_ Filha, você passou praticamente todas as suas férias nesse quarto, trancada, vamos aproveitar que hoje é o seu último dia de descanso e vamos nos divertir um pouco. – Dizia a minha mãe no pé do meu ouvido, enquanto eu me encolhia ainda mais no meu cobertor super macio e quentinho.

_ Isso mesmo mãe, último dia de descanso, é por isso que eu tenho que ficar aqui e descansar até o último momento.

_ Filha, o seu cabelo está parecendo um ninho de rato, você está tão pálida dá até para ver as suas veias e olha só essas olheiras, levanta, nada que um passeio no shopping não resolva.

Ela acabou me convencendo, já que eu amava ir ao shopping.

Levantei-me da cama e fui em direção ao banheiro, enquanto a minha mãe dobrava o meu edredom, e arrumava a minha cama, é claro que tínhamos empregadas em casa, que a minha mãe nos obrigávamos a chamar de ajudantes, mas às vezes ela queria arrumar as coisas do seu jeito, e acabava que ela fazendo quase tudo.

A maioria das pessoas pensavam que a minha mãe era minha irmã, já que quase tínhamos o mesmo tamanho, só que eu era um pouquinho maior que ela. Minha mãe era o oposto de mim, tinha a pele morena, um corpo de dar inveja a qualquer um, com uma cintura de violão, os cabelos nos ombros, pretos e todo encaracolado, e eu tinha a pele totalmente branca, os cabelos castanhos claro, meio encaracolado e meio liso e que batia nas costas, e então vocês vão me perguntar como ela poderia ser a minha mãe, simples, o meu pai era praticamente albino, ele se apaixonou pela minha mãe e então nasceu eu, que acabei puxando o meu pai.

E é claro que eu não podia esquecer a minha irmã de seis aninhos, porque essa sim tinha puxado a minha mãe, até no nervosismo, ela se chamava Mariana, e era um amor de pessoa (percebeu a ironia né?), bom, voltando para a parte em que eu entro no banheiro.

O meu cabelo estava um caco, não tinha outro jeito, eu teria que lavá-lo, depois de meia hora, com o processo de lavar e penteá-lo, faço uma escovinha nele, deixando as pontas levemente onduladas.

Volto para o quarto que já estava todo arrumado e com uma bandeja do meu café da manhã, pego um cookie, e tomo um gole de cappuccino, e vou em direção ao meu guarda roupa, que estava devidamente arrumado. Escolho uma saia de babado preta, uma blusinha de alcinha branca, e o meu all star preto de cano alto, que eu quase nunca largava, coloco o meu bracelete, passo um leve brilho nos lábios e passo um perfume, dou mais uma última olhada no espelho e vejo que estou apresentável.

Sempre nos livros e filmes, existem as patricinhas nojentas, que só usam roupas rosinhas, e que são loucas por garotos, então eu resolvi fazer uma nova imagem de uma garota patricinha, sim, eu me considerava uma patricinha, só porque eu gosto de me arrumar e de me vestir bem, não significava que eu era má ou nojenta, eu odiava usar roupas flufluzinhas, era mais estilo Lolita ou algo parecido, amava me arrumar, era super popular na escola, mas não por ser desprezível e sim por ser gente boa com todo mundo, e era assim que eu iria ser daqui para frente.

Amanhã já era o retorno das aulas, eu estava entrando para o segundo ano do ensino médio, eu iria tornar esse ano um ótimo ano para todos, nada de garotos idiotas, eu simplesmente não pensava mais em garotos, todos que falavam comigo eu dava patadas, pois para mim, todos são iguais e desprezíveis.

_ Vamos mãe, estou pronta. – Digo, enquanto dou um beijo de bom dia em meu pai e na minha irmã que já estava aprontando.

_ Uau, você está linda. – Diz minha mãe.

_ Você também está mamãe. – Digo, e ela realmente estava, com os cabelos soltos, e um macacão todo rabiscado, e claro, com um salto alto no pé.

_ Então vamos, não temos tempo a perder. – Diz ela pegando um pedaço de bisnaguinha e a chave do carro.