Capitulo XXVI - Mal entendido e o perdão.

O quarto estava sobe o feitiço Abaffiato. O casal se calara por alguns minutos, mas não se olharam por nem um segundo si quer. O marido até tentou encontrar o olhar da esposa, para que pudessem se comunicar da maneira que só eles sabiam, assim ela saberia a verdade e pararia de gritar com ele, mas em vão. A esposa apertava a edição desta manhã do Profeta Diário que trazia uma manchete destruidora e que se não fosse levada no seu devido modo, poderia destruir aquele casamento.

– Você não esta mesmo acreditando na Skeeter? – Harry quebrou o silêncio incrédulo.

– Não, Potter, não estou! – Gina disse ríspida – Estou acreditando na porcaria dessa foto sua com aquela vaca da Cho! Logo a vaca Cho! Logo a Cho!

– Como assim 'logo a Cho'? Gina dá para você acreditar em mim? – Harry implorava.

– Você poderia ter me trocado por qualquer uma! Qualquer uma! – a ruiva gritava novamente – Mas Cho Chang é muita humilhação!

– E o que te faz pensar que eu quero te trocar?!

– A porra dessa foto, Potter! ESSA PORCARIA DE FOTO!

Gina sacudia o Profeta Diário na cara do marido. Aquela confusão toda começou ainda cedo no Ministério, quando Cho acidentalmente tropeçou em cima de Harry pelos corredores super movimentados e quase encostam os lábios, mas o moreno foi mais rápido e se levantou em um pulo o que não impediu de Rita ter conseguido capturar toda a cena e escrever uma matéria venenosa contra o Harry com direito a depoimento de Chang.

– Cho Chang diz que há tempo sentia algo mudar no relacionamento deles dois desde que começaram a trabalhar juntos no mesmo andar do Ministério... Algo se intensificava cada vez mais a cada segundo que se olham, segundo ela... – Gina lia um parágrafo da manchete com uma voizinha irritante e muito irada.

– Juro por Merlin que não sei onde você quer chegar? A Skeeter nunca disse coisa com coisa! Nunca escreveu um fato verdadeiro a meu respeito!

– Foda-se o que ela já escreveu! Eu quero chegar, Harry Potter no simples fato de eu está com a cara na lama diante todo o mundo bruxo porque você tem um caso com Chang!

– Ginevra! Eu não tenho merda de caso nenhum com merda de Chang nenhuma! – Harry tentava desesperadamente se defender – Eu tenho dois filhos lindos com você e uma aliança que faço questão de usar no dedo até no banho!

– ...Chang diz que Harry mudou muito depois que descobriu que a esposa não podia lhe dar mais filhos... 'O sonho de Potter era ter um monte de crianças em casa', diz ela... – Gina continuou lendo com a mesma voz fina e irritante, ignorando o marido.

Harry levou as mãos a cabeça e pediu para quem quer que fosse que aquilo fosse apenas um pesadelo.

– Você realmente acha isso, Sr. Potter? Realmente esta triste com isso? – gritou a ruiva querendo respostas – Olhe para mim caramba!

– Ginevra Molly Weasley Potter! Chega, okey? – Harry levantou a voz pela primeira vez na discussão – Eu estou dizendo a você a mais de meia hora que isso é um mal entendido! Uma brincadeira de muito mau gosto dessas duas! Já que você prefere as palavras de Rita Skeeter, a mulher mais imunda de todos os tempos, tudo bem! Vá em frente! Vejo que hoje em dia a confiança de quase dez anos de casamento não servem para nada.

Terminando de dizer isso, o moreno caminhou até a porta do seu quarto passando pela esposa e a deixando sem palavras. Gina percebeu o erro que cometeu.

Ela estava com raiva e confusa e merecia explicações, é claro que merecia, mas ela foi longe demais.

– Esta fugindo como sempre – ela disse sem pensar, a raiva ainda a consumia mais que o arrependimento, mas quis engolir a frase assim que a pronunciou.

Harry parou com a mão na maçaneta de vidro, a segurou com tanta força que a rachou tentando se controlar.

– Vamos listar quantas vezes eu fugi – ele começou em um sussurro, depois deu uma rizada irônica – Diga pelo menos uma vez que eu fugi de você sem nenhuma causa, motivo ou circunstância ?

Gina não respondeu. Ela estava de costas para o marido, fechando os olhos com força tentando conter as lágrimas, mas não teve sucesso.

– Responda-me, Gina – Harry insistiu, mas sabia que não receberia resposta – Vou deixar você sozinha... precisamos de um tempo para pensar e ficarmos aqui discutindo só piora as coisas.

– Eu só queria te dar uma menina – Gina sussurrou de repente, era quase inaudível, mas Harry ouviu a declaração bizarra e congelou, arregalando os olhos para as costas da esposa – Como Hermione... Uma menininha, sei que é seu sonho e eu queria realiza-lo, mas não posso...

– Gina...

– Não posso porque me mataria... Desde que Rose nasceu e que ela vem nos visitar, você fica perdido no encanto que ela é e fica imaginando como seria ter a sua... Mas você não pode... Simplesmente não pode... Sei que você ama os nossos filhos, eu também os amo... Amo tanto que daria minha vida por eles – mais soluços e mais lágrimas. Harry não conseguia se mexer, olhava para os próprios pés – Ver o que tinha escrito na manchete doeu demais... Eu sei que você não teve nada a ver com aquilo, acredite, eu sei... Mas dói imaginar que você esta infeliz comigo, com alguém que esta limitada – a respiração de Gina ficou irregular, ela soluçava mais ainda, o choro descontrolado estaria por vir – Eu não terei... Não terei uma menininha minha nos braços... Não te darei...

Ela não terminou a frase porque seu coração doía a cada palavra. Gina começou a chorar como uma criança e teria caído no chão com tudo se dois braços fortes e quentes não a tivessem segurado e deslizado junto com ela ao encontro da madeira fria. Harry a apertou e depositou um beijo na sua cabeça.

– M-Me des-culpe... Me descul-pe – Gina tentava pedir.

– Me desculpe também, meu amor.

Ficaram um tempo ali no chão. Gina escutava o coração acelerado de Harry enquanto ele, o seu choro baixo. Já tiveram muitas discussões ao longo do casamento, as vezes por motivos bobos ou por uns um poucos mais sérios. Mas nunca brigaram nesse nível, tinham medo disso acontecer por não saberem como resolver e lá estavam eles, descobrindo como resolver, consolando um ao outro, entendendo um o motivo do outro e tratando tudo como se nada estivesse acontecido, mas aconteceu.

– Jamais se culpe por não termos uma menina, Gina – Harry quebrou o silêncio – Não é culpa de ninguém e ninguém tem a ver com isso. Temos dois filhos lindos que nos dão alegria todos os dias. A família que eu e você construímos juntos é perfeita, eu não quero outra. Jamais quis e jamais vou querer.

– Eu não ligo para o que as pessoas vão pensar quando lerem aquele jornal – disse Gina cessando um pouco o choro com a cabeça encostada no peito do marido – Eu também não queria te chamar de traidor ou...

Antes que ela terminasse a frase Harry pegou delicadamente em seu queixo, virou o rosto dela para ele e beijou a sua boca. Foi um beijo terno, cheio de amor, confiança, paixão, perdão e compreensão. Demoraram um pouco, já que tiveram que explorar um a língua do outro com um novo tato, o tato que multiplicava por mil qualquer sentimento que eles estivessem naquele momento.

– Vai ficar tudo bem – ele garantiu a ela quando descolaram-se os lábios.

Gina se inclinou um pouco mais para trás para encontrar o olhar do marido a fim de fazer o contato que sempre faziam. Lá ela viu a garantia que o amor podia dá para essa afirmação e ficou perdida por um bom tempo naquelas profundezas verdes e sabia que Harry a copiava.

– E enquanto a Chang – Harry murmurou depois de segundos, minutos ou talvez horas, mas não terminou de falar.

– Eu cuido dela.