O Namorado da Minha Melhor Amiga escrita por Naty Valdez


Capítulo 27
Capitulo 27 - Topa ou não topa?


Notas iniciais do capítulo

Ah, gente, me desculpe, Okay? Eu sei que eu não consegui! To atrasada um dia, eu sei disso. Mas, mesmo assim, quero desejar a vocês um FELIZ ANIVERSÁRIO DE O NAMORADO DA MINHA MELHOR AMIGA *--------------*
Gente, eu fiz esse capitulo ás presas, então, se não ficou bom, não me culpem. Mas eu acho que o final vocês vão sentir uma mistura de love our hate por ele kkkkkk'
Aliás, eu sei que não respondi nenhum review! Vocês mais que ninguém sabem que eu só posto depois que eu respondo todos, não é? Mas eu preciso muito estudar e não deu tempo! Prometo que, depois da prova, eu respondo tudo bonitinho, Okay? Não fiquem sem me mandar reviews por isso!
Ah, e eu quero desejar esse capitulo a "Neikea" que foi uma menina muito diva que fez uma recomendação muito mais diva inda pra fic na época que eu atrasei, e eu esqueci de agradecer a ela no capitulo anterior! Desculpa, fofa! E OBRIGADA PELA AQUELA RECOMENDAÇÃO DIVA *---*
Também quero dar os parabéns a uma das minhas leitoras que fez aniversário a pouco dias *----* Rhy di Angelo, parabéns mais uma vez, Okay? *--* Ah, me falem as suas datas de niver pra mim homenagear vocês aqui!
Okay, agora podem ler!
Divirtam-se!



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Pov’s Annabeth

Sinceramente, eu não esperava que Héstia fosse tão inteligente a ponto de descobrir o suposto dono daquela maldita blusa de frio ― e digo isso com toda a minha sinceridade, porque, sério, eu me achava uma pessoa razoavelmente inteligente até aquele momento.

Mas antes disso e como sempre, era uma quinta feira quase normal antes de eu voltar pra casa, e ver aquele desastre. Quase porque, sinceramente, eu estava mentalmente confusa. Bem, mais do que o normal.

Uma das coisas que me perturbava era a confissão de Rachel no dia anterior. Até pouco tempo, eu fiquei com muita raiva dela, mesmo não admitindo. Porém, em meio a uma tediosa aula de história ― vulgo aula que estou agora ― acabei pensando que, talvez, Rachel não seja culpada por tudo isso. Sei que ela tem os mesmos princípios que eu, os mesmos que a Thalia me disse que eu tenho. Não trairíamos quem amamos se não houvesse algo extremamente forte acontecendo conosco.

Resumindo: eu a compreendo.

A compreendendo porque fiz a mesma coisa com ela. Eu a traí, beijando o seu namorado, e me apaixonando por ele. Sei que ninguém manda nos sentimentos e que não escolhemos por quem nos apaixonar, mas se eu tivesse aceitado Percy Jackson em minha casa e me tornado amiga dele, talvez não eu não tivesse me apaixonado. Poderíamos estar morando juntos, fazendo traquinagem de adolescente e, como não teria me preocupado tanto em implicar com o garoto, talvez tivesse me preocupado com outra pessoa, que poderia ser o próprio Nico.

Todo mundo estaria feliz.

Mas, não. A Annabeth aqui, queria, porque queria, tirar aquele cara idiota, lindo e sarcástico da sua casa, porque não queria que sua melhor amiga namorasse com ele. Porque foi egoísta. Porque não queria ficar sozinha. Bem feito, agora toma!

Então, obviamente, a culpa é minha, é claro. De quem mais poderia ser? Se não fosse por mim, Percy não trairia a Rachel, ele não se distanciaria dela, eles não brigariam tanto, e ela não trairia ele por isso.

Eu sou um péssimo cupido.

Eu sei que eu deveria falar com o Percy sobre a Rachel, mas... Eu já estraguei de mais o relacionamento deles. Me sinto culpada, é claro, por não dizer nada, mas... Ao mesmo tempo sei que tenho razão. Eu não posso me meter mais no relacionamento deles. É errado.

Mas, cá entre nós, tudo anda completamente errado nos dias de hoje. Tudo. Eu, Rachel, Percy... Se a terceira lei de Newton estivesse errada e toda a ação não tivesse uma reação, eu já teria contado tudo, resolvido tudo e tudo voltaria ao normal. Mas esse cara era mais esperto do que eu. Sua teoria é completamente correta.

Ah, como eu me odeio.

Sabe como eu me sinto com tudo isso? Cansada, fraca, sem qualquer controle da situação. Ás vezes, tenho vontade de me mudar pra longe de tudo isso. Longe do Percy, da Rachel, dos meus amigos, dos meus pais... Mas antes, eu falaria tudo o que está entalado, o que deixaria todos com um ponto de interrogação na testa. Sinceramente, não sei se seria engraçado ou assustador ver suas expressões de surpresa. Avaliando a causa, a situação, o fato e os anos de experiência das expressões dos meus amigos, eu diria que seria terminantemente engraçado.

― Senhorita Chase? ― uma voz ressoa.

Vamos lá... Onde eu estou mesmo? Aula de história, sobre a crise de 1929, revisão pra prova. Okay, me localizei... Bem... O que a professora estava falando mesmo?

Senhorita Chase? ― ela insistiu.

― Presente ― respondi.

A classe inteira soltou uma gargalhada. Não entendi por que. Presumi que, se a sala inteira estava em silencio, então estavam fazendo a chamada. Né?

Então, Percy, lá na frente, olhou pra trás, totalmente sério. Por incrível que pareça, não me desconcertei toda com ele olhando pra mim.

― Eu... ― comecei a falar ― eu pensei que a senhora estava fazendo a chamada, tipo... Sei lá, eu acho. Meu nome é o primeiro da lista.

― Não estava fazendo a chamada. ― ela disse, parando na minha frente ― Estava te fazendo uma pergunta.

Percy me olhava com olhos presunçosos. Perguntava-me silenciosamente se eu precisava de ajuda. E, por algum motivo, eu decidi que não queria. Eu, ao contrário dele, sei me livrar das minhas encrencas sozinha.

― E qual era a pergunta? ― falei.

― Bem, já que você prestou atenção em toda a aula, como eu reparei... ― aquilo era sarcasmo em sua voz? ― que tal nos dizer o que possibilitou a crise de 29?

Porque todo mundo está olhando pra mim? Obviamente, eu sei a resposta. Não é coisa do outro mundo. Mas a aula de história se resume a dormir. Ninguém presta a atenção em nada e todos só estudam no ultimo dia antes da prova. Não é comum os alunos saberem alguma coisa antes disso.

― Bem, tudo começou logo após a primeira guerra mundial. Os EUA tiveram grandes lucros na guerra, e estavam evoluindo em ritmo acelerado, elevando cada vez mais a sua produção. Chegou em um ponto, que, como mundo estava empobrecido com a guerra, ninguém pode mais comprar o que os EUA produziam. Então, gerou-se um grande estoque de produtos. Ninguém comprava nada. Uma super empresa faliu. E a crise começou. Moral da história: não ponha no prato o que você não pode comer.

Ate eu acabar de falar, eu não sabia se estava explicando uma matéria, ou conjurando uma macumba, porque a sala me olhou como se eu tivesse feito isso. A professora não me olhava diferente, até que, do nada, sorriu de lado.

― Excelente. Dois pontos extras pra você.

Agora parecia que eu havia conjurado o Hades aqui. Eu ouvi bem? Ganhei dois pontos extras? Seja lá qual foi a da professora pra fazer isso, deixei totalmente pra lá quando vi que o Percy agora ria pra mim. Olhei de volta pra ele, como minha pose de esperta, com um molhar do tipo: Está vendo, Jackson? É assim que nos livramos de encrencas em Nova York!

Durante o resto do dia, fiquei o tempo todo colada em Thalia. Luke não gostou muito, é claro. Após o terceiro intervalo colada em Thalia, ele veio tirar satisfações comigo.

― Qual é, Chase! Será que você pode me emprestar a minha namorada por, sei lá, uns cinco minutos, por favor? Não a vi o dia todo!

― Não seja egoísta, Castellan! ― devolvi ― Você tem que aprender a compartilhar! Não pode ficar com filé só pra você!

― E eu que achava que você estava em outra, Annabeth! ― Luke riu ― Você trocou de melhor amiga, é isso? Thalia é seu novo colador de chiclete?

― Castellan, colador de chiclete vai ser a sua cueca se você não retirar o que disse ― rugiu Thalia ― Só por isso, agora vou ficar com a Annie.

― Há, há ― ri, batendo a mão direita em punho na mão esquerda aberta em gozação a Luke ― O Castellan foi trocado pela grude.

― Vou ficar traumatizado pelo resto da minha vida ― disse Luke, suspirando em rendição ― Okay, Chase. Você venceu dessa vez. Mas amanha a Thalia é só minha, Okay?

― Vai sonhando.

Assim eu consegui ficar o tempo todo conversando com a Thalia nos intervalos da escola. No almoço, me sentei ao lado dela também. Não contei pra ela o que Rachel me confessou, porque já imaginava o que Thalia faria com ela. Percy, embora não pareça, ainda é da família dela.

Percy não falou comigo o dia inteiro. Admito que me senti falta de vê-lo, mas foi melhor assim. Ele não tem que vir falar comigo.

Então, finalmente fui pra casa, ao término da aula. Antes de ir ao encontro do meu pai, passei por meu armário, e peguei aquela maldita blusa de lá. Coloquei-a em minha mochila e segui ao encontro do meu pai.

Falei com ele que amanha não precisaria vir me buscar, porque eu iria para o apartamento com a Rachel. Expliquei parte da situação pra ele, para ele não pensar que eu não aguentava mais ficar lá. Ele concordou numa boa. Disse que sairia com a mamãe nesse horário pra fazer algumas compras pra casa, que estavam necessitando desde a recente mudança.

― Precisamos de cortinas novas ― comentou ― Aquelas estão tão feias que nem as traças as querem mais.

Bom argumento. Quando cheguei em casa, minha mãe me perguntou se eu gostaria de fazer um lanche. Eu disse que guardaria minha mochila e desceria.

Héstia estava no meu quarto como de costume. Tudo estava impecavelmente arrumado como sempre, o que não me surpreendeu em nada. Héstia era uma perfeita empregada doméstica particular.

― Oi Annabeth ― disse ela, ajeitando o meu travesseiro em cima da cama.

― Oi Héstia ― joguei minha mochila no canto do quarto. Imediatamente, Héstia pegou-a do chão e a pendurou em um cabide. ― Eu odeio quando você faz isso ― falei ― Parece que eu estou obrigando você a trabalhar.

― É, está mesmo. ― ela brincou, com um sorriso divertido nos lábios ― Mas eu sou paga pra isso. ― sorriu mais abertamente ainda.

Okay, isso está estranho. Porque sorrindo e me olhando de uma maneira tão acusatória, divertida e emocionada ao mesmo tempo?

― O que foi, Héstia? ― perguntei.

― Nada. ― ela tentava, sem muito sucesso, segurar o riso ― Nada mesmo.

― Tá bem ― rendi-me ― Eu vou descer e comer um lanche com minha mãe, está bem? Depois eu venho aqui e...

― Me conta as novidades? ― Héstia arriscou.

― É... É. Mais ou menos.

― Tá bem.

Que felicidade suspeita. Héstia deu-me as costas e foi para o closet sem mais e nem menos. Eu, após estreitar os olhos, desci e encontrei minha mãe acabando de por a mesa.

― Nós não tínhamos uma empregada? ― perguntei, sentando-me em meu devido lugar.

― Tínhamos ― minha mãe sentou-se e seu lugar ― Mas eu decidi que quero agir como uma mãe de verdade e fazer as coisas pra você com minhas próprias mãos, sabe, filha? Ás vezes eu penso que isso é necessário.

Esse é um dos motivos que também não deixam eu me arrepender de ter vindo pra cá. Meus pais estão completamente dispostos a mudar por mim. Estão querendo ser os pais que nunca foram.

― Por isso ― minha mãe continuou ― eu decidi dispensar a empregada por uns dias. E, agora, eu quero que você experimente um pedaço do bolo que eu acabei de fazer ― minha mãe inclinou-se, cortou um pedaço do bolo e o pôs no prato a minha frente ― Experimente.

A verdade? Não estava com uma cara muito boa não. Não me lembro de minha mãe cozinhando em nenhuma lembrança dos meus 16 anos de vida.

Mesmo assim, provei um pedaço.

Droga, que coisa horrível.

― E aí? Está bom? ― minha mãe quis saber, o olhar suplicante, a voz cheia de curiosidade.

Vamos, engula isso, Annabeth. Engole, engole, engole!

― Hum, o que tem aí pra comer? ― meu pai aparece ao meu lado e rouba o meu pedaço de bolo. Assim que o põe na boa, faz uma careta épica. Tive que me segurar muito pra não soltar uma gargalhada – que só ficou entalada porque eu ainda não havia conseguido engolir aquele negócio. ― Credo, Atena, tentando cozinhar outra vez?

Minha mãe indignou-se.

― Pelo menos eu tento, Frederick ― ela esbravejou ― Eu estou tentando agir como uma mãe de verdade. Você, por outro lado, não faz nada pra demonstrar nenhum tipo de afeto a Annabeth.

― Claro que faço. Nós brincamos o tempo todo, faço piadas pra ela, vou busca-la na escola. O que você faz, Atena, é tentar causar uma infecção estomacal na menina.

Eu teria rido dessa se não estivesse ainda com o bolo na boca. Olhava para a discursão dos meus pais com os olhos em uma maratona de ping-pong.

― Infecção estomacal? ― minha mãe indignou-se ― Pois bem, Frederick. Vamos ver quem causa infecção estomacal em quem. Proponho a você uma competição formal. Annabeth será a jurada. Veremos quem cozinha melhor.

― Agora?

― Não, de maneira nenhuma. Vamos fazer em uma data mais especial. ― minha mãe pôs o dedo indicador na bochecha ― Que tal o natal? Cada um faz um prato natalino.

― Fechado. Eu faria aqui e agora, mas eu sei que você precisa se separar, né? Mas estamos quites. No natal, cozinharemos um prato cada um.

― De acordo.

Eles trocaram um aperto de mãos e se dispersaram. Eu fique ali pasma, e se ainda não estivesse com aquele, bem, “bolo” na boca, eu diria: “Ei, crianças, eu ainda não concordei com isso!”.

Depois disso, corri pro vaso sanitário mais próximo e, bem, vomitei aquilo tudo. Desculpe, mais não havia outro destino para aquele pedaço de bolo.

Depois, subi pro meu quarto.

Nos filmes de terror, quando você abre a porta e vê uma coisa completamente assustadora, você fica paralisado de medo. O meu caso não foi diferente ― tirando o fato que minha ideia pra “coisa completamente assustadora” não é um monstro, ou um gato estuprando um rato, é simplesmente a minha “assistente particular de limpeza” ajeitando dramaticamente uma blusa cinza em cima da minha cama.

― Olá Annabeth ― Héstia sorria.

― Héstia ― apontei pra blusa ― Onde você pegou isso?

― Na sua bolsa, é claro. ― ela estendeu pra mim a blusa ― Você não ia devolvê-la para o seu... Amigo que não conheço?

― É, eu ia... Mas não deu, eu me esqueci. Deixei aí na bolsa, e acabei esquecendo. Só isso. Agora me dá. ― ergui minhas mãos.

― Calma, moça ― disse Héstia. ― E será que esse seu amigo não é... ― ele enfiou a mão no bolso e tirou de lá uma foto ― Esse cara aqui?

Fruta que caiu!, pensei. Porque mesmo que eu tenho uma limpadora particular?

― Héstia, onde você achou isso? ― questionei.

― Você deixou embaixo do seu travesseiro ― Héstia balançou a foto ― O eu me leva a crer que você dormiu olhando pra esse menino aqui, que por um motivo que sei por que, está usando a blusa de frio que está aqui em minhas mãos. O que tem a dizer em sua defesa?

― O nome dele é Percy Jackson.

― Excelente. Agora... O que ele tem a ver com você, Annabeth? Porque está com uma foto dele, com a Rachel, e guarda a blusa dele com tanto carinho? Ele é amigo de vocês?

― Ele é o namorado dela.

De repente, tive uma vontade incontrolável de chorar. Mas me segurei. Só abaixei o olhar melancolicamente e, quando levantei-o novamente, Héstia estava boquiaberta.

― Annabeth... Espera, você... ah. ― Héstia deixou as cosias na minha cama, andou até mim, e pôs a mão no meu ombro ― Eu entendi tudo. Você gosta dele, não é?

Não consegui segurar a lágrima que caiu. Eu também não queria falar nada com minha voz notavelmente embargada, então eu só assenti.

― Eu sinto muito. ― Héstia disse.

Mesmo que tenhamos passado anos separadas, eu e Héstia sempre conversamos por telefone, e eu contei sobre minha amizade altamente forte com a Rachel. Ela sabe que somos melhores, melhores amigas.

― Eu... Vou te deixar um pouco sozinha, tá bem? ― ela me disse, acariciando a minha bochecha ― Me desculpe.

Assenti novamente. Héstia saiu do quarto, me deixando sozinha. Andei até a cama, e peguei aquela foto e a blusa de frio. Senti o perfume da blusa, e depois olhei para a foto.

― Você me causa problemas até quando não está aqui, não é, Jackson?

O resto do dia, fiquei abraçando aquela blusa, e observando aquele sorriso sarcástico do Jackson que eu tanto odeio.

***

No dia seguinte, o tão esperado dia da consulta da Rachel com a psicóloga, eu acabei com uma baita dor de cabeça logo pela manhã. E, podem acreditar em mim, juro quer não era exagero e nem mentira da minha parte.

Héstia estava em meu quarto, obviamente. Ela mexia em minha mochila, provavelmente arrumando os meus materiais pra hoje. Eu só a impedi quando eu a vi colocar a maldita blusa de frio cinza lá dentro.

― Ei, Héstia ― falei, e ela olhou pra mim exasperada ― Pode parar aí. Você, melhor do que eu tenho certeza, sabe que eu não vou devolver esse trapo causador de problemas ambulantes. Não vou mesmo.

Héstia sorriu. Provavelmente, porque estava bancando uma adolescente de dezesseis anos mimada que gosta de quem não pode. Porra, é exatamente isso. Ela taca a blusa pra mim e eu a pego no ar. Depois, Héstia senta-se ao meu lado.

― Vai me dizer alguma coisa?

― Pode mandar.

― Como aconteceu?

***

Mais tarde, na escola, fiquei pensando se fiz o certo. Eu não contei tudo pra ela, é claro. Pelo menos, não nada detalhado. Tipo, falei que sempre brigávamos, mas não falei o que sentia com isso. Falei de nosso beijo, mas não especifiquei onde e como. Héstia absorveu tudo.

Ela perguntou se, quando ele disse o que sentia por mim, eu falei que era recíproco. Falei que não, não disse a ele, mesmo sendo. Ela me perguntou o porque. Eu disse que não poderia trair a minha amiga. Era errado. Então, Héstia olhou pra mim e disse:

― Tenho muito orgulho de você, Annabeth. Eu praticamente te criei e fico feliz que tenha seguido as virtudes que lhe ensinei. Mas... Sabe, ás vezes... Em raras vezes... Acho que deveríamos esquecer um pouquinho o nosso modo de pensar pra ser feliz... Entende?

Cada palavra.

Porque a vida é tão difícil?

Eu não estou fazendo isso pelas minhas virtudes. Eu estou fazendo pela Rachel. Ela merece... Não é?

Passo o dia longe de qualquer ser vivo existente. Nico faltou a aula hoje e Thalia estava com Luke, o que eu entendo. Roubei a namorada dele ontem. Digamos então que minha única companhia foi um livro qualquer que peguei na biblioteca.

Na saída, eu fiquei esperando eles me acharem na escada da escola. Demorou muito, e, bem, quem me achou foi o Percy.

― Aí está você ― ele sorria ao me ver ― Achei que tinha ido embora. Rachel e eu te procuramos por toda parte.

Ele estava com uma camiseta comum branca, jeans escuros. A camiseta destacava seus olhos verdes, que brilhavam entusiasmados. Ele não está planejando nada, está?

― Vai levantar ou vai querer que eu te pegue no colo?

Seria muito bom, pensei. E logo depois me arrependi disso.

― Vem? ― ele me estendeu a mão.

Recusei. Fechei o livro ignorante e levantei-me pesadamente, passando por ele logo em seguida. Tenho certeza de que o escutei rir.

― Onde está Rachel? ― perguntei. Achei que ele ia falar alguma coisa como “Não sei. Vamos procura-la”. Mas ele disse:

― Está vindo. Falei com ela que estava aqui antes de falar com você.

Parei de costas pra ele, e fiz gestos impacientes mostrando que não ia aguentar ficar ali muito tempo. Até agora estava tolerável... Até ele aparecer atrás de mim.

― Você está muito bonita, sabia? ― falou.

Quando olhei pra trás, no susto, e olhei pra sua carinha de garoto inocente e o meio sorriso nos lábios, lembrei-me de que esse cara é, bem, um corno. Não sabia se era revoltante ou de se entristecer. Ambos.

Me segurei pra não falar com ele. E fiquei irritada com isso. Pra que eu prometi esse merda novamente? Sempre pego as promessas difíceis. Mas eu não posso falhar com a Rachel novamente.

― Percy, fique a um metro de distancia de mim ― tentei falar sério, mas minha voz saiu ridícula ― Ou você sabe exatamente o que acontece. ― dei um passo pra trás.

Ele deu um a frente.

― Ah, sei. O lance da transferência?

Dei outro passo pra trás.

― Exatamente.

Ele deu mais um passo.

― Eu duvido que você tenha coragem.

Outro passo meu.

― Vai querer pagar pra ver?

Ele riu sarcasticamente. Deu outro passo a frente.

― Manda ver ― outro passo e eu não recuei. ― Se transfere.

Calma coração, não pire, não pire! Percy estava tão próximo, tão sério, seu olhar era tão cheio de desafio. O cheiro dele era viciante. Eu não queria que ele saísse de perto de mim.

De repente, ele sorriu.

― Ótimo ― ele deu um passo pra trás e no mesmo instante, Rachel apareceu no corredor.

― Annie! O apartamento vai voltar a ter luz! ― ela pulava ― Vamos?

Não negamos.

***

Quando cheguei no apartamento, quase chorei de emoção.

Digamos que, quando você mora dois anos em um local, vive momentos emocionantes ali dentro, e depois vai embora por uma semana e volta, a sua chegada acaba sendo emocionante.

Quando Percy e Rachel viram a minha expressão, trocaram risinhos desdenhosos.

― Olha, eu acho que ela ficou emocionada ― disse Rachel, ainda sorrindo. ― Viu? É isso o que dá deixar sua melhor amiga aqui sozinha. Mas, então, está valendo a pena?

Demorei um pouco pra processar.

― Anh? Ah, sim ― sorri ― Meus pais são ótimos.

― Que ótimo ― Rachel sorriu, mas parecia um sorriso um tanto falso ― Fico muito feliz por isso. A casa ainda é sua Annie. Seu quarto está do mesmo jeito. Eu vou ali fazer meu lanche da tarde.

E saiu logo em seguida. O que eu fiz agora?

― Ela meio que se ressentiu com seu comentário. Sobre seus pais serem legais, entende? Os delas não são. Não a culpe. Acho que ela ainda não entendeu porque você veio aqui.

Percy olhava fixamente pra mim.

― Rachel tem problemas mentais. ― comentei, levando na brincadeira e sorrindo logo em seguida.

― Ah ― ele gargalhou ― Convivência.

― Ei! ― soquei seu ombro, mas ri em seguida.

― Ai ― ele também ria ― Enfim, faça o que você quiser até a hora de leva-la. Eu não vou aparecer muito pra você, como você gosta.

E saiu logo em seguida também.

***

Passei o dia andando pelo apartamento e relembrando alguns momentos engraçados que tive em cada canto. Foi bom relembrar da época em que minha vida tinha sentido. O que me leva a dizer que meu dia estava até calmo para o que eu achei que seria. Até Percy vir para perto de mim e dizer:

― Eu não contei pra ela que ela vai ter que ficar três hortas lá dentro.

― O que?!

Eu praticamente gritei. Percy acabou por olhar pro corredor pra ver se Rachel não estava vindo por conta do grito.

― Como assim, Jackson? Como não contou pra ela? Você não disse que tinha contado?

― Eu te contei o que aconteceu. Mas eu não contei pra ela.

― Contou o que? ― Rachel apareceu de repente na sala. Como ela tem essa habilidade de chegar de fininho silenciosamente?

― Nada ― cortei na hora ― Vamos pro carro. Temos um compromisso com sua psicóloga. E eu estou aqui justamente pra me garantir que você entre naquela sala, nem que seja amarrada.

Rachel olhou pra mim de boca aberta e depois pra Percy com raiva.

― Porque você contou a ela? ― Rachel esbravejou.

― Porque eu sabia que ela te obrigaria a ir. ― Percy devolveu, ficando na minha frente.

― Rachel ― passei na frente dele ― É pro seu bem.

Conseguimos leva-la ao consultório temporário da Sra. Summer. Os pais da Rachel haviam alugado um estabelecimento pra ela. Ela tinha direito a trabalhar por conta própria também, mas sua prioridade era a Rachel.

Quando ela apareceu na porta da salinha, Rachel recuou.

― Você vai entrar, cabeça de fósforo ― falei ― Ou te amarro na cadeira lá dentro pelas três horas que você vai passar!

― Espera, três horas? ― Rachel perguntou, olhando pra mim ― Como assim?

― Você vai ficar aqui durante três horas ― Percy se meteu ― Como castigo por não ter comparecido ás outras consultas. Ordens medicinais.

― E vocês concordaram com isso? ― Rachel perguntou.

― Não ― interveio a Sra. Summer ― Mas eu disse que era obrigatório. Agora entre na sala, Rachel.

Depois de nos lançar um olhar magoado, Rachel entra sem pestanejar na outra salinha. Sento-me em uma poltrona ali da sala de espera, a mão pousada na testa.

― Calma, Annabeth. ― Percy falou ― Isso era necessário.

― Isso me mata por dentro, Percy. ― falo com ele ― É horrível pra mim vê-la desse jeito. Você não entende? Rachel é como minha família.

Ele abaixa o olhar. Estava mais cabisbaixo do que eu. Ao contrário de mim, Percy tinha duas pessoas que ele gostava muito o tratando basicamente mal.

― Ei, me desculpe ― falei.

― Okay ― ele sentou-se ao meu lado.

― Eu só estou psicologicamente perturbada ― eu continuei ― Cansada de tudo isso. Acho que a Rachel também tinha que aprender a colaborar, entende?

― Com certeza. É o meu maior desejo no momento.

― Hum. O meu maior desejo no momento é esquecer que tenho problemas por pelo menos uma noite. ― comentei, sem pensar ― Seria a melhor noite da minha vida.

― Hum... ― Percy ficou mudo por um tempo. Eu não vi a sua expressão, mas do nada ele disse: ― Três horas são suficientes?

Não entendi de imediato, então perguntei:

― O que?

― Esquecer que tem problemas por três horas é suficiente? ― ele perguntou novamente, um brilho travesso brilhando em seus olhos.

― Jackson ― falei, devagar ― No eu você está pensando?

― Eu estou pensando em te chamar pra dar um passeio ― ele levantou-se ― Vamos fazer alguma coisa divertida.

― Não vou sair com você.

Ele sentou-se novamente.

― Vamos lá, Annabeth. Vai ser um passeio rápido Eu te levo em alguns lugares de esquecer problemas, e só. Posso até fingir ser oura pessoa se você quiser. Quero que você tenha a noite menos desestressante da sua vida. Vamos, o que custa?

Nada. Não custa nada sair e dar uma volta com ele, já que teremos que ficar aqui sentados que nem uma dupla de mongol, um olhando pra fuça do outro. Além disso, talvez seja bom passar um tempo com ele. Talvez eu devesse fazer isso.

― Mas e a Rachel?

― Esqueça a Rachel por um minuto e pense em você, Annabeth.

Eu preciso mesmo pensar em mim. Como eu estou me sentindo pensando o tempo todo nos outros? Péssima, cansada, no limite da paciência. Eu preciso de um tempo pra mim. E eu preciso de um tempo com ele.

― E ai? ― Ele voltou a me perguntar ― Topa ou não topa sair comigo?


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Notas finais do capítulo

hahahahahahahahahahahaha' Desculpem, eu não resisti! Mas qual é a opinião de vocês? Ela vai ou ela não vai? u.u

Sobre a próxima postagem, vamos ter que esperar! Tipo, acho que só dá pra postar o mês que vem. Gente, vocês foram privilegiados! Eu postei três vezes esse mês, enquanto em uma fic minha eu postei uma e a outra nem postei nada. Sinam-se felizes, Okay? Então, acho que vão ter que esperar!
Aliás, a prova tá chegando :S Já é domingo, e eu não me sinto nem um pouquinho preparada. O meu curso está a 5,22 pessoas por vaga. DÁ PRA ACREDITAR? Tô com medoooooo! Me desejem sorte, Okay?

Só isso, gente! Não se esqueçam de comentar, tudo bem? Agora a tia Naty tem que estudar u.u Beijos ♥