Pagando o Preço escrita por Ludroffer


Capítulo 3
Capítulo 2 - PORTAS FECHADAS


Notas iniciais do capítulo

People!!! Desculpem a demora, sei que devem estar querendo me matar, mas capítulo grandinho prá compensar. Não esqueçam de comentar.



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Eu não posso dizer ao certo o que aconteceu comigo naquele momento, tudo aconteceu tão rápido que quando percebi lá estava eu, sentada no chão do banheiro, com a pele ardendo por causa da força que usei para me esfregar, com a cabeça apoiada nas minhas pernas e completamente descontrolada.


 


 Chorei muito, tudo o que eu tinha guardado esses anos no peito, foi como uma explosão que foi devastando tudo pelo caminho.


 


No começo eu chorei por raiva.


Raiva por ter sido abandonada


Raiva de Charlie e Renée principalmente


Raiva também dos que se diziam meus amigos


Raiva de James que nunca mais quis saber de mim


Raiva da justiça que permitiu que uma inocente pagasse por um crime


Raiva dos verdadeiros culpados que eu ainda iria descobrir


Raiva de mim mesma por ainda me deixar abalar.


 


 Depois chorei por saudade, lembrei da minha vida de antes, dos meus pais carinhosos, do meu trabalho, da minha casa, meu quarto, do meu porto seguro.


 


Depois chorei de tristeza, era tudo tão inacreditável.


Em um dia eu tinha tudo e de uma hora prá outra o universo conspira contra você e boom, nada mais faz sentido.


 


Liguei no automático, fechei a água, me enrolei na toalha e fui me olhar no espelho, passei a mão para eliminar a  película causada pelo vapor,mas mal consegui ver meu reflexo, tamanha era a correnteza que caiam de meus olhos vermelhos. Aquela ali refletida não era eu, nem de longe lembrava aquela garota sonhadora, que tinha um futuro promissor pela frente. Um futuro que era invejado e desejado por todos. Aquilo era um resto deformado de Isabella Marie Swan.


 


Me troquei, colocando uma calça preta de moletom e uma regata branca, enrolei meus cabelos na toalha e fui para o quarto. Sentei na cama e respirei fundo algumas vezes tentando me acalmar, eu procurava achar alguma razão para me sentir dessa forma, eu deveria ser forte, eu tinha que ser forte, minha jornada rumo a verdade ainda não tinha chegado ao fim e ainda tinha muito chão pela frente, eu precisava desesperadamente me fortalecer.


 


Me joguei na cama, e fiquei fitando o teto por um tempo, eu estava cansada, não tinha dormido direito na noite passada e meu corpo agora reclamava. Fechei os olhos só por um momento, queria esquecer de tudo, só que o inverso acontecia, eu me lembrava de tudo, cada palavra, cada gesto. Meu corpo estava trêmulo, minhas mãos geladas e eu chorava copiosamente.


 


Toc...Toc...Toc..


 


- Bella, você está bem? – perguntou Jake colocando a cabeça para dentro do quarto preocupado. Eu não consegui responder nada, apenas balancei a cabeça em negativa o que fez meu amigo rapidamente sentar ao meu lado e me abraçar, pude sentir o seu desespero em me ver tão fragilizada e em prantos.


 


- Vai ficar tudo bem, vai ficar...- ele disse me apertando forte em seus braços e me balançando prá frente e prá trás, como se estivesse embalando um bebê. Me senti protegida entre aqueles braços fortes e quentes, e deixei mais uma vez aflorar o que eu estava sentindo. Não sei quanto tempo ficamos ali, eu chorei muito, eu estava assustada com essa minha reação, mas era mais forte que eu, incontrolável.


 


Aos poucos eu fui me acalmando, aquilo me gerou um cansaço físico e mental tão grande que me fez cair no sono. Eu adormeci nos braços de Jake e tive um sono tranqüilo, mas sem sonhos, vazio.


 


Quando acordei a única luz que iluminava o quarto era do abajur que estava no criado mudo, pude ver pela janela do quarto que já era noite, mas eu não sabia ao certo que horas era. Estiquei minhas pernas e braços, alongando todo o meu corpo, apesar do que tinha acontecido mais cedo eu estava me sentindo bem, como a muito tempo eu não me sentia. Eu estava renovada, era como se eu precisasse me livrar de tudo aquilo que estava guardado dentro de mim, e agora que eu o fiz, estava leve, tranqüila, em paz.


 


Me sentei na cama, e só agora analisava detalhadamente o ambiente, fiquei feliz em ver que apesar de ser pequeno e sem luxo, o lugar tinha a minha cara, e é claro, com um toque super especial de Jake.


 


Eu devia muito a ele, sem duvida alguma ele era um ser iluminado, especial. Meu amor por ele é tão grande que e não conseguiria expressar em palavras, ele era muito mais que um irmão e acho que nunca conseguiria recompensá-lo por tudo o que fez e continua fazendo por mim.


 


- Bella, já acordou? – perguntou colocando a cabeça para dentro do quarto


 


- Hum hum – respondi bocejando e me espreguiçando, apesar de tudo eu me sentia revigorada – que horas são?


 


- Dez horas e pouco, você está melhor? Se quiser pode voltar a dormir, você deve estar cansada ainda – disse ele preocupado. Eu não queria que ele tivesse presenciado a minha crise, mas não podia negar que a presença dele ao meu lado tinha sido essencial.


 


- Não, eu já estou me sentindo melhor – disse levantando e procurando a escova para pentear o meu cabelo que já estava quase seco – obrigada por tudo Jake.


 


- Hei, não precisa agradecer, certo?! – disse vindo em minha direção e me abraçando - eu vim ver se você não quer comer alguma coisa, a comida já chegou a algum tempo, e você deve estar faminta.


 


- Na verdade estou mesmo – respondi – só vou terminar de me arrumar e já vou.


 


- Vou esquentar então, pedi sua comida preferida, capelleti ao molho branco, deve fazer algum tempo que você não come, não é mesmo? – apenas concordei com a cabeça e senti meu estômago roncar e a boca salivar ao lembrar daquele sabor, fazia tanto tempo que eu não comia uma refeição decente.


 


Não me demorei muito, apenas amarrei o cabelo em um rabo de cavalo e lavei o rosto, meus olhos estavam bem inchados, mas amanhã estaria nova em folha.


  Quando cheguei na sala, Jacob tinha improvisado tudo em cima da mesa de centro, os pratos, talheres e duas taças de vinho, sentamos nas almofadas que estavam distribuídas pelo chão, o cheiro que preenchia o ar estava maravilhoso.


 


- Jake, você simplesmente não existe – disse pegando e afagando sua mão – você além de se lembrar do meu prato preferido, prepara essa mesa linda prá nós!


 


- Você merece isso e muito mais Bella – disse com um sorriso lindo nos lábios - mas agora chega de enrolar e prove logo essa comida, você precisa estar forte para enfrentar o dia de amanhã.


 


- Não é por nada não, mas assim vou acabar mal acostumada – sorri


 


- Não se preocupe, pois adoraria mimá-la – não sei porque, mas eu senti uma coisa diferente no modo em que ele disse isso – mas é claro que a senhorita é independente demais para aceitar.


 


- Você já está fazendo muito por mim, muito mais do que o necessário. – sorri ao vê-lo revirar os olhos. Eu sei muito bem que se não o houvesse freado, estaria agora em alguma cobertura em um dos hotéis mais caros de Washington.


 


- Você deveria estar em um lugar muito melhor que esse Bella, você tem direitos – respondeu como se respondesse aos meus pensamentos.


 


- Jake, até que eu prove a minha inocência esses direitos não são meus. Sem contar que não sei se quero aquele dinheiro na minha vida – ele tentou falar, mas eu fiz sinal com a mão para que esperasse eu terminar – eu estou bem nessa casa, ela é muito mais do que eu precisava, e logo estarei trabalhando e realmente me sustentando. Isso irá significar muito prá mim Jake, eu preciso me descobrir, saber realmente quem eu sou agora, em quem eu me tornei.


 


Ele nada disse, mas sabia que não estava de acordo comigo, ele queria me proteger, prá ele eu já havia sofrido demais. Só que não adiantava tapar o sol com a peneira, eu tinha muita coisa ainda para resolver, mas teria que dar um passo de cada vez. Amanhã eu começaria a procurar emprego, antes de sair da prisão pedi que Jake conseguisse agendar algumas entrevistas, ele conseguiu três na área administrativa, que era o que eu sabia fazer, e estava confiante que eu voltaria para casa com bons resultados.


 


Comemos os dois em silêncio, eu degustava a comida com prazer e acabei repetindo o prato. Quando terminamos Jake lavou a louça, contra o meu protesto, afinal, ele já tinha feito tudo. Ficamos sentados no sofá, eu com os pés em seu colo, enquanto recebia uma massagem deliciosa nos pés.


 


- Você não está namorando com ninguém? – perguntei espantada com a sua negativa. Ele estava passando por um interrogatório, já que quando me visitava, recusava-se a falar dele.


 


- Eu estava muito ocupado com meu trabalho, não tinha tempo prá nada – respondeu desviando o olhos dos meus.


 


- Mas que desperdício Jake, você é lindo, tenho certeza que qualquer garota se sentiria lisonjeada em estar ao seu lado – ele me olhou e eu senti um brilho diferente ali, mas que mudou quando completei – se não fossemos como irmãos e meu coração não tivesse fechado, eu mesmo não te deixaria escapar.


 


Depois que eu disse isso, o silêncio se instalou entre nós dois, não era desconfortável, mas era estranho. As vezes eu desconfiava que Jake sentia algo mais que amizade por mim, mas isso nunca tinha passado de suposições, visto que ele nunca disse nada, muito menos fez, mas as vezes eu me perguntava qual seria minha reação. Ele era muito bonito, alto, pele morena, dentes bem brancos, lábios carnudos, tinha um corpo perfeito, músculos bem definidos e olhos negros encantadores. Só que além disso, ele era a pessoa mais carinhosa que eu tinha conhecido. Era cabeça dura também, ele era bem impulsivo, um dos motivos por eu achar que era suposição, pois acho que se ele sentisse mesmo algo, ele já teria feito alguma coisa. Resumindo, não tinha como ele estar ao seu lado e não marcar presença, e comigo não era diferente, mas eu estava fechada para balanço e Jake merecia muito mais do que uma pessoa pela metade.


 


Ele se levantou e foi até a cozinha, abriu a geladeira e pegou água gelada para beber, eu fiquei observando e me perguntando porque eu não mandava no meu coração, ele seria perfeito para minha vida.


 


- Bella, eu tinha pensado em ficar aqui com você esses dias em vez de ir para o hotel – disse me fazendo voltar a realidade e me fazendo corar por ter sido surpreendida observando ele – eu tenho que voltar daqui a quatro dias, e você não precisaria ficar sozinha.


 


- Eu gostaria muito, mas acho que no hotel você ficaria mais confortável – falei pensando em onde ele dormiria, tinha a minha cama, que era de casal, mas não me sentia a vontade para convidá-lo. Não, de jeito algum.


 


- Eu posso dormir no sofá, só vou ter que ir lá pegar minhas coisas, não vou levar mais que 20 minutos.


 


- Por mim, tudo bem, mas me sinto mal em fazer você passar por isso depois de tudo o que tem feito por mim.


 


- Bella, não vai ser nada do outro mundo eu dormir aí, até parece que nunca fiz isso. Eu vou lá e volto logo. – disse pegando sua carteira e chaves do carro que estava em cima da mesa, mas antes de sair me deu um beijo na cabeça.


 


Enquanto ele não voltava, fui para o quarto pegar uma coberta e voltei para a sala para assistir televisão. Ele realmente não demorou, e quando chegou acabou dividindo a coberta comigo. Ficamos assistindo um filme, mas acabei por pegar no sono, e quando acordei estava na minha cama com o dia clareando. Levantei e fui direto para o banheiro, tomei um banho e me troquei, tinha um terninho preto que Jake havia comprado, me daria um ar mais sério, prendi me cabelo num rabo de cavalo e fui para a cozinha preparar nosso café. Jake ainda dormia, estava sem camisa e não pude deixar de dar uma espiada, rindo de mim mesma por fazê-lo, ele quase não cabia no sofá. Ele acordou quando eu estava terminando de passar o café.


 


- Se estiver tão bom quanto o cheiro – disse brincalhão com a voz um pouco rouca e esticou os braços se espreguiçando.


 


- Bom dia para você também – meu sorriso de resposta se espalhou pelo rosto.


 


Ele se levantou, dobrou a coberta e rumou para o banheiro para fazer sua higiene matinal e logo estava me acompanhando no desjejum.


 


- Então, por onde começamos? – perguntei, dando em seguida uma mordida na torrada que estava em minha mão.


 


Jacob pegou um papel que estava guardado dobrado em seu bolso e o desamassou me entregando.


 


-  A primeiro entrevista  será às 9 horas, o cargo é para assistente financeiro, depois almoço comigo – riu e piscou – às 13 horas para auxiliar administrativo e às 16:30 também como assistente financeiro, os nomes das empresas estão aí com os endereços e como você pediu não mandei para nenhuma grande empresa, apenas para aquelas que estão começando – eu agradeci.


 


Eu estava bem animada e esperançosa de que logo na primeira tentativa eu tivesse bons resultados. Ainda teria algumas horas, terminamos de comer e lavei a louça. Sentei no sofá e liguei a televisão, e logo fui acompanhada por Jake.


 


- Você não vai querer saber de seus pais, Bella? – ele perguntou segurando minha mão e fazendo com que eu virasse em sua direção.


 


- Não Jake, eu acho que o melhor para nós não termos contato algum, apenas o que for solicitado pelo juiz – disse com um tom de mágoa.


 


- Bom, você quem sabe! Vamos falar de coisas mais leves – disse mudando o foco de nossa conversa - tenho um presente para você!


 


- Eu não vou aceitar, sinto muito, mas você está passando dos limites – eu disse um pouco irritada e me levantando – você já fez muito por mim, pagou advogado, alugou essa casa, moveis, roupas, já não é o bastante?


 


- Hei, dá prá se acalmar! – disse tentando segurar o sorriso, ele ainda estava se divertindo com isso – o que eu comprei prá você será muito útil, então nem pense em recusar.


 


Ele se levantou e foi pegar uma caixinha em sua mala, voltou com o pacote prata envolto em uma fita de cetim preta balançando em suas mãos e jogou no lugar em que eu estava sentada.


 


- Se você preferir, pode me pagar depois – olhei para ele revirando os olhos, eu sabia que ele nunca aceitaria dinheiro algum de mim – vamos, abra logo!


 


Sentei de novo no sofá e peguei a caixa na mão, olhei para ele com um olhar reprovador, o que o fez dar um sorriso magnânimo e me incentivar a abrir com um aceno de cabeça.


 


- Está certo, vou aceitar isso como um empréstimo – desfiz o laço e abri a caixa, dentro tinha um aparelho celular, provavelmente devia ser um de última geração, eu nem saberia usá-lo – obrigada Jake, realmente será bem útil.


 


Ele sorriu vitorioso, mas não disse nenhuma gracinha, como era de costume, mas eu podia apostar que ele estava se segurando. Ele me deu explicações de como usá-lo, tinha tudo naquele ser minúsculo em minhas mãos, GPS, MP3, câmera fotográfica e até acesso a internet, as coisas esses anos mudaram muito, salvei seu número na agenda e tirei uma foto sua para aparecer na tela quando ele ligasse. Ficamos tão entretidos, que quando percebi faltava pouco para a entrevista.


 


Jake tomou um banho rápido e me levou, paramos em frente a um prédio de 4 andares onde funcionava uma empresa de pequeno porte de assessoria financeira, respirei fundo, peguei minha bolsa e minha pasta onde continha os certificados dos cursos que eu tinha feito, bem como cópia do meu diploma.


 


- Boa sorte Bella! – disse Jake me puxando para um abraço – assim que você terminar me liga que estarei te esperando. – beijou o topo da minha cabeça e sai.


 


Entrei no prédio e sua recepção era bem simples, uma senhora de óculos na ponta do nariz me recebeu amavelmente e solicitou que eu aguardasse alguns momentos que iria avisar a minha chegada para o responsável. Sentei em um sofá marrom e peguei uma revista para ler na mesinha que ficava ao lado, eu estava tentando manter a calma, mas meu coração estava disparado e minhas mãos começavam a suar. Tentei me concentrar na leitura, mas conforme os minutos iam passando mais tensa eu ficava. Eu olhava para a senhora à minha frente e a mesma estava sempre ao telefone, olhei para o relógio na parede e vi que já tinha se passado meia hora desde a minha chegada. Eu já estava ficando impaciente e a segurança que eu estava em casa de que tudo daria certo aos poucos estavam se extinguindo. Resolvi aguardar mais dez minutos antes de perguntar se ainda demoraria para eu ser atendida, contei cada segundo a seguir e quando passou esse tempo me levantei e fui em até a mesa da recepcionista.


 


- Com licença, estou aguardando para a entrevista que estava marcada para às 9 horas, já são quase 10, será que esqueceram de mim? – perguntei


 


- Olha querida, hoje está um dia corrido aqui – respondeu sem olhar em meu rosto, mau sinal – aguarde mais um momento que vou verificar se poderão te receber agora.


 


Eu estava com uma leve impressão de que tinha algo errado, mas fui me sentar. Fiquei observando a mulher que ficava mexendo no computador e hora falando ao telefone, mas da distância que eu estava não dava para entender o que falava. Esperei mais 30 minutos até que a senhora fez sinal com a mão para que eu me aproximasse, levantei rapidamente e fui até sua mesa.


 


- Vão me atender agora? – perguntei ansiosa


 


- Srta. Isabella Swan, não é mesmo? – afirmei com a cabeça – Sinto fazê-la esperar por tanto tempo, mas acabei de receber a informação de que a vaga já foi preenchida. - Não consegui acreditar nas palavras que ela disse, fiquei 1 hora e 30 minutos esperando para ser dispensada sem ao menos ser atendida?


 


 Meu coração acelerou, respirei fundo para conter o nervosismo que ameaçava me domar, afinal, essa era apenas a primeira, eu ainda teria duas entrevistas pela frente. Sorri parecendo não dar importância, agradeci e me retirei. Ao sair do prédio liguei para Jake e contei o ocorrido, ele marcou de me pegar em uma praça que ficava próxima e me dirigi prá lá, sentei no banco observando as pessoas, mas meu amigo não demorou nem 10 minutos.


 


Assim que entrei no carro ele me perguntou se eu estava bem, afirmei com a cabeça, mas eu sentia que tinha alguma coisa errada, minha intuição não parava de gritar isso, mas resolvi não dar importância, não podia ficar insegura agora.


 


Como ainda era cedo para o almoço ele me levou para dar uma volta no shopping, ficamos andando olhando as vitrines e logo eu estava rindo das palhaçadas de Jake, eu sabia que ele estava fazendo isso de propósito, mas pelo menos estava dando certo.


 


Ele me levou para almoçar em um restaurante japonês que ficava lá mesmo, dentro do shopping. Eu estava bem mais tranqüila quando finalizamos e tentei colocar na cabeça que eu só estava insegura pela expectativa que eu criei e não se realizou.


 


Jake me levou para a segunda entrevista e me desejou novamente boa sorte. Respirei fundo, e entrei no prédio. Esse era um pouco mais sofisticado que o primeiro, ao entrar na portaria e deixar meus dados, fui direcionada para o elevador ao lado esquerdo da recepção. Me dirigi ao 6 andar onde ficava a corretora de seguros, era uma empresa nova, um pouco mais de 3 anos, mas estava  conquistando o mercado rapidamente. Dei uma olhada no espelho que tinha no interior do elevador, passei a mão nos meus cabelos e ajeitei minha roupa.


 


Ao sair, deparei com uma sala ampla e bem decorada, me dirigi a recepcionista, uma bela garota ruiva de aproximadamente 22 anos.


 


- Boa tarde! Sou Isabella Swan, tenho uma entrevista agendada – informei para a garota, que pelo nome bordado em seu uniforme se chamava Barbara Mitchell. 


 


- Sente e aguarde! – respondeu a garota seca, me medindo dos pés a cabeça.


 


Me sentei em um sofá, e fiquei observando o ambiente, devia ter mais umas 10 pessoas aguardando e me perguntei se todos iriam fazer a entrevista. Uma senhora sentada ao meu lado começou a puxar assunto, e quando dei por mim estava contando sua vida, a casa que tinha acabado de comprar para a filha que estava esperando seu primeiro neto, a viagem que faria com o marido em uma renovação do casamento e blá, blá, blá...


 


Eu  queria prestar atenção no que a senhora me falava, ela até era simpática, mas a única coisa que eu estava concentrada era na Srta. Mitchell que me encarava com desdém a todo instante. Uma sensação de dejavú me dominou, mas não queria dar importância a isso. Aos poucos a sala foi esvaziando, a senhora que conversava comigo foi atendida gentilmente pela tal de Barbara e encaminhada para alguma sala corredor a dentro, ela era cliente. Acompanhei o entra e sai de pessoas e passados vinte minutos minha impaciência já estava evidente.


 


Me levantei para beber um copo d’água e aproveitei para perguntar gentilmente se eles demorariam, ela a princípio me ignorou, na segunda vez que a chamei respondeu com uma ironia na voz


 


- Prá quem já esperou o que você esperou, um pouco a mais não vai fazer diferença.


 


Olhei mortalmente para a garota, eu não conseguia entender o porquê desse tratamento, ela me tratava bem diferente das outras pessoas. Eu estava irritada, algo me dizia que aquilo não era coincidência, alguma coisa estava muito errado. Fui me sentar disposta a ignorar a infeliz.


 


Mais meia hora se passou e eu fui completamente ignorada, por dentro eu estava em chamas, mas coloquei um sorriso pacifico no rosto e aguardei. O entra e sai de pessoas permaneceu o tempo todo, pelo que deu para perceber a grande maioria clientes. Eu contava mentalmente até dez, depois cem e logo em seguida mil, aquilo devia ser alguma brincadeira de péssimo gosto, mas não conseguiriam me derrubar tão facilmente.


 


- Srta. Isabella Swan – finalmente me chamou, levantei, peguei minhas coisas e me direcionei a garota Mitchell.


 


- Pois não, já vão me atender? – perguntei com toda a educação que eu poderia ter


 


- Sinto informá-la mas não irão atendê-la – respondeu com um sorriso de divertimento nos lábios, a principio a minha vontade era de passar por cima daquela mesa e esganar a infeliz, mas não, eu não iria entrar no joguinho dela.


 


- E eu posso saber o porque? – perguntei cinicamente.


 


- Não sei informá-la, eu apenas cumpro ordens. – sorriu vitoriosa.


 


Olhei bem prá cara da infeliz, levantei a cabeça e me retirei com um sorriso nos lábios de como quem diz, “não estou nem aí prá vocês” , mas assim que entrei no elevador a máscara de mulher forte caiu, senti meus olhos encherem de lágrimas, minhas mãos tremiam de nervosismo e um aperto no peito. Por que as coisas tinham que ser assim? Eu só estava tentando reconstruir a minha vida.


 


Não era certo o que estavam fazendo comigo, mas se  acharam que isso iria me abalar estavam enganados. A raiva me dominou e garanti a mim mesma que iria vencer, respirei fundo algumas vezes e me olhei no espelho, retoquei a maquiagem e agradeci mentalmente pelo elevador não ter parado em nenhum outro andar. Quando sai do prédio liguei para Jake, mas o mesmo já me esperava em uma cafeteria próxima.


 


Fui recebida carinhosamente pelo meu amigo, e lhe relatei todo o ocorrido. Observei a coincidência nos dois acontecimentos e a desconfiança que tinha algo errado atrás disso. Como sempre ele me deu total apoio, disse que eu nem precisava ir na próxima, mas eu não iria desistir, não mesmo.


 


Contra minha vontade Jake ficou me esperando na portaria, entrei e ao contrário das duas anteriores, no horário previsto fui recebida.


 


Respirei aliviada na esperança que as coisas dariam certo dessa vez, mas ao entrar na sala um senhor baixinho, de cabelos bem grisalhos me olhou com um olhar que parecia pena, e eu soube naquele momento que mais uma porta estava fechada.


 


Ele foi bem gentil, educado, me explicou que eles tinham desistido da contratação e outras mil desculpas, que eu não engoli nenhuma, disse que assim que aparecesse outra oportunidade entraria em contato e me desejou boa sorte.


 


Apertei sua mão em agradecimento e me levantei, mas quando ia passar pela porta virei prá ele e perguntei.


 


- Sr. Gonzáles, você poderia responder apenas uma última pergunta? – ele me olhou com um olhar que era quase paternal


 


- Claro criança, pode falar – entrei novamente na sala, e parei em frente a sua mesa


 


- Foi Charlie que fez isso não foi?


 


- Não sei do que está falando – disse se fazendo de desentendido


 


- Sr. Gonzáles, agradeço muito pela gentileza com que me tratou, mas é muito importante prá eu saber, hoje eu tinha duas outras entrevista e fui dispensada de ambas sem  ao menos ser atendida e ao chegar aqui praticamente o mesmo aconteceu, tentei não dar importância a isso, mas já passou de mera coincidência. – eu disse calma mas sem deixar de transparecer o tom de decepção em minha voz – eu já passei por muitas coisas e agora só quero viver a minha vida em paz, por isso eu lhe pergunto novamente, foi Charlie, não foi?


 


O homem sentado a minha frente me observava e pude ver que o mesmo travava uma luta consigo mesmo. Por mais que eu estivesse magoada, eu não iria mais me abalar por eles, pelo contrário, cada rasteira que eles me davam seria uma força a mais para continuar.


 


- Eu sinto muito Srta. Isabella, mas creio que você não conseguirá arrumar emprego em nenhuma empresa nesta cidade – disse o homem pesaroso - o advogado de seu pai me procurou e creio que outras pessoas também, você deve saber que temos muitas dívidas em empréstimos com ele e não tinha outra saída. – tentou se explicar, mas pude ver que o pobre homem estava envergonhado, e eu sabia muito bem do que Charlie seria capaz.


 


- Obrigada pela sinceridade Sr Gonzáles, mas não se preocupe, sei que não teve culpa. – por mais que eu desconfiasse foi difícil ouvir com todas as letras que Charlie estava fechando as portas prá mim, sua filha, e mais uma vez eu levava uma rasteira da vida.


 


Me retirei rapidamente daquele lugar e assim que Jake me viu entendeu o que tinha acontecido sem que eu mencionasse uma palavra se quer, ele rapidamente veio em minha direção e me envolveu em um abraço forte, aconchegante  e fomos de volta prá casa. No caminho contei todo o ocorrido, e ao contrário de mim, ele ficou irado. Ele queria conversar com Charlie, mas eu o convenci do contrário, pois isso seria tudo o que ele mais queria, ver minha fraqueza diante de seu poder.


 


Aquela noite não foi das melhores, mas como prometido não derrubei uma lágrima sequer. Imaginar Charlie e Renée tentando atrapalhar minha vida me feriu mais do que eu imaginava, era difícil de entrar na minha cabeça que eles me odiassem tanto assim.


 


Mais uma vez Jake mostrou ser um amigo precioso, ficou ao meu lado todo o tempo, me apoiando, me colocando prá cima e fazendo com que eu esquecesse tudo de ruim que estava acontecendo.


 


Conversamos bastante e sua teoria era de que Charlie queria que eu fosse atrás dele, implorasse por ajuda, eu não concordava, achava que ele estava fazendo isso para me atingir simplesmente por ainda achar que eu era a grande culpada de manchar o seu nome.


 


Resolvi que no dia seguinte iria tentar mais algumas coisas.


 


Minha noite não foi tranqüila, eu fiquei a noite inteira preocupada com o que eu faria se não conseguisse nada, ficar dependendo de Jacob não era uma opção válida prá mim, mesmo sabendo que ele me ajudaria sem precisar pedir. Acabei por dormir poucas horas.


 


Quando acordei estava moída, mas eu precisava tentar resolver minha vida, tomei banho, preparei o café da manhã e uma hora depois estava pronta para sair. Jake iria me acompanhar hoje, passamos em uma banca de jornal, compramos um jornal de classificados, circulamos as vagas de empregos que meus requisitos atendia e ficamos o dia inteiro indo de um lado para o outro da cidade tentando alguma coisa, mas o esforço foi em vão, quando eu falava meu sobrenome eles inventavam alguma desculpa e me dispensavam.


 


Era uma porta atrás da outra sendo fechada, mas quanto mais não” eu recebia, mas a vontade de vencer aflorava dentro de mim, e foi assim minha semana inteira. Acho que visitei todas as empresas que essa cidade possuía e o discurso era sempre o mesmo. No dia de Jake ir embora eu estava desolada, seria mais difícil do que eu estava pensando.


 


- Bella, você poderia ir comigo para Dallas.


 


- Jacob, você sabe que não dá, não posso sair do estado e seu pai é muito amigo de Charlie, nós dois sabemos que ele não aceitaria.


 


- Mas o que você irá fazer? Seu pai não te dará paz aqui, ele já mostrou isso.


 


- Estou pensando em ir para algum lugar onde ninguém me conheça, começar completamente do zero, talvez seja o momento de me desligar do passado, sei lá.


 


- Espera eu resolver algumas coisas e te acompanho.


 


- Não posso aceitar isso, você tem sua vida Jake, você trabalhou tanto para mostrar a Billy o seu valor, a sua capacidade e agora que está conseguindo vai largar tudo para me seguir? Não vou aceitar isso.


 


- Não vou aceitar te deixar sozinha, você não merece isso.


 


- Talvez eu ainda não tenha passado por tudo que tenho que passar Jake, vai saber... Mas não quero que se preocupe comigo, eu estarei bem, a vida prega peças que a gente não entende, mas quem sabe eu não esteja indo descobrir o pote dourado atrás do arco-íris?


 


- Mas para onde você vai Bella? Pelo menos comigo você estará protegida.


 


- Não Jake, engano seu. Eu preciso sumir para que eles deixem eu reconstruir minha vida, não posso mais perder tempo.


 


Ele acabou por aceitar e passamos o resto da noite procurando um lugar para eu ir. Não podia ser uma cidade grande, pois ele certamente me acharia. Jacob localizou uma pequena cidade onde talvez eu conseguisse o anonimato. Procuramos no guia hotéis e casas para alugar, mais uma vez Jacob iria me ajudar. Com as coisas todas resolvidas fui arrumar minhas coisas, na manhã seguinte estaria indo embora. Saímos cedo, com a promessa de logo nos vermos.


 


Na rodoviária abracei meu amigo, respirei fundo e segui para Forks.          


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Notas finais do capítulo

N/A.Sei que não cumpri com a minha palavra, mas me digam, valeu a pena esperar?
Não esqueçam de deixar um comentário sobre o que estão achando.
Preciso de um incentivo, se não, não saí nada!!! Não vai doer nada e ainda me fazer um bem tremendo. Quanto mais rewiens eu tiver mais rápido teremos o próximo capítulo.
Quero mais uma vez agradecer a vocês que dedicam um pouquinho do seu tempo com essa maluquice que estou criando, e saiba que é gratificante saber que um trabalho que é feito com muito carinho está agradando.
Quem quiser me conhecer pode dar uma passadinha no meu perfil do Orkut : http://www .orkut. com.br/Main#Profile?uid= 17270916073290589809&rl=t ou no twitter : www. Twitter .com/ Ludrozina e tô também no Facebook, vou adorar vê-las por lá.
Um beijo mais que especial para as meninas que estão lendo e deixando recadinhos, vocês não imaginam como isso incentiva a escrever mais.
Bjks