A Garota Gelo escrita por Lis Bloom


Capítulo 38
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Infelizmente para os leitores, eu sou aquelas autoras que precisam que um tempo se escoe entre um capítulo e outro, e as vezes esse tempo é muito longo, mas cá estou eu de volta para minha total felicidade!



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Sinto um cutucão em meu ombro, despertando-me de meu leve cochilo.

_Filha, acabamos de chegar ao aeroporto, o seu pai já deve estar nos esperando. – Diz minha mão, se levantando da poltrona e pegando sua bolsa que estava no compartimento de cima.

Tiro os fones de ouvido, para a minha infelicidade, já que aquela banda que eu tinha descoberto era perfeita, e levanto-me logo em seguida.

Pego o necessário, e no momento seguinte já estamos dentro do carro, com a minha irmã e o meu pai todo eufórico sobre o que tinha acontecido e tudo mais, era como se todo percurso do avião até o carro tivesse sido perdido, aonde eu estava com a minha cabeça?

_ Irmã, como foi lá em São Paulo? Encontrou algum menino bonito? – Provoca a minha irmã inocentemente, enquanto dou um empurrão de leve em seu corpo, e dando uma risadinha, é claro que eu tinha encontrado um menino bonito, mais que bonito, mas não era a hora de contar para alguém, talvez fosse apenas um caso de passeio, e nada mais.

_ Eu não esqueci que primeiro eu tenho que ter a sua aprovação para namorar alguém. – Respondo com uma gargalhada.

_ E foi por isso mesmo que você começou a namorar o Andrei, ele me dava muitos doces. – Diz ela toda contente.

Andrei, teria que me encontrar com ele amanhã, quando voltasse para a escola, e todos os meus amigos, eu não sabia o que esperava por mim, a única coisa que eu queria fazer naquele momento era tomar um banho e cair na cama até não poder mais.

Quando chegamos em casa, a primeira coisa que fiz foi correr para a cozinha e escolher a coisa mais gostosa que tinha na geladeira, e para a minha total felicidade, era a gelatina de abacaxi, minha sobremesa favorita.

Pego a vasilha e uma colher e corro para o meu quarto.

_ Eu vi isso Melissa, mas só vou deixar porque você está morrendo de fome. – Grita a minha mãe lá de baixo, fecho a porta e sento-me no tapete felpudo que havia no centro do meu quarto.

Meu celular que estava no chão ao meu lado começa a vibrar, o identificador mostra sendo a Milena.

LIGAÇÃO ON:

Milena: Soube que você chegou.

– Por que está cochichando?

Milena: Eu não tenho muito tempo, mas tenho um plano para Lucas, te vejo amanhã no armário do ginásio.

E então ela desliga.

Tinha me esquecido por um momento do caso Lucas, toda essa história já estava ficando extremamente monótona, eu tinha que cortar aquilo pela raiz o quanto antes, e eu faria isso hoje mesmo.

Tomo um banho de gato por assim dizer, não podia desperdiçar o pouco tempo que eu tinha, já eram 18h00min da tarde.

_ Mãe, eu preciso resolver um problema, irei pegar a minha bicicleta, estarei de volta até as 20h00min no máximo.

_Só não se esqueça que você terá aula amanhã e precisa de repouso.

_ Ok. – Respondo já saindo porta a fora com a bicicleta.

A casa dele era uns três quilômetros da minha, então boto todas as forças possíveis em minhas pernas, estava ventando muito, logo os meus olhos começam a lacrimejar devido a sequidão.

Passado alguns minutos, estou em frente a sua casa, toco a campanhinha insistentemente e quem me atende é justamente ele, que estava com uma máquina fotográfica na mão.

_ Melissa, o que está fazendo aqui? – Pergunta ele ao mesmo tempo surpreso e rude.

_ Estou aqui para dar um ponto final. – Respondo colocando a minha bike em um canto e entrando rapidamente em sua casa. – Quem você pensa que é? – Falo apontando um dedo em seu peito. – Que tipo de pessoa você acha que eu sou para ficar suportando esse seu comportamento doente? Eu estou cansada de ver os meus amigos sendo chantageados por você, seu monstro, você me dá repulsa, como foi capaz de fazer isso comigo? Como você pensou que um dia eu poderia ser sua? Você não é capaz de amar ninguém, seu egoísta, egocêntrico, você estragou qualquer tipo de relacionamento que eu poderia ter futuramente já quando eu te conheci, estragou o meu relacionamento com Andrei, mas então eu dei a volta por cima, graças a essa sua atitude eu tive coragem de gravar um vídeo, graças a você eu fui para São Paulo e logo, logo, meu cd estará em todas as bancas, e mais uma vez, graças a você eu pude conhecer um cara incrível, talentoso, e que aparenta gostar de mim, do jeito que eu sou, sem brincadeiras, sem idiotices, e sem chantagens. – Paro um pouco para retomar o fôlego, enquanto ele fica paralisado ali na minha frente, atônito. – Eu tenho pena de você – Continuo. – Tenho dó, a única coisa que posso lhe oferecer é a minha piedade como ser humano.

Viro-me para sair, mas antes de fechar a porta atrás de mim digo:

_ E quanto àquelas fotos que você tirou de mim, faça o que bem entender com ela, eu não ligo, a partir de agora você não irá tirar mais nada de mim, a mesma coisa com os meus amigos, essa sua chantagem não irá valer de nada. – Seus olhos estavam arregalados, o pulso contraído. – Adeus Lucas.

Pego a minha bicicleta e começo a andar sem rumo, todos aqueles pensamentos e palavras acumuladas, finalmente tinha sido liberadas, eu me sentia mais leve, livre para ser e fazer o que quisesse.

Algumas quadras antes de chegar em casa, reparo na casa de Andrei, as luzes da garagem estavam acesas, então sem pensar duas vezes me dirijo para lá, precisava esclarecer tudo, precisava vê-lo.

_ Melissa, você por aqui? – Pergunta a mãe de Andrei que estava com uma bandeja na mão.

_ Olá senhora, me desculpe por ter vindo esse horário, é que eu acabei de chegar de viagem, e queria falar com Andrei, sei que ele deve estar chateado comigo, mas eu preciso esclarecer tudo, não estou agüentando toda essa pressão. – Jorro todas essas palavras em cima dela, que permanecia com um semblante calmo.

_ Eu te entendo Mel, e boa parte de mim acredita em você, nada poderia fazê-lo mais feliz do que os dias que vocês passaram juntos, e sinceramente, nenhuma mãe gosta de ver o seu filho triste, tome. – Diz ela me oferecendo a bandeja. – Leve isso para a garagem, lhe darei todo o tempo do mundo para conversar.

Dou um sorriso em agradecimento.

_ Muito obrigada, a senhora não tem ideia da minha imensa gratidão.

Equilibro a bandeja em meus braços e me dirijo para a garagem.

Entro silenciosamente e me deparo com Andrei, Vinicius, Milena, Pedro e Carol, todos sentados nos pufes espalhados em forma de um círculo.

Percebo que Andrei está com a cabeça entre as pernas, balançando-a sem parar.

_ Como eu pude ser tão idiota? – Ouço ele dizer. – Como pude cair nessa armadilha?Não acredito que posso tê-la perdido, eu vou matar esse cara.

_ Não faça isso. – Diz Vinicius repousando sua mão nas costas curvadas de Andrei. – Você precisa manter a calma, agora que lhe contamos tudo, a única coisa que devemos fazer é executar o plano, provavelmente Melissa irá voltar amanhã, e Milena já ligou para ela marcando um encontro.

_ Eu não sei se irei conseguir encará-la amanhã, como pude fazer isso com ela? – Se lamenta Andrei mais uma vez, não consigo resistir e acabo entrando.

_ Eu já resolvi tudo. – Digo colocando a bandeja de um lado e me aproximando da rodinha.

_ Melissa. – Exclama Milena quase em um gritinho.

Pedro e Carol olham para mim atônitos, enquanto Vinicius corre em minha direção e me dá um abraço esmagador.

_ Melissa, nos desculpe por tudo, eu sinto tanto por ter feito você sofrer, mas não tínhamos outra saída.

_ Eu entendo. – Respondo de volta, retribuindo o abraço e procurando um pouco de ar que me escapava.

Meus olhos estão à procura e logo vejo Andrei me encarando intensamente, seus olhos estão vermelhos e inchados, logo Vinicius me solta e se dirige aos outros.

_ Acho que os dois precisam de um tempo.

Todos concordam com a cabeça, e em questão de segundos, está apenas eu e ele naquele cômodo.

Andrei se levanta, estava a apenas alguns metros de mim.

Sinto meus olhos arderem, os meus sentimentos reprimidos estavam à espera da liberdade, e esse momento estava chegando.

_ Mel. – O ouço sussurrar, seus olhos brilhavam mais do que nunca, as lágrimas correndo livremente, permito-me que meus olhos façam a mesma coisa.

_ Andrei. – Digo.

E no momento seguinte estávamos nos abraçando como se fosse o último dia de nossas vidas, como se tudo ao nosso redor tivesse se dissolvido, como se pertencêssemos um ao outro, éramos um só, apenas eu e ele.

“Ontem a noite é uma noite
Que me lembrará de você.
Quando eu penso nas coisas que nós fizemos,
Isso me faz querer chorar
.”

.

.

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The Night Before – The Beatles


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo! u.u



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