Sob o Brilho da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 9
Capítulo 9 - Visitas Inesperadas


Notas iniciais do capítulo

Lexi não respondeu de imediato. Ao contrário disso, ela ficou com o mesmo olhar parado de Miguel, algum tempo atrás. Um tempo depois, ela falou.
— O que você sabe sobre o seu pai, Ayllin?
— Além do fato de ele ser um monstro? Não muito.
Aí eu me lembrei do conselho de Miguel. Será que ele queria dizer alguma coisa?
— Você conhece o meu pai?
Lexi se levantou e parou na porta. Eu fui atrás dela.
— Depois da festa, nós conversamos.
— Lexi, por favor, se você sabe de alguma coisa, tem que me contar!
— Eu vou. Mais tarde!



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Nos dias que se seguiram, embora coisas terríveis acontecem o tempo todo, eu percebi pequenas mudanças no comportamento de meus vampiros. Damon esteve mais doce e humano que o normal, enquanto Stefan se amargava cada dia mais.

            No dia da festa de hallowen, o fatídico dia em que Stefan teve que por, verdadeiramente, um fim a vida de Vicki, eu vi Damon se preocupar verdadeiramente com alguém além dele mesmo, o que foi surpreendente.

            Naquela noite, quando voltamos para a pensão, eu fui procura-lo com uma bela garrafa de Carmenére nas mãos. Bati em sua porta e ele abriu alguns minutos depois. Damon tinha saído do banho e ainda estava com o cabelo molhado e despenteado. Sem camisa e com os botões da calça abertos. Eu tentei desviar o olhar, mas era completamente impossível. Fiquei admirando uma pequena gotinha de água que deslizava pela pele nua de seu peito. Ele percebeu e sorriu.

-          Estou adorando tudo isso, mas acho que não veio aqui só para admirar o meu corpo.

Eu saí do transe imediatamente. Sacudi a cabeça de leve, tentando me lembrar em que planeta eu estava. Então eu sorri de volta e balancei a garrafa de vinho nas mãos.

-          O que acha?

Damon segurou em minha mão e me puxou para dentro do quarto. Meu corpo quase tocando o dele. Eu sentia o calor da pele dele através do tecido de algodão da minha blusa.

-          Perfeito – Disse Damon – o que vamos comemorar?

-          Que tal comemorarmos uma boa ação do monstro mais terrível que eu conheço?

Damon sorriu e eu me sentei em sua cama.

- Mas primeiro vista-se.

            Ele deslizou para o meu lado na cama e colocou o rosto a alguns centímetros do meu.

-          Achei que gostasse de me ver sem camisa.

-          Menos Damon, muito menos.

Eu me desviei de sua boca, totalmente contra a vontade. Damon se virou e colocou uma camiseta azul marinho. Eu segurei-o pela mão e o levei ao telhado. Nos sentamos no beiral e Damon tirou a rolha da garrafa. Quando o vinho acabou – o que, aliás, não demorou muito – Damon pegou uma garrafa de wisky e dois copos.

-          Que tal algo mais forte?

-          Ótimo!

A garrafa de wisky durou um pouco mais, pensando bem, a garrafa durou tempo suficiente para que eu perdesse um pouco do equilíbrio e principalmente da noção de perigo. Eu tentei me levantar e escorreguei o pé, Damon me segurou. Ali no telhado, com seu corpo junto ao meu, era praticamente impossível pensar em algo racional. Ele puxou meu corpo para perto de si com uma mão e com a outra deslizou pelas ondas do meu cabelo, fazendo as borboletas se agitarem dentro mim, mais uma vez.

Seu rosto se aproximou e ele tocou o nariz em meu rosto, desceu pela linha da minha jugular, aspirando o ar e arrepiando minha pele. Damon beijou levemente meu pescoço e depois sussurrou em meu ouvido:

-      Tudo que eu mais desejei, e tudo que eu nunca poderei ter.

Sua boca tracejou a pele da minha bochecha e enfim encontrou meus lábios. Eu não recuei, não pude. Eu queria aquele beijo, muito, desde a noite na cela. Desde a primeira vez que meus olhos encontram os dele. Damon continuou me beijando, lentamente, muito diferente de tudo que já tinha sido entre nós. Um beijo de carinho, um beijo sincero. Seus lábios tocavam minha boca, mais e mais, sua língua explorando a minha. Eu perdi a noção e a referencia, não existia mais noite ou dia, bem ou mal, certo ou errado, éramos apenas eu e ele.

Devemos ter ficado assim por bastante tempo, porque Stefan apareceu. Ele parou ao meu lado, levando embora a magia e trazendo de volta o caráter usual de Damon.

Ele me soltou e sorriu com desdém para Stefan.

-     Não me olhe assim ela é seu anjo, e não meu.

Estefan segurou minha mão e me ajudou a descer do telhado. Entramos em meu quarto e eu sentia tudo rodando.

-     Ele te embriagou!

-     Ei, não seja tão mal com ele! Eu fui a primeira a levar o vinho.

-     E porque exatamente você fez isso?

-   Porque? Sei lá porque? Eu só... só... Ah Stefan, não me faça perguntas difíceis enquanto estou bêbada!

Stefan beijou a minha cabeça depois de um “você é quem sabe” terrivelmente maduro ele saiu. Eu fiquei com minha culpa e um pouco da sensação maravilhosa dos lábios de Damon nos meus.

Acordei com uma extra mega dor de cabeça e reforcei mentalmente que nunca mais eu iria misturar vinho e wisky!

Levantei tentando achar onde eu tinha deixado meu estômago e descobri que era no vaso sanitário. Algum tempo depois, quando eu consegui manter minha cabeça levantada e colocar uma roupa descente, eu procurei pelos meninos.

Não encontrei Damon no quarto, mas percebi que Stefan estava em casa e com companhia.

Bati na porta e uma garota loura abriu – uma vampira!

-      Ayllin, esta é Lexi – disse Stefan.

A garota me encarou cuidadosamente. Depois, virou-se para Stefan e perguntou:

-      O que é ela?

            Stefan sorriu e segurou em minha mão levando-me para dentro do quarto. Eu me sentei na cama ao seu lado.

-          Ok! Vou explicar com mais detalhes.

-          Ayllin, esta e Lexi, minha melhor amiga vampira e alguém com quem eu dividi muito da minha vida até agora. Lexi veio passar meu aniversário comigo.

Ele se virou então para a vampira Lexi e continuou.

-          Lexi, esta é minha amiga Ayllin. Apesar de fazer pouco tempo que a conheço, é como se eu a conhecesse por toada a minha vida. Ayllin está passando um tempo conosco, por motivos, digamos, pessoais. Ela é um anjo.

Lexi arregalou os olhos e me encarou por um momento, depois começou a rir.

-          Brincadeira, certo? Pegadinha com a Lexi!

Eu sorri para ela de volta e tentei quebrar um pouco do clima tenso. Apontei para minhas costas e perguntei:

-          Quer ver as asas?

-          É sério? Você é mesmo um anjo?

-          Bem, um meio-anjo na verdade!

Lexi levou a mão á boca e arregalou ainda mais os olhos.

-          Então é verdade!

-          O que?

Eu estava começando a ficar preocupada com toda aquela cena. Tudo bem, as pessoas sempre achavam estranho eu ser um anjo, mas aquela garota tinha cara de quem viu fantasmas!

Eu não agüentei e perguntei:

-          Algum problema?

-          Só uma curiosidade. Você está procurando alguém?

-          Na verdade não. Eu deveria?

Lexi sorriu, desfazendo a cara de espanto. Ela colocou uma mexa de cabelo atrás da orelha e tentou encerrar o assunto:

-          Bem, não que eu saiba! Agora, vamos falar da festa.

Eu entrei na conversa, mesmo não tendo engolido aquela mudança repentina de assunto. Stefan estava triste á alguns dias e por alguma razão a presença de Lexi o tinha animado. Embora ele não quisesse nenhum tipo de festa, obviamente Lexi faria mesmo assim.

Eu saí para dar uma caminhada e encontrei Elena caminhando também. Ela estava um pouco transtornada e então achei que seria bom conversar.

-          Tudo bem?

-          Sim!

-          Engraçado, não é que vejo nos seus olhos.

-          Sem papo de anjo Ayllin, sem papo de anjo!

-          Ei, não é papo de anjo! É só papo de garota.

Ela parou e suspirou, percebendo que tinha se alterado comigo.

-          Desculpe. Eu só estou... eu só... estava vindo da casa de Stefan e tem uma garota lá. Desculpe novamente.

-          Você está com ciúmes da Lexi?

-          Eu não estou com ciúmes! Além disso, Stefan pode... ele pode... bem, ele pode fazer o que quiser.

-          Tem certeza?

Elena abaixou a cabeça e fechou os olhos.

-          Ok, eu estou com ciúmes.

-          Porque não diz isso a ele?

-          Eu não posso! Quero dizer, eu terminei com ele. Ele é livre, pode fazer o que quiser. Eu só não achei que seria tão rápido.

-          Acha mesmo que Stefan e Lexi?

-          Porque não? Ela é bem bonita.

Eu segurei em suas mãos cuidadosamente e olhei em seus olhos castanhos.

-          Ele nunca estará livre, Elena, enquanto amar você! Lexi é uma amiga, uma amiga muito antiga. Ela é mais ou menos como eu.

-           Um anjo?

Eu pensei e então sorri.

-          Ok, ela não como eu! Mas é amiga dele de qualquer jeito. Não se preocupe, tenho certeza de que ele vai explicar melhor.

Elena retribuiu o sorriso e suspirou. Eu queria tanto poder conversar com ela. Queria tanto dizer a ela o quanto ele era maravilhoso. Foi quando eu percebi o quanto o trabalho de Miguel era difícil. Não é fácil não se envolver quando se sente afeição por alguém. Acho que esse negócio de “livre-arbítrio” é péssimo!

Eu a abracei e disse apenas “tudo vai ficar bem”, engolindo todo o resto. Por alguma razão, ela acreditou e sorriu de volta. Eu acompanhei Elena até em casa e voltei em seguida, dando pequenos passos, enquanto o sol esquentava minha pele – eu estava começando a me acostumar com aquele calor.

-          Ayllin?

Ouvi a voz de Matt e virei meu rosto para o som. Ele estava saindo de um mercado, com algumas sacolas nas mãos – desde a morte de Vicki eu havia me afastado um pouco dele. Sinceramente, eu me sentia meio culpada pela maneira que a situação acabou. Embora Matt não soubesse de nada.

Ele deixou as sacolas no banco de trás do mustang e veio até mim com os braços abertos.

-          Ei, quanto tempo! Achei que tinha ido embora sem se despedir!

Eu retribui o abraço de Matt e ele me segurou junto ao seu peito. Beijando minha testa.

-          Eu não faria isso! – eu disse a ele.

-          Que bom porque eu senti sua falta.

-          Também senti Matt, as coisas só estão meio complicadas. E por falar em sentir falta, o que acha de ir á uma festa hoje?

-          Você está me convidando para sair?

-           Bem, de uma certa maneira. É aniversário de Stefan, eu e Lexi vamos fazer uma festa no grill.

-          Posso pegá-la na sua casa?

-          Se você faz tanta questão, pode!

-          Eu passo lá então.

-          Ótimo.

Matt segurou meu queixo com a mão e tocou seus lábios nos meus.

-          É sério Ayllin, eu estava mesmo com saudades!

Eu fui embora me sentindo terrível! Não porque eu não tinha gostado, ao contrário – eu tinha gostado até demais. Como eu podia ainda ser um anjo levando uma vida destas? Certamente Miguel me expulsaria do céu assim que eu colocasse meus pés lá! Um anjo com dois caras! Eu conseguia ser ainda pior que minha mãe! Enquanto eu caminhava de volta para a pensão, absorta em meus terríveis pensamentos, senti aquela velha paz me inundar. A mesma paz que sempre sentia quando ele estava por perto – Miguel!

Ele colocou a mão pesada e fria sobre meu ombro direito e eu gelei – será que ele tinha mesmo vindo me dar uma bronca?

Nós entramos na floresta e eu voltei a minha forma normal. Sentei-me na margem do rio e comecei a jogar pequenas pedrinhas dentro da água. Eu não conseguia encarar Miguel, não com tudo que estava acontecendo em minha vida ultimamente. Ele segurou meu rosto entre suas mãos e encarou meus olhos com aqueles lindos e doces olhos azuis.

-          Está tudo bem?

-          Sim.

Eu respondi vagamente, tentando não deixa-lo perceber o que se passava em minha mente – como se fosse possível.

-          Sabe que não pode mentir para mim, não é?

Eu não pude agüentar e deixei uma lágrima quente e salgada rolar.

-          Desculpe!

Miguel me encarou ainda mais, tornando a situação insuportável. Eu já estava preparada para começar e pedir e implorar “pelo amor de Deus não me expulse” quando Miguel sorriu.

-          Eu não estou zangado com você!

-          Você deveria.

-          Porque?

-          Eu sou uma criatura terrível! Você não deveria ter me salvado, eu sou pior que minha mãe!

Os olhos de Miguel de repente se perderam em pensamentos. Era como se ele não me visse mais, como se tivesse em outro tempo, em outro mundo.

-          Eu nunca a comparei com sua mãe, meu amor, não farei isto agora.

-          Eu tenho me atrapalhado um pouco.

-          Eu sei. Esqueceu quem sou?

-          Não.

Eu baixei meus olhos, desviando de Miguel. A possibilidade de que ele tivesse visto os últimos acontecimentos coraram minhas bochechas.

-          Sem lembra do último conselho que eu lhe dei? Miguel perguntou com sua voz de trovão.

-          Sim, eu me lembro.

-          Estou orgulhoso que tenha obedecido. Obediência não é muito o seu forte!

Eu o abracei. Miguel sempre foi mais duro com os outros do que comigo. Comigo ele era carinhoso e gentil, como um pai.

-          Senti sua falta.

Miguel afagou meus cabelos e eu deitei minha cabeça em seu ombro. Permanecemos assim por um longo tempo, até que ele falou.

-          Eu preciso ir, minha querida.

-          Você vai voltar?

-          Sempre que você precisar de mim.

-          Eu preciso agora!

-          E eu estou aqui.

Eu fiz meu beicinho de quando estava contrariada e Miguel sorriu.

-          Certas coisas nunca mudam!

Eu o abracei novamente. Ele me deixava em tanta paz.

-          Tenho mais um conselho para você.

Eu olhei em seus olhos com interesse – o último tinha deixado minha vida bem complicada.

-          Não julgue mal o que não conhece. Nem sempre o que é diferente de nós é ruim, ou perverso. Dê uma chance ao desconhecido, você pode se surpreender.

Eu não entendi muito bem, mas assenti com vontade – as coisa que Miguel dizia sempre faziam sentido com o tempo.

Ele se levantou e beijou minha testa, antes de bater as asas e sumir de vista, Miguel me olhou com deboche e sorriu.

-          Tem mais uma coisinha.

-          O que?

-          Nunca leve dois namorados na mesma festa!

Eu tentei dizer a ele que eu não tinha namorado e que ele estava enganado, mas ele não deixou, sumiu um segundo depois. Em parte foi bom, porque mentir para ele era bem difícil.

Voltei para a pensão em estado de graça total. Depois de ter visto meu pai, nada poderia me entristecer. Entrei no quarto e coloquei uma música animada para tocar. Tirei a roupa e escolhi em meu armário um vestido de cetim azul-marinho de um ombro só. Eu nunca o tinha usado por causa de uma fenda nas costas que mostrava minha cicatriz. Quando a olhei no espelho, depois de tomar banho e secar o cabelo, eu percebi que não me incomodava mais tanto. Era algo diferente e interessante e, além disso, fazia parte da minha história.

Lexi entrou em meu quarto enquanto eu tentava dar um jeito no zíper. Ela se aproximou e o fechou com precisão.

-          Posso fazer uma pergunta?

Eu poderia dizer a ela que ela já tinha feito, mas achei que não seria delicado com alguém tão gentil.

-          É claro.

-          Meio anjo, meio...?

-          Vampira!

-          Foi o que eu pensei.

Eu me virei de costas para começar a me maquiar. Lexi colocou o dedo sobre minha marca e o tirou rapidamente.

-          Gosta dela? Eu perguntei.

-          Então, é mesmo verdade!

-          Me diga você? Eu nem sei do que estamos falando.

Ela se sentou em minha cama, enquanto eu terminava de passar delineador em meus olhos.

-          O que sabe sobre o passado Ayllin?

-          Não muito. Apenas o básico. Minha mãe se apaixonou pelo homem errado, um monstro, aliás. Ele a abandonou. Eu nasci. Ela foi expulsa do céu.

-          Quem lhe contou isso?

-          Miguel.

-          Miguel lhe contou isso?

-          Bem, na verdade ele nunca contou nada, eu fui descobrindo devagar.

-          Então, Miguel nunca lhe contou nada. Você só acha que a história aconteceu assim.

-          E não aconteceu?

Lexi não respondeu de imediato. Ao contrário disso, ela ficou com o mesmo olhar parado de Miguel, algum tempo atrás. Um tempo depois, ela falou.

-          O que você sabe sobre o seu pai, Ayllin?

-          Além do fato de ele ser um monstro? Não muito.

Aí eu me lembrei do conselho de Miguel. Será que ele queria dizer alguma coisa?

-          Você conhece o meu pai?

Lexi se levantou e parou na porta. Eu fui atrás dela.

-          Depois da festa, nós conversamos.

-          Lexi, por favor, se você sabe de alguma coisa, tem que me contar!

-          Eu vou. Mais tarde!

Pronto. Alguém tinha conseguido estragar a minha felicidade! Terminei de me arrumar bem na hora que Matt tocou a campainha, Lexi abriu a porta e me chamou da escada.

Quando eu tentei passar pela porta, Damon a bloqueou.

-          Como eu disse uma vez, pérolas aos porcos!

-          Muito engraçado! Já fez a piadinha do dia, Damon?

-          Ei, ontem você estava bem mais agradável.

Ele chegou o corpo mais perto e eu senti o cheiro de seu hálito doce.

-          Matt está me esperando.

-          Você não quer o Matt.

Ele quase tocou a boca na minha e eu tentei manter o controle, enquanto as mãos quentes de Damon deslizavam pela fenda do vestido, em minhas costas.

-          Eu quero sim! Eu disse com o resto de sanidade que me restava.

-          Olhe nos meus olhos e me diga que você não quer o meu beijo, se disser, eu prometo ir.

Eu não consegui. Ao contrário, fiquei feito uma idiota olhando nos olhos dele. Damon me beijou. Ou melhor, Damon tocou os lábios nos meus e sorriu.

-          Eu sabia!

Enquanto ele se afastava, eu me lembrei do outro conselho de Miguel!

-          Idiota, idiota, idiota! – saí resmungando comigo mesma.

Quando me viu na escada, Matt sorriu, e seu sorriso inundou todo o ambiente. Lexi passou por mim e sussurrou baixo demais para que Matt não ouvisse.

-          Eu prefiro o garoto! É uma excelente escolha!

Eu queria responder e dizer que não tinha escolha nenhuma, mas estava tão envolvida em nossa conversa de mais cedo que disse outra coisa.

-          Não esqueci de nossa conversa!

Lexi se foi pelo corredor, dizendo algo como “depois da festa”, eu não ouvi bem porque Damon estava ao lado de Matt.

-          Então, parece que estamos indo ao mesmo lugar. O que acha de me dar uma carona?

Antes que eu dissesse não, Matt disse sim. Porque aquele garoto tinha que ser tão bom? E o pior de tudo, o que eu faria nesta festa com esses dois ao meu lado?

Quando me aproximei de Matt, ele me beijou de leve na testa. Damon fez um barulho estranho com a garganta, como se quisesse limpa-la, ou antão apenas me irritar mesmo.

Matt não pareceu perceber o inconveniente, passando a mão em minha cintura, ele tentou me colocar no carro.

-          Você está tão...

-          Maravilhosa? Interrompeu Damon.

-          Sim, maravilhosa.

Matt estava olhando em meus olhos com aqueles lindos olhos azuis, quando Damon passou o braço por meu ombro e me arrastou para a porta do carona do Mustang. Ele parou entre eu e a porta e colocou as mãos no teto do carro, pressionando meu corpo contra o carro.

-          Eu disse a ela. Disse que estava maravilhosa, enquanto ela terminava de se vestir.

-          Damon Salvatore! Eu já estava completamente vestida quando você entrou!

-          Que seja.

Damon entrou no banco de trás e eu no da frente, ao lado de matt.

Apesar das gracinhas de Damon, Matt parecia bem tranqüilo e confiante. Damon continuou.

-          Então Donavan, eu soube que está tentando namorar a minha priminha?

-          Nós estamos nos conhecendo – disse Matt.

Damon colocou o rosto entre mim e Matt, com seu olhar mais assustador e mais sensual, olhando mais para mim do que para Matt.

-          E exatamente o que você tem a ver com isso? Eu o provoquei.

-          Ei! Só estou preocupado com a minha priminha.

-          Eu sei me cuidar! Ou melhor, eu sempre soube! Ultimamente, ando tendo dúvidas.

-          E é exatamente aí que eu entro. Não permitindo que você faça uma bobagem.

Eu engoli em seco – ele estava conseguindo me irritar. Peguei minha mão e coloquei sobre a de Matt.

-          Faça como eu e ignore Damon.

Matt apenas sorriu, e finalmente nós chegamos. Eu desci e Matt segurou em minha mão. Damon desceu em seguida, com seu sorriso arrasador.

Quando entramos, Matt começou a cumprimentar todos e Damon a andar pelo espaço, verificando quem poderia ser sua próxima vítima. Eu caminhei até Stefan e Lexi. Me pendurei no pescoço de Stefan e dei um beijo em sua bochecha.

-          Parabéns!

-          Obrigada. Você é muito gentil.

Stefan olhou para a porta e viu Elena. Nem tive tempo de dizer “até mais” ele já estava ao lado dela. Andei até o bar e me sentei. Lexi sentou-se ao meu lado e pediu duas tequilas.

-          Como eu já disse, prefiro o humano com seus belos olhos azuis. Mas tenho que aceitar que o vampiro é bem interessante. Aliás, são coisas bem diferentes para um anjo.

Eu bati meu copo no dela e virei na boca de uma vez.

-          Meio anjo!

-          Ok! Meio anjo.

Matt veio até nós e me tirou para dançar. Embora eu não estivesse muito animada, senti que devia isso a ele pelo mau comportamento de Damon e fui.

Enquanto estávamos dançando, Damon se aproximou e me tirou dos braços de Matt, educadamente porém sem nenhuma chance de recusa por parte do garoto.

-          O que acha que está fazendo Damon?

-          Cuidando do que me pertence!

-          Desde quando eu te pertenço, ficou maluco?

Damon colocou a boca na minha orelha e falou respirando dentro do meu ouvido.

-          Desde o primeiro dia que eu olhei em seus olhos. Desde o primeiro dia em que eu senti o toque da sua pele, desde o primeiro dia em que eu senti o seu gosto.

Sua boca roçou a pele do meu pescoço e eu senti como se ondas de eletricidade percorressem cada músculo. Eu sabia que precisava me soltar, mas meu corpo não se mexia. Matt parou em nossa frente.

-          Já terminou de dançar com a minha garota?

Damon rosnou baixinho e eu aproveitei para me soltar, colocando-me entre os dois.

-          Sua garota?

-          Sim, minha garota.

Os olhos de Damon estavam escurecendo, mas não mais que os de Matt. Eu precisei me intrometer.

-          Ei! Vocês dois estão falando de mim, como se eu não estivesse presente!

Matt segurou em minha mão e Damon descansou o braço em meu ombro. Pronto confusão armada!

-          Nenhum dos dois querem saber minha opinião?

Eles não desviaram os olhos um do outro, nem por um minuto.

-          Ok, fiquem aí então, eu não propriedade de nenhum dos dois mesmo!

Saí correndo pela porta e tentei me controlar enquanto tomava um ar. Em segundos a confusão começou. Eu tentei desesperadamente entrar naquele lugar novamente, tentei entender, em vão.

 Tudo aconteceu tão rápido que eu nem consegui entender. Só entendi depois que cheguei ao lado de Stefan e percebi que ela estava lá, morta. Damon, sempre Damon. Ele a havia matado. Uma lágrima escorreu por meus olhos. Meu segredo tinha morrido com ela.  


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