–Será que você poderia dizer agora por que motivo nos chamou aqui? – Molly perguntou, sentada ao lado de Alvo no sofá.

–Porque eu quero explicações – respondo me sentando na poltrona em frente aos meus primos. Estamos n’a toca na segunda-feira à tarde e Beatrice tinha ficado com minha mãe, eu sai antes que ela acordasse de seu chochilo, pois sabia que se isso acontecesse ela iria querer vir. – Eu vou explicar melhor depois que Scorpius chegar.

–Então vocês realmente estão juntos novamente, não é? – Alvo sorriu. – Parece que nosso plano deu certo.

–Vocês... – começo, mas ouço uma batida na porta e me levanto para atender.

Quando abro a porta encontro Scorpius me olhando com um buque de rosas vermelhas na mão. Ele o estendeu para mim e eu antes de pegar, o abracei forte.

–Meu príncipe – falei e peguei as flores da mão dele.

–Sai comigo amanhã à noite? – pergunta e eu respondo com um sorriso.

–Claro que sim.

–E ai pessoal, será que da pra pausar um pouco com toda essa coisa melosa e ir direto ao assunto? – Hugo falou encostado na parede e olhando para nós.

Reviro os olhos para ele e puxo Scorpius comigo para nos sentarmos no sofá.

–É o seguinte – começo. – Eu só quero saber por que nunca me disseram nada.

Todos me olharam inquiridores e Lily disse quando ninguém se manifestou:

–Sobre...?

–Sobre tudo. Por que esconderam de mim que o começo de uma guerra estava acontecendo?

E este foi o momento em que ninguém disse nada, não me olharam nos olhos ou fizeram qualquer sinal. Todos entendiam sobre o que eu estava falando, e isso era claro, o problema é que quase nunca alguém quer assumir as consequências dos erros do passado, e meus primos, meu irmão e Cole não eram exceção. Mas a culpa sempre vem, de um modo ou de outro, cedo ou tarde.

Alvo foi quem falou primeiro depois de algum tempo.

–Só queríamos protege-la de tudo isso Rose, você e Beatrice também...

–Me proteger? Proteger-me privando de tudo, tudo o que acontecia com a família, com o nosso mundo? Achou que eu nunca descobriria?

Alvo me olhou e negou com a cabeça.

–Pelo contrário, sabíamos que descobriria, e sim, mesmo assim fizemos o que fizemos para proteger vocês.

–Não importa o quanto fique brava, nós precisávamos, você estava machucada... Não queríamos que... – Lily se manifestou.

–Chega Lily – eu digo me levantando. – Chega de desculpas esfarrapadas, todos vocês. Assumam a culpa de uma vez, não vai mudar nada tentar justificar o que fizeram.

–Porque o que está feito, está feito – Hugo sussurrou tão de repente que virei meu olhar automaticamente para ele. – Desculpe Rose.

Olhei-o surpresa, por um momento não consegui dizer nada, mas as palavras saíram como uma enxurrada que não poderia ser contida depois de alguns instantes.

–Desculpas? – eu comecei a gritar e todos olharam assustados para mim. – Vocês acham que tudo pode se resolver com um pedido de desculpas, não é mesmo? Pois eu lhes digo uma coisa, não é bem assim que funciona! Você não pode simplesmente fazer algo de errado, algo que magoa e depois simplesmente pedir desculpas para a mesma.

Scorpius se levantou do sofá e me segurou pelo pulso.

–Rose, se acalme...

Puxei o meu braço bruscamente, segundos depois me arrependendo do meu gesto impensado. Mesmo assim continuei a falar.

–Não me venha com “se acalme” Scorpius, eu não quero me acalmar. Ah, pelo amor de Deus! Chega de mentiras! Por que todos gostam tanto de mentir pra mim? Será que sou tão fácil de ser persuadida assim?

Quando percebi meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu lutei para não deixa-las escorrerem.

–Só, por favor, não mintam mais pra mim, não me excluam mais, não me omitam a verdade. Isso magoa.

E sai andando em direção ao quarto mais próximo. Joguei-me na cama e abracei o travesseiro, eu só estava magoada, só queria que todos parassem de me esconder coisas, como se eu não fosse importante o bastante para saber delas.

Como eu já esperava, Scorpius entrou no quarto algum tempo depois e se deitou ao meu lado na cama.

Ele não falou nada, não me tocou, fui eu quem me virei em sua direção e fiquei-o olhando por minutos.

–Não deveria dizer isso, não depois de tudo o que eu disse sobre desculpas lá na sala, mas me desculpe por ter gritado com você.

–Tudo bem – Scorpius respondeu.

Levei meus dedos até a sua cintura, caminhando eles levemente sobre ela, me aproximei o máximo que pude e o abracei forte, senti seu rosto se afundando em meus cabelos, mas fui eu quem desatou a chorar em seu ombro.

Eu odiava ser assim, tão sensível ao ponto de mínimas coisas me magoarem. Era um saco, mas eu não podia evitar.

–Rose – Alvo bateu à porta do quarto, o que foi completamente desnecessário, considerando que ela já estava aberta. – Posso falar com você?

Eu me separo de Scorpius e me coloco sentada na cama, enxugando os resquícios das lagrimas.

Faço sinal para que meu primo entre e ele se senta na cama ao meu lado quando Scorpius se levanta e sai, nos dando licença.

Antes de começar a falar, Alvo me abraçou forte, e mesmo depois de tudo, eu não pude deixar de retribuir ao gesto.

–Não deveríamos ter feito o que fizemos, se não aceita desculpas, então lhe peço perdão minha flor, e lhe prometo que nunca mais farei isso outra vez.

–Eu fiz um escândalo, não fiz? Todo mundo deve estar pensando que eu sou uma garota mimada e dramática. Mas tudo o que eu quero é que vocês confiem em mim e pelo amor de Merlin, não me escondam mais nada! – disse a ele e depois respirei fundo. – O que está acontecendo agora?

–Uma guerra está por vir, os comensais estão agora em grande numero e todos nós teremos que lutar – Alvo me respondeu seriamente. – Vai se repetir, Rose. Tudo outra vez, como na Batalha de Hogwarts, a única diferença é que não existe mais Lord Voldemort. Mas isso não importa, eles já têm outro líder.

Olhei para ele assustada, eu nunca soube de nada disso e absorver tudo de uma vez era difícil. Isso tudo acontecera enquanto eu estava ausente, eu nunca soube de coisa alguma e agora está tudo caindo como uma bomba sobre mim.

Não é difícil de entender, tanto meus pais quanto muitos outros parentes nossos participaram da Batalha de Hogwarts, por isso já sei como ela foi em muitos pontos de vista diferentes. Sei como é uma guerra, ao menos nas histórias que me contaram, e ela não acontece de uma hora para outra.

–Quem? – pergunto finalmente.

–Draco Malfoy – respondeu e eu abri a boca em sinal de espanto. – Descobrimos isso há pouco tempo, ele nunca renegou às artes das trevas, nunca virou um “garoto bonzinho” como todos pensavam, era tudo uma farsa.

–Meu Deus! Então é por isso que meu pai ficou tão irritado, quero dizer, mais do que seria normal, e Scorpius ficou tão apavorado, deve ter pensado que meu pai estava achando que ele é igual ao pai. Bom, ele acha isso, mas... Ah meu Merlin, que mal entendido! Que confusão, como tudo isso... Deus.

Parei de falar em súbito, tentando absorver tudo novamente, nada que eu dissesse iria mudar os fatos. Mas se eu pensasse, então poderia ligar uma coisa à outra corretamente e fazer tudo se encaixar.

–Essa guerra pode ter seu estopim a qualquer momento, não é? Temos que estar preparados – conclui e vi que Alvo confirmou com a cabeça.

Lily apareceu batendo na porta para chamar nossa atenção.

–Que bom que entendeu – ela disse e eu mordi o lábio inferior, nervosa.

–Ainda estou brava com vocês, mas... Há uma guerra entrando em curso, e ficar remoendo o passado não vai ajudar-nos a vencê-la.

–Você pode arrumar tempo para nos culpar depois, certo? – Alvo perguntou, as sobrancelhas arqueadas.

–Certo – sorrio e também arqueio as sobrancelhas.