O Senhor de Gondor escrita por Will Snork


Capítulo 6
Cápitulo 6 - A Decisão




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Ao deixarmos o condado, observava Tuandil e os outros irem em direção a Grande estrada do Leste, eles cavalgavam rapidamente para longe, e não demorou muito para que sumissem de minha visão ao horizonte. Cavalgávamos lentamente, Aratus disse para tentarmos dar tempo há eles, para não chegarmos em Rohan muito cedo, pois o caminho deles seria muito mais longo que o nosso. Seguíamos pelo Sul, pelo Caminho Verde, foram alguns dias até chegarmos à beira da Velha estrada do Sul, na ponte que cruzava o Rio Cinzento, quando nos deparamos com o primeiro sinal de vida inimigo.

Primeiramente como cavalgávamos lentamente, conseguimos escutar alguns passos pesados vindo em nossa direção pela Velha estrada do Sul, então rapidamente Aratus fez um sinal para deixarmos a estrada. Descemos dos cavalos e os levamos para o meio da Floresta que havia em volta da pequena estrada empoeirada. Nos aproximamos da estrada e nos escondemos em arbustos e em árvores, para assim tentarmos enxergar o que eram esses passos pesados que vinham em nossa direção. Não demorou muito para uma fileira enorme de Orcs passar marchando pelo nosso caminho, parecia que havia cerca de trezentos Orcs naquela marcha, e alguns homens montados em cavalos negros os conduzindo em direção ao norte. Temia eu que fosse em direção ao Condado.

Após o último Orc passar e sumir de nossa visão, eu deixei de me esconder de trás de uma Árvore e Barad pulou de cima de outra. Nos encontramos no meio da estrada.

— O que você acha que foi aquilo? – Perguntou Hildwyn para Aratus.

— Orcs em direção ao norte, seguindo pelo Caminho Verde, e temo eu que seu destino seja Bree ou o Condado. – respondeu Aratus com seriedade em seu olhar.

— Não podemos deixar que cheguem até lá, temos que fazer alguma coisa! – eu disse a eles.

— Não podemos fazer nada contra esse exército, Wallor, somos apenas quatro. E não vê que eles provavelmente estão procurando por você? A essa altura Eithor já deve saber que o herdeiro foi encontrado. – respondeu Aratus.

— Aratus, eu não posso deixar que pessoas morram por minha causa. - eu dizia a ele. - Não irei deixar que esses orcs cheguem até seu destino. – eu disse isso indo em direção ao norte, mas Aratus me segurou pela capa.

— Não, você não vai! Não seja tolo Wallor, você não pode morrer agora! – disse Aratus com sua voz exaltada.

— Você não irá me dar ordens! – eu gritei a ele, então Barad e Hildwyn perceberam que estávamos entrando em uma discussão.

— Acalmem-se homens, estamos do mesmo lado – disse Barad.

— Me solte, Aratus – eu disse a ele o empurrando.

— Não Wallor, não! – gritava Aratus me segurando fortemente.

Instintivamente acabei golpeando Aratus em seu rosto, acertando o seu olho branco e derrubando ao chão. Nesse momento ele me soltou e Hildwyn e Barad nos separaram, Hildwyn foi até Aratus e Barad até mim. Aratus estava com a mão em seu olho, demonstrando um sinal de dor, mas uma dor não física pelo soco que levou, e sim uma dor dentro de seu peito.

— Wallor – disse Aratus se levantando. – Você tem razão, você poderá ir, eu não te dou ordens. Você poderá ir até lá e tentar impedi-los; mas quando chegar lá só encontrará a morte, e quando morrer certamente a missão deles de encontrá-lo estará completa, e não precisarão ir até o Condado ou até Bree atrás de você. Mas quando toda a Terra-Média souber que você está morto, a esperança do povo irá acabar totalmente, e a honra que seu pai morreu tentando salvar irá desaparecer. A esperança de nosso povo morrerá junto com você.

Quando Aratus me disse essas palavras, simplesmente me calei. Não pude contrariá-lo, por mais que virar as costas e continuar o caminho parecesse à coisa errada de se fazer, eu teria que fazer.

— Você é rei – continuou Aratus – Você não pode se sacrificar pelos outros. Na posição que você está é o contrario que irá acontecer. Wallor, agora você tem dois caminhos a escolher.

Então eu olhei dentro dos olhos de Aratus enquanto ele falava.

— Se você seguir em frente. – continuou Aratus. - Você será o rei de Gondor, e encontrará a guerra. Muitas pessoas irão morrer em seu nome, muitas pessoas irão se sacrificar por sua causa em batalha. – dizia Aratus. – Mas você também pode voltar, ir atrás daqueles orcs e morrer. Dessa forma o povo do norte será poupado, mas logo Eithor irá querer dominar toda a Terra-Média. Você poderá poupá-los agora, mas no futuro certamente serão esmagados pela cobiça de Eithor. Decida-se garoto; ou seja um homem, ou seja um covarde.

Quando Aratus terminou de falar, fizemos silêncio por alguns instantes, minha cabeça estava confusa, então comecei a lembrar dos tempos do vilarejo, de Karick me ensinando a manejar uma espada, sendo o pai que não tive. Lembrei-me de quando eu Barad e Hildwyn éramos crianças e brincávamos juntos com nosso pai. Jamais eu imaginaria que um dia sairia em uma jornada como essa, e que um dia eu seria chamado de rei. As lembranças do meu passado em Gondor ainda eram foscas, eu não tinha muito sentimento por essas pessoas ou meus antepassados ainda. Mas me lembrei de Karick novamente, e das palavras que ele disse antes de morrer. “Ele é a esperança de Gondor”. Karick sempre soube quem eu era, afinal ele era um Gondoriano e reconheceria o rosto do herdeiro facilmente. Ele nunca me disse nada a respeito para me proteger, eu devia isso a ele. Karick foi meu pai e morreu por minha causa.

— Vamos em frente - eu disse há eles.

E assim montamos em nossos cavalos e seguimos pela Estrada Velha enquanto o sol sumia no horizonte.


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