Alinhamento Astral. escrita por Luali Carter, Rocker


Capítulo 23
Capítulo 22 - Tudo em seu devido lugar.


Notas iniciais do capítulo

N/Rocker: Último capítulo inteiramente meu, gente, mas vou deixar o capítulo pro epílogo ;) E obrigada a Vinia por me lembrar da fic hahaha'



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Capítulo 22 - Tudo em seu devido lugar.

CHARLIE

Nos dias que se seguiram eu e Nico passávamos cada segundo do dia juntos. Ele chegava ao meu chalé pouco depois de soar a concha para o café da manhã e íamos juntos para o Pavilhão do Refeitório. Talvez esse fosse o único momento do dia em que nos separávamos, por causa da regra besta de separação de mesas. Eu ficava sozinha, isolada na minha, assim como ele na dele. Mas eu já não me importava mais, pois enquanto comíamos, trocávamos olhares, calculando o tempo que terminaríamos a refeição para irmos para as atividades. Juntos. Leo e Luali passavam algum tempo conosco, mas sempre fugiam depois de um tempo para algum lugar escondido. Com certeza para dar alguns amassos mais quentes, que seriam vergonhosos para se ser feito em público. Eu e Nico evitávamos desse tipo, apenas esperando pelo momento certo.

A semana passou e eu não vi nem sinal de Will Solace.

Soube por alguns campistas que ele estava na enfermaria da Casa Grande, sob os cuidados de Quíron e do sr.D. Não que eu imagine que o deus dos vinhos esteja ajudando com muita coisa, mas foi o que disseram. Todos comentavam que Will não conseguia dizer uma palavra só e ninguém desconfiava que eu fosse a responsável. Quíron não tinha ideia de qual ramificação do feitiço silenciador que eu usara, e como ninguém ali, além de mim, sabia falar alemão, a cura ainda não fora feita. Chamaram até minha mãe para tentar desfazer o feitiço, mas ela disse que somente eu conseguiria.

Ainda me perguntava porque me preocupava com isso, mas eu sempre chegava à conclusão de que, depois de tudo, eu acabei o perdoando com o tempo. Nico me ensinou, mesmo às escuras, o que era o perdão. Ele me ensinou a me perdoar acima de tudo. E que, a partir do momento em que eu me perdoava - e consequentemente passara a temer o sexo masculino - eu conseguiria perdoar qualquer outro que me machucara. Aprendi que todos eram humanos, mesmo tendo metade de sangue divino. Até mesmo os deuses erram, e com Will não seria diferente. Ele errou. Estava bêbado e facilmente manipulável. Apenas teve o azar de ter sido manipulado pelo meu pai doente e diabólico.

Will merecia meu perdão. E era o que eu lhe daria.

– Charlie. Charlie! - ouvi alguém me chamando e consegui sair do transe.

Balancei a cabeça, dispersando os pensamentos, e focalizei Nico à minha frente. Estávamos passeando pelos campos de morango no tempo livre das atividades. Seus olhos negros tinham certo brilho, mas estava claramente preocupado.

– Está tudo bem? - ele perguntou.

– E-eu acho que sim. - titubeei.

– Não, não está. - ele anunciou, puxando-me pelos ombros e me dando um abraço forte. Enterrei meu rosto em seus pescoço, enquanto seus braços se estreitavam ao meu redor. - Isso é por conta do Solace?

Não adiantaria de nada mentir para ele. Nico me conhecia como ninguém.

– Ainda planeja me pedir em namoro? - perguntei e Nico rapidamente me afastou de si.

Fiquei confusa com sua reação, até que ele segurou meu rosto em suas mãos, olhando-me com todo o carinho que eu poderia pedir.

– Você ainda tem dúvidas, Charlotte? Eu te amo, bruxinha.

Sorri de orelha a orelha. - Eu também te amo, fantasminha.

Nico se aproximou e pressionou os lábios contra os meus, iniciando um beijo calmo e intenso. Eu sentia-me bem em seus braços, como nunca antes. Mas algo naquilo estava me incomodando. Não na relação que eu tinha com ele em si, mas no que ele me dissera pouco antes de sairmos do iate, dias antes.

"Esperarei até que você esteja pronta, sem essa situação com o Solace te assombrando. Quando estiver preparada, eu adoraria dizer ao mundo que você é minha, mesmo que já seja.", ele dissera.

E eu já não me sentia mais assim. Talvez já fosse a hora de resolver isso de uma vez por todas.

Me separei de Nico com alguns selinhos.

– O que foi? - vi uma linha profunda se formando na testa dele, sua expressão se tornando preocupada.

Sorri para aliviá-lo. - Acho bom então já ir preparando seu discurso, pois estou indo resolver isso agora.

Virei-me, prestes a ir em direção à Casa Grande, quando sinto-o segurar meu braço.

– Espera o que quer dizer com isso? - Nico me perguntou, confuso, mas então analisou melhor minha expressão e seus olhos ganharam um brilho diferente. - Você já está pronta para perdoá-lo?

Sorri para ele. - Acho que já o perdoei há muito tempo. Melhor eu ir. - dei-lhe um selinho e fui em direção à conversa mais importante que poderia ter na vida.

~*~

Depois de conseguir autorização com Quíron, principalmente depois de ter lhe dito meus motivos, bati à porta da enfermaria. Como eu sabia que Will não teria condições nem mesmo de me mandar entrar, entrei mesmo assim. Ele estava deitado na cama mais próxima da porta, e como eu não planejava ainda muita aproximação, apenas fechei a porta e me recostei nela. A enfermaria estava deserta, a não ser por nós dois. Dias antes, eu teria tido um ataque de pânico com essa pequena observação.

Will, assim que me viu, ajeitou-se na cama, pronto para se aproximar, mas assim que tirei a varinha da bota, ele endureceu a postura, provavelmente imaginando que desta vez eu o transformaria em um tipo de doninha ou tamanduá. Revirei os olhos, mas ri ao apontar-lhe a varinha e fazer o contrafeitiço correto.

Stave fortrydes, redone Auditorium.*

Will desenrolou a língua, e percebeu que estava livre do feitiço.

– Lottie, por favor, eu preciso falar com você. - ele implorou, levantando-se da cama.

Uma pontada de dor despontou em meu peito.

– Não, Will. - eu disse firmemente, e ele estancou a meio caminho. - Eu vim aqui para conversar com você. Então espero que ouça.

Ele assentiu. - Me perdoe, por favor. - ele implorou.

Levantei a mão em pedido e ele silenciou.

– Olha, Will, eu acho que já te perdoei antes mesmo de eu sair da Caçada. - comecei, mas depois ponderei todos os pensamentos que tive quando decidi vir conversar com ele. - Tudo bem, não completamente. Mas depois disso, depois do tempo que passei ao lado de Nico, aprendi que depois de eu ter perdoado a mim mesma, perdoar os outros se torna uma consequência inevitável. Eu já te perdoei, mas não quero que continuemos a nossa relação de onde paramos.

Levantei meus olhos para meu primo e vi a dor em seus olhos. A dor real o atingindo em cheio, deixando claro ainda mais o quanto ele se sentia culpado e o quanto se arrependia daquela noite trágica e desastrosa.

– Lottie, você ainda é minha priminha e eu...

– Will! - gritei, mas então ao ver seu susto diminui o tom de voz. - Will, eu não quero continuar nossa relação de onde paramos, eu quero começar de novo. - completei, agora mais calma.

Pude ver seus olhos brilhando como o sol e um sorriso largo se espalhando por seus lábios. O alívio e felicidade era claro em cada centímetro de sua expressão e eu mesma fiquei orgulhosa de mim mesma por ter conseguido perdoá-lo. Ele talvez fosse a única pessoa da família que me restara.

– Muito obrigada, Lottie. - ele disse, relaxando finalmente os ombros.

– Mas tem uma condição. - levantei o dedo, e ele encolheu os ombros, receoso. - Não me chame mais de Lottie, me lembra muito daquele dia. - entortei a boca ao dizer isso.

– Vai parar de me azarar? - ele perguntou, brincalhão, mas eu vi em seus olhos que ele estava mais do que disposto de recomeçar, com apenas essa condição.

– Quem sabe! - brinquei.

– Feito! - ele disse, e estendeu a mão. - Obrigado, priminha. Charlie.

Sorri, e peguei-o de surpresa ao me aproximar e tomá-lo em um abraço.

Tudo estava finalmente seu devido lugar.

~*~

Cerca de duas horas depois, eu estava em frente ao chalé de Hades, a pedido de Nico. Eu sabia que tinha algo a ver com o tal pedido de namoro oficial, mas mesmo assim eu estava receoso. O que esse projeto mal feito de zumbi planejava fazer? Respirei fundo, provavelmente pela trigésima sexta vez nos últimos quinze minutos que fiquei parada em frente àquela porta, apenas criando a coragem que eu não tinha.

Will tinha recebido alta logo após eu ter desfeito o feitiço e ficamos conversando, nos conhecendo novamente. Era algo que ambos precisávamos. Por fim, Lua tinha aprecido com um sorriso malicioso no rosto e falado que Nico me procurava. Will inicialmente ficara com ciúmes, mas ele percebeu o quando aquele fantasminha era importante para mim. Admitira até mesmo que ele fosse uma boa parte do motivo pelo qual eu finalmente conseguira perdoá-lo. Ele me desejara boa sorte e eu finalmente vim.

Respirei funto pela trigésima sétima vez e bati na porta. Segundos depois Nico aparecia com um sorriso na cara e vestido com uma camisa do Rolling Stones. Deu-me um selinho e me permitiu a passagem. Para logo depois segurar em minha para evitar a minha queda. O quarto geralmente escuro, estava iluminado por velas aromáticas com cheiro de jasmim e pétalas de tulipas negras e peônias brancas estavam espalhada por todo o chão. Em cima da cabeceira, um buquê com rosas azuis estava repousado delicadamente. Nas paredes, fotos minhas que eu nem imaginava como Nico conseguira, principalmente quando a maioria era da minha época na Caçada. Mas eu consegui achar a única foto que tínhamos juntos, no dia que começamos a ficar, na praia. Ela estava sobre a cama, com um par de anéis de compromisso sobre ela.

Virei-me para Nico, com os olhos marejados e completamente sem palavras.

– Nico, eu... - comecei, mas não consegui completar a frase.

– Você sabe que eu não sou bom com palavras. - ele disse, estreitando os braços ao redor da minha cintura. Ele tinha um brilho satisfeito nos olhos, mas sua postura ainda era meio insegura. - Então eu não sabia bem como pedir isso. Pedi ajuda para a Luali, e ela me trouxe as fotos e eu consegui com a Katie Gardner essa suas flores favoritas. Foi um pouco difícil, pois seus gostos são bem exóticos. - ele soltou uma risadinha e eu o acompanhei. - Katie conseguiu convencer Travis a conseguir os anéis no mesmo lugar que ele tinha conseguido o deles, então essa parte não foi muito difícil.

Meu sorriso se abria a cada palavra que ele dizia.

Eu estava encantanda e apaixonada por aquele garoto.

– Então, isso tudo, foi para chegar a essa pergunta. - Nico finalizou. Ele não ajoelhou, mas seus olhos refletiam todo o amor que ele sentia por mim e eu tinha certeza que eles eram um espelho do meu. - Charlotte Hastings, você aceita ser minha namorada?

O sorriso que se abriu em meus lábios quase não coube em meu rosto.

– É tudo o que eu mais quero no mundo. - respondi, já sentindo as lágrimas descendo.

Elas eram, finalmente, lágrimas de felicidades. Nico tomou meus lábios nos seus e eu me senti completa. Até que eu senti algo completamente diferente.

Acho que está na hora, querida, ouvi uma voz em minha mente. De alguma forma eu sabia que era Afrodite. Você está pronta para isso.

Inconscientemente e totalmente alerta eu fui empurrando o corpo de Nico lentamente até a cama, até que ele caiu de costas nela e eu caí sobre seu peitoral, finalmente interrompendo o beijo que se tornara quente e desejoso.

– Acho que isso é seu. - Nico disse, sorrindo, colocando a aliança que pegara ao lado de si em meu dedo. Sorri e coloquei a outra em seu dedo.

Fiquei ainda algum tempo analisando seu rosto, assim como ele fazia com o meu. Até que o beijei. O beijei como eu nunca beijara antes, e quando percebemos, nossas blusas já estavam jogadas em algum canto daquele quarto. Nico, porém, me parou.

– Charlie... Charlie... - ele estava ofegante. Tão ofegante quanto eu, e eu sabia que ele sentia os efeitos daqueles amassos tanto quanto eu. - Melhor pararmos, antes que eu não possa mais me controlar.

– Não pare. - eu disse, surpreendendo-o. - Eu quero isso, Nico. E quero que seja com você.

Nico sorriu, e me puxou para outro beijo, tão intenso e apaixonado quanto o outro, enquanto procurava o fecho do meu sutiã.

Afrodite tinha razão, eu estava pronta. E ninguém melhor do que Nico para que eu pudesse dar esse passo na minha vida.

Tudo estava, finalmente, em seu devido lugar.


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Notas finais do capítulo

*"Feitiço desfeito, auditório refeito." - em dinamarquês.



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