The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 36
A Esquecida


Notas iniciais do capítulo

Olá bolinhos, como vocês estão? Eu estou me sentindo maravilhosa!
Vou ter que reescrever as notas porque uma leitora acaba de me ameaçar no WhatsApp dizendo que irei morrer se não postar agora. Ok, né.
Estou muito contente por ter terminado esse capítulo antes do previsto ♥ Sei que alguns não chegaram a ler o capítulo anterior, mas espero que acompanhem logo e comentem hein kkkkk
Esse é um dos melhores capítulos da história na minha opinião e um dos melhores que já escrevi.
Divirtam-se! Boa leitura.



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Cada célula do meu corpo me mandava correr para abandonar todo aquele cenário e voltar para Sparks onde eu era apenas uma garota comum com sua vida medíocre e não uma criatura quase imortal com o dom de dominar a magia.

A pessoa vestida inteiramente de preto diante de mim não tinha uma estatura mediana e parecia ser magra e ágil o suficiente para me matar se desejasse.

– Saiam daqui – rosnou a voz feminina – Meus assuntos são apenas com a Knight.

As pessoas ao meu redor se afastaram, alguns se desculparam ao fazer isso como se sentissem que minha sentença de morte estava assassinada. Alex não moveu um músculo sequer.

– Essa é a pessoa que tentou te matar? – perguntou.

– Sim – respondi engolindo em seco.

Quando me tornei uma covarde? Na última vez não tive medo algum de enfrentar a garota vestida como um ninja arriscando minha própria vida. Como se um botão fosse ligado na minha cabeça percebi que estava sem meu talismã.

– Alex – murmurei baixo para que só ele ouvisse – Busque meu amuleto no quarto, ele está dentro de um livro da J. Foster.

– Você está louca? – ele parecia incrédulo com meu pedido – Eu posso te proteger dessa pessoa.

– Não, Alex – encarei Red que nos observava – Eu tenho que enfrenta-la sozinha.

– Você vai morrer antes que eu retorne com o amuleto.

Se a situação fosse outra teria agradecido ao servo da Morte pela animação que me deu no meu único ato de bravura, mas não estava na hora de brincar. Encarei tentando dizer que precisava da confiança dele naquela situação. Pude detectar insegurança de me deixar só nos olhos avermelhados antes que ele suspirava e desaparecesse nas sombras.

– Seu animal de estimação? – perguntou como se achasse graça.

– Meu amigo – respondi mesmo sabendo que era mentira. Alexander é mais que um amigo.

– Isso é bom – Red puxou uma katana que estava presa em suas costas – Pelo menos você vai ter alguém para chorar em seu enterro.

Concentrei-me no ar ao meu redor que estava quente e agitado pela respiração dos sobrenaturais e a movimentação que eles faziam tentando salvar aqueles que eram atingidos pelas bolas de fogo lançadas pelo dragão no céu.

Se lutar é minha única escolha o melhor é estar preparada para isso.

Foi uma questão de segundos ou talvez menos que isso, em uma hora eu tinha toda a atenção da Red e na outra ela havia mudado seu alvo para os dois lobos que imaginei serem Melody e Lucas. Melody mostrou seus dentes afiados enquanto saltava na direção da garganta da Red e Lucas se aproximava perigosamente da barriga dela. Com um movimento rápido, ela acertou Melody com a katana ainda na bainha e chutou a garganta do Lucas. Ambos foram lançados para direções opostas.

– Não! – gritei enquanto tentava observar onde meus dois amigos haviam caído. Um rastro de sangue me mostrou o corpo da Melody saindo da sua transformação e retornando a sua forma humana.

– Mais bichinhos de estimação? – o escárnio na voz dela era detectável no ar – Você poderia criar um zoológico com essa quantidade de animais.

– São meus amigos – disse entredentes – Não que eu ache que você saiba o que é isso.

– Oh – sua voz estava risonha – Resolveu mostrar suas garras, fadinha?

Nesse instante Alex se materializou ao meu lado com o meu amuleto em mãos.

– Desculpe a demora – suas sobrancelhas se franziram ao ver o rastro de sangue que levava até o corpo da minha amiga. Percebi que Pudim estava ao lado dela usando um feitiço de cura.

– Chegou em boa hora – peguei o amuleto das suas mãos mantendo minha concentração no ar ao meu redor.

Criar as lâminas de ar foi relativamente fácil, mas me aproximar de Red não.

Alex se colocou entre mim e ela como se fosse um escudo, puxou a corrente prateada como no dia em que matou Marloc e uma foice apareceu em suas mãos.

– Servo da Morte? – ela não parecia surpresa – Você tem ótimos bichinhos de estimação.

– Já disse que não são meus bichinhos de estimação – tentei soar ameaçadora, mas estamos falando de mim. Só consigo ser ameaçadora quando percebo que alguém está roubando o último pedaço de pizza que eu queria.

– Não vale a pena matar alguém que se esconde como uma covarde.

Ai, essa doeu.

– Alex – chamei sua atenção – Me deixe cuidar dela.

– Você vai morrer.

É lindo ver como as pessoas botam fé na minha capacidade de me virar sozinha.

– Isso é algo que preciso fazer.

Ele deu um passo para o lado, entendi essa ação como um incentivo a seguir em frente. Dei alguns passos antes que Red me atacasse.

O ar me avisou que ela estava vindo antes que minha visão pudesse percebê-la se movendo, ergui o braço esquerdo usando a lâmina de ar para absorver o impacto da katana enquanto tentava usar a lâmina direita para atingir sua barriga. Ela foi mais rápida e se afastou vindo para trás de mim e acertando a katana na parte de trás dos meus joelhos fazendo-me cair.

Com a visão periférica, pude ver Alex se aproximando.

– Sempre se esconde atrás dos outros – a ouvi murmurar baixo para que somente eu ouvisse.

A katana foi desembainhada rapidamente e estava vindo diretamente para minha garganta, usei o ar como escudo enquanto me erguia de forma desajeitada e olhava para Alex pedindo para que ficasse onde estava.

– Você só se garante com seus truques de mágica – não era uma pergunta e sim uma afirmação.

– Cada um usa a arma que tem – respondi.

O amuleto estava quente e brilhante contra minha roupa. O calor que ele irradiava parecia me fortalecer mais.

Percebi que Alex estava ajudando alguns sobrenaturais que continuavam tentando atacar o dragão de fogo e praguejei mentalmente me culpando por ter o dispensado. Preciso ser mais decidida, quero que alguém me assista morrer ou não?

Talvez eu tivesse enlouquecido por escolher lutar sozinha contra alguém que obviamente possui mais preparação do que eu para situações assim ou estivesse apenas sendo irresponsável de uma forma irreparável, mas sentia algo dentro de mim gritar que deveria lutar contra ela por ser o certo a se fazer.

A parte de trás dos meus joelhos doía pela força que ela usou naquele golpe mesmo assim não podia fraquejar. Ela voltou a me atacar, dessa vez usou a katana como distração para acertar uma joelhada na minha barriga me fazendo arfar pela falta de ar. Se aproveitando do meu momento de distração, acertou o cabo da katana contra a minha cabeça me deixando desnorteada.

– Cada um usa a arma que tem – repetiu.

Encarei seu rosto e o ar ao redor dele, a respiração dela estava acelerada pela adrenalina que corria em suas veias. Segurei aquele ar formando uma bola ao redor do seu rosto. A katana bateu ruidosamente no chão enquanto ela se afastava com as mãos no pescoço.

– O... que... – sua voz estava fraca, isso me fez sorrir.

– Criei um escudo oval em torno da sua cabeça te impedindo de respirar – as coisas estavam girando um pouco, mas começava a me sentir melhor – Você está respirando o gás carbônico que seu corpo libera.

– Maldita – ela murmurou antes de desmaiar.

Suspirei enquanto a libertava do escudo de ar. O cansaço me deixou um pouco ofegante e os músculos do meu corpo doíam de uma forma terrível.

Um clarão se aproximou, olhando para cima percebi que era o dragão de fogo se aproximando de mim.

– Cuidado! – Alex gritou parecendo ao meu lado logo em seguida. Minhas pernas doíam muito para que eu conseguisse me mover.

O dragão desapareceu no ar, em seu lugar um garoto do tamanho do Alex com cabelos prateados e pele pálida saltou. O que mais me chamou a atenção nele foram seus olhos lilás que pareciam brilhar com luz própria se destacando na escuridão.

– Red – ele pegou o corpo da garota e checou sua respiração –Droga, eu sabia que você ia pegar leve com ela.

– Pegar leve com quem? – perguntei com a voz fraca. Ele me surpreendeu ao ouvir.

– Ora – um sorriso tão lindo quanto o de Morfeu apareceu em seu rosto – Com você, é claro.

–x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

Melody estava com as costelas fraturadas e uma hemorragia interna, enquanto Lucas havia passado por uma cirurgia e várias sessões de feitiços de cura para voltar a respirar já que sua traqueia havia sido atingida. Ambos poderiam ter morrido se as bruxas não os tivessem ajudado antes.

Foi dito pra mim que oito vampiros morreram queimados pelo fogo, mais de vinte sobrenaturais estavam com queimaduras de segundo e terceiro graus e cinco estavam em estado grave em algum lugar no subsolo onde a enfermaria ficava. Não consegui permissão para ir até lá ou fazer qualquer coisa que não fosse comer um pedaço de pão laranja que iria me ajudar a repor a magia.

– Senhorita Knight – a diretora Black saiu de dentro do seu escritório com Alex ao seu lado. O servo da Morte estava flutuando a dois centímetros do chão. Nem mesmo agora ele deixa de provocar a diretora.

– Sim? – minha voz não estava mais tão fraca quanto antes e os músculos do meu corpo estavam menos doloridos.

– Me acompanhe – dito, isso ela deu as costas e seguiu por um dos milhares de corredores.

Alex estendeu sua mão e eu me levantei do chão onde estava sentada dando uma última mordida no meu pão mágico. Seguimos o barulho que os sapatos da diretora faziam no assoalho do Instituto. Os meus instintos gritavam que algo estava errado.

O maxilar de Alex estava travado e seu rosto parecia uma máscara de preocupação. Realmente, algo estava errado.

Desci por uma infinidade de escadas passando por diversos locais que não fui capaz de identificar. Ouvi alguns gritos quando passamos pela ala hospitalar sem entrar na área dos leitos.

Quando imaginei que iríamos chegar ao centro da terra, a diretora parou diante de uma porta de ferro retirando uma chave aparentemente pesada e abrindo-a.

O local era uma masmorra com direito a cheiro de mofo, algemas de enferrujadas presas nas paredes por correntes, celas com grades grossas pelas quais ninguém seria capaz de atravessar e paredes de tijolos expostos. Nada naquele lugar parecia ter menos de duzentos anos de idade, nem mesmo as teias de aranha.

Seguindo em linha reta pelo corredor cheio de celas, a diretora parou diante de uma parede e apertou alguns tijolos nela revelando uma passagem secreta que se abriu mostrando um lugar muito mais moderno e sem aranhas com mais de duzentos anos.

O lugar não era muito grande, mas devia ser maior que as celas do lado de fora. As paredes eram de aço e o chão tinha algumas manchinhas vermelhas que identifiquei ser sangue seco. A mobília consistia apenas em uma mesa de aço presa ao chão por parafusos e as duas cadeiras onde Red e seu amigo estavam algemados.

Inconscientemente, segurei a mão do Alex ao ver a o rosto da garota virado na minha direção.

– Ela está aqui – a diretora limpou a garganta – Como pediu, Alice Knight irá te interrogar.

– O que? – senti meus olhos tentando fugir dos seus lugares no rosto de tanto que os abri. A diretora me olhou de um jeito que mostrava sua desaprovação diante do meu comentário. Não me importei.

– Não fique tão neurótica – a voz dela não tinha qualquer divertimento como quando estávamos brigando – Se quisesse te matar, já teria feito isso.

– Oh, eu acho que não – provoquei com a lembrança da garota sem ar ainda nítida em minha mente. Não tem como eu fazer aquilo novamente, mas ela não sabe disso.

– Em uma luta sem magia, já teria te matado.

Olhei para Alex buscando alguma pista sobre como agir. Seu olhar estava focado na garota algemada.

– O que eu tenho que fazer? – perguntei para a senhora Black ao perceber que Alex não iria abrir a boca.

– Consiga alguma informação com ela sobre a Organização – a mulher me avaliou por um instante – Não que eu ache que você vá obter sucesso.

Suspirei diante do comentário dela e encarei Alex que agora me olhava de forma encorajadora. Acho que essa noite eu bati algum recorde mundial de pessoa mais subestimada do mundo.

– Vamos lá – murmurei caminhando lentamente até a mesa e parando no lado oposto ao deles onde me pareceu seguro – Onde fica a sede da Organização?

– Você tem um cabelo bonito – o amigo da Red comentou sorrindo – Você devia deixar o seu cabelo crescer, Red.

– Cala a boca, Zero – ela resmungou – Não tenho medo de você ou de qualquer pessoa aqui – sua voz estava séria – Não irei ganhar nada te entregando informações e não pretendo fazer isso.

–Quanta rebeldia para alguém que desmaiou enquanto lutava comigo – um sorriso sarcástico se desenhou em meus lábios.

– Você apenas se garante pela sua magia. Não vale a pena tentar lutar a sério com você – ela retrucou.

– Na verdade – os olhos lilás estavam focados em mim – Ela pegou leve com você. Red foi treinada para matar. É uma assassina perfeita.

Aquilo me pareceu ser algo que valia a pena descobrir. Olhei por cima do ombro para a diretora e Alex, ambos pareciam interessados nessa história.

– Como assim “treinada”? – ignorei a presença da Red e olhei diretamente para Zero.

– É quando te ensinam algo – seu semblante estava sério – Nunca te deram um dicionário quando era pequena?

– Não – respondi séria – Eu ganhava coisas mais úteis.

– Mais do que uma adaga ou um dicionário? Eu duvido – Red se manifestou – Você teve uma infância de garotinha fofa, mas é um zero a esquerda justamente por isso. Não pense que vai tirar alguma informação de nós porque não vai conseguir – a iluminação do lugar me deu um breve lampejo dos olhos dela através da touca que usava – Pessoas fracas como você não tem chance alguma contra nós.

Cruzei os braços tentando decifrar o olhar dela através daquele pano.

– Engraçado como a “fraca” aqui está livre enquanto os “fortes” se encontram presos em suas cadeiras.

– Já fugi de lugares piores – pude sentir o sorriso dela ao dizer isso.

– E, só pra constar – Zero balançou os braços e em seguida os cruzou em frente ao seu peito com um sorriso triunfante nos lábios – Só estamos aqui porque queremos.

Olhei para Alex e para a diretora gritando ajuda com o olhar. A diretora tentou avançar com seus olhos amarelados, mas Alex a impediu. Ele estava confiando em mim. Por que as pessoas resolvem confiar em mim quando estou pertinho de ir conhecer a Morte pessoalmente?

Engoli em seco e me virei para olhar os dois novamente.

– Usou transformação nos seus braços? – Red perguntou me ignorando.

– É claro, Red Queen – ele sorriu para ela – Isso não chega nem aos pés de você arrancando a orelha do Repolho no QG, mas estou quase lá – deu uma piscadela.

– Arrancando a orelha? – repeti assustada.

– Meus dentes servem pra muitas coisas além de dar belos sorrisos – ela respondeu.

Algo nela era intrigante, familiar e irritante. Sem perceber o que meu corpo estava fazendo, dei a volta na mesa parando ao lado da Red. Pela visão periférica vi Alex se aproximar cautelosamente e a diretora começar a ter um ataque do coração, mas não parei mesmo assim.

Observei enquanto minha mão se aproximava do pescoço dela e puxava a barra de sua touca para cima.

A primeira coisa que vi foram seus cabelos, eles eram lisos e aparentemente curtos já que uma pequena parte estava presa em um coque atrás. O rosto era delicado como de uma boneca com poucas sardas nas maçãs do rosto abaixo de seus olhos e lábios rosados que não eram nem finos e nem grossos demais. Sua pele conseguia ser mais pálida que a minha, mas seus olhos eram o mais incrível nela. O verde em sua pupila se misturava com pequenos traços que pareciam dourados. Algo me dizia que aqueles olhos não eram inocentes.

Sufoquei um grito levando as mãos até minha boca e olhando, incrédula, para a garota algemada diante de mim. Senti os braços fortes de Alex me abraçando por trás enquanto eu tremia e soluçava encarando aquele rosto que eu via todos os dias no espelho.

Red era igual a mim.

– Como...? – o resto da pergunta ficou preso em algum lugar da minha garganta no meio de um turbilhão de frases e palavras que queriam sair ao mesmo tempo.

– Não imaginei que isso iria acontecer dessa forma – ela riu secamente – Sou eu, Alice.

– Você morreu – balancei a cabeça sem compreender o que estava acontecendo. Seria um feitiço?

– Não morri – seus olhos se fixaram nos meus – Eu fui esquecida, Alice. Sou Elizabeth Adele Knight, a esquecida.

E com apenas uma frase meu mundo desmoronou.


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Notas finais do capítulo

Vamos a uma breve explicação: A história se chama "The Forgotten" ou "Os Esquecidos", essa é a história de TRÊS esquecidos diferentes que estão conectados de alguma forma, a Red é uma deles e a Alice outro, o último esquecido será revelado em breve, mas já apareceu.
Vocês gostaram? Me diga que sim, eu estou muito animada e ansiosa pelas opiniões de vocês.
Pra quem não viu a imagem da capa: http://a-selecionada.tumblr.com/post/112645240192
Curtam a página da história, sempre que atualizo posto um aviso lá ♥ : https://www.facebook.com/pages/The-Forgotten/673620072751917?ref=hl
Beijinhos



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