A Garota Gelo escrita por Lis Bloom


Capítulo 9
Capítulo 10




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_ Melissa, eu e a Milena estamos pensando em fazer algumas comprinhas no shopping, está a fim de ir? – Pergunta a Carol, enquanto terminamos de arrumar os nossos materiais, hoje à aula tinha sido muito monótona, depois que percebi o olhar que Andrei tinha me dado.

_ Não dá, tenho um compromisso hoje à tarde. – Respondo colocando a mochila no ombro e indo para a porta.

_ Posso saber que compromisso é esse? – Pergunta Carol.

_ Por enquanto não.

_ Quer uma carona? – Pergunta Milena.

_ Não, vou a pé.

_ Como é que é? A garota mais popular da escola está indo a pé para casa, é o fim do mundo. – Diz Carol como uma voz trágica.

_ Faça essa experiência e irá concordar comigo. – Revido. – Agora tenho que ir, tchau meninas.

Enquanto estou saindo várias pessoas acenam para mim e eu aceno de volta, e por incrível que pareça, no fundo eu estava um pouquinho cansada de ser tão popular, queria ter uma vida mais privada, ou algo assim.

Durante todo o percurso até a minha casa não encontrei Andrei, a propósito, ele estava tão legal comigo hoje mais cedo e do nada tinha ficado estranho, ele só poderia ser bipolar, não tinha outra explicação.

Chego a casa, jogo a minha mochila no sofá e vou para a cozinha almoçar.

Respiro fundo e dou um enorme sorriso, hoje era o meu prato preferido, lasanha, um sonho de qualquer um, mas agora, a lasanha feita pela Maria era divina, como eu amava essa mulher.

Vou a sua direção e lhe dou um beijo enorme na bochecha.

_ Você sabe que eu te amo muito né Maria?

_ Fiz especialmente para você Melissa. – Responde ela com um sorriso no rosto.

_ Oi mãe, oi pai, oi irmã! – Digo rindo e acenando para todos que já estavam na mesa e comendo. – Obrigada por terem me esperado.

_ Melissa, estávamos com fome, e agora que você resolveu vim a pé demora mais né? – Pergunta a minha mãe colocando uma garfada de lasanha na boca, e me fazendo dar água na boca.

Pego um prato e coloco o maior pedaço, estava uma delícia, anhan anhan.

_ Bom, hoje à tarde eu irei à casa de um colega. – Falo o mais rápido possível, eu não queria que eles soubessem que eu estava ensaiando em uma banda, não ainda.

_ Fazer o quê? Posso saber? – Pergunta o meu pai, bom, eu teria que usar a desculpa mais velha do mundo.

_ Fazer um trabalho, acredita que já na primeira semana de aula eles passaram um trabalho enorme sobre a vida de Hitler, é o fim do mundo. – Digo colocando mais lasanha na boca para não precisar dizer mais nada.

_ Tudo bem, e que horas que é para você estar lá? Quer que eu te leve? – Pergunta a minha mãe.

_ Não precisa, é pertinho daqui, é para estar lá as 14h00min.

_ Então tudo bem, tenho alguns compromissos na faculdade, mais tarde eu irei passar no shopping, vai querer alguma coisa?

_ Você pode trazer uma barra de diamante negro?

_ Tudo bem, só não vai exagerar, então estou indo, tchau para vocês – Diz ela se retirando da cozinha.

Termino de comer a lasanha e me levanto.

_ Bom, eu vou me arrumar, pois daqui a pouco também tenho que ir.

Pego a minha mochila no sofá e vou para o meu quarto.

Tiro a roupa da escola, e opto por tomar um banho, já que eu iria ensaiar, tinha que estar pelo menos apresentável.

Tomo um longo banho, aproveitando para lavar os cabelos, e vou à missão de escolher a roupa.

Depois de vários minutos olhando para a bagunça do meu quarto, escolho um short jeans lavado e meio desfiado, uma blusa canoa branca dos Beatles e o meu all star de cano alto.

Faço uma pituca de qualquer jeito no meu cabelo (isso era o que eu chamava de apresentável?) e fico sentada no pufe esperando a hora chegar, mas em vez de ficar sem nada para fazer pego o meu violão e começo a tocar a música “Oitavo Andar” da Clarice Falcão, eu simplesmente adorava aquela música.

Depois de ter cantado mais algumas músicas olho para o relógio para ver se já estava na hora e levo um susto, já eram duas e meia da tarde, pego o meu violão coloco ele no estojo e saio correndo porta a fora.

Tudo bem, ele tinha me dito que a sua casa era a duas quadras da minha, ou algo assim, eu iria demorar mais uns 10 minutos para encontrar, mas tudo bem, só que eu tinha certeza que ele iria brigar comigo, ah se ele fizesse isso.

Depois de mais ou menos uns 15 minutos eu encontro a sua casa, aperto a campainha e quem me atende é a mãe dele, eu acho.

_ Você deve ser a Melissa né? – Pergunta ela.

_ Sim, me desculpe o atraso, é que eu estava tocando umas músicas no meu violão e acabei perdendo a hora.

_ Não, tudo bem, a garagem fica logo ali, pode ir lá, que daqui a pouco irei levar um lanchinho para vocês.

_ Obrigada.

Nossa, ela era muito legal, antes de entrar na garagem reparo em sua casa, era uma casa simples, mas aconchegante.

Levanto o portão da garagem e lá estão eles tocando e cantando, entro de fininho e presto atenção na música era “A Little Piece Of Heaven” da banda Avenged Sevenfold.

Depois que eles terminam, eu bato palmas, a sua voz era divina.

_ Eu adoro essa música. – Digo sorridente.

_ Eu gosto da letra. – Responde Andrei secamente. – Pensei que tinha desistido de vim.

_ Me desculpem, eu estava cantando algumas músicas no meu violão e acabei perdendo o horário.

_ Se fosse para demorar tanto não precisava nem ter vindo. – Diz Andrei.

_ Ei Andrei, se acalme aê. – Diz o baterista que eu nunca soube o nome.

_ Pode deixar, quem sofre é ele mesmo, a propósito qual é o seu nome? – Pergunto.

_ Agora além de dar em cima do babaca da nossa sala, vai dar em cima do baterista também? – Pergunta Andrei dando uma risada sarcástica.

_ Como é que é? Repete? – Pergunto indignada. – Você acha mesmo que eu dei em cima daquele idiota?

_ Acho sim, algum problema? – Revida ele.

_ Quer saber, seu idiota, sai daí.

_ Me obrigue.

Pego ele pelo pescoço e o jogo para bem longe dali. Tomo o seu lugar no microfone e digo bem baixinho para o resto do pessoal a música que eu queria cantar.

_ A propósito, o meu nome é Vinícius. – Diz o baterista.

_ Essa música é especialmente para você Andrei. – Digo enquanto ele se levanta do chão ficando em pé e cruzando os braços. – Diz exatamente o que você me faz sentir, e prazer em te conhecer Vinícius. Um, dois, três, quatro. – Digo acenando para eles começarem a tocar, então começo a cantar.

Take me I'm alive

Never was a girl with a wicked mind

But everything looks better when the sun goes down

I had everything

Opportunities for eternity

And I could belong to the night

Your eyes, your eyes

I can see in your eyes

Your eyes

You make me wanna die

I'll never be good enough

You make me wanna die

And everything you love will burn up in the light

Every time I look inside your eyes

You Make me wanna die

Taste me, drink my soul

Show me all the things that I shouldn't know

When theres a new moon on the rise

I had everything

Opportunities for eternity

And I could belong to the night

Your eyes, your eyes

I can see in your eyes

Your eyes everything in your eyes, your eyes

You make me wanna die

I'll never be good enough

You make me wanna die

And everything you love will burn up in the light

Every time I look inside your eyes (burning in the light)

Make me wanna die

I'd die for you my love, my love

I'd lie for you my love, my love (make me wanna die)

I'd steal for you, my love, my love (make me wanna die)

I'd die for you my love, my love

We'll burn up in the light


Every time I look inside your eyes

I'm burning in the light

Every time I look inside your eyes

I'm burning in the light

Make me wanna die

Toda aquela letra dizia o que eu realmente sentia, que mesmo ele me fazendo sofrer por dentro, me fazer sentir coisas que nunca tinha sentido antes, eu o amava, mas a única coisa que eu queria que ele entendesse naquele momento era que ele me fazia querer morrer.

Meu Deus, o que eu tinha acabado de pensar, eu tinha realmente pensado isso, eu amava ele? Não, aquilo não poderia estar acontecendo, nunca.

Pego o meu violão e saio correndo dali, quase me esbarro na mãe de Andrei, eu nunca poderia sentir aquilo, iria acontecer tudo novamente, e eu não iria agüentar sofrer mais uma vez.

Enquanto saio correndo desgovernadamente, limpando as minhas vistas embaçadas que insistia em querer chorar, não vejo quando uma bicicleta vem em minha direção, apenas fico parada em choque, e então tudo fica cinza, eu pensando que sempre ficava preto.

A última coisa que penso é “eu não acredito que tinha sido atropelada por uma bicicleta.”


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