Bella POV

Eu sabia que estava fazendo a coisa mais idiota e irresponsável da minha vida. Isso me deixou incrivelmente feliz. A altura do penhasco, a distância com a água, a temperatura fria que me esperava lá embaixo, tudo isso parecia um preço bem razoável a se pagar para o que eu queria. Ouvir aquela voz era tudo o que eu queria. Estava decidida a ouvir aquela voz custe o que custasse, pelo máximo de tempo que conseguisse. Com essa determinação, caminhei de encontro à queda livre que me esperava.

Não tardou para mim atingir meu objetivo, uma voz aveludada e musical logo me chamara. Eu a ouvia com deleite, saboreando cada palavra como notas musicais enquanto caminhava em direção ao meu destino. Com o tom desesperado, ela me pedia para não pular, mas eu queria ouvi-la tanto e sabia que, se não saltasse, não a ouviria.

Então, pulei. Ignorando todos os pedidos, todos os apelos, eu pulei. Como se mergulhasse numa piscina, me joguei do penhasco. A queda em si não foi aterrorizante, não havia medo no grito que saiu da minha garganta, só havia excitação. A euforia da adrenalina no meu corpo toma meus sentidos. Onde estava o desafio então?

Foi aí que a corrente me pegou.

Preocupada demais com a altura, envolta numa nuvem de ansiedade para ouvir aquela voz, não me preocupei com a água negra que me esperava lá embaixo. Nem com a tempestade que se aproximava.

Presa pela correnteza, sem saber em qual direção estava a superfície, lutava contra a maré que me jogava de um lado para o outro, me desorientando. Lutava para prender a respiração enquanto o mar me afogava. Eu estava morrendo. Mas Edward estava lá. Bom, não ele em si, mas minha ilusão de Edward estava comigo. Ainda mais lindo do que me lembrava, com os olhos de um dourado líquido e os cabelos bronze cuidadosamente desarrumados, aquela ilusão me implorava para continuar a nadar, continuar a lutar, por ele, por nós.

Eu lutei, eu tentei. Mas a maré estava tão alta, a correnteza estava tão forte, me puxando para baixo. O ar me faltava e a ilusão do meu Edward não me deixava desistir, mas estava tão difícil resistir...

Num instante toda a minha vida passou pelos meus olhos, se demorando nos últimos meses. É incrível como, próximo à morte, toda uma vida, 17 anos de vida, podem ser resumidos em tão poucos segundos, passados tão rápidos como numa velocidade vampírica. Pude perceber a dor que causaria a Renée, a Charlie e a Jacob. Eles seriam os que mais sofreriam. Eles não mereciam que eu os abandonasse do modo como irei deixá-los. Mas é tarde demais para mim. O meu consolo é que Renée tem a Phill e Jacob vai ajudar Charlie tal como me ajudou nesses últimos meses. E para mim, restava uma morte, embora dolorosa, feliz, diante da minha doce ilusão, do meu Edward.

Eu só queria me divertir... e pulei. Mas o mar e o destino não me deixaram retornar à superfície. Depois de tanto sofrimento, finalmente pude encontrar a paz ao ouvir a voz que tanto me deixava plena.