O Senhor de Gondor escrita por Will Snork


Capítulo 8
Capítulo 8 - O Último Ent




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Após uma longa viagem a cavalo, começamos a nos aproximar de nosso destino. Estávamos seguindo pela Velha Estrada do Sul, quando Aratus sugeriu que cortássemos por Isengard até chegarmos ao Desfiladeiro de Rohan. E que assim poderíamos rever o grande Barbárvore. E assim fizemos, cortando pela Terra Parda.

A Terra Parda, como assim era chamada, tinha esse nome por ser habitada por homens de pele morena. Porém Aratus disse que eles haviam deixado aquele local, se espalhando pela Terra-Media.

Em Nan Curunír percebemos uma enorme fumaça sobre a cidade de Isengard, como se um vulcão estivesse ativo naquele local. Cavalgamos depressa até a fonte da fumaça para descobrimos o que se tratava.

Quando chegamos percebemos o caos em Isengard, havia vários orcs correndo para todos os lados colocando fogo nas Árvores, e Barbárvore estava lá, sem pode fazer muita coisa devido as suas raízes presas ao chão.

Os orcs tentavam dominar Barbárvore com cordas lançadas em seu tronco, eles prendiam as cordas e tentavam puxá-lo ao chão para tentar derrubá-lo. Alguns orcs tentavam acertas suas raízes com machados, mas poucos conseguiam, a maioria era atingida pelos galhos que Barbárvore balançava até o chão para se proteger. O pânico podia ser visto nos olhos de Bárbarvore, tentando se proteger do ataque dos orcs enquanto via sua amada floresta sendo destruída por eles sem poder ao menos se mexer.

Corremos em nossos cavalos até os orcs próximos as suas raízes e os acertamos com nossas espadas. Hildwyn desceu de seu cavalo e começou a atirar flechas nos orcs que se aproximavam de nós. Isengard estava em chamas, e o calor atrapalhava um pouco a nossa concentração.

Mais orcs começaram a aparecer, e Barbárvore se esticava o máximo que conseguia para acertá-los. Descemos de nossos cavalos e nos aproximamos de Barbárvore ao meio daquele caos. Derrubamos muitos orcs, até aparecer pela primeira vez em nossa frente, algo que não tínhamos conhecido ainda, apenas Aratus sabia quem ele era.

Aratus olhou adiante, e entre as árvores, surgiu um orc comandando os outros orcs, porém ele era diferente, ele tinha muitas características humanas em seu rosto. Ele montava um cavalo negro, e seu braço era protegido por uma armadura. Ele exibia seu peitoral, e sua cor era tão clara quanto à de um homem, seus cabelos longos e lisos iam até o meio de suas costas, e seus olhos eram brancos como a luz do luar, e junto a si, ele exibia uma grande lança negra. Ele era um orc totalmente diferente dos outros.

Aratus olhou para ele e nos disse. – Aquele é Kazurk, o Meio-Orc, um dos Generais de Eithor.

— Meio-Orc? - Perguntou Barad.

— Sim, Eithor fez experiências horríveis, juntou algumas espécies para criar outras. Ele é uma junção de homem com orcs Uruk-Hai.

Os outros orcs não respeitavam Kazurk como deveriam, pois ele era belo, e para o orcs isso significava ser feio. Porém eram obrigados a obedece-lo, pois ele era o Primeiro General de Eithor, e não era um ser de se subestimar, sua força e habilidade eram incríveis.

Kazurk desceu de seu cavalo, ele segurava a lança negra em sua mão. Seu olhar era assustador, ele olhava para mim como se eu fosse uma presa, me encarando dentro de meus olhos. Então por um momento eu pisquei e ele sumiu de minha visão; ele começou a vir em minha direção tão rapidamente quanto uma flecha. Aratus entrou na minha frente e repeliu o ataque da lança dele, que iria me acertar em cheio.

O Meio-Orc olhou para o rosto de Aratus sem dizer ao menos uma palavra. E tentou acertar Aratus com a lança em sua barriga, mas Aratus foi rápido e repeliu o ataque.

Outros orcs começaram a aparecer nos atacando, assim não podíamos ajudar Aratus.

Kazurk acertou um chute forte em Aratus, o lançando alguns metros à frente, provavelmente fraturando alguma de suas costelas. Kazurk começou a andar em direção há Aratus com sua lança abaixada, até que uma sombra apareceu em cima de sua cabeça, mas ele era rápido e se esquivou quando Barbárvore tentava acertá-lo com seu braço.

Eu e Barad tentávamos chegar até Aratus para tentar ajudá-lo, quanto Hildwyn lançava suas flechas nos cobrindo em cima de um dos galhos de Barbárvore. Mas mesmo assim chegar até Aratus estava muito difícil.

Aratus se levantou com a mão no peito e com muita dor. Ele deu alguns passos para frente e apontou a sua espada para Kazurk.

— Eu me lembro de você. – disse Aratus. – Você estava lá aquele dia, naquele salão.

Kazurk continuou se aproximando de Aratus com um olhar sério e terrível, sem dizer ao menos uma palavra.

Então Aratus segurou sua espada de lado, e correu até Kazurk, tentando acertá-lo por cima, mas Kazurk segurou a sua lança para cima com as duas mãos e se defendeu facilmente do ataque. Então Aratus foi rápido, retirando sua espada e dando outro golpe, mais rápido que Kazurk esperava, pois foi um golpe completo de fúria. Mesmo assim Kazurk se esquivou facilmente, porém Aratus conseguiu acertar seu rosto, fazendo um pequeno corte em sua bochecha.

Kazurk encarou Aratus enfurecido e acertou o cabo de sua lança ao rosto de Aratus, e em seguida girou a lança por trás de seu corpo e a fincou em sua coxa. Fazendo Aratus cair de joelho ao chão.

Eu me desesperei no momento em que vi a cena, gritei por Aratus, tentei correr até lá, mas quase fui atingido por um machado de orc na cabeça, se não fosse por Hildwyn ter acertado uma flecha no orc, eu teria morrido naquele momento.

Aratus estava ajoelhado ao chão, e Kazurk ergueu sua lança em posição para decapitá-lo. Eu e Barad tentávamos nos aproximar para salvá-lo, mas era inútil, e as flechas de Hildwyn haviam acabado.

Tudo parecia acabado, Isengard estava em chamas e o calor que batia em meu rosto o fazia arder. O brilho vermelho do fogo brilhava na lamina que havia na ponta da lança negra de Kazurk enquanto ele a erguia. E o sangue de Aratus parecia mais vermelho também devido ao fogo.

Eu fechei meus olhos naquele momento. Não conseguiria ver aquela cena. Quando Barbárvore acertou Kazurk em cheio, fazendo-o voar sobre os outros orcs a quinze metros de distância.

Kazurk levantou-se rapidamente do chão, enquanto outros orcs tentavam ajudá-lo a se levantar e ele os empurrava para não tocá-lo. A armadura de seu braço estava quebrada, e seu braço direito também. Então com o braço esquerdo, ele segurou a sua lança, e jogou ela em direção a Aratus.

Barbárvore colocou a mão na frente de Aratus para protegê-lo, mas a lança negra atravessou a mão de Barbárvore e acertou Aratus no lado direito de seu peito, o atravessando até as costas.

Kazurk cuspia sangue, ee assovio chamando seu cavalo e os outros orcs para se retirarem. Assim partindo de volta a Gondor.

Corremos até Aratus, ele estava com a boca ensanguentada, ele dizia para ajudarmos Barbárvore a apagar o fogo antes de socorrê-lo.

Barbárvore nos disse que havia alguns barris dentro da Torre de Orthanc, então corremos até os lagos e enchemos os barris de água. Enquanto jogávamos água nas árvores, Barbárvore dizia algumas palavras estranhas. Parecia estar falando em sua língua de Ent, pois eram palavras grandes e arrastadas. E então depois de alguns minutos, uma chuva forte começou sobre Isengard, assim apagando rapidamente as chamas.

— Então esse é o poder dos Pastores das Árvores. – eu disse a Hildwyn.

A chuva grossa caia sobre nós e as árvores, apagando o fogo, e lavando nossas almas, refrescando aquele horrível calor que sentíamos. Assim que o fogo sumiu a chuva também parou.

Ao chegar até Aratus, percebemos que ele estava pálido e rouco. Já havia perdido muito sangue.

— Estou orgulhoso de vocês. – disse Aratus com sua voz trêmula. – Mas parece que minha hora de deixá-los chegou.

— Pare de dizer bobagens. – eu disse a ele.

— Isso foi uma lança negra, Wallor, não vou me iludir em pensar que poderei viver. - respondeu ele.

Fizemos silencio quando ele disse isso.

— Wallor, me prometa que ira cuidar de seu povo, e irá vencer Eithor. – disse Aratus.

— Eu prometo. – Dizia enquanto deixava algumas lágrimas caírem de meu rosto.

— E cuide de seus irmãos, eles serão sua espada e seu escudo. – disse ele se referindo a Barad e Hildwyn.

— Vença por seu pai, pelo reino de Gondor. Derrote as trevas novamente assim como nosso antigo Rei Aragorn o fez.

Dizendo isso, o coração de Aratus começou a ficar mais fraco, e sua pele mais branca. Então Barbárvore que estava logo atrás e cobria Aratus, disse:

— hm, a coisa certa há se fazer, hm. - dizia ele jogando uma espécie de fruta em nós.

— O que é isso? – eu perguntei.

A fruta era grande, redonda e marrom, parecida com um coco, porém maior que o normal.

— hm, abra e de para ele a água – disse Barbárvore.

A água era cristalina, e quando Aratus a bebeu, seu rosto começou a ter cor novamente.

— Hm, preciso que nos deixem, preciso fazer algo, hm. – dizia Barbárvore até um pouco rápido.

Barbárvore nos expulsou, e disse para irmos até a Orthanc descansar e dormir. E assim fizemos.

O sol estava nascendo em Isengard, à floresta estava toda queimada e devastada, Barbárvore com certeza estava sofrendo ao ver suas árvores destruídas. Eu conseguia sentir um pouco de dor no peito ao pensar em como Barbárvore estaria se sentindo com isso, afinal eram todas suas filhas e filhos.

Então descemos nós três juntos a escadaria de Orthanc, e parado em frente ao nascer do sol, estava Aratus sentado com as pernas cruzadas e um cachimbo na boca, e sua espada fincada no solo ao seu lado. E há sua frente, uma grande, muito grande e velha árvore marrom.

Descemos a Orthanc, e nos aproximamos de Aratus, que não parava de olhar para aquela grande árvore. E então percebemos que a grande árvore, era Barbárvore. E ele estava parado, com os olhos fechados e os galhos voltados para cima.

— O que aconteceu com ele? – eu perguntei a Aratus.

— Ele usou toda a magia que ainda o restava para me salvar. Ele sabia que isso iria acontecer, que ele já estava quase chegando nesse ponto. E assim acabou se juntando aos seus outros. Ele se tornou uma árvore. – disse Aratus.

— Ele está morto? – perguntou Hildwyn.

— Não. – disse Aratus – Ele está em paz, e continuará cuidando de suas árvores. As árvores também são seres vivos, Hildwyn, e nós as destruímos como se não fossem nada. Só um Ent sabe como é a dor de ver seus filhos serem destruídos pelo homem como se não fossem nada, e essa dor deve ser mais horrível que qualquer dor no mundo. – dizia Aratus, soltando a fumaça de sua boca.

Sentamos junto a ele, e observávamos Barbárvore, o gentil, o último Ent da Terra-Média.

Dizem que Isengard depois de anos voltou a ser uma floresta, e que A Grande Árvore cresceu tanto, que se tornou a maior de todas as árvores na Terra-Média, e continuou lá por muitas eras.


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