Capitulo XVIII - Há quanto tempo!

Era uma bela tarde de domingo. A pequena família decidiu fazer um programa diferente, estavam saboreando uma deliciosa torta de maçã, sentados em um café no centro movimentado de Londres. As mesas estavam ao ar livre e o bebê de quase um ano de idade estava sentando em uma cadeirinha infantil, observava animado a movimentação da rua. O pai fazia brincadeiras e as vezes se melava com o chantili que tinha na cobertura do seu café só para ouvir a gargalhado gostosa que seu filho fazia.

– Pare de se sujar – Gina retrucou, mas não totalmente séria. A verdade que ela estava se divertindo com aquilo também.

– Ele adora – Harry sorriu todo bobão para o filho – Você adora, não adora, amigão?

– Papa! – a criança riu com as brincadeiras e as caretas que o seu pai fazia.

Harry sentia a mesma emoção inexplicável de Gina toda vez que James a chamava por mama, no caso dele por papa. Sentia muito orgulho, pois seu filho, daquele tamanhinho era muito esperto. Toda pessoa que passava pela causada se encantava com a alegria e a beleza do pequenino. Umas jovens até paqueravam Harry descaradamente sem nem se importar com a presença de Gina, que fervia de raiva as vezes. Mas o coitado não sabia ser mau-educado.

– Harry Potter! – Gina reclamou de braços cruzados e cara amarrada quando uma loira trouxa passou e piscou para Harry e elogiou James, o moreno fez um aceno de despedida quando a piriguete se retirou.

– O que? – ele perguntou perdido, e era verdade, Harry tinha o raciocínio lento para essas coisas.

– Aquela oferecida quase sentando no seu colo, talvez...

Ele riu alto.

– Adoro quando você fica enciumada – provocou. Gina virou a cara emburrada. Harry passou o dedo no chantili que cobria o café da xícara da esposa e melou seu nariz cheio de sardas – Olha, James! Mamãe esta fofa, não está?

– Harry James Potter! – a ruiva revidou melando toda a testa do marido. James sorria e batinha palminhas, aquele garoto amava a felicidade dos pais.

A cena despreocupada de alegria e lambança chamou atenção de todo café, mas especialmente da mesa ao lado que estava ocupada por um homem gordo, mas não obeso. Uma mulher jovem de pele branca, cabelos curtos e loiros e uma menina lindinha que talvez tivesse uns dois anos de idade, a cara da mãe.

– Harry Potter? – o homem chamou curioso.

Harry se virou para mesa atrás de si e viu que quem o chamava era-lhe familiar.

– Sim? – ele respondeu.

– Dudley Dursley – ele disse se virando e estendendo a mão.

Harry travou quando viu e reconheceu seu primo depois de tantos anos. Apesar de todo seu passado terrível com Os Durleys, Harry se levantou oferecendo um abraço rápido ao primo que retribuiu de imediato.

– Duda! Há quanto tempo!

– Pois é – Duda disse com um sorriso amarelo e passando a mão nos cabelos - Faz um tempão mesmo, você mudou!

– Você também!

Silêncio.

Foi ai que os primos perceberam que não tinham nada para compartilhar um com o outro. Gina viu o clima pesando, mas não disse nada, continuou timidamente alimentando James, ela não queria interromper.

– Bom – Duda teve a ideia de apresentar a suas companhias – Essa é Pam, minha esposa – ele se referia a mulher loira – Pam esse é Harry, Harry Potter.

Pam se levantou com a filha nos braços e compartilhou um aperto de mão com Harry. Ela abriu um largo sorriso, parecia ser uma mulher simpática.

– Finalmente conheço o famoso, Harry Potter! – ela disse se posicionando ao lado do marido.

Harry tossiu surpreso, Gina prestou mais atenção na cena.

– Pamela Lins Dursley, Departamento de Execução das Leis da Magia – Pam sorriu – Vi você algumas vezes no Departamento de Aurores, mas naquele anda ninguém anda a passos de tartaruga.

Harry ainda não conseguia falar, seu primo tinha se casado com uma bruxa?

– Essa é Alice, minha filha – Duda continuou com a apresentação.

Foi a risadinha da garota que fez Harry sair do transe.

– Essa é Gina – era sua vez de apresentar sua família e fez isso cheio de orgulho, apesar da surpresa que acabara te ter – Minha esposa e aquele pequeno é meu filho, James.

Gina se pôs de pé junto com o filho nos braços e os cumprimentou. Harry ficou sem ter o que dizer e nem Duda. O passado veio a tona na cabeça do Eleito. Um filme rápido sobre a infância que passou com os Dursleys se passou. Seu primo era arrogante, metido a besta e irritante, mas agora parecia um homem tranquilo e feliz com a vida que tinha.

Os quatro ficaram ali, em pé ao meio das mesas, compartilhando sorrisos amarelos e sem jeito.

– Não sabia que tinha casado com uma bruxa – Harry comentou, tentando fazer uma conversa surgi. Mas é claro que não sabia, não matem contato desde a fuga.

– Pois é – Duda parecia orgulhoso – Quando a gente se apaixona, não tem jeito.

Pam alargou o sorriso.

– Como esta Tia Petúnia? – Harry quis saber, só por curiosidade – E o Tio Valter?

Duda demorou um pouco para responder, Harry percebeu e já imaginava o que pudesse ter acontecido.

– Mamãe esta em um asilo, cuidam muito bem dela lá – começou Duda, meio tristonho – Papai faleceu a três anos.

O silêncio reinou. Harry não se surpreendeu com o atual estado da tia, mas ficou triste por ela e por seu marido.

– Eu sinto muito – ele disse com sinceridade.

Gina balançava James carinhosamente, mas com toda a atenção. Ela estava mais perdida do que qualquer um naquele assunto e longe dela se meter ou comentar qualquer coisa, era um momento de Harry. Pam comentou alguma coisa sobre a paz no Ministério, só para quebrar o clima que ficou, mas não durou muito. Harry e Duda se encaravam enquanto os flashbacks faziam a festa em suas cabeças. Quando o silêncio venceu mais uma vez, Gina decidiu acabar com aquilo.

– Bom, amor, vamos indo. Temos o cinema, lembra? – a ruiva avisou. Não era mentira, eles iriam realmente assistir algum filme infantil trouxa com James.

– Ah sim! – Harry acordou – É... Foi bom ver você, Duda!

– Você também, foi um prazer conhecer sua família – ele sorria para James.

– Tchau, então – falou Gina para Pam.

– Tchau, tchau – ela sorriu.

E se despediram. Harry pagou a conta rapidinho e seguiram para o cinema. Ele não consegui prestar muito atenção no filme, o encontro mais cedo o deixou abalado de certa forma. Gina percebeu a mudança, o marido estava desligado, precisava o chamar mais de duas vezes para ele sair do seu universo particular.

Quando chegaram em casa, Gina deu um banho no filho e Harry se responsabilizou pelo sono. James dormiu facilmente nos braços do pai. Ele colocou o filho no berço e seguiu para seu quarto, deitou-se na cama e esperou Gina sair do banho.

– Esta tudo bem? – perguntou Gina saindo do banheiro já de pijama, se aconchegando nos braços do marido, para em seguida dormir.

– Só pensando – ele respondeu.

– Ele parecia um homem legal.

– Se alguém me dissesse, tempos atrás, que Duda se tornaria alguém simpático, eu jamais acreditaria.

– Deve ter aprendido muito com a vida – a ruiva fez seu último comentário, suas pálpebras já estavam pesando.

– É, pode ser – ele sussurrou e a beijou na testa.

Gina dormiu rapidinho, mas Harry ainda passou um tempo acordado. Pensou em tudo que viveu até a morte de Voldermot, especialmente em seu tempo na Rua dos Alfineteiros. Tinha sido um choque encontrar seu primo depois de tanto tempo e saber que sua tia já estava no leito de morte e seu tio já morto. Harry ficou um pouco triste com tudo aquilo, mas também feliz por ver a transformação de Duda. Casado com uma bruxa, quem diria?