POV PERCY

Depois que todos chegamos ao consultório/casa de Apolo e nos instalamos em nossos respectivos quartos fui tomar banho, os banhos pra mim eram como uma escapatória pra tudo o que estava acontecendo, era quase como estar com Annabeth, mas nada proporcionava sensação melhor do que estar com ela, então acho que comparar seria errado.

O quarto de Sophie ficava ao lado do meu e nossos quartos tinham uma janela na qual eu conseguia observar Sophie, o que me deixava mais tranquilo, o quarto em que o corp- digo, a Annabeth estava internada ficava em frente ao meu. A casa de Apolo tinha dois andares, em baixo ficava a sala, uma cozinha, uma biblioteca, uma sala de jogos, um playground (sem utilidade, tendo em conta o fato de que Sophie não tem nem 1 semana de vida), uma sala de jantar e dois banheiros, mas o que eu mais gostei foi do jardim, talvez por que tivesse um limoeiro que tinha o mesmo cheiro do cabelo da Annie, ou porque quando o vento soprava a brisa com cheiro dos bons momentos em que eu vivi com Annabeth ia especialmente para o meu quarto, ou porque imaginar Sophie correndo naquele jardim era ter certeza de que tudo ficaria bem. Só sei que aquele jardim era melhor do que os jardins do Olimpo, ou de qualquer outro lugar; na parte de fora do andar de baixo, além do jardim tinha uma piscina de água doce gigante, e também tinha uma churrasqueira (até porque, vamos comemorar a morte da Annie com um churrasco), enfim era uma casa grande, mas ainda sim preferia minha casa, não era muito grande, eu tinha me acostumado com aquela casa, era onde eu estaria se Annabeth não tivesse “entrado em coma” – Apolo me recomendou falar e pensar como se a Annabeth não tivesse morta, e sim em coma, ajudaria na hora de trazer ela de volta – mas acho que não tenho coragem de voltar lá sem Annabeth.

Estava entediado no meu quarto, tentando me lembrar de algo que me tiraria daquela “depressão-pré-ressurreição-da-Annabeth”, (N/A: Ignorem o nome do estado do Percy, mas foi o máximo que eu consegui, aceitem.) até me lembrar do álbum de gravidez da Annabeth, ele estava guardado na bolsa que Annie sempre arrumava, era a bolsa em que estavam guardadas as roupas de Sophie, fui até o quarto de Sophie e vi que ela estava dormindo, e se a pouca experiência que eu tenho com bebês serviu para algo, foi para me nunca me fazer esquecer de que acordar bebês prematuras é a pior coisa do mundo, uma prova disso foi que quando eu entrei no quarto dela o barulho da maçaneta foi o suficiente pra ela acordar e começar a chorar. Droga! E lá fui eu fazer ela dormir de novo.

– Shh, hey, eu estou aqui, é só você dormir okay? – sussurrei tentando fazê-la dormir, até que lembrei de uma canção, que minha mãe cantava pra mim quando eu era criança. –

Bem no fundo da campina, embaixo do salgueiro
Um leito de grama, um macio e verde travesseiro
Deite a cabeça e feche esses olhos cansados
E quando se abrirem, o sol já estará no alto dos prados

Aqui é seguro, e aqui é um abrigo
Aqui as margaridas te protegem de todo perigo
Aqui seus sonhos são doces
E amanhã serão lei
Aqui é o lugar onde sempre lhe amarei

Bem no fundo da campina, bem distante
Num maço de folhas, brilha o luar aconchegante
Esqueça suas tristezas e aquele problema estafante
Porque quando amanhecer de novo ele não será mais tão pujante

Aqui é seguro, e aqui é um abrigo
Aqui as margaridas te protegem de todo perigo
Aqui seus sonhos são doces
E amanhã serão lei
Aqui é o lugar onde sempre lhe amarei

Aqui é o lugar onde sempre lhe amarei

Quando terminei a canção, os olhos de Sophie que antes estavam fixos em mim se fecharam, eu tinha conseguido colocar ela pra dormir, caminhei em passos lentos e silenciosos até o móvel onde estava guardado o álbum,peguei-o e sai do quarto. Ufa! Senti um certo orgulho por ter feito Sophie dormir, (NA: Coloquei essa canção para acabar com os sentimentos de quem é Tributo e também pra fazer uma homenagem a Hunger Games!!). Voltei para o quarto com o álbum em mãos e quando o abri não pude deixar de sorrir, tinha o cheiro de Annabeth, era bom lembrar dos seus dedos finos folheando as páginas com um certo orgulho, sentia falta até dos defeitos de Annabeth. As primeiras nove páginas do álbum representavam os nove meses da gravidez, mas infelizmente as duas páginas finais estavam vazias, toquei o rosto de Annabeth na foto. “Eu sei que você vai voltar Sabidinha.” Quando não estávamos nos beijando, estávamos fazendo caretas, mas sempre estávamos sorrindo, Grover e Thalia também faziam parte de algumas fotos e riam conosco. Mas fiquei mais triste pelo álbum estar vazio, por em algumas fotos o sorriso de Annabeth não ser verdadeiro, eu guardava um pouco de raiva de Annabeth por ela ter escondido os sonhos de mim, por que ela não tinha confiado em mim? Eu impediria a morte dela, eu teria feito qualquer coisa pra ter ela de volta comigo, quantas vezes eu iria ter que provar pra ela que nunca a abandonaria? “Só queria um pouco mais de confiança.” Balancei a cabeça espantando esses pensamentos, talvez ter raiva de Annabeth só mataria mais ela, foquei nas lembranças e uma em especial me atingiu.

FlashBack ON

Annabeth e eu tínhamos acabado de chegar do consultório, seria a segunda ou terceira ultrassom de Annabeth, era o quarto mês de gravidez e nós estávamos falando sobre o quarto de Sophie, Annabeth dizia que o quarto de Sophie era com certeza seu projeto arquitetônico mais complexo, e mesmo não sabendo nada de Arquitetura eu sabia que um quarto de bebê não era algo muito difícil, Annabeth projetava prédios com facilidade, porque um quarto seria complicado? Ela estava ansiosa pra contar a minha mãe e a Thalia o quanto Sophie já havia crescido dentro dela.

– Eu sei de uma coisa que vai acabar com toda essa sua ansiedade. – falei descendo as mãos por sua cintura.

– Ual! Você sabe de alguma coisa! – brincou Annabeth e eu me fingi de ofendido – Ok, o que?

– Música, e eu pisando no seu pé. – respondi

– Ainda bem que reconhece que não sabe dançar. – disse Annabeth

– Lembra quando resgatamos o Nico e a Bianca? No dia em que você foi seqüestrada? – perguntei

– Sim, eu ia te falar que entraria para a caçada, sabe que aqueles dias segurando o céu me fizeram mudar de idéia? – falou Annabeth

– Se eu pudesse impedir, eu tentei, mas você foi mais rápida e...

– Eu pensei em você pra ficar viva, eu queria estar viva pra te falar que entraria pra caçada, mas desisti, eu tinha minhas dúvidas sobre você, pensei que não voltaria por mim, pensei que eu te irritava o suficiente pra você não ligar. – ela admitiu, aquilo me atingiu, mas não consegui ficar bravo com ela.

– Você me irritava o suficiente pra eu não ligar, mas eu voltei por você é isso que importa, eu pensei em você pra ficar vivo, eu penso em vocês duas até quando vou respirar, faz o ar valer mais a pena. – respondi e ela me olhou como se eu fosse superior a ela, como se não me merecesse - não me olhe assim, eu só sou assim graças a você.

– Eu não te olhei como se você fosse superior a mim, se foi isso que pensou. – ela era orgulhosa demais pra admitir. – mas, você fica muito sério ás vezes, está crescendo, embora não precise.

– Ok, Sra. Adulta, estou agindo assim por que tenho que ser mais responsável, saiba que eu nunca te vi tão infantil como agora. – respondi

– Somos um caso perdido, acho que é pior que O curioso caso de Benjamin Button. – disse Annabeth e nós rimos

– Voltando a parte da sua ansiedade, lembra de quando dançamos? – perguntei

– Sinto dores nos pés até hoje. – Annabeth respondeu

– Prometo que agora não vou pisar no seu pé. – disse e liguei nosso aparelho de som e por ironia das Parcas começou a tocar Small Bump. (NA: Escutem, é perfeita : http://www.youtube.com/watch?v=A_af256mnTE )

You're just a small bump unborn

In four months you're brought to life

You might be left with my hair

But you'll have your mother's eyes

I'll hold your body in my hands

Be as gentle as I can

But for now you're a scan of my unmade plans

A small bump in four months, you're brought to life

A small bump in four months

you'll open your eyes

(Você é apenas uma pequena saliência, ainda não nasceu

Em quatro meses será trazido à vida

Você pode ter o meu cabelo

Mas seus olhos serão os de sua mãe

Vou segurar seu corpo em minhas mãos

Serei o mais gentil que puder

Mas, por enquanto, você é uma imagem do que eu não planejei

Uma pequena saliênca, em quatro meses será trazido à vida

Uma pequena saliência, em quatro meses

Você abrirá seus olhos)

And I'll whisper quietly and give you nothing but truth

I'll hold you tightly

I'll give you nothing but truth

If you're not inside me, I'll put my future in you

(E sussurrarei bem baixo e não lhe direi nada além da verdade

Vou segurar você firme

Não lhe direi nada além da verdade

Se você não está dentro de mim, colocarei meu futuro em você)

You are my one and only

And you can wrap your fingers round my thumb and hold me tight

Oh, you are my one and only

You can wrap your fingers round my thumb and hold me tight

And you'll be alright

(Oh, você é meu e único

Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme

Oh, você é meu e único

Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme

E você vai ficar bem)

You're just a small bump unknown

You'll grow into your skin

With a smile like hers and a dimple beneath your chin

Finger nails the size of a half grain of rice

And eyelids closed to be soon opened wide

A small bump, in four months you'll open your eyes

(Você é apenas uma pequena saliência desconhecida

Você vai crescer em sua pele

Com um sorriso como o dela e uma covinha debaixo do queixo

Unhas dos dedos do tamanho de meio grão de arroz

E as pálpebras fechadas que logo se abrirão

Uma pequena saliência, em quatro meses você abrirá seus olhos)

And I'll hold you tightly and tell you nothing but truth

If you're not inside me, I'll put my future in you

(Vou segurar você firme e não lhe direi nada além da verdade

Se você não está dentro de mim, colocarei meu futuro em você)

You are my one and only

And you can wrap your fingers round my thumb and hold me tight

And you'll be alright

(Oh, você é meu e único

Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme

E você vai ficar bem)

You can lie with me

With your tiny feet

When you're half asleep

I'll leave you be

Right in front of me

For a couple weeks

So I can keep you safe

(Você pode deitar comigo

Com seus pezinhos

Enquanto você estiver quase dormindo

Vou deixar que fosse fique

Bem na minha frente

Por algumas semanas

Para que eu possa manter você seguro)

'Cause you are my one and only

You can wrap your fingers round my thumb and hold me tight

You are my one and only

You can wrap your fingers round my thumb and hold me tight

And you'll be alright

(Você é meu e único

Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme

Oh, você é meu e único

Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme

E você vai ficar bem)

You were just a small bump unborn

For four months then torn from life

Maybe you were needed up there

But we’re still unaware as why

(Você era só uma pequena saliência que não tinha nascido

Quatro meses, e então, desprovido da vida

Talvez precisassem de você lá encima

Mas ainda não sabemos por quê)

Ao final da música eu já estava beijando Annabeth, ela estava chorando, ela me abraçou forte como se não fosse me soltar nunca mais.

– Ei, é só uma música, não precisa chorar, eu preciso respirar ok? – falei e recebi um soco no ombro – e preciso do meu ombro também.

– Não! Não é só uma música, é perfeita, a letra é perfeita! – disse Annabeth

– Ah sim, a diferença é que ela será igual a você, totalmente. – respondi

– Ela vai ter os seus olhos, seus cabelos, sua pele, sua lerdeza, é assim que eu quero. – disse Annabeth

– Sua teimosia, sua inteligência, e vai prender os cabelos loiros quando ficar nervosa. – falei

Ficamos ali “viajando”, pensando nos próximos filhos, imaginando o futuro e rindo. No final Annabeth tinha dormido, e eu fiquei fazendo carinho em suas costas e sentindo o cheiro de seu cabelo. “ Ela pode até ter meus cabelos, mas vai usar o mesmo shampoo que você”.

FlashBack Off