O Senhor de Gondor escrita por Will Snork


Capítulo 4
Capítulo 4 - O Arruaceiro




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Orthanc era um salão imenso e vazio por dentro, o único lugar aonde a natureza não chegou. Subindo os degraus logo à frente, percebemos um pergaminho, e próximo a ele, um galho que vinha de Barbárvore, que provavelmente era de sua mão; que ele fizera crescer lentamente até tentar alcançar o pedaço de papel.

Aratus se aproximou do pergaminho e o abriu.

— Isso é curioso. – disse ele.

— O que tem ai? – eu perguntei

— É uma língua antiga, língua negra.

— Você consegue ler?

— Não, eu não. Mas eu sei quem talvez possa fazer isso. – disse Aratus guardando o pergaminho no bolso. – Não sei por que, mas acho que aqui deve haver algo muito importante. – acrescentou ele em seguida.

Saímos da torre, e em seguida agradecemos Barbárvore e nos despedimos dele. Partimos assim que o sol nasceu, foi uma longa e cansativa viagem, passando pela Velha Estrada do sul e em seguida pelo Caminho Verde, até chegar em Bree, porém a viagem foi pacífica.

Assim que chegamos a Bree, eu percebi que o povo de lá não parecia muito amigável, a cidade era cheia de homens e anões; porém os anões às vezes passavam despercebidos, pois o povo dos anões cresceu muito de tamanho a medida dos anos, principalmente depois que voltaram de sua viagem ao mar do Norte, onde voltaram com histórias sobre Deuses Nórdicos. Hoje são pouco menores que os homens, mas nunca confundidos por suas enormes barbas e seus modos grotescos.

Aratus nos levou até um lugar chamado “Pônei Saltitante”, aparentemente mostrava ser apenas uma Taberna comum, grande e feito de madeira rústica bem antiga, porém preservada, mas quando entramos Aratus pediu quartos, então percebi que também era uma hospedagem. As pessoas que estavam na Taberna estavam nos observando e comentando. Mas havia um homem específico que me chama muito a atenção; ele estava parado com os pés em cima da mesa, com várias canecas sobre ela. Praticamente “deitado” ele dormia roncando, como se o barulho das pessoas conversando e rindo naquele local não o atrapalhasse em seu precioso sono.

Enquanto pedíamos quartos, Aratus também percebeu a presença daquele homem, então nos chamou até a mesa onde ele estava. Então de perto pude perceber que ele tinha uma grande barba ruiva, e usava botas enormes feitas de coro. E o mais curioso era seu cabelo, era grande e ruivo, mas raspados aos lados, como se fosse uma crina de cavalo.

Aratus sentou-se ao lado dele e o cutucou. Em seguida o homem levou um susto e caiu da cadeira, batendo com a cabeça no chão.

— Quem é o patife miserável que veio me incomodar? – resmungava ele – Quer briga seu desgraçado?

— Acalme-se homem – disse Aratus – ou devo dizer anão?

Então percebi que ele era menor que os homens normais, porém pouca coisa, cerca de quinze centímetros a menos que Aratus.

— Aratus, é você? Por Odin há quanto tempo que não o vejo.

— Quem é ele, Aratus? – perguntei.

— Quem sou eu? – disse o Anão – Você não me conhece garoto?

— Não, senhor. – eu respondi.

Então o meio-anão estufou seu peito e disse:

— Eu sou Glorick, O Arruaceiro – respondeu ele, e Aratus o imitou baixinho, como se ele já houvesse escutado esse discurso várias vezes.

Enquanto ele falava isso eu pude sentir o seu grandioso bafo de bebida.

— Parece que passou da cota hoje em, Glorick – disse Aratus se referindo as inúmeras canecas sob a mesa

— Nada disso meu grande amigo, Anões nunca se cansam de um bom Hidromel. Bebemos como se fosse água. – respondeu Glorick com um tom de orgulho – Mas me conte, Aratus, como se saiu em sua missão? – concluiu Glorick levando um copo de bebida a boca.

— O resultado dela está parado bem na sua frente. – disse Aratus.

E nesse momento o Anão cuspiu toda a bebida de sua boca no ar.

— Ele é o rei? – exclamou Glorick batendo com a caneca na mesa.

Quando disse isso, percebi que algumas vozes começaram a se cessar no local, e alguns ouvidos começaram a se voltar para nós.

— Glorick, fale baixo. – disse Aratus quase cochichando. – Esse lugar não é seguro para falarmos sobre este assunto.

Nos dirigimos até o quarto que pedimos, e percebi que Glorick entregou algumas moedas para Aratus, como se tivesse perdido uma aposta. O quarto era grande com várias camas de solteiro cobertas por um lençol branco, e um grande tapete circular vermelho e branco no meio. Então contamos a Glorick o que havia acontecido, e o que planejávamos fazer.

— Mas por fim, você tem notícia daquele homem? Eu acredito que ele seria de grande ajuda para nós. – perguntou Aratus.

— Não era esse que viemos encontrar aqui, Aratus? – perguntou Barad à ele.

— Não, esse é somente um velho amigo que encontrei certa vez na pior, e agora por pura coincidência. – respondeu Aratus.

— Você diz sobre aquele daquela vez? Porque acha que ele pode lhe ajudar? Não acredito que ele queira se envolver com isso novamente. – disse Glorick.

— Eu tenho certeza que irá, pois agora encontramos o herdeiro, que ele jurou que estava morto. – respondeu Aratus.

— Talvez seja possível. – disse Glorick sentado na cama com os braços sobre os joelhos.

— Então onde está esse homem? – perguntou Hildwyn querendo saber para onde iríamos a seguir.

— Bom, da última vez que tive notícias sobre ele, me disseram que ele foi para o Condado. – disse Glorick.

Então iremos partir amanhã para o Condado. – disse Aratus. – Temos que encontrar esse homem.

— Mas a possibilidade é mínima de ele ainda estar lá, você sabe disso não sabe? Afinal Guardiões nunca param de se mover. – disse Glorick.

Eu olhava a chuva pela janela de braços cruzados, mas quando Glorick disse a palavra “Guardião", minha atenção voltou-se para ele.

— “Guardião”, você disse? – e perguntei.

— Sim. – disse Glorick. – Um dos poucos que ainda restam, afinal a linhagem deles está acabando.

Então algumas lembranças sobre aquele homem que me salvou quando era uma criança voltaram, e me lembrei que em sua espada havia escritas élficas, que somente Guardiões possuíam. Então retirei aquela faca da bainha, e em seu cabo eu percebi que havia as mesmas escritas.

— Certo, então amanhã iremos para o Condado, mas agora eu preciso dormir. – disse Hildwyn bocejando, com uma expressão cansada em seu rosto.

Nisso, Glorick se retirou do quarto, e foi para o seu. E assim todos foram dormir, e não demorou muito para pegarmos no sono, afinal a viagem foi muito cansativa. Mas antes de dormir eu percebi Aratus parado na janela observando a chuva.

Na manhã seguinte, pássaros cantavam perante o dia úmido pós-chuva, as estradas provavelmente estariam cheias de barro e comentamos que iríamos precisar de cavalos.

Então enquanto terminávamos de arrumar nossas coisas, ouvimos três batidas em nossa porta, e então pensamos que poderia ser Glorick ou algum serviço de quarto.

Barad foi até a porta para abri-la e ver quem era, e surpreendeu-se com a visita.

Quando Barad abriu a porta, um homem estava parado em frente a ela com um sorriso amarelado em seus dentes, e ao seu lado dois orcs. O homem tentou atacar Barad, mas ele foi mais rápido e fechou a porta em sua cara, e a espada do homem atravessou a porta, deixando visível a sua ponta para nós.

Assim todos nós pegamos nossas espadas, e nos preparamos. Até que escutamos alguns gemidos e grunhidos de orcs atrás da porta. E então se fez silêncio. A porta foi chutada e derrubada. E atrás dela estava Glorick, O Arruaceiro.

— Venham logo, esse lugar está infestado de orcs, eu pude sentir o fedor deles há distância. – disse Glorick nos chamando.

Seguimos ele até o salão central, onde ficava o bar e a saída. O lugar estava cheio de orcs, e o dono do bar estava rendido por alguns homens. E então percebi que alguns homens que estavam ali eram familiares, pois estavam ali na noite anterior.

— Entreguem o garoto, ou ele irá morrer. – disse o Orc, apontando para o dono da Taberna que estava com uma faca em sua garganta.

O dono do estabelecimento era um homem simpático, da vez que havia-nos atendido, ele estava com um enorme sorriso no rosto, e agora ele chorava por misericórdia.

Assim comecei a lembrar do dono da Taberna de minha cidade, e de todas as pessoas que morreram naquele dia por minha causa.

— Eu vou me entregar. – eu disse para os outros.

— Você está ficando louco? – disse Aratus.

— Eu não vou deixar que mais ninguém morra por minha causa. – eu respondi a ele.

Então dois machados foram arremessados, e acertaram os dois homens que estavam segurando o dono do bar. E assim, Glorick saltou por cima de nós gritando feito um Bárbaro e chegou até seus machados, pegando eles novamente, e começando a atacar os homens e os orcs.

— O que estão esperando? A hora do chá? Vamos acabar com eles. – disse Glorick.

Então assim partimos para cima dos inimigos, eliminando eles um há um.

Glorick era muito habilidoso com seus dois machados, ele não deixava ninguém chegar perto de si. Entrava em baixo das mesas e as jogava em cima dos inimigos, e as vezes fazia dos orcs como escudo para os ataques dos outros oponentes.

Ele também jogava seu machado nos inimigos que estavam a distância, e teve um momento em que um orc tentou pegar o machado que estava cravado em um homem, então Glorick foi para cima dele com fúria em seu olhar.

— Tire, essas, mãos, imundas, do, meu, machado, sua besta! – dizia ele dando um golpe no orc a cada palavra.

Não demorou muito para acabarmos com todos eles. Então o dono do bar nos agradeceu, mas reclamou da bagunça que deixamos no local. E assim saímos de lá, mas antes compramos alguns cavalos. Partimos em direção ao Condado.

No caminho conversava com Glorick, e perguntei-lhe sobre sua família.

— Bem, minha família viajava muito pelos mares, e eu não sou um cara que gosta muito do mar se é que me entende. E viajar para o Norte virou o maior negócio da família dos Anões, encontramos um lugar muito rico e fértil, onde cavamos vários buracos e encontramos varia pedras preciosas e ouro. E também na construção de barcos. Anões são os melhores construtores de barcos que existem. – respondeu ele cheio de orgulho.

— E porque vocês ainda são chamados de Anões? Se não são tão pequenos mais. – perguntou Barad por muita curiosidade.

— Bom, nosso povo já foi muito menor. Depois que viajamos anos pelo mar, começamos a crescer sem mesmo perceber, e quando voltamos para a Terra-Média, no começo da Quinta Era, achamos que os homens haviam encolhido. – dizia ele rindo.

— Alguns dizem que foi presente de Odin. – continuou ele. – e alguns até pararam de se chamar “Anões”, principalmente os que vivem nas ilhas do norte; eles se nomearam “Vikings”. Mas nosso povo descende da casa de Dúrin, então temos orgulho de ainda sermos chamados de Anões.

Depois de um bom tempo de viagem, finalmente chegamos ao Condado. Mas quando chegamos nossa recepção não foi tão calorosa quanto diziam que seriam as histórias sobre o Condado.


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