Desventura Divina: A Jornada de Ouro escrita por Lady Meow


Capítulo 12
Da fuga perfeita a captura mortal em Las Vegas


Notas iniciais do capítulo

Oi! Queria mais uma vez pedir desculpa pela demora e tals, sinto muito por isso pessoal, estou tentando melhorar!
Bem, planejei esse capitulo antes mesmo planejar a historia da fanfic, então gostaria de pedir que vocês comentassem, favoritassem e recomendassem, pois faço de tudo para deixar essa fic melhor, inclusive, fiz uma capa e uma sinopse mais elaborada! Gostaram? Espero que sim!

AGORA, QUE TAL LERMOS O CAPITULO? Depois de tanto tempo, JDO IS BACK, BITCHES!
Me desculpem pela demora e por qualquer errinho!
OBS: Recomendo voce ouvir Waking Up Vegas da Katy Perry durante o capitulo (https://www.youtube.com/watch?v=1-pUaogoX5o)



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VALENTINE

Talvez nunca tivesse visto tantas luzes durante a minha vida inteira.

Estávamos paradas de frente ao tal Hotel e Cassino Lotus, um prédio enorme, com letreiro neon em cima das portas de entrada cujo nome estava escrito na frente de um desenho de uma flor-de-lótus. O centro multi-colorido e barulhento de Las Vegas se erguia bem atrás de nós. Apesar de apenas parecer ser um cassino como qualquer outro da região, como todas as coisas mágicas do mundo mortal, exalava uma espécie de energia.

— Vamos, estamos paradas aqui há tanto tempo que a devem ter raízes saindo dos meus dedos do pé — Comentou Ronnie.

— Tudo bem, eu só estava “absorvendo a paisagem”. — Uma parte disso era verdade, a outra era por que tinha ralado a palma das mãos ao ser jogada pra fora pela aquela porta invisível (francamente, deveriam ter me avisado que ela podia “ficar” alguns centímetros — muitos centímetros — longe do chão).

Quando entramos lá, o recepcionista nos recebeu com um grande sorriso, o que foi estranho, já que ele nem fez menção de pegar o radio e chamar a segurança porque duas garotas de aparência meio deplorável acabaram de entrar. Uma delas tinha um corvo tagarela no ombro.

— Fico feliz por terem chegado.

— Não me lembro de ter feito nenhuma reserva — O cara me ignorou completamente e abriu a passagem de acesso ao interior do cassino.

— Ela já foi feita e paga há muito tempo, então vocês não devem desperdiça-lo! Vamos, entrem e aproveitem — Gesticulou para a porta.

Precisava completar a missão e encontrar a chave, mas tinha receio daquele lugar, depois de tudo que tinha ouvido sobre ele no interior do Argo II. Tinha escolha ou não? Nunca na minha vida gostaria de quebrar uma promessa e não começaria agora, prometi salvar todos os semideuses e faria isso, isso me já custou a memoria, não faria muita diferença se custasse outras coisas também.

Ronnie pegou os dois cartões de crédito verdes que nós oferecia.

— Grana-Lótus. Pode ser usado em todo cassino, podem participar ou jogar qualquer atividade que tivermos, isso inclui os serviços da lanchonete e o acesso aos quartos. Ah, alias, os seus são 113 e 114, cobertura.

Nem a pessoa menos interesseira do mundo não ficaria tentada ao perguntar qual era o numero do milionário que tinha pagado aquela conta. Principalmente quando se tratava de um hotel e cassino de luxo como aquele.

Peguei o meu e nos dirigimos a passagem, sem esquecer de soltar alguns “Minha Nossa!”, “Uau”, “OMG!” ao deparar com o que estávamos lidando: Um tobogã enorme dava voltas por todo salão, mesas de jogos normais estavam espalhadas em todos os lugares junto com máquinas de todos os tipos jogos eletrônicos imagináveis. Vários estilos musicais entravam em sincronia no som que vinha dos simuladores de dança e o aroma de comida flutuando pelo ar era tentador.

Se eu estava tentando decidir que coisa fazer primeiro ali? Pode se dizer que sim.

Aquele lugar estava removendo todo o peso que estava alojado nas minhas costas, deixando o mundo mortal para trás como se estivesse entrado em uma bolha de isolamento. Era tão... bom.

Meu amigo plumado cravou as garras em meu ombro novamente, estava tão aérea que mal dei bola. Só sabia que devia aproveitar o máximo que pudesse, talvez um pouco mais.

Um elevador nos levou ao ultimo andar, o da cobertura, só haviam dois quartos ali, ambos tinham os numero presos a porta folheados a ouro, assim como a fechadura eletrônica.

— Vejo você lá embaixo, precisamos explorar isso aqui inteiro. — Ronnie disse antes de girar a maçaneta e desaparecer dentro do quarto 313. Precisava ver como era o meu, enfiei o cartão na fechadura e agora sim, tinha entendido completamente o sentido da expressão “Hospedes de Ouro”.

Meu quarto vinha com uma das camas d’água mais macias que já tinha visto (pelo menos acho que tinha visto, ou chegado perto de uma), era coberta por um edredom quentinho e travesseiro de penas de ganso. Não me lembrava de ter falado para alguém dali qual era o meu estilo de roupas, já que o grande guarda-roupa colocado ao lado parecia ser o guarda-roupa dos meus sonhos, isso era muito estranho. O banheiro ficava do lado das aberturas de vidro da varanda.

Dei um jeito de prender aquele corvo estupido dentro de um cesto de roupas vazio e me joguei debaixo do chuveiro quente assim que liguei a TV gigante em algum canal pago de videoclipes de bandas. Finalmente sai do quarto, limpa, perfumada e usando um vestido preto rodado com bolinhas brancas (descobri que tinha uma tara por roupas antigas, mas era realmente bonito), saltos altos escuros, brincos de imitação de perolas brancas bem convincentes e óculos de sol estilo gatinha como um disfarce para os fios de cabelo que insistiam em sair do aperto do elástico que prendia meu coque volumoso. Pela breve olhada que dei no pessoal que se divertia no salão, deduzi que era meio que regra usarem roupas de outras épocas, seria melhor não inventar moda e apenas seguir o estilo. Depois de ver um clipe que passava na TV enquanto procurava outra toalha para secar meu cabelo, descobri que os anos 50/60 eram um marco para quem precisava de um visual retro.

Dei as costas para o corvo que se grasnava mais desesperado que bravo, como se quisesse me dizer alguma coisa. Como não gostava dele, apenas ignorei.

{...}

— Talvez só mais uma rodada okay? Vai ser a ultima, já estou avisando! — Eu disse rindo como nunca, após de dar outra mordida em flor-de-lótus: tinha o formato de uma flor, porem era feita de açúcar e tinha um sabor e aroma único, a cada hora meu corpo ficava mais leve e já ia perdendo a noção de algumas coisas. Ela era proibida para menores de 16, agradeci milhares de vezes por ser mais velha. Perdi a conta de quantas comi.

— Espero que você não ganhe dessa vez, se não vão dizer que você esta trapaceando, joia? — Denny Coen comentou, apertando o botão de “play again” do controle do vídeo game. Ele tinha sido um dos que não tinham acertado no que usar: seu cabelo era crespo e castanho claro, tinha aparelho com borrachinhas roxas e sua roupa extremamente colorida me dizia que estava caracterizado ao estilo dos anos 70. Parecia que ele levava isso a sério, já que até suas gírias e palavreados vinham dessa época.

Uma batida animada começou, mostrando que já era hora de dançar. Tinha que ficar de olho nos movimentos que a boneca fazia na tela e o jeito que os faria ao pisar no tapete quadriculado que brilhava de acordo com sequencia. Não sabia se tinha vocação pra dançar ou aquelas flores tinham amolecido meus quadris já que as pontuações das partidas anteriores tinham sido bem altas.

Também levava mais vantagem contra meu adversário que mal conseguia andar de entorpecido, imagine dançar? Às vezes me preocupava quando ele caia e começava a tremer, como se estivesse tendo uma overdose de flores-de-lótus, devia estar a bastante tempo ali.

— Você é uma dançarina bacana, que discotecas você frequenta, boneca? — Normalmente eu responderia de um jeito nada carinhoso, mas dessa vez deixei passar. Quem em pleno século XIX falava de um jeito tão brega?

Dispensei uma garçonete que trazia mais uma rodada de flores e refrigerantes com a mão, mesmo que meu corpo pedisse por mais. Tinha dançado tanto que meus músculos protestavam de dor, mas minha cabeça me dizia para continuar.

Iria dar um tempo nos jogos quando o brilho de uma daqueles jogos de simulação, “Caça aos Esqueletos” parecia ser realmente interessante. Passei um bom tempo nele e uma única vez, consegui avistar Ronnie de longe, em uma das mesas daqueles pôqueres com dados e moedas, rodeada de pessoas. Não sabia o que era mais chamativo, a cartola cheia de plumas duradas com detalhes de rodas dentadas dela ou o corset de ouro junto com uma saia marrom escuro e botas da mesma cor. Talvez tenha se inspirado em alguma fantasia da Lady Gaga de Chapeleira Maluca Steampunk.

Não resisti e peguei mais uma flor. Senti-me leve novamente, sem nenhum pensamento importante a não ser ter que experimentar mais doces daquele, comer um sanduiche bem gordo e tomar o refrigerante mais calórico/ gosto possível e jogar.

“Quando se entra lá, se perde a noção do tempo. Pode ter parecido que você ficou lá apenas algumas horas e quando na verdade, se passarão décadas. Sem envelhecer, só que sem poder sair, a não ser que você saia do transe, o que é extremamente raro.”

Virei à cabeça para todos os lados, tentando descobrir de onde vinha à voz de Nico. Talvez ela tivesse sido arquivado no meu subconsciente, o aviso era claro e eu tinha caído na armadilha do cassino, tinha passado todo o tempo repetindo isso mentalmente para no fim esquecer. Como podia ser tão idiota ao não lembrar? Olhei ao redor, todos ainda jogavam. Não sabia que dia era mais, só sabia que ainda tinha que completar o que iria fazer ali rápido.

Só então entendi que aquelas pessoas não estavam vestidas de épocas diferentes, elas pertenciam a outras eras. Como não tinha percebido?

Ainda estava meio zonza, não tinha acordado o suficiente, isso fazia minha visão embaçar um pouco. Que tártaro havia naquela doce?

Procurei pelo salão coisas que seriam perfeitas para guardar uma chave que tinha alguma energia mágica diferente — pelo menos, deduzia que teria — e minha busca se resultou em nada. O efeito ainda não tinha saído por completo e isso atrapalhava, agarrei desesperadamente uma taça de água de uma bandeja e bebi a metade, depois joguei o resto no meu rosto.

De volta ao meu estado mental normal, resolvi que era melhor procurar em lugares menos óbvios e de mais importância. Aquele lugar deveria ter algum gerente ou coisa parecida, então devia procurar a Sala da Gerencia, era a única opção restante. Precisava encontrar a chave, tirar Ronnie das atrações e cair o fora dali depressa. A segurança era mínima, já que todos ali estavam drogados com doces feitos de açúcar altamente viciantes, não deviam causar muitos problemas.

Sai da área das partidas de corrida com carrinhos de controle remoto e entrei em um corredor vazia cujo acesso era restrito, não precisei ter que fazer muitas coisas além de pular um portãozinho de grades e ouvir uma pequena reunião que acontecia dentro da Sala da Gerencia pela porta.

— Parece que uma delas acordou — Comentou alguém, com voz masculina e grossa.

— Ah, a de cabelos pretos... Ela não é uma ameaça, não como a outra. Principalmente sem seu arco, ela é inocente, não sabe de nada e ainda por sim, mal sabe quem é direito, parece uma barata tonta. É bobinha... Se acalme Fill. — Dessa vez era feminina, meio falsa e vulgar.

— Tem razão, Lauren... Ela realmente não é uma ameaça. — Parei de ouvir a conversa a partir dali.

Inocente, bobinha, parece uma barata tonta... Esta oficialmente aberta à temporada de ofensas a mim.

Me abaixei e fiquei atrás de uma máquina caça-níqueis velha e estacionada. Qual era o problema comigo? Não estava sendo a heroína perfeitinha das historias? Qual é gente, apesar de ser filha de um deus, ainda era meia humana, não era perfeita, porém tinha qualidades também. Minha autoestima estava lá no subsolo do poço.

Nós últimos tempos, tinha começado a adquirir um senso critico e analítico, já havia se tornado uma mania ficar debatendo e analisando mentalmente as coisas, fazendo pequenos comentários. Talvez tivesse fica com os sentidos mais apurados, talvez perder a memoria tivesse abrida o possibilidade de uma Valentine mais observadora e uma Valentine Observadora era a fonte para resolver meus problemas. Precisava provar para mim mesma que eles estavam errados, mas como?

Fiquei pensando nós que conhecia e nas maneiras deles deixarem seus inimigos intimidados. Ronnie deixava bem claro o tamanho de sua força e poderes, não costumava esconder nada e isso funcionava como um aviso, o olhar intimidador funcionava como as cores chamativas das escamas de uma cobra venosa era capaz de deixar qualquer um com um pé atrás antes de fazer alguma coisa. Até mesmo Nico tinha algo assim, mesmo sem pertencer mais ao mundo dos vivos, ele conseguia ser imponente e deixar todos assustados com ratinhos medrosos sem fazer nada, só a tristeza que carregava era suficiente para isso.

Eu teria que encontrar meu ponto de imponência.

Eles acreditavam que era fraca e ingênua, então eu executaria esse papel, seria quem eles queriam por fora e por dentro, era outra historia, precisava me auto descobrir novamente, como uma criança crescendo e descobrindo quem ela quer e vai ser quando crescer. A única diferença é que não era uma criança e estava crescida e precisava fazer isso logo.

Uma das vantagens de ter perdido tudo que conhecia era que agora não havia moral, consciência ou qualquer coisa que me impedisse de fazer o que queria, mesmo que isso quebrasse as regras morais criadas pela sociedade. Era livre, nada estava pré-determinado na minha cabeça e culpa era uma palavra que teria que apagar do meu dicionário. Não me lembrava qual era meus medos, não tinha ninguém que eu gostasse demais que se tornaria minha fraqueza, isso fazia de mim uma pessoal mentalmente invencível, porem fisicamente ainda era vulnerável. Um arqueiro é feito pra ficar fora de vista dos inimigos, escondida e pronta para atirar e matar a tropa rival sem que eles percebam e quando percebem, hum, tem uma flecha cravada no coração.

Olhei para o espelho preso no teto. O espelho mostrava o que as pessoas queriam ver, porém se quebrado já que é feito de vidro, revelando seu verdadeiro interior, pode machucar.

Eu seria um espelho, assim como era uma arqueira.

A porta se abriu e uma loira oxigenada sair de lá, esperei até o barulho dos saltas desaparecer no corredor para entrar na sala. Um homem de cabelo grisalho estava sentado atrás de uma mesa grande, coberta por papéis e com um recipiente de doces de vidro cheio de flores-de-lótus intocadas há séculos. Senti vontade de pegar uma.

— Exijo que liberte todas as pessoas daquele transe — Comecei, não perguntei seu nome, sim, essa era a intenção. Heróis nunca perdem tempo com apresentações.

— Como é que é? — Ele levantou a cabeça da prancheta de notas e arrumou os óculos — Por que faria isso?

— Porque sou aquela que vai trazer de volta a espécie dos semideuses, e eu ordeno que solte a pessoas lá em baixo. — Acrescentei um pouco de ódio na minha voz, mas pouco, não queria deixa-lo assustado demais.

O cara continuou indiferente.

— Mais um brinquedo dos deuses, dessa vez uma bonequinha... Como sempre, achando que pode resolver o problema de todos, do lado dos bonzinhos, achando que os deuses são amáveis e legais. — Continuou — Você esta sendo iludida, bobinha. Você é apenas mais uma heroizinha no jogo deles, eles de motivam a fazer o que eles querem para depois, quando morrer, ser esquecida e substituída por outro. Não se vangloriei por que esta em uma missão exclusiva, daqui a mil anos outra pessoa vai fazer a mesma coisa e bláh, voce é esquecida.

Eu ainda estava em meu papel, estava sendo a heroína boazinha e ingênua que luta contra o mal e é perfeita. Estava mostrando o que ele queria ver.

— Não, esta completamente errado! Você é mau, prende essas pessoas no tempo, deixando seus familiares e pessoas que as amam lá fora, envelhecendo e morrendo, enquanto eles estão aqui e não sabem de nada do que esta acontecendo lá fora. Pare com isso, deixe elas serem livres.

— Quantas vezes vou ter que repetir garota? Estou salvando a vida deles, o que acontece lá fora? Eles saem e ai? O que aconteceu? Entram em um emprego péssimo, acabam criando uma vida de merda, ainda passam a maior parte do tempo sobre risco de violência e coisas a mais. Também há pessoas como você aqui, semideuses que foram salvas do Ultimo Truque de Gaia. Aqui pelo menos elas estão seguras.

Uma heroínazinha sempre deixa os outros fazerem sua cabeça. Anotado.

Fiquei um tempo em silencio, fingido que estava pensando no assunto.

Puxei uma cadeira e sentei, cabisbaixa. Tinha que parecer o mais convincente possível.

— Agora percebeu o que estou tentando dizer? Por que não deixa essa jornada e fica aqui? Vai continuar viva e feliz, como estava há minutos atrás dançando naquele jogo. Não seja mais um peão para eles, não seja uma bonequinha, não faça o que mandam, não faço o que seu irmão pede. Afinal de contas, ele esta tão interessando em voltar a viver quanto todos, vocês mal se conhecem há pouco tempo, porque que iria se importar com você? Sendo que você é a substituta da verdadeira irmã dele?

Nessa ultima parte, tinha realmente mexido em uma ferida inflamada, uma questão complicada. Quem sabe tivesse um pouco de sentido no que ele estava dizendo.

— Esta vendo? Você esta mudando de ideia garota, isso é bom. Esta vendo o quanto esta enganada a cerca das coisas. Agora coma uma flor, sei que esta tentada, coma uma e volte para o transe, sem preocupações, sem medo, sem ordens, sem dever. — O homem tirou a tampa do pote, seus olhos cinzentos a me encarar.

— Parece estressado, esse trabalho não deve ser fácil, ouvi sua discussão com aquela mulher, porque não deixa esses papeis de lado? Esses impostos? Vá relaxar, experimente uma flor também, deve estar cansado — Tentei não deixar transparecer qualquer tom que não fosse ligado à inocência.

— Não posso, não com todo isso — Ele ainda me analisava, tentando entender se estava sendo verdadeira.

— É claro que pode, qual a graça de ter um lugar tão divertido como esse na palma das mãos e não usufruir dele? É o mesmo de pagar um jantar super caro para alguém e não comer também. — Inclinei a cabeça para o lado e sorri timidamente. Não era difícil perceber quanto estava irritado e cansado, os ombros tensionados e tortos, os bocejos disfarçados, a aparência frustrada e a barba por fazer.

— Sei o efeito que ela fazem, não sou burro Valentine.

— Não estou falando que seja burro, só estou dizendo que talvez diversão não mate. Espere, alguma vez você já se sentiu como é se divertir? Sentir-se livre de todos os seus problemas? Se livrar do peso em seus ombros?

— Era o único da minha ilha que nunca tinha comido uma dessas.

— Em milhares de anos você reprimiu sua vontade? Você merece, já que esta administrando isso aqui há muito tempo, sem nunca poder aproveitou? Vamos lá! — Peguei uma flor do pote e mordi, mastiguei, porém não engoli. Apesar de o gosto ser muito bom, não podia me deixar tentar. O Lotófago agora realmente parecia tentado. — Não resista.

Sem escolha, estendeu a mão para o pote. Fingi espirar para dar um jeito de cuspir aquela flor fora.

A partir dali as coisas passaram como um borrão.

Enquanto o enrolava com a conversa, tinha reparado um jornal colocado em uma moldura ao lado de uma cortina. As letras eram pequenas, mas graças ao marcador, dava para se esforçar para ler a manchete do Expresso Olimpiano.

“Moça desaparecida depois de 20 anos é encontrada morta depois de cair e bater a cabeça após ingerir muitas flores-de-lótus próximo ao cassino.”

A noticia era de 1970, a garota da foto era a mesma que estava em um porta-retrato rabiscado com vários “Theo-coração-Agatha”. Ela devia ser importante. Sentia que o rapaz sentia uma espécie de culpa e arrependimento por essa garota. Não existe coisa melhor para pressionar uma pessoa usando a culpa que ainda guardava. Não podia convencer aquele cara usando a voz, então usaria o medo, usaria um de seus fantasmas do passado que tentava esquecer.

Quem sabe controlar almas não fosse meu verdadeiro poder, mas ainda sim, estaria ligado a isso. Olhei para a foto novamente. Sombras rodeavam meus pés, o clima abafado caiu e assim me concentrei nela.

— Theo... — Minha voz continuava a mesma, mas por algum motivo soava diferente.

Tinha me transformado na Agatha. Ganhado cabelos dourados e minha roupa também tinha mudado para outra que pertencia à mesma década da outra. Dessa vez, com tons de rosa claro.

— Agatha? — A mão bateu na lateral e o pote se espatifou em mil pedaços. — Você... não pode... Você morr...

Ele parecia espantado, assustado, os olhos arregalados. Acabou perdendo o equilibro e se derrubando com tudo contra o chão, mal respirava com o susto. Eu precisava ser rápida, não sabia quanto tempo ficaria com aquela forma, então sem dó ou piedade, me aproximei e virei à cabeça de lado, chutando sua cabeça com força o suficiente para deixa-lo apagado por um tempo. Foi tão rápido que mal teve tempo de soltar um grito abafado.

— Sim, ela morreu.

Meu coração estava elétrico e batia com tanta força que achava que vapor estava saindo pelas minhas orelhas. Me encontrava completamente hiperativa, meio em choque, um tanto eufórica. Não podia perder tempo.

Pulei o corpo desacordado e me abaixei. O rosto estava vermelho onde a ponta do salto tinha atingido e estava parado de um jeito estranho. Ainda respirava, só que não fazia menção de que iria acordar logo. Desabotoei a blusa e encontrei um cordão com uma chave presa. Elleanor, a filha da sorte, havia me dito que o tinha visto com a chave em um dos jogos de seu pai, usa-la como pingente seria a única explicação lógica.

Por falar nela, aquela era A Chave. Entalhada em ouro puro, bem menor que o meu dedo mindinho e extremamente fina. Puxei o cordão do pescoço e prendi no meu. Mesmo sendo leve, aquela coisinha pesava mais do que imaginava e me custará mais ainda.

Necessitava sair dali logo, talvez aquela se mulher voltasse e não tinha feito tudo aquilo para ser pega justo durante a fuga.

Quando atravessei a porta, me livrei da forma de Agatha como uma serpente trocando de pele, aqui vai uma dica: é como você colar um pedaço de durex na sua pele e arrancar depois de uns minutos, incomoda bastante no começo e então se torna um formigamento passageiro. Falo como se isso fosse simples, mas não é.

Se me sentia com a consciência pesada de ter mexido com alguém que estava “descansando em paz” e depois agir covardemente? Não, nem um pouco. Apagar um cara com um chute na cara após se transformar na namorada morta dele, faço isso todo dia.

Usando vestido e saltos, desfilando como uma agente secreta, retornei ao salão. Ninguém se importou comigo, continuavam vidrados nas telas coloridas e nas cartas. No meio da multidão das mesas de apostas, encontrei Ronnie e a arrastei para fora, estava tão sorridente que provavelmente acordaria com dor.

— Corre. — Gritei para ela enquanto eu fazia uma pausa para respirar.

— Por que faria isso? — Estava zangada por tê-la tirado do meio da partida.

— Isso é uma armadilha Ronnie! Esse é o cassino que faz as pessoas deixarem de lado o mundo normal e não envelhecem, aqui o tempo nunca passa! — Por sorte, isso soou razoavelmente desesperado o suficiente para tirá-la do efeito das flores. Sacudi seus ombros violentamente.

— Então por que vamos correr como loucas? — Disse depois de piscar várias vezes.

— Qual a parte do: “o tempo não passa aqui dentro” que você não entendeu? Tem gente aqui que deve ter mais idade que os bigodes do seu avô.

Rodeamos mais algumas atrações. Quando mais demorava a encontrar a saída, mais alarmada ficava. Quantos minutos alguém levaria para se perguntar o que tinha acontecido com o gerente? Quantas horas se passavam lá fora enquanto corríamos sem rumo aqui?

Me aliviei um pouco assim que encontrei a saída, o recepcionista não tinha dado sinal de vida. Finalmente livres? Mais uma vez ganhei o premio de maior iludida da historia.

O sol continuava alto, a rua estava anormalmente vazia para o horário. Nem um pouco suspeito, mas estava tão segura de si por ter conseguido sair e finalmente poder respirar o ar puro e seco do deserto, parecia que eu tinha completado a jornada.

Havia dito que não era possível eu ter feito tudo isso para no fim, minha fuga ter dado errado, infelizmente eu estava certa, só que não da maneira que eu esperava.

Oito pessoas com armas esperavam por nós. Estávamos cercadas.

— Ora, ora, nos livramos do rato e em troca ganhamos as duas ultimas coelhinhas. — Uma senhora alta disse, trajando uniforme azul escuro como o da Policia, só que com uma águia entalhada no peito.

— Por acaso tenho cara de que moro na mansão da Playboy para ser chamada assim? — Estava quase andado para trás e pegando outra flor-de-lótus para ela, seria muito melhor que vê-la em sua crise de mau humor.

— Não querida — A tal tinha uma espécie de controle remoto na mão e o pressionou, fazendo com que Ronnie automaticamente caísse de costas, com os olhos abertos, porém fixados em um ponto distante no horizonte, mas o básico para me deixar assustada, nunca tinha visto alguém cair sem reação tão fácil assim, foi um golpe tão baixo que fez o que tinha aprontado dentro do cassino ser apenas um ato de bondade. Uma pulseira eletrônica piscava em vermelho em seu pulso. Estava com medo, pois não via ela respirar, ou estava nervosa demais para perceber — Ela traiu vocês mesmas. Nosso antigo prisioneiro, Toby Grey tinha conseguido destruir essa pulseira e escapado de nossas garras, então por algum motivo ela a encontrou e a consertou, nós levando a encontrar vocês. Realmente, ou somos muito sortudos ou vocês são extremamente burras.

— Quem são vocês? — Assim como as mocinhas dos filmes de terror, não tive escolha a não ser perguntar aquilo. — O que fez como ela?

A senhora sorriu malvadamente e acenou para os outros posicionarem mais a mira das armas, agora totalmente focadas em mim. Estava sozinha, tinha gastado minhas forças me transformando em uma garota morte e eram oito contra 1, eles estavam armados e eu não tinha nada.

— Ela esta melhor agora, é o que posso dizer. Nosso dever é livrar o mundo de pragas como você, seus deuses, seus mitos e monstros, passaram o tempo todo migrando de um lado para o outro, causando destruição nas nações que passaram. Precisamos destruí-los de uma vez por todas, para isso precisamos começar com a raiz do problema, assim como sua “deusa terra” fez, precisamos cortar o mal pela raiz que são vocês e sua raça impura de descendentes dos mitos. — Soltou uma risadinha — Ah sim, quem nós somos é a pergunta que fez? Sim querida, nós somos a O.R.D.E.M.


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Notas finais do capítulo

E ENTÃO? O QUE ACHARAM DO CAPITULO? DA CAPA NOVA E DA SINOPSE? Diga nos comentários, juto que não mordo :3
Quem gostou dessa nova pegada da Valentine? Fiquem atentos, pois isso é só o começo 'O'

Queria dizer que só faltam mais 4 capítulos para nos despedimos das nossas garotas, pois é onde a Jornada de Ouro acaba, mas não a fanfic, há muitas coisas para acontecer muahahaha

Obrigado por todos aqueles que estão acompanhando, favoritando e comentando na fic, obrigado pessoal! Até mesmo os leitores fantasmas merecem isso...
Mas antes de ir embora, tenho que pedir para voces lerem, recomendarem a fic aqui no Nyah! ou para os amigos que gostam de fics de PJO/HDO, FAVORITEM e COMENTEM, isso me deixa muito feliz e também queria que LESSEM a nova fanfic de PJO/HDO da nossa co-autora no SS, ela reescreveu The Snow Queen e quando digo que esta divo, esta divo (apenas avisando que ela pertence ao mesmo universo de JDO): http://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-percy-jackson-os-olimpianos-the-snow-queen-2329309

Então vou ficando por aqui, até a próxima (dessa vê espero que aconteça mais rapido haha), espero realmente que tenham gostado, não esqueçam de fazer as coisas que falei e beijos no core da Lady Meow ❤



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