saco quase sempre e com um sorriso no rosto que conforme os dias ficaria cada vez mais falso, mas eu sabia que Percy e a Annabeth se amam, sim eu já fui afim do Percy, quando ele não tinha namorada, quando ele era mais novo e não tinha uma vida resolvida, agora ele tem uma família, já está na hora de eu parar de chorar por não estar no lugar dele, por pelo menos poder ficar com quem eu quiser, por poder daqui a uns 20 dias sumir de novo e todo mundo se esquecer de mim.

– Vamos começar, preciso que repitam comigo: Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! (N/A: pra quem não sabe, eu assisto The Vampire Diaries, e esse é um feitiço usado na série para ressuscitar pessoas, por isso, usei ele aqui, o link do site no qual eu peguei esse feitiço está nas notas finais!)

– Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! – nós repetimos, eu conhecia aquelas palavras, uma vez fiquei com uma filha de Hécate e ajudei-a com algo do tipo, também percebi que algo no local estava diferente, como se... o feitiço estivesse dando certo. – Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! – repetimos mais uma vez e as luzes piscaram, tudo aquilo me parecia tão cliché que se zumbis brotassem do chão eu riria e Quíron provavelmente me daria uma bronca por não levar nada daquilo á sério. – Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! – repetimos mais duas vezes e o aparelho que estava ligado aos batimentos cardíacos da Annabeth apitou e Percy arregalou os olhos, será que se eu revirasse os olhos alguém notaria? - – Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! Vitas Fasmatis, Ex Saleto, Revertas Fasmatis! Ut Victas, Victas Fasmatis, Ex Saleto! – e no fim da frase os batimentos dela já estavam normais. Pronto, Annabeth estava viva.

Continua...