Destinados escrita por Lucy Myh


Capítulo 13
Capítulo 12. CONVITES


Notas iniciais do capítulo

Hoje tem dois capítulos: 1. pra compensar o atraso, 2. porque as provas da escola acabaram!
Comentem!



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CAPÍTULO 12 – CONVITES

Edward POV

“Ah, Alice.” Resmunguei. “Já aceitei fazer parte da sua festa de natal, preciso mesmo ir à festa de reveillon dos Smith?”

“Claro, Edward.” Ela sorriu. “Todos os Cullen irão. Foi um convite para a família toda e, além do mais, a filha deles, Gabriella, estuda no mesmo ano que nós dois. Chegamos há pouco tempo, precisamos nos misturar aos humanos.” Como se isso fosse possível.

“Mas todos têm mesmo que ir?” Tentei insistir com a baixinha. “Sabe que eu nunca fico com clima para comemoração nenhuma.”

“Ah, nem vem, Edward.” Ela se irritou. “Todos os Cullens vão sim! E você precisa se distrair.”

“Desisto!” Revirei os olhos. “Tá, eu vou.” Tentei ver em sua mente algo que pudesse me explicar por que tanta insistência da minha irmã com essa festa, mas ela percebeu e logo se concentrou no vestido que usaria. Alguma coisa ela sabia, já fazia algum tempo que ela vinha controlando seus pensamentos. Tentei apelar para ver se ela escorregava. “Por que quer tanto que eu vá também?”

E ela escorregou. Por uma fração mínima de segundos, ela escorregou. Não foi tempo suficientemente longo para entender a situação, só o que pude ver era uma garota com vestido branco, curto, solto no corpo, os cabelos avermelhados caindo em cascatas pelas costas, mas nada de rosto. Nada que eu julgasse ser importante.

“AH!” Ela bufou. “Você fez isso de propósito!” rosnou, me fulminando com o olhar.

Eu ri com vontade. Irritar a baixinha é uma das poucas alegrias que me restaram.

“Como você é irritante!” Ela gritou exasperada.

“Olha quem fala.” Respondi contendo o riso.

“Agora você vai, nem que eu tenha que te arrastar para aquela festa!” Sua expressão mudou, um sorriso diabólico brincava em seu rosto.

Meu entusiasmo se foi. Praguejei baixo, fechando a cara, enquanto Alice saltitava contente em direção ao seu quarto.

 

Luna POV

“Luna, atenda a porta, por favor.” Minha mãe pediu praticamente gritando da cozinha enquanto preparava o almoço. Papai estava assistindo jogo na TV da sala.

Desci as escadas de dois em dois degraus, com o máximo de cuidado para não cair, na máxima velocidade que consegui. Abri a porta.

“Vovó!” Puxei-a para dentro de casa. “Sabe que não devia ter vindo. Devia ficar em casa descansando.” Ralhei com ela, mas a abracei com um sorriso no rosto.

“Ora! Mas vejam só, estou levando um sermão da minha neta preferida!” Ela brincou, retribuindo o abraço.

“Sou a sua única neta.” Respondi rindo.

“Pode ser, mas eu a amo muito.” Ela disse amorosa.

“Oi, mãe.” Minha mãe disse a ela. “Por que saiu de casa?” Ela arqueou as sobrancelhas. “Venha, sente-se.” E guiou-a até a sala, acomodando-a no sofá.

“Bom...” Vovó começou. “Vamos direto ao ponto. O filho da minha amiga Margaret e sua esposa nos convidaram para a festa de reveillon que eles darão. Eu disse à Maggie que levaria toda a minha família.” E virando-se pra mim ela disse. “Creio que você já conhece a filha deles, Luna. Gabriella estuda no mesmo ano que você e será uma boa oportunidade para fazer amigos antes das aulas começarem. E, além disso, os Smith são conhecidos pelas grandes festas que organizam. É sempre um sucesso.”

Fiquei empolgada. Festa! E com possibilidades para novas amizades antes das aulas? Melhor ainda! A oportunidade de encontrar um nicho e não ficar perdida e isolada no meu primeiro dia de aula batia à minha porta e isso eu não podia desperdiçar. Vai facilitar muito as coisas para mim se eu já tiver amigos para me ajudar a me adaptar e, além disso, vai me distrair e me fazer esquecer de todas essas sensações estranhas que Forks me traz. Não estava cem por cento certa de que era isso o que eu queria, esquecer a cena no quarto, mas aquelas sensações, aquelas reações, aquilo não era eu. E a única coisa que me faltava agora era perder a minha própria identidade. Com certeza, a festa me faria voltar aos eixos, me distrair de mim mesma.

“Nós vamos, né?” Falei empolgada, me agarrando àquela oportunidade enquanto revezava olhares entre minha mãe e meu pai.

“Claro, filha.” Meu pai disse depois de trocar uns olhares com a minha mãe. Não sei como eles fazem, mas parece que conversam só olhando nos olhos um do outro. Já disse o quanto queria que isso acontecesse comigo?

“Bom...” Agora encarei minha mãe. “Podemos marcar uma hora no salão?” perguntei cautelosa com sua reação.

“Você? Marcar uma hora no salão, sem, nem mesmo, eu te incentivar, querida?” Minha mãe disse, cética, e, depois de uma pausa, cruzou os braços e continuou. “Tudo bem, quem é você e o que fez com a minha filha?”

“Ah, mãe.” Revirei os olhos, estava acostumada a ser o alvo das brincadeiras dela. Eu até que gostava disso. “Só porque eu não tenho vontade de ir ao salão toda semana, não significa que eu não me importe com essas coisas. Além disso, eu queria dar uma mudada radical no visual, sabe? Mudei de casa, de cidade, de estado, de escola... Queria começar o ano com tudo novo...” Me voltei para meu pai. “Que tal eu tingir meu cabelo de vermelho?” tentei dar meu melhor sorriso inocente, mas para minha insatisfação, ele se recusou.

“Ah, não.” Ele foi veemente. “Não quero uma filha com cabeça de fósforo. Não, você não tem idade para essas coisas.”

“Ah, pai. Eu tenho 15 anos, vou fazer 16 daqui a 3 meses. E não vou ficar parecendo uma cabeça de fósforo.” Disse emburrada. “Deixa, por favor?” Fiz minha melhor imitação do gatinho do Shrek para ele. Não me preocupei com a minha mãe. Eu conheço muito bem a mãe que tenho e, por ela, se eu quisesse, já estaria loira há muito tempo.

“Deixa, meu bem. Eu vou junto com ela, se for demais, ela não faz, ok?” Mamãe tomou meu partido. Já disse que eu a amo muito, muito mesmo?

“Tudo bem, tudo bem.” Papai cedeu. “Mas obedeça sua mãe, viu?”

“Ok, pai. Obrigada.” Dei meu melhor sorriso.

“Precisamos marcar logo a hora no salão então, deve ser muito difícil nessa época.” Mamãe disse preocupada.

“Sem problemas, queridas.” Vovó disse animada. “Conheço a filha que tenho e minha netinha também. Já marquei um horário para nós três no salão da Betty. Vamos amanhã depois do almoço.”

“Você é a melhor, vó!” Disse a abraçando forte.

“Bom, vou voltar para a cozinha agora.” Minha mãe disse. “Depois vamos comprar roupas novas no shopping, tudo bem, Luna?”

“Claro! Ano novo, roupa nova.” Sorri.

“Fica para o almoço, mãe?” Ela perguntou à vovó.

“Claro.” Disse sorrindo.

 

“Olá, Betty!” Vovó entrou na frente, cumprimentando uma mulher que devia ser um pouco mais velha que minha mãe. Seu cabelo era loiro, muito claro, curto, mas cheio, todo encaracolado, seus olhos azuis eram atentos e o sorriso muito simpático.

“Oi, Gloria.” Disse sorrindo enquanto terminava a escova de uma cliente. “Vamos, entrem! Daqui a pouco atendo vocês.”

“Lembra da Beta, minha filha, e da Luna, minha neta?”

“Claro que sim!” E terminando o trabalho disse. “Pronto, Lisa, diga pra sua mãe que não vou cobrar.”

“Claro, tia. Pode deixar que eu aviso.” E saiu me dando um aceno, era a tal Elisa, amiga da Gabriella, as garotas do shopping. Incrível, a cidade era mesmo pequena.

“Bom, as mais novas primeiro?” Disse Betty, me conduzindo para a cadeira. “Como você cresceu!” Eu só sorria. “Vai ser o quê?” Perguntou encarando meu reflexo no espelho.

“Bom, eu queria desfiar meu cabelo, mas não queria tirar muito o comprimento dele. Gosto dele comprido. Queria também pintar meu cabelo de vermelho, mas não quero que fique da cor de um tomate. Meu cabelo é castanho escuro e já tem um brilho avermelhado no sol que eu gosto. Como aqui não tem sol, queria intensificar esse brilho, sem precisar descolorir o cabelo. Entende? Eu queria que ele continuasse escuro, mas com um brilho vermelho, não cobre.” Tentei explicar. “Será que dá?” Arqueei uma sobrancelha.

“Hum... Entendo...” Ela ficou um pouco pensativa, mas depois abriu um sorriso largo. “É claro que dá, meu bem. Betty pode tudo!” Não pude evitar de sorrir.

Mudar o cabelo seria um passo muito grande. Eu amava ele, mas agora eu sentia necessidade de mudar. Estamos em constante mutação, não é? E dizem que o cabelo reflete a personalidade das pessoas. Bom, agora eu sentia que tinha que mudar e, mudando, quem sabe, talvez aquelas sensações estranhas procurem outra garota de cabelos cor de chocolate e parem de me amolar. É ridículo pensar que mudando meu cabelo, eu esqueceria aquilo, mas realmente acho que consigo e, se essa mudança não conseguir, tenho uma incrível habilidade de bloquear coisas indesejáveis. É por isso que, às vezes, tenho probleminhas nas provas. Além disso, chorar por nada e sentir uma dor irracional no peito não é uma coisa que eu diria que me fizesse querer sentir.

Depois de algumas horas no salão e muito papo jogado fora, todas as três estávamos prontas. Tínhamos feito as unhas das mãos e dos pés, além, é claro, dos cabelos. Vovó tinha feito permanente e retocado a tintura chocolate, mamãe cortou um pouco os cabelos e alisou. Eu gostei do resultado dos meus, a cor, o corte. Gostei mesmo. Betty podia tudo mesmo!

 

Corria através do cemitério. O lugar já me era conhecido. Era noite como em todas as outras vezes. Era um sonho. Ou um pesadelo, ainda não tinha certeza. Ele era diferente dos outros. Na maioria das vezes, eu corria pelo nada, sentindo me abandonada, sentia a vegetação me cortando, mas não enxergava nada. Era sempre a mesma coisa, às vezes mudava pequenos detalhes, mas todos já me eram conhecidos.

Da primeira vez que sonhei com esse cemitério, estava em Phoenix. Mas diferente daquele sonho, dessa vez não chovia. O céu estava nublado, havia névoa e estava frio, muito frio. Quanto mais corria, mais névoa se formava e menos eu enxergava. Fui forçada a diminuir o ritmo até parar completamente em frente a um túmulo. Não havia nome nele, a pedra estava lisa.

Fiquei em pé, contemplando-o, me pergunto por que estava aqui, por que meus pés me trouxeram a este lugar. Foi quando me senti ser envolvida por braços frios, gélidos, num abraço apertado e acolhedor. Senti-me em casa, amada, completa. Me abraçava por trás, mas reconheci o dono daqueles braços, era o mesmo que me acolheu no outro sonho nesse mesmo lugar. Apreciei a sensação que ele me transmitia.

Aquilo era um sonho. Um bom sonho.

Queria ver seu rosto, ansiava por isso. Então, decidi me virar, mas os braços me apertaram mais, não me permitindo vislumbrá-lo. O frio aumentou e os braços ao meu redor aumentavam a pressão, esmagando minha cintura com força. Atordoada, encarei os braços que me prendiam. Não eram mais os braços masculinos que antes me envolviam. Não, eram braços femininos. Igualmente pálidos, incrivelmente fortes, me prendiam e me espremiam. Eram braços assassinos. O ar escapou dos meus pulmões, num gemido de dor, estava prestes a cair na consciência eterna quando vi na lápide duas palavras marcadas com fogo: Luna Fly. E, logo, tudo estava ardendo em chamas.

Havia o frio cortante, havia o fogo ao redor, havia braços de aço me cortando ao meio. E, numa última visão de horror, havia meu nome queimando naquela lápide.

Consegui me livrar daquelas imagens, acordando ofegante. Gotas de suor frio escorriam por minha face. Minha boca estava seca. Aquilo não era um sonho. Era um terrível pesadelo. Um pesadelo que eu esqueceria. Ou me esforçaria para esquecer. Eu era boa nisso. E hoje não era dia de ficar com medo ou de me preocupar, hoje era dia de festa.

 

Realmente estava frio, também, era inverno. Estava me arrumando para a festa. Tive que tomar banho bem cedo, às 17 h para ser exata, para não correr o risco de me atrasar. Também com um só banheiro na casa... Mas, bem, eu esqueci que a parte que mais me faz demorar para me arrumar era escolher a roupa que eu iria usar e, é claro, ela já estava escolhida (uma calça jeans branca, justa, com bordados em prateado, uma bata solta, também branca, e meu casaco branco simples). Como ainda tinha tempo e já tinha feito a maquiagem, decidi enrolar meu cabelo. Gastei boa parte do meu tempo fazendo isso e quando fui ver a hora, já eram 21h.

Nós nunca chegávamos na hora mesmo, minha mãe estava terminando de se arrumar e eu estava com sede. Fui pra cozinha, abri a geladeira. Hum... suco de morango... Delícia! Tirei a jarra e enchi o copo. Estava bebendo meu suco, tranqüila, enquanto esperava meus pais descerem, até que... BAM! Papai levou um escorregão no corredor lá em cima, mas logo gritou que estava tudo bem. Bom, bem pra ele porque, pra mim, não estava nada bem.

Com o susto, o copo escorregou da minha mão e me sujou toda de suco. Droga! Isso sempre tem que acontecer comigo! Vamos nos atrasar mais agora.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Bem, bem... os convites eram para a festa de Reveillon dos Smith! E quem vai àquela festa? Quem? Quem?

Edward volta agora, quando as coisas começam a acontecer... Essa aparição é pequena, mas é uma aparição... e necessária para o próximo capítulo...

Próximo capítulo: Ano novo, é claro! E, desde já, antecipo, não me matem!

Lucy Myh



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