Paralisei naquele mesmo instante em que aquelas palavras saíram dos lábios do Damon, e que lábios eram aqueles!? Mas e agora? Não sei se o deixo entrar ou não, mas o que eu posso fazer? Deixa-lo aqui plantado? Enquanto me indagava sobre deixa-lo entrar ou não, a imagem do Matt vinha à tona com toda força em minha mente, suas palavras não paravam de soar aos meus ouvidos, aquela lembrança me fez estremecer só de pensar no que o Matt era capaz de fazer. Não, eu não posso correr o risco de que alguma coisa aconteça ao Damon.

— Lena, oi. E ai, eu vou entrar ou não? - ele falou com um ar de riso no rosto, me tirando o fôlego e ao mesmo tempo me trazendo de volta.

— Claro, Damon. Entra! Obrigada pelo urso, mas não precisava!

— Ahh... Qual é, Lena, não tem de agradecer, e já que eu não posso estar aqui em todos os momentos, ele te faz companhia.

Era nítida a alegria do Damon ao dizer tudo aquilo. Porém, meu Deus! O que será que realmente está acontecendo? A música, os e-mails, e, agora, o urso... Será que ele está realmente interessado em mim? Será que é reciproco de certa forma? É, de certa forma, sim, pois não estou tão interessada nele, eu só...

—Lena? Tudo bem? Você, às vezes, parece que está em outro mundo.

— Desculpe, Damon. Venha, sente-se.

Neste momento, estávamos no sofá sentados um ao lado do outro, tentei manter uma distância significativa, precisava apenas me manter firme, e não falar nenhuma besteira. O Damon não parava de me olhar, seu olhar penetrante, empolgante, alegre, carinhoso... Ai, merda! Como ele podia mexer tanto assim comigo? Eu mal o conhecia! Não conseguia retribuir o seu olhar, as palavras do Matt ainda me perturbavam, eu estava tensa demais para tentar manter uma conversa normal sobre qualquer assunto, então preferi continuar olhando para TV, enquanto o Damon estava com os cotovelos apoiados nos joelhos com uma das mãos no queixo. Como ele era lindo!

— Lena, aconteceu alguma coisa? Por que você esta tão calada e com esses olhinhos preocupados?

Caramba! Como ele podia me ler dessa forma? "Calma, Elena, calma. Apenas mantenha a calma, basta ser firme e vai ficar tudo bem." Pensava comigo mesma. Tentei não encara-lo e respondi tentando ser o mais convincente que possível.

— Está tudo bem, Damon, não se preocupe !

— Lena, olha pra mim, eu sei que não está tudo bem, aquele crápula veio aqui hoje, não veio? O que ele disse? O que ele fez? Por favor, não me esconda nada.

O Damon se aproximou de mim, segurou minha mão boa entre as suas, seu rosto estava de frente ao meu, fazendo com que eu não olhasse para outro lugar a não ser os seus olhos, só de olhar pra ele e ver aqueles olhos tão ternos, meus olhos ficaram marejados e meu coração estava saltando numa batida frenética, o efeito que o Damon causava em mim era quase incontrolável, finalmente meus olhos encontram os dele, e então eu comecei a falar. Já que não conseguia raciocinar para inventar uma boa história.

— sim, ele veio aqui, e ele não fez nada, apenas foi o Matt de sempre. Sinceramente, eu estou cansada. Eu, simplesmente, não aguento mais, minha vida tá uma droga, Damon, e tudo por causa daquele imbecil.

Minha cabeça estava pesada, meus olhos estavam marejados, eu lutava para não derramar as lágrimas que insistiam em sair, eu falei tudo aquilo quase sem respirar, sim, eu mal o conhecia, mas, no fundo, por algum motivo, eu sabia que podia confiar no Damon, me sentia segura perto dele. Assim que terminei de falar, ele se aproximou um pouco mais de mim, tirando uma mecha de cabelo do meu rosto. Seu toque leve, levando a mecha até a parte de trás de minha orelha... Sim. Algo mágico estava acontecendo e eu conseguia sentir que era recíproco.

—Lena, por favor, não fique assim. Olha, eu estou aqui, não precisa ter medo em colocar tudo para fora, esse cara vai ter o que merece, um dia ele vai pagar por tudo o que está fazendo com você e se não for por minhas mãos, o que eu acho difícil de não acontecer, será por outras. Venha cá...

O Damon me puxou levemente para envolver-me em um abraço terno, ao encostar em seu peito e ouvir a batida do seu coração, eu pude sentir um alivio imenso só pelo fato de estar ali, apenas pelo fato de estar abraçando-o. Por mim, eu poderia ficar em seus braços para sempre com ele me envolvendo ternamente.

— Damon, - disse com a voz um pouco cortada e trêmula.

— sim, Lena, pode falar.

—Obrigada, muito obrigada por estar aqui, obrigada por me ouvir, obrigada por, apenas, -respirei profundamente e apertei os olhos, sentindo uma lágrima solitária escorrer por meu rosto. _ ser como você é.

Neste momento, o Damon afastou a cabeça dos meus cabelos encarando-me, um sorriso brotava em seu rosto, seu olhar era vibrante, não conseguia distinguir exatamente o que ele expressava, era uma mistura de alegria, carinho, raiva pelo Matt, e desejo. Ele acariciou meu rosto com as costas de sua mão, me fazendo fechar os olhos com o seu toque.

— Damon...

A porta da sala abriu-se e quando virei para ver quem era, tia Jenna já estava na sala nos olhando, por algum motivo ela não demonstrou surpresa, muito pelo contrário, um sorriso se formou em seu rosto ao ver o Damon.

— Óla, querido, tudo bem?

O Damon levantou rapidamente e foi em direção a tia Jenna lhe dando um beijo de leve na face. Com toda certeza, tia Jenna gostava daquele moreno dos olhos cor do céu...

— Oi, Jenna, passei apenas para ver como a Lena estava e também quis trazer uma coisa para lhe fazer companhia. -explicou suavemente como se nada estivesse acontecendo naquela sala segundos atrás.

— olha só, que coisinha mais fofa! É a sua cara, LENA! - ela disse me encarando com um sorriso meio engraçado e malicioso. – Agora você não vai dormir sozinha durante a noite, querida.

Fiquei vermelha da cabeça até a pontinha do meu dedo medinho, o Damon parecia achar graça com toda aquela situação.

— Então, eu já vou indo, meninas. Ainda preciso almoçar pra ir à faculdade. - o Damon disse olhando para mim e logo depois para Tia Jenna.

— Não, querido, fique e almoce conosco, tenho certeza que a Maria já terminou o almoço e deve estar uma delicia como sempre. A Maria tem um certo dom para cozinhar, meu bem. - tia Jenna falou com uma empolgação quase exagerada. E olha só, ele iria almoçar conosco!

— Não, Jenna, não precisa se preocupar, eu vou almoçar num restaurante que tem aqui perto.

— Que isso, Damon, será um prazer. Venha, não se preocupe, vamos logo almoçar.

Tia Jenna começou a andar em direção a cozinha sem nem, ao menos, deixar o Damon responder. Então, ele veio até mim e me deu um sorriso largo cheio de alegria e animação. Estendendo sua mão para que eu pudesse me apoiar nele, e com um pouco de dificuldade conseguir levantar, o Damon segurou em minha cintura fazendo com que eu ficasse próxima demais. Sentir seu corpo junto ao meu, mesmo que de uma forma um pouco desajeitada por conta da minha perna engessada que atrapalhava tudo, foi simplesmente maravilhoso, ele me conduziu até a cozinha e quando puxou a cadeira para que eu pudesse sentar, ele me olhou e eu encontrei seus olhos, quando ele disse...

— Ual! Almoçar com você hoje, quem diria, hein, Srt.Gilbert!? Isso  me parece ser muito promissor, não acha?

O olhar do Damon era brincalhão com um leve tom de sarcasmo, eu amava o jeito como falava comigo, seu sorriso todas as vezes que me via e eu amava tudo naquele garoto."Hey, Elena Gilbert, acorda! Pare com isso agora! Se controle!" Uma voz exclama com voracidade em minha mente. Eu estava completamente ferrada.