O Namorado da Minha Melhor Amiga escrita por Naty Valdez


Capítulo 28
Capitulo 28 - Este passeio tem regras


Notas iniciais do capítulo

Olá, Peoples *-* Alguém me responde porque eu sempre cumprimento vocês desse jeito? Em? Sei lá, é rotina, é rotina.
Enfim, sei que querem me matar porque eu cheguei de bom humor depois de um atraso miserável desse, mas é que eu gosto de contagiar vocês com a minha alegria. Tá? Tá? Só que não estou muito feliz, e isso tem lógica? Tá bem, to falando demais.
Quero agradecer as meninas que me mataram de responder comentários hoje, Okay? hahahaha' Meninas, não sabem o quanto fico feliz tendo que ficar aqui o dia inteiro quase respondendo vocês. Sei lá, me sino uma pessoa ocupada e importante, com a agenda lotada. A parte da agenda é verdade. hahahaha'
Pois é! Obrigada, Girls *-*
Eu acho que estão muito curiosas pra saberem a decisão de Annabeth, então, se é que tem alguém lendo aqui em cima, desejo uma boa leitura!



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Pov’s Annabeth

Eu fiquei louca. Completamente louca. Senão, estou muito próxima disso.

Será que alguém pode me dizer o que eu estou fazendo caminhando em direção a picape, a ex-minha velha, de mãos dadas com Percy Jackson, o namorado da minha melhor amiga? Já sei! Partindo para a morte.

Tá, eu sei que ele me chamou para sair com ele para esquecer os problemas, mas como posso esquecer os problemas se eu considero o ato de sair com ele... Um problema dos gigantes? Tipo assim, é meio que impossível.

No caminho até a picape, com ele me arrastando alegre e feliz pela mão, o meu coração só aumentava a intensidade das batidas a cada minuto. Eu tentei me controlar, tentei pensar em pizza, meus cantores preferidos, o capitulo de hoje do seriado, mas nada estava adiantando. Eu estava cada vez mais nervosa com isso.

Quando chegamos a porta do carro, se é que podemos chamar a ex-minha velha disso, Percy soltou a minha mão e abriu a porta pra mim.

Em meus dias normais, eu teria emburrado a cara e falado que eu tenho minha mão e que poderia muito bem abrir a porta sozinha, o que o faria fechar a porta e eu a teria aberto novamente logo em seguida. Mas hoje eu apenas olhei pros seus olhos verdes brilhantes e esbocei um micro sorriso sem mostrar os dentes. Mas eu não entrei. Fiquei parada entre a porta e ele.

― Eu quero falar uma coisa antes, Percy ― falei. Ele, que estava na minha frente, a porta da picape nos separando, disse:

― Tá, pode falar ― ele sorriu ― Quer dizer, nunca imaginei que você me pediria uma coisa dessas, mas tudo bem. Fiquei curioso agora.

― Eu vou te bater ― anunciei, vendo o sorriso de deboche se formando em seu rosto, apontando o dedo para o mesmo ― O que eu tenho a dizer é que eu tenho regras para esse passeio. Se não cumprir, eu ligo para a polícia e te denuncio por sequestro.

― Como eu tenho a certeza de que você não vai ter a coragem de fazer isso, eu já posso dizer que não vou cumprir nada do que você pedir.

― Jackson!

― Tá bem, eu estou brincando.

― Ótimo. Regra número um ― comecei a contar nos dedos. ― Não me leve a nenhum pub, bar, e nem nada desse gênero, por favor. Eu vou embora na mesma hora se você me levar a um lugar assim. Regra numero dois ― levantei dois dedos da minha mão ― Nem ouse me sequestrar. Fique sabendo que eu sei judô, porque fez aulas até ano passado.

A esse ponto, Percy estava com um sorriso enorme no rosto. Ele ia obviamente começar a rir de mim, mas eu não estava nem aí. Eu tenho as minhas regras ele teria que seguir.

― E por ultimo e muito importante ― eu anunciei, e ele me olhou com mais curiosidade que antes. ― Não me beije. Por favor. Se quer me fazer esquecer dos meus problemas, não me beije. Por favor. Eu vou me sentir mal se isso acontecer.

Ele abaixou o olhar e o ergueu logo em seguida, compreensível. Mordeu o lábio inferior, enquanto me observava com a depressão séria.

― Okay ― falou por mim ― Eu vou cumprir as suas regras, senhorita Chase. Mas só se a senhorita entrar nesse carro nos próximos cinco segundos.

Não perdi tempo. Assim que eu entrei, ele fechou a porta. Depois deu a volta e entrou no lado do motorista.

― Aonde vamos? ― eu perguntei, agora mais tranquila.

― A um lugar.

― Não diga.

― Digo sim.

― Idiota.

― Teimosa.

― Liga logo esse carro antes que eu te espanque, Jackson.

***

Olhei bem para aquela placa em que se lia “Um Strike leva Outro”. E imaginei que tipo de brincadeira era aquela. Percy ficou maluco? Não que eu o culpe, mas...

Percy apareceu do meu lado e olhou para o letreiro comigo. Ele sorria. Eu tinha um olho maior que o outro.

― Vamos? ― ele me perguntou, já andando na minha frente. Quando viu que eu não me movia um centímetro, ele parou ― O que foi?

― Eu não jogo boliche. ― anunciei.

― E qual é o problema nisso? É um jogo fácil. Você taca a bola e espera ele derrubar os pinos. Muito simples. ― ele estendeu a mão para eu pegá-la.

Encolhi as minhas junto ao peito.

― Não ― neguei ― Não quero entrar aí. Vamos para outro lugar. ― dei as costas pra ele, caminhando até a porta da picape.

Mas ele chegou na minha frente.

― Não vamos a lugar nenhum até você me contar o que está acontecendo ― ele falou, bem calmo, segurando meus braços ― O que foi? Está com medo de que? De jogar e errar? ― ele meio que riu.

― É isso mesmo! ― esbravejei ― Eu estou com medo de jogar e errar, Percy. Agora vamos embora?

― Não. Eu quero saber porque. Sabe como é estranho de vir de você falar de uma coisa tão simples? Acredite, é muito estranho. Agora me fala, por favor.

Respirei fundo passando as mãos pelos cabelos.

― Na primeira vez que eu vim em um salão de boliche, eu tinha treze anos. E eu tinha um ódio mortal por uma menina chamada Drew Tanaka. Tenho até hoje, aliás. Quando eu entrei no salão, ela estava lá. E eu estava apaixonada por um menino chamado Michael Yew. E ele também estava lá.

Percy me ouvia atentamente, mas eu não queria continuar com a história. Era muito ridícula.

― Ahn, deixa pra lá ― anunciei ― Vamos embora.

― Não ― ele segurou pela cintura, parando-me no lugar ― Continua.

Não consegui dizer não novamente. Respirei fundo de novo e continuei.

Flash Back On

― E eu que pensava que a loira oxigenada só sabia ficar lendo o dia inteiro ― Drew provocou-me de novo. Mesmo ela estando a três pistas de mim, eu podia sentir a aura de implicância.

― Não da bola pra ela, Annie ― Thalia pôs a mão em meu ombro ― Seu cabelo é mais natural que aquela mania dela de arrumar o cabelo. ― Thalia virou a cabeça pra ela e gritou: ― Ei, Asiática do Inferno! Deixe a minha amiga em paz, entendeu?

Mesmo Thalia tendo treze anos, já tinha adquirido o seu olhar mortal e pose de durona ― apesar de ainda estar em fase de desenvolvimento corporal. Sinceramente, acho que ela nasceu xingando o medico. Já eu, por outro lado, sempre fui mais magra, mais nerd, e muito mais reservada. O que fazia Drew Tanaka sempre querer pegar no meu pé.

― Ele está olhando pra cá? ― perguntei a Thalia.

― Não, está rindo com ela. Desculpe, isso não ajuda.

― Não mesmo.

Entenda, Michael Yew era o sonho de qualquer garota dessa escola. E, como uma típica nerd, devia que me apaixonar pelo galã. É ridículo, eu sei. Mais tarde descobri que esse é um tipo de lei ridícula da vida. Mas o que importa no momento é que: sabendo da minha paixão por ele, faz de tudo pra implicar comigo.

― Pobrezinha da Annabeth! ― falou Drew novamente ― Não consegue nem se defender sozinha. Olha que ridículo, Mike.

Agora ela pegou no ponto fraco. Ele não gostava de ser chamado de Mike. Ele me confessou isso em uma das poucas vezes em que conversávamos. E ele disse que, por eu saber que ele não gosta, eu podia chama-lo assim. PORQUE ELA ESTÁ CHAMANDO-O ASSIM? Acabo por perder a minha santa e inocente paciência. Começo a andar em direção a aquela medíocre. Thalia me impede de continuar no meu terceiro passo.

― Você sabe muito melhor do que eu que ela não vale a pena ― ela alerta.

― Mas ele vale. ― falo.

― Não vale não. Ele é mais um garoto idiota que ama uma menina porque os peitos dela cresceram mais rápido. Então não vá lá, Annabeth.

― Nem é tão por ele, Thalia, é mais por mim. Eu não aguento mais ela. Ela é terminantemente insuportável.

Thalia me avaliou por alguns segundos antes de me soltar e assentir. E seguida, me direcionei para Drew que já me esperava com um sorriso maléfico no rosto.

― Olha, a margarida veio ― Drew implicou. ― O que foi querida? Quer jogar um pouquinho? ― Então eu cometi um dos maiores erros da minha vida, dizendo:

― Quero. ― anunciei com um sorriso no rosto ― Quero sim. Mas eu tenho uma objeção: uma disputa. Se eu ganhar, você me deixa em paz.

― E se eu ganhar?

― Aí você faz o que sabe fazer de melhor.

Drew me olhou com respeito. Finalmente eu criei coragem para enfrente-la. O único problema é que eu escolhi o desafio errado. Entenda, eu nunca joguei boliche na minha vida. Thalia me trouxe aqui pra eu experimentar o jogo pela primeira vez. Se eu observei bem, eu não consigo nem levantar a bola. Mas não podia ser tão difícil. É só tacar a bola e esperar ela derrubar os pinos. Além do mais, eu vou jogar com a Drew. Quer dizer, nas aulas de Educação física ela aparentava não conseguir levantar uma bola de futebol americano comum.

― Eu primeiro ― ela anuncia. Michael anda até o tubo de bolas e tira uma pra ela, entregando-a logo em seguida, com um sorriso magnífico no rosto e sai de perto. Drew se concentra e lança a bola com uma graciosidade inquestionável. Ela conseguia fazer com que até os tênis horríveis do salão ficassem bons nela. A bola rola no centro da pista e ela faz um strike perfeito. ― Yeah! ― ela corre em direção a Michael e o abraça. Ele aceita na mesma hora. ― Sua vez Annabeth.

Assim que desgruda de Drew, Michael anda até o tudo novamente e pega outra bola, entregando-a pra mim logo em seguida.

― Boa sorte ― ele diz e, sim, a boba aqui admite, foi aí que eu comecei me desconcertar.

Andei até a pista. Olhei para o lado e Thalia fez um beleza pra mim. Me concentrei novamente na pista. Eu vou conseguir. Digo, eu sei os cálculos, sei os ângulos e sei as forças necessárias. A bola não é tão pesada quanto eu imaginei. Eu vou conseguir fazer isso.

Não, eu não consegui fazer isso.

Meu erro começou quando eu joguei a bola pra trás com muita força. Quando tentei lança-la pra frente, ela se desprendeu involuntariamente da minha mão, impulsionando-se pra cima. Então ela cai no meu pé, e a dor é tão forte que eu acabo chorando. Além do meu choro e Thalia me chamando, tudo o que eu ouço são risadas de todo o salão.

Flash Back Off

― Foi isso o que aconteceu, Percy. Eu fui o motivo de chacota em todo o salão naquele dia. O médico disse que o que me salvou foi o tênis. Fiquei com o pé imóvel por mais de um mês. ― suspirei, ainda sem olhar pra ele ― Agora pode rir.

Abaixei o olhar. Eu sabia que ele pretendia rir de mim. Ele não perderia essa chance. Nunca contei isso a meus amigos. Apenas Thalia sabe. Quando eles tem a ideia de ir a algum salão de boliche, ou eu ou Thalia damos um jeito de eu não ir. Ou eu simplesmente os lembro de que não gosto de boliche.

Quando olhei para Percy novamente, ele realmente ria. Mas não era um sorriso de deboche. Era um pequeno sorriso de “está tudo bem”, sem mostrar os dentes, ele disse:

― Vai deixar uma bobeira dessas te impedir de se divertir?

― Percy, não é uma bobeira. É um trauma. Idiota ou não, é um trauma. Eu estava entrando na adolescência. Eu era frágil, tímida, tudo o que não sou hoje. Era muito insegura. E ela me atingiu no lugar em que mais me afetava: Michael.

― Não mencione esse nome, por favor ― Percy disse ― Olha, eu te entendo. Mas vai viver a mercê de um medo que você adquiriu por causa de uma pessoa que te fez mal? Você deveria mostrar pra ela que não está nem aí.

― Não dá pra fazer isso sem ela aqui.

― Os melhores atos cometidos pelo homem são aqueles que só ele sabe.

― Eu sou uma mulher.

― Annabeth! Além disso, é bom que você não tem motivos pra se sentir constrangida. Vem ― ele segura a minha mão e me puxa para a porta. Eu hesito ― Eu te prometo que nada de ruim vai acontecer com você hoje se você entrar lá.

Eu hesito de novo, não acreditando na sua promessa. Mas me lembro que... É o Percy. Uma das pessoas que mais se importam comigo no momento. Porque ele mentiria pra mim?

― Tá bem. ― decido ― Eu vou.

Ele abre um sorriso.

― Que bom, porque agora temos apenas duas horas e vinte e cinco minutos.

***

Assim que alugamos a nossa pista e os tênis para o salão, eu descubro que não foi uma boa ideia, simplesmente pelo fato de que eu estou tremendo que nem uma vara verde. Além disso, Percy enfiou seu braço direito sobre os meus ombros e deixou lá. Quando olhei feio pra ele, ele voltou-se pra mim com uma cara de quem sabe tudo e disse:

― Você não colocou nada disso nas regras.

Espertinho. Não coloquei mesmo. Acho que preciso ir ao médico e pedir um remédio para a memória. Não que eu não queira que ele me toque. Mas é que eu fico muito nervosa e desinquieta com isso. Eu não quero que ele note.

― Você começa ou eu começo? ― ele me perguntou.

― Você, então eu observo como você faz ― falei, o que fez uma expressão curiosa aparecer no rosto de Percy ― O que?

― É estranho o ato de você... Estar aprendendo algo comigo. ― ele admite.

― Não é não. Eu sou um ser humano como qualquer outro. Eu não sei de tudo. Além disso, é uma coisa muito desnecessária. Eu não vou precisar disso mais tarde.

― Ah, vai sim.

― Não vou.

― Vai sim.

― Não vou.

― Vai sim.

― Jackson, quer jogar logo essa bola antes que eu tenha novamente a vontade de começar a te espancar aqui mesmo onde estamos agora?

― É a segunda vez que você fala que quer me espancar hoje ― ele disse, com um sorriso gigante no rosto.

― É, e pelo visto não vai ser a ultima.

Ele riu de novo, o que me fez rir também assim que ele saiu de perto pra pegar a bola. Assim que ele voltou, me afastei um pouco pra ele jogar. Nesse meio tempo, observei como ele estava vestido: estava de calça jeans escura, como sempre. Ao invés de suas típicas camisetas e jaquetas por cima, ele usava uma blusa cinza grossa que tinha capuz e ia até os pulsos. Havia duas cordinhas descendo do capuz em cada lado do pescoço. Por cima, havia um colete preto em um tecido bem parecido com couro. As cordinhas do capuz e o próprio ficavam por cima. Ele estava realmente atraente vestido assim.

Olhando ao redor, me dei conta que tinha algumas garotas olhando pra ele enquanto ele se concentrava. O lerdo, como sempre, não percebia que tinha um monte de QI baixo olhando pra ele. Ele só tirou os olhos da pista quando inclinou o corpo pra trás, e lançou a bola, fazendo a mesma deslizar sobre o piso como se ele fosse de vidro, deixando apenas dois pinos de pé. Ele colocou as mãos na cintura e olhou pra mim, sorrindo, e disse:

― Não se ganha todas às vezes.

Mas eu não estava olhando pra ele. Estava olhando pra uma QI baixo loira oxigenada que fuxicava com outra QI baixo morena enquanto olhavam para o infeliz que inventou de me trazer aqui. Não sabem nem disfarçar, cara.

― Annabeth?

― O que?

Ele andou pra perto de mim. Quando fez isso, elas finalmente viram que eu estava ali. E COM ELE. Mas, ao contrario delas e do Percy, eu não estava nada bem vestida. Digo, um jeans claro e uma camiseta branca de manga com estampa da banda One Direction não são roupas muito elegantes. São mais descontraídas. Ainda mais quando tem duas QI baixo olhando pro cara que está com você.

― Está olhando aonde?

Ele se aproximou-se mais de mim, quase colou o rosto no meu ― o que foi bem útil no momento ― e olhou pra onde eu olhava. As QI baixo olharam pro lado na hora.

― Nada! ― exclamei ― O que você estava falando? ― sorri tão abertamente que até doeu minha bochecha.

― Eu... ― ele olhou pra mim com dúvida ― Você está bem?

― Aham ― sorri mais ainda e, pra completar a minha maluquice, dei uma batidinha com o indicador no seu nariz, fazendo-o piscar.

― Tá bem ― ele sorriu duvidoso. ― Agora é sua vez de jogar.

Meu sorriso sumiu. O medo que eu sentia agora pouco voltou em um segundo. Caminhei até o tubo e peguei uma bola. Ainda me lembro do peso médio. Aproximei-me da pista. Respirei fundo. Senti um corpo atrás mim, o braço direito colado no meu e segurando no pulso.

― Você tem que fazer esse movimento ― Percy mostrou-me como é que se faz. Depois de um segundo desconfortável, olhei pra trás.

― Você está se aproveitando da minha falta de conhecimento, não está? ― falei, sem pensar, e com um sorriso no rosto.

― E você não está reclamando nem um pouquinho ― ele devolveu, olhando para a pista ― Se quiser correr, ajuda.

Ele se desprendeu de mim e me deu espaço. Me concentrei, respirei fundo, andei um pouco pra trás, e corri um pouco de volta, tudo isso antes de jogar a bola. Fechei os olhos. Eu não caí. Estou inteira. Não tem nenhuma bola no meu pé. Segundos depois, escuto o barulho de pinos caindo.

― Ei, Sabidinha, olha o que você fez ― diz Percy no meu ouvido.

Abro os olhos. Olho pra pista. Eu deixei um pino em pé.

― Yeah! ― ergo os braços em comemoração. O pessoal envolta me olha como se eu fosse maluca, mas dessa vez eu estou diferente. Eu não ligo pro que os outros pensam. Percy está me olhando e sorrindo.

― Não ganho um abraço? ― ele pede, esperançoso.

― Talvez um aperto de mãos ― eu digo, estendendo a mão pra ele. Ele aceita, com um pequeno sorriso no rosto. Até que ele aperta minha mão com força e me puxa. Ele me abraça forte e acaba me erguendo no ar. Depois de um giro, ele me coloca no chão. Quando me afasto um passo, ele coloca a mão na nuca, e abre a boca pra falar alguma coisa, mas eu o interrompo ― Já sei. Eu não coloquei nada sobre abraços nas regras.

― Exatamente. ― ele sorriu.

Eu ri também. Olhei para o lado e vi as duas QI baixo olhando pra cá boquiabertas. Dá licença, queridas. Assim que repararam em mim olhando pra elas, olharam pro lado. Bom mesmo.

― Acho que eu quero jogar de novo. ― falei pra Percy.

Jogamos por um bom tempo. Eu e ele revezávamos com a pista e fizemos até uma competição de melhor de três. Ele ganhou, mas foi por um pino só ― e eu tenho a ligeira sensação de que ele ganhou por um acidente sem querer.

Depois de mais de uma hora e meia, ele me deixou jogar sozinha e foi se sentar pra tomar uma coca. Percy tinha razão: jogar boliche acabou por me fazer esquecer os meus problemas, porque eu estava muito concentrada em derrubar todos aqueles pinos. Até ali, eu não tinha feito nenhum strike. Então eu finalmente consegui e comemorei como uma maluca. Por poucos segundos, porque Percy me segurou na mesma hora, e tampou minha boca com a mão.

― Shi, shi ― ele me soltou menos de um segundo depois ― Não me bata e olhe discretamente para a esquerda. ― Fiz o que ele pediu ― Me diz que aquele ali não é o Jason.

Era de fato o Jason. Distraído e despreocupado três pistas de nós. Ele ainda não tinha nos visto... Não, agora ele viu. Virei a cabeça de Percy pra mim, pois ele estava de costas pra Jason.

― E agora? ― Percy perguntou.

― Não sei ― olhei para Jason que estava vindo em nossa direção ― Droga! Ele está vindo. Vai... Vai pra fora. Eu resolvo. Me espera lá ― falei, no ouvido, segurando o seu rosto e ao mesmo tempo empurrando-o para o lado. ― Vai, Percy.

Ele foi, cuidando para não aparecer o rosto. Fingi que ia pegar outra bola quando Jason chegou ao meu lado, com um meio sorriso no rosto.

― Oi ― ele disse.

― Jason? ― perguntei, tão obvia, tadinha de mim.

― É, parece que sou eu, né? ― ele disse.

― Eu sei, cabeça loira, que é você.

― Olha quem fala.

― O que está fazendo aqui? ― falo eu, pegando outra bola e caminhando para a pista. Jason vai atrás de mim, dizendo:

― Eu vim com um amigo meu que você não conhece. Eu estou aqui a horas. Está aqui a quanto tempo?

― Pouco tempo. ― jogo a bola e ela desliza pela pista. Apenas três pinos ficam em pé.

― Quem era o cara que estava aqui com você? ― na hora que ele disse isso eu estava andando pra pegar outra bola. Então, tropeço e quase caiu. Só não o faço porque Jason me segura ― Tudo bem?

― Aham. ― me equilibro sozinha ― Ele é um amigo meu. Você também não conhece. Ele foi ali pegar um... Sei lá o que ele foi pegar. Ele disse que ia voltar e... ― olhei no relógio ― Ah! Olha a hora! Tenho que ir, Jason. Tchau.

Sai correndo na mesma hora. Encontrei Percy na portaria. Ele olhava pro céu, de costas pra mim. Mas eu estava tão irritada que nem me importei com a paz dele e dei-lhe um empurrão, dizendo:

― Sem problemas, não é Jackson? ― ele voltou-se pra mim estupefato ― Pode correr que agora eu te espanco! Só que é de verdade.

Ele deu-me as costas e olhou pro céu de novo.

― Você não vai me espancar. ― ele afirmou.

Pus-me na frente dele.

― Vou sim.

― Não vai, não.

― Vou.

― Não vai.

― Olha pra trás.

― Não vou olhar pra trás.

― Olha logo.

― Não!

Ele me segurou pelos ombros, sem se importar com minha aterrorizante cara de irritada, e me virou. Depois, pois as mãos no meu rosto e inclinou-o pra cima. Eu não podia acreditar.

― O que você vê? ― ele pergunta no meu ouvido.

― Neve.

Os flocos estavam começando a cair. Uma brisa fria já começava a circular. Estendi a minha mão, e um pequeno floco caiu sobre ela. Nunca fiquei tão feliz na vida.

― Sabe o que isso me lembra? ― Percy falou, agora com as mãos nos meus ombros ― Sorvete. Tá pensando no mesmo que eu?

― Não. Porque você não pensa.

― Há, há. ― ele falou, já me puxando pra picape ― Vem, tem uma sorveteria aqui perto.

Pov’s Percy

Nós brigamos pela escolha do sorvete.

Annabeth insistia em dizer que creme é melhor do que chocolate. Ah, fala serio, O QUE É MELHOR DO QUE CHOCOLATE? Só se for chocolate com chocolate! Então decidimos simplesmente cada um pegar o sabor que queria e pronto.

A sorveteria era perto do Central Park, então fomos lá dar uma volta. Estava escuro, e a neve caía lenta e suave. Annabeth estava muito interessada em seu sorvete de creme. Tentei me concentrar no meu de chocolate. Paramos na ponte, e ficamos no centro dela, vendo a agua passar por baixo e tomando o sorvete. Depois de um tempo, eu disse:

― Eu fiquei orgulhoso de você lá dentro. Enfrentou seu medo. Aquela sim era a Annabeth que eu conhecia.

Ela tomou uma colherada de sorvete. Ao contrário de mim, ela não me olhava. Depois de um tempo, ela suspirou.

― Você falando, parece que foi fácil. Mas não foi.

― Eu tenho quase certeza de que foi. Aliás, eu sei muito bem o que te deu forças pra isso. Aquelas garotas estavam te deixando irritadas, não é?

Tá, ela não viu que eu vi. Mas é que é difícil não ver um monte duas garotas que ficam encarando você o tempo todo. Fala sério, elas estavam me comendo com os olhos.

― Você... ― Annabeth começou, finalmente olhando pra mim, com os olhos arregalados.

― Eu vi. ― falei.

― Não foi por isso que eu consegui. ― ela tomou oura colher de sorvete.

― Mas elas te irritaram ― brinquei.

― Claro que não! ― Annabeth corava.

― Claro que sim!

― Não!

― Sim!

― Não!

― Quer largar de ser orgulhosa pelo menos uma vez na sua vida? Eu vi você. Vi sua cara. Vi as meninas. Vi como elas ficaram depois que te abracei. E vi como você ficou quando viu a cara delas.

Ela virou-se pra frente, um bico no rosto. Eu sabia que ela jamais admitiria que o ciúme que ela sentiu a ajudou a ter coragem para tacar a bola. Sorri.

― Tudo bem ― falei, tomando sorvete ― Esse seu orgulho sempre te ajuda a conseguir o que você quer. E é uma das coisas que eu mais gosto em você.

Ela bufou, agora brava.

― Tá errado ― ela virou-se pra mim. ― Meu orgulho nem sempre me ajuda a conseguir o que eu quero, Percy. Você não prestou atenção na história, não é? Eu desafiei a Drew naquele dia. E por quê? Porque eu era orgulhosa de mais pra deixar as ofensas ridículas dela pra lá e me divertir com Thalia. E o que aconteceu? Virei motivo de chacota. E aí? Meu orgulho me salvou? Ele só me causou problemas! ― ela suspirou, e começou a falar mais baixo ― Você diz que meu orgulho é uma das coisas que você mais gosta... Mas ele é uma das coisas que eu mais odeio em mim.

Annabeth virou-se pra frente, tomando o sorvete em seguida. Quando ela percebeu que havia acabado foi até a lata de lixo e jogou o copinho fora. Fiz o mesmo, porque meu sorvete já não estava mais gostoso. Ela continuou andando, e parou debaixo de uma arvore, por causa da neve.

― Ei ― pus a mão em seu ombro ― Me desculpa.

Ela saiu de perto de mim. Andou pra fora da cobertura que arvore nos oferecia e se ajoelhou no chão. Eu a vi arrastar a mão no chão. Depois ela levantou-se, as mãos juntas, e chegou bem perto de mim, a expressão neutra. Em meio segundo, Annabeth estava com um lindo sorriso brincalhão no rosto e eu, pobre de mim, estava com neve no nariz e no cabelo.

― Está desculpado. ― ela fala, rindo.

Sacudo a cabeça, tirando a neve.

― Pode me dizer por que nós sempre acabamos nisso? ― eu digo.

― Vai saber! ― ela diz, saindo correndo. Eu corro atrás. A fina camada de neve já era suficiente pra fazer pequenas bolas.

E brincamos. Tivemos que correr por muitos lugares porque havia pouca neve no chão. Fizemos isso por muitos minutos. Na verdade, eu perdi a contagem do tempo. Quando eu cansei e não estava mais aguentado de tanto rir, eu me joguei na grama. Isso deu a chance a Annabeth acertar uma bola em cheio em mim. Então, sentei-me rapidamente, segurei seu braço e a puxei pro chão. Ela deitou ao meu lado. Virei-me pra ela, ela pra mim.

Nós dois sorríamos.

― Se não fosse aquela sua regra ― eu falei, colocando a mão em seu rosto ― Eu te beijaria agora mesmo.

― Eu sei que você não vai descumprir ― ela disse.

― Eu estou tentado ― me aproximei dela. ― Vou descumprir.

― Não vai não.

Então ela fez uma coisa que me surpreendeu muito: ela me beijou. Então, tá, pelo menos eu não precisei bancar o anti-regras beijando-a. Mas eu teria feito com prazer. Eu estava com tantas saudades de beijá-la. Tanto pelo desejo, quanto pelo significado. E o fato de ela ter me beijado só tornou as coisas ainda melhores.

Em poucos segundos ela estava em cima de mim. Ela bagunçava meus cabelos de uma forma carinhosa, enquanto minhas mãos passeavam por suas costas. Depois de um longo tempo, ela se separou de mim. Me deu mais um selinho demorado antes de sorrir.

― Está ficando muito frio ― ela comentou.

― Eu acho que as coisas começaram a esquentar ― comentei.

Ela sorriu, me dando outro selinho antes de sair de cima de mim e sentar-se ao meu lado. Eu me apoiei nos cotovelos.

― É serio. Está frio mesmo ― ela olhou pro relógio ― E a só faltam vinte minutos para a Rachel sair de lá. Temos que ir.

Ela começou a se levantar. Eu a segui, dizendo:

― Odeio a minha vida.

Nós começamos a se ajeitar, limpando a neve do nosso corpo. Quando olhei para os braços nus de Annabeth, vi que estavam arrepiados. Aquela camiseta branca de uma banda que eu não faço a mínima ideia de quem é, não esta a ajudando em nada contra o frio. Tem um 1D escrito. É o que “1 Dedo”?

― Vem ― ela começou a andar.

― Não antes de outro beijo. ― segurei sua mão.

Ela veio rápido, mas não beijou. Só deslizou os lábios dela pelos meus antes de sair correndo.

― Só se me pegar, lerdo!

E eu corri atrás dela. E a alcancei. E nós nos beijamos. Depois fomos para o carro ― picape ― e ela estava tremendo. Sorrindo, mas tremendo.

― Se você não tivesse roubado a minha blusa, eu até te entregaria ela de novo ― eu disse.

― Ridículo. ― mas ela chegou perto de mim, pegou o meu braço e jogou pelas costas dela. Ela queria que eu a abraçasse e a esquentasse ― Me leva pra casa. Eu estou com muito frio. E depois volte pra pegar a Rachel.

― Eu não sei onde é.

― Eu sei.

― Você vai mesmo me mostrar onde é a sua nova casa a qual você não queria que eu soubesse de jeito nenhum?

― Eu vou te espancar.

― Não vai.

― Vou sim.

― Não.

E ela não me espancou.


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Notas finais do capítulo

Minha pergunta é: eu decepcionei vocês? Sei lá, vocês estavam esperando tanto que eles saíssem e que fosse um passeio muito Percabeth, que eu não queria fazer qualquer coisa de jeito nenhum! Isso foi um dos motivos do meu atraso. E aí, decepcionei? To com medo pra caramba!
O segundo motivo do meu atraso foi que... Bem, girls, eu fiz a bendita da prova. E, bem, eu sou uma burra e não passei. Pois é, foi isso. Fiquei chocada e não consegui pensar em nenhum pensamento feliz pra eles, então não escrevi. Na verdade, acho que foi isso que me fez ter a ideia do trauma da Annabeth. Agora eu estou com medo do número 26, que foi a minha pontuação na prova. Acertei 26 de 50. Na colocação, o ultimo fez 27. E EU FIZ 26! Olha que merda!
Enfim, vou ter férias normais - e vou torcer pra ser ficar em casa mofando enquanto leio e escrevo - o que ainda vai ajudar a adiantar a fic.
Enfim, é só isso, galerinha. Será que hoje eu recebo uma recomendação? Ah, por favor, tem Percabeth a vontade aqui hahahaha' Comentem e favoritem e recomendem, Okay?
Beijos da Tia Naty e um feliz ano novo, minhas queridas companheiras e companheiros ♥