O Senhor de Gondor escrita por Will Snork


Capítulo 3
Capítulo 3 - O Jardim de Isengard




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Naquela manhã, Barad e eu saímos para cortar lenha juntos, a pedido de nosso pai. Estávamos conversando algo sobre uma lenda antiga, sobre um Anel de poder.

— Você nunca ouviu falar? – perguntou Barad.

— Não que eu me lembre. – respondi.

— É uma lenda muito antiga, dizem que as Antigas Eras deste mundo giraram em torno deste Anel, que um homem chamado Sauron; ou algo assim, forjou um anel que podia controlar as pessoas. Então uma guerra aconteceu e Sauron perdeu o seu anel. Anos depois um anão o encontrou e descobriu que ele era amaldiçoado. Junto com um elfo e outros homens, foram destruir o anel na montanha de Mordor, então Sauron foi destruído e assim os orcs sumiram da Terra-Média até hoje.

— Essa história parece estar muito mal contada. – eu disse enquanto cortava lenha.

— Bom, não me lembro direito, meu pai me contou quando eu ainda era criança, muito antes de Hildwyn ter te encontrado. Enfim, eu disse isso porque me lembro de meu pai mencionar um Rei de Gondor nessa história, que foi o maior de todos; como era o nome mesmo, Artor... Aranor?

— Aragorn? – eu disse enquanto cortava outra lenha.

— Isso mesmo! – ele respondeu – como se lembrou do nome?

— Não sei, só me lembrei disso. Me recordo de escutar esse nome várias vezes quando era pequeno, não sei direito o que ele fez, mas parece que foi algo muito grande. – respondi.

— Parece que sua memória está começando a voltar, Rei de Gondor. – ele disse isso fazendo uma reverência.

— Você vai ficar tagarelando ou vai me ajudar com a lenha? – disse a ele com um tom de seriedade.

— Acalme-se, foi apenas uma brincadeira! - respondeu Barad ao perceber que não gostei de sua atitude.

Ora, escutamos alguns gritos e tumultos vindo do meio do vilarejo. Entramos em casa, pegamos nossas espadas e pedimos para Hildwyn permanecer lá, porém, como sempre, ela se recusou e foi conosco. Junto a ela estava Karick.

A estrada central que cruzava o vilarejo estava um caos, aquele homem que havia lhe cortado a mão estava lá novamente, dando ordem a outros orcs. Haviam orcs para todos os lados, eles colocavam fogo em casas e comércios, matando os homens e pegando mulheres e crianças como seus prisioneiros.

Eu senti muito ódio em meu coração. Não hesitei em confrontar os orcs, mas dessa vez eram Uruk-Hai. Eles são orcs maiores, mais fortes e experientes com batalhas. Foram os dessa espécie que mataram meu pai e seus homens.

Eu gritei furioso, ataquei o orc, mas ele repeliu o ataque e me golpeou no rosto. Me derrubou ao chão e quando ele pretendia me acertar com sua espada, uma flecha o acertou no peito; Hildwyn havia me salvado mais uma vez. Me levantei com a ajuda de Karick.

— Vá com calma, filho – disse ele.

Haviam muitos orcs, os moradores da cidade faziam o que podiam para se defender, mas eles não eram experientes com armas e não conseguiam sucesso. Eu pude ver o dono do bar sendo assassinado por um orc enquanto tentava se defender.

Eu olhava ao redor, via sangue espalhado por todos os lugares, além dos gritos de desespero; então minha cabeça começou a doer. Comecei a lembrar da guerra que presenciei quando era um garoto, muita informação começou a se chocar em minha mente. Eu me agachei ao chão e coloquei as mãos sobre a cabeça, demonstrando um sinal de dor.

Alguns orcs tentaram me atacar, mas Hildwyn e Barad me ajudaram se juntando à mim, os dois também eram bons com espadas. Karick se manteve na retaguarda, ele estava parado em frente a um poço com um arco, atirando nos orcs que se aproximavam.

Então, quando menos esperávamos, uma flecha negra acertou Karick no peito. Aquela cena foi chocante para nós, Barad e Hildwyn se desesperaram e começaram a correr em direção ao seu pai, então ele gritou para nós:

— Não, não venham até mim, ajudem o seu irmão, ele é a esperança de Gondor.

E assim outra flecha acertou Karick no peito, e ele caiu dentro do poço.

Barad e Hildwyn estavam em choque e não conseguiam fazer muita coisa, havia muitos orcs em nossa volta, parecia que seria o nosso fim. Então, um homem encapuzado vestindo uma capa cinzenta pulou em nossa frente, retirando uma grande e brilhosa espada de sua bainha. Ele atacava os orcs com precisão; cortava seus braços e os decapitava; defendia os ataques e imediatamente os atacava, eles não tinham chance.

Era Aratus, mas ele mesmo percebeu que eram muitos orcs, então me apoiou em seus ombros e me ajudou a caminhar. Assim chamou Hildwyn e Barad para fugirmos daquele local.

Corremos muito até chegarmos à uma floresta fechada, longe do perigo. Mas Aratus ainda estava olhando para todos os lados procurando inimigos. Barad sentou-se em uma pedra e começou a chorar, Hildwyn do outro lado, encostada em uma árvore, também chorava.

— Acho que aqui estaremos longe do perigo, devemos descansar aqui um pouco. – disse Aratus.

Eu estava encostado em uma árvore, respirando fundo, pensando no que Karick disse antes de morrer: "A Esperança de Gondor". Então percebi que Karick sabia quem eu era todo esse tempo e que ele me escondeu tudo desde o começo para me proteger, pois ele também era um Gondoriano. Eu respirei fundo e disse:

— Eu me vingarei.

Então eles olharam para mim.

— Eithor irá me pagar pelo que fez, ele irá cair e Gondor será retomada. Por Karick. – disse.

— Então eu sei exatamente para onde devemos ir. – disse Aratus - Há um povoado de sobreviventes da guerra de Gondor há poucos dias daqui. Eles irão adorar ver o rei deles novamente. Mas por enquanto vamos descansar e dormir aqui, está quase anoitecendo e andar pela floresta a noite não será uma boa ideia; os orcs conseguem enxergar melhor do que nós ao meio da escuridão. Vamos dormir aqui e fazer silêncio; eu irei vigiar enquanto dormem.

A noite foi longa, eu não conseguia dormir, acredito que Hildwyn e Barad também não. Eu olhava para o céu, cheio de estrelas e percebia que Aratus fazia o mesmo fumando um cachimbo. No mesmo momento que o sol nasceu, nós levantamos e partimos para o Oeste, em direção à uma floresta chamada Fangorn. Caminhamos por seis dias, quase sem descanso até chegarmos à beira da floresta.

Ao entrarmos na floresta Aratus disse:

— Tomem cuidado, garotos! Fiquem junto comigo. Essa floresta é traiçoeira e misteriosa, se você ficar nela por muito tempo sozinho pode acabar ficando louco.

Parecia baboseira, mas realmente havia um ar místico no naquele lugar. Caminhamos até uma área mais aberta da floresta, demorou algumas horas para chegarmos até lá. Tinham várias barracas montadas, formando duas linhas e no meio havia uma “estrada” artificial feita pelos moradores.

Quando estávamos chegando, havia uma mulher estendendo a roupa em um varal improvisado, quando ela nos viu, derrubou a bacia com a roupa no chão e correu para a estrada gritando: - Aratus voltou, ele voltou, Aratus voltou!

As pessoas começaram a sair das tendas, tinham poucos homens e mulheres, algumas crianças também. Provavelmente no total haviam cerca sessenta pessoas naquele lugar.

As pessoas me viram e cochichavam, “Será que é ele?”, “Será que é o herdeiro?”. Então Aratus foi até uma grande pedra que ficava ao final da estrada e subiu em cima dela. E é claro que me arrastou junto com ele para lá.

— Povo de Gondor, hoje há uma luz na escuridão, hoje há esperança em nosso dia! Eis aqui diante de vocês, Wallor, filho de Guildor, herdeiro de Gondor.

Eu vi as pessoas mudarem suas expressões tristes e duvidosas de seus rostos no mesmo momento, agora a esperança estava refletindo em seus olhos. Eles se alegraram e começaram a gritar em comemoração. Então, quando desci de lá, muitas pessoas vieram me saudar e se ajoelhar perante a mim. Isso me deixava um pouco constrangido; eu nunca fui acostumado a ver pessoas se ajoelhando para mim. Eu realmente dei muita esperança para aquele povo pobre, eles estavam vivendo em uma situação precária.

Perguntei para Aratus há quanto tempo eles estavam ali, ele me respondeu que desde o primeiro dia da queda de Gondor, mas eram um número maior, cerca de trezentos, porém, muitos desistiram e partiram para tentar erguer suas vidas novamente; esses que ficaram, mostraram realmente seu amor por Gondor, eles se denominam “O Povo Livre de Gondor”. Aquilo tudo encheu meus pulmões de um sentimento esperançoso. Eu estava contente por fazer aquelas pessoas felizes só com a minha presença. Então, algumas horas depois, eles começaram a festejar, gastaram todo o estoque de suprimentos que tinham guardado para meses naquele mesmo dia. Todos festejavam, menos nós três. Barad e Hildwyn sentaram ao meu lado na grama, enquanto olhávamos as pessoas dançando e se divertindo em volta de uma fogueira.

— Tudo isso é uma loucura não acha, Wall? – disse Hildwyn.

— O que quer dizer? – perguntei.

— De uma hora para outra você descobre que é herdeiro de Gondor, que há sobreviventes da grande batalha e pessoas estão vivendo por sua causa, elas vivem por sua existência.

— De fato, é uma grande loucura. – respondi.

— O que você pretende fazer agora? – disse Barad.

— Como assim? – perguntei.

— Veja só, todos estão felizes e tudo mais, só que esqueceram que não vai mudar muita coisa somente ter encontrado o Rei. Eithor tem um exército de homens e orcs fortemente armados, e você ouviu Aratus; Eithor tem poderes sobre-humanos. Aqui temos apenas quarenta homens velhos e crianças. Nós temos alguma chance contra Eithor? – disse Barad.

— Mas é claro que não! – disse uma voz atrás de nós, que vinha de Aratus.

— Mas olha só para eles. – continuou Aratus sentando-se ao nosso lado. – Esse povo não festeja assim há uma década. Eu não os vejo sorrir assim há muitos anos. Talvez seja verdade o que você está falando; só encontramos o Rei, e daí? Mas para eles isso já é algo que os lembra da antiga Gondor onde vivíamos e onde queremos viver novamente. Não importa o resto por enquanto, queríamos encontrar o herdeiro e encontramos, o que iremos fazer depois? Isso ninguém sabe ainda, mas pensaremos em algo e com certeza iremos vencer esta guerra.

Parecia impossível, mas mesmo assim eu também tinha esperanças em vencer a guerra. Percebi que nasci com esse propósito, que tudo que fiz até agora foi por esse objetivo, que aquele Guardião ter me jogado da cachoeira foi destinado, e que graças a isso o nosso povo teve uma segunda chance.

— Iremos partir amanhã. – disse.

— Para onde? – perguntou Hildwyn.

— Rohan. – respondi.

— Rohan? – Hildwyn e Barad perguntaram juntos.

— Sim, Rohan, a cidade onde sua mãe nasceu. – disse.

— É uma boa ideia meu jovem. – disse Aratus – Mas antes disso, tenho outra ideia.

— Qual o seu plano? – perguntei

— Eu conheço um lugar, distante, onde vive um certo homem que pode nos ajudar. – disse Aratus.

— Certo, que lugar é esse? – perguntou Barad.

— Bree. – respondeu Aratus. – Em Bree encontraremos esse homem.

— Certo então. – eu disse. – Partiremos amanhã de manhã.

Para chegarmos até Bree, poderíamos escolher entre dois caminhos: um deles era cruzar as Montanhas Nebulosas ou ir por Isengard. Os dois caminhos eram perigosos, orcs estavam dominando as passagens pelas montanhas, e por Isengard seria um caminho quase desconhecido, pois há muitos anos ninguém passava por lá por causa de algumas lendas que contavam sobre o local.

De manhã, nós quatro preparamos mochilas com alguns suprimentos, havia muito pão e bolo de viagem, todos nós enchemos cantis com água. O sol ainda não tinha nascido e estávamos prontos para partir.

Ao deixar aquele lugar, olhei para um pequeno garoto que estava todo sujo, aparentemente magro; ele olhava para mim com um sorriso no rosto. Esse garoto provavelmente nasceu depois de Gondor cair, naquele mesmo lugar, e só escutou histórias de como era nosso povo, aquela cena mexeu com minha mente. Fui até o garoto e coloquei minha mão sobre sua cabeça.

Em seguida várias pessoas começaram a sair das tendas, então fui em direção à grande pedra, a mesma que Aratus subiu àquela vez, comecei a dizer a eles:

— Gondorianos, meu povo. A tristeza de vocês é meu fardo, eu não sabia quem eu era, fiquei onze anos desaparecido sem saber de minha missão. Agora eu me lembro, sei de minha responsabilidade; eu estava lá quando Gondor caiu, trago em minha memória a última vez que vi meu pai e as palavras que ele disse: “A honra nunca iria morrer”. Eu vejo aqui hoje, que ela nunca morreu. A honra de ser de Gondor ainda aquece nossos peitos e nos dá motivação para continuar. Por isso eu juro, que enquanto eu estiver de pé, lutarei para libertar nosso povo!

As pessoas gritavam e aplaudiam. Então desci da pedra, enquanto as pessoas abriam espaço para mim.

— Belo discurso. – disse Hildwyn.

E assim partimos para Isengard enquanto o sol se erguia atrás das montanhas. Andamos por três dias dentro da floresta de Fangorn, o ar estava quase sufocante, como se ela estivesse viva, estávamos chegando cada vez mais perto do seu coração. As árvores começaram a ficar maiores, e às vezes parecia que elas estavam nos observando, algumas pareciam até mesmo ter vida própria em seus galhos, pois elas balançavam sem mesmo existir vento.

Caminhamos por algumas horas, até encontramos um lugar onde o solo era infértil, apenas terra por uma grande extensão. Seguimos até uma colina alta, de onde conseguimos observar Isengard. Era um lugar cercado, como uma vasilha, um paredão extremamente alto e escuro se envolvia no local, e dentro dele, enormes árvores que se misturavam aos grandes muros. Uma cachoeira brilhava em frente ao sol, e no centro, um enorme monumento negro semelhante a uma torre de pedra.

Nos aproximamos do portão da cidade, precisávamos atravessar entre ela, pois contornar pelos lados seria muito demorado. Percebi que os grandes muros estavam partidos e quebrados. De certa forma, algo naquele lugar nos atraía.

Atravessamos os portões com cautela, porque ninguém ia para Isengard há muitos anos; lendas diziam que lá vivia um monstro enorme, que devorava as pessoas que entravam naquele local. Assim Isengard se tornou um lugar esquecido pelo homem. Ao atravessar os portões, encontramos várias rochas, que pareciam ser pedaços do grande muro alto quebrado, mas com plantas em volta e musgo nas rochas, poderiam passar despercebidas por causa da grande vegetação em volta. Por conta de as pedras serem negras, era possível notar que não faziam parte da natureza, e sim que a natureza havia se adequado com a rocha ali, como se o lugar tivesse sofrido por uma grande guerra há milhares de anos.

Podia-se também perceber vários pequenos “riachos” em meio às ruínas, mas como a água era incrivelmente transparente, percebi que esses pequenos rios eram fundos, como se fossem crateras. A água que cobria o buraco parecia ser incrivelmente limpa, então enchemos nossos cantis com ela.

A noite se aproximava, eu sentia um arrepio na espinha por estar lá, aquelas árvores pareciam ter vida própria, então decidimos acampar ali.

Acendemos uma fogueira e começamos a comer alguns pães.

— Vamos acampar em Isengard? – perguntou Barad.

— Sim, Barad. Algum problema? – perguntou Aratus.

— Não, digo, mas e se a lenda for real? – respondeu Barad.

— Acalme-se homem, são histórias para crianças urinarem na cama, não existe essa história de monstro. Você acha que ele já não teria aparecido se fosse real? Ou também teríamos encontrado alguns vestígios dele assim que entramos aqui? – indagou Aratus

— Sim, mas... – Barad foi interrompido por um barulho entre as árvores.

Todos olharam um para a cara do outro, todos pálidos e assustados pelo barulho. Então Aratus riu:

— Deve ter sido o vento – disse ele.

Então as árvores se mexeram novamente.

— Aratus – eu disse a ele — Não ventou agora.

Todos pegamos nossas espadas e apagamos a fogueira. Ficamos cautelosos.

— Não existe essa história de monstro. – disse Aratus – Deve ser algum orc, vamos tentar descobrir o que foi isso.

Entramos no meio das árvores, andamos um pouco e paramos em frente à grande “rocha”, que na verdade era uma torre negra como os muros, mas a natureza havia tomado conta dela da mesma maneira que os pedaços do paredão que estavam espalhados pelo meio da floresta. Em frente à escadaria que dava acesso a torre, havia uma grande árvore, muito grande mesmo. Decidi subir nela para tentar ver se encontrava os supostos orcs. Comecei a escalá-la, escalei alguns galhos, e quando estava quase no topo, levei o maior susto de minha vida. No alto da árvore, eu pude perceber um enorme olho amarelado, olhei dentro dele e soltei a árvore imediatamente dando um grito. Por sorte cai em cima de um arbusto, assim não quebrei nenhum osso, mas mesmo assim foi uma grande queda e fiquei dolorido por alguns dias.

— A árvore – eu disse a eles gaguejando. — A árvore tem um olho, tem um olho na árvore.

Então, aqueles olhos estavam virando em nossa direção, e a árvore estava virando sua “cabeça” lentamente, estalando a cada centímetro que se mexia.

A árvore soltou então um grande “hhhhmmm” que soou por Isengard toda.

— Hmm, quem são vocês? Hmm, o que são vocês? São Hobbits? – disse a árvore lentamente.

— Hobbits? – eu perguntei para mim mesmo.

— Não grande árvore, somos homens. – disse Aratus.

Barad estava branco, ele não conseguia se mexer de medo, acreditava que a árvore iria querer nos devorar a qualquer momento. Mas eu mesmo percebi que ela não podia fazer nada, pois suas raízes estavam muito fundas no chão e seria impossível ela se mexer, além de ser extremamente velha, parecia que se ela se mexesse muito poderia até mesmo quebrar.

Logo pude perceber também que a árvore tinha a característica de ser muito sábia, pela enorme barba que tinha no seu “rosto” que ia até o chão e se misturava em suas raízes.

— hmmm, homens? – disse a Árvore – hmmm, mas vocês são tão pequeninos hmm, parecem hobbits, ou talvez eu que tenha crescido demais hmm. – acrescentou ela lentamente.

— O que é você? – eu perguntei a Árvore.

— hmmm, o que eu sou? Oras, que falta de educação jovenzinho hm, eu sou Barbárvore hmm, um Ent como diz na língua rápida de vocês. – disse a Árvore.

— Um Ent? – disse impressionado.

Um Ent era a última coisa que eu poderia imaginar encontrar em minha vida, era uma lenda, diziam que Ents não existiam há milhares de anos, e alguns até acreditavam que nunca haviam existido.

— Um Ent. – falei a Barbárvore. – eu acreditava que os Ents não existissem mais há muito tempo.

— Hm, bom, pode se dizer que quase não existimos mais hm, pois eu sou o último Ent que ainda existe hm, o mais antigo também hm – dizia ele lentamente – Os Ents foram sumindo com o tempo, sua raízes começaram a ficar presas no chão hmm, e pararam de se mexer a muito tempo hmm, e outros foram para o oeste atrás de Enteposas¹ hmm, mas nunca voltaram e suas presenças já desapareceram há muito tempo hmm.

— Você vai nos machucar? – perguntou Barad ainda assustado com ele.

— Hhmm, machucar? – disse Barbárvore seriamente - Hm, não, a não ser que vocês queiram roubar como o último homem que veio aqui hmm.

— Não, não queremos roubar nada. Mas o que roubaram de você senhor Barbárvore? Se não for muita insolência minha perguntar. – perguntou Aratus.

— Hm, roubaram o fragmento hm, do cajado de Saruman hm, - dizia Barbárvore lentamente – ele entrou na Orthanc² e encontrou hm, nem nós sabíamos que isso ainda existia hm.

— Há quanto tempo foi isso? – perguntou Aratus há Barbárvore.

— Hm, não sei dizer, pois adormeci depois disso, eu só consigo acordar quando entram em Isengard, pois eu sinto suas presenças Hm. – disse Barbárvore – Mas ele deixou algo dentro da torre hmm, ele se assustou com minha presença e correu hm, deixou algo cair do bolso, mas nunca consegui alcançar aquilo hm.

— Eu tenho alguns palpites de quem é esse homem. – disse Aratus.

— Quem Aratus? – perguntei a ele.

— Eithor. – Respondeu ele.

— Podemos entrar na torre e ver o que é Senhor Barbárvore? – perguntou Aratus.

— Hm, podem sim hm, não os vejo como ameaça hm, e o jovem me lembra alguém hmm, alguém que conheci há muito tempo, um antigo rei amigo hm. – disse Barbárvore olhando para mim.

— Certo. Obrigado senhor Barbárvore – disse Aratus.

E assim entramos em Orthanc, a torre de Isengard.

 


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Notas finais do capítulo

1 - Enteposas são "Ents Femeas" mencionadas no livro "As Duas Torres" cujo os Ents dizem que sumiram ou foram roubadas.

2 - Orthanc, é a torre negra localizada no centro Isengard, a mesma que que Gandalf ficou preso em "A Sociedade do Anel".