Sinto os tres enrijecerem ao meu lado. Eu fico parada olhando para a foto e o nome que aparecem na tela do computador.

– Deve ter algum engano - sussurrei.

– Acredito que não detetive - Alicia, a perita, pegou as outras duas digitais e colocou no sistema - três erros identicos? Acho dificil.

– Ela deve ter algum bom motivo para isso - falei acreditando nisso, ela tinha que ter um bom motivo.

– Beckett... - Ryan falou - se fosse qualquer outra pessoa iriamos investigar.

– Mas nós vamos. Vamos ver o que aconteceu e tirar logo a Melanie do meio disso. Obrigada Alicia - falei saindo da sala, os tres me seguiram - Vamos rever todos os pontos, certo? Liguem para o cara com quem ela estava e mande ele vir até aqui, procurem qualquer envolvimento da Melanie com a vítima, fora o ballet.

Espo e Ryan assentiram e foram até suas mesas, Castle me seguiu até a minha mesa.

– Isso não faz muito sentido.

– Não mesmo - falei - aquela é uma roupa de aluguel, as digitais da Mel podem estar lá porque ela foi até a loja - mas assim que falei neguei com a cabeça e Castle fez o mesmo movimento.

– As roupas vão para a lavanderia antes de serem entregues - ele disse

– Sim, mas deve ter outro motivo.

– Sim, e nós vamos encontrar - Castle sorriu.

Eu abri um pequeno sorriso.

– Beckett, o cara já esta a caminho, o nome dele é David Wells.

– Obrigada Ryan, eu falo com ele.

Enquanto David não chegava, eu e Castle repassavamos o caso e tentamos encontrar qualquer ligação com a Melanie, mas fora as digitais na roupa não encontramos mais nada. Não demorou muito e David chegou, Ryan e Esposito o levaram até a sala de enterrogatorio, eu e Castle esperamos atras do vidro.

– Todo seu - Espo disse, com Ryan vindo atras dele

David parecia a vontade sentado lá, inclinou-se para tras e fechou os olhos. Fui até a sala, Castle me seguiu.

– Então senhor Wells, você disse estar com a Melania a tres noites atras - falei e me sente de frente para ele. David abriu os olhos e se endireitou na cadeira.

– Sim, eu estava com ela, garota legal - ele sorriu.

– Vocês ficaram juntos a noite toda?

– Sim, para a minha sorte sim. - ele deu um sorrisinho de lado - Mas eu já disse isso antes, o que esta acontecendo? - ele se endireitou na cadeira e arqueou uma sobrancelha.

– Eu faço as perguntas aqui - disse, não estava gostando muito do tom dele.

– Calma ai Detetive - ele voltou a ficar relaxado na cadeira - não quis parecer rude, só queria saber o que esta acontecendo.

– Estamos revendo alguns pontos soltos no assassinatode Isabella Zanella...

– E algo levou a Mel? - ele me interrompeu - Acredite está errado, só a conheço a alguns dias, mas não acho que ela seria capaz de fazer mal a ninguem - ele disse sorrindo um pouco.

– Só estamos nos certificando de tudo.

– Qual é Detetive, conheço as leis, sou advogado, se vocês não tivessem nada contra ela, não teriam me ligado, e pior, me mandado vir até aqui. Seja lá o que vocês encontraram contra ela, esta errado.

– Digitais não mentem Senhor Wells - falei, não estava mesmo gostando desse rapaz.

Quando eu falei 'digitais', ele suspirou.

– Bom, tenho certeza que não foi ela. Ficamos juntos a noite toda. Quando eu dormi ela estava ali, e quando eu acordei ela continuava lá. Não, eu não sei que horas eu dormi, digamos que eu perdi a noção do tempo - ele deu um sorrisinho de lado.

– Sabe me dizer onde encontra-la?- perguntei e ele apenas negou - Tudo bem, obrigada - falei me levantando. - Que cara idiota, como a Melanie foi se envolver com alguem assim - eu falei quando sai da sala. - Ele confirma tudo, não me pareceu estar mentindo - falei quando alcancei Ryan e Espo. - Já esta tarde, vamos para casa, amanha continuamos, a Melanie não via alugar algum, ela tem o concurso, amanha chamamos ela aqui e esclarecemos isso.

Nos despedimos e eu fui para casa. A primeira coisa que fiz quando cheguei foi ligar para ela, precisava conversar e ver o que estava acontecendo, mas ela não atendeu. Resolvi tomar banho para esfriar a cabeça. A Melanie não iria fazer isso, não consigo imaginar ela fazendo mal a ninguem, eu a conheço a anos, e ela sempre foi toda delicada, e querida com as pessoas, mesmo que as pessoas fossem irritantes.

Não consegui a tranquilidade que eu queria no banho, e já não conseguia ficar mais ali parada, então sai e coloquei uma blusa larga e comprida até metade da coxa e um shorts - que era um dedo mais comprido que a blusa - e fui até a cozinha fazer café. No caminho peguei o telefone e liguei novamente para ela, que não atendeu novamente, resolvi deixar um recado

– Hey Mel, sou eu. Preciso muito falar com você, quando puder me liga? Beijos - desliguei e coloquei o telefone em cima da bancada da cozinha, quando coloquei agua no fogo ouço batidas na porta.

Vou até lá e olho pelo olho mágico, e vi Castle parado do outro lado. Eu congelei, o que ele queria ali? E eu não estava apresentavel para abrir a porta, mas antes que pudessse cogitar a ideia de ir trocar de roupa ele bate na porta novamente, impaciente.

– Beckett, está tudo bem ai?

– Sim - respondi, respirei fundo e abri a porta.

O sorriso de Castle logo se desfez e ele fixou o olhar nas minhas coxas, ai meu Deus.

– O que você faz aqui Castle? - perguntei.

– É, eu... vim - ele levantou a garrafa de vinho, mas ainda olhava minhas pernas.

– Castle? - eu o chamei novamente, dessa vez ele olhou nos meus olhos e o sorriso voltou.

– Bom, pensei que você fosse querer um bom vinho para passar a noite, depois de tudo o que descobrimos.

– Ah - eu sorri, ai então percebi que ele estava do lado de fora - Desculpe, entre.

Ele passou por mim e colocou o vinho em cima da bancada da cozinha.

– E eu também descobri uma coisinha, não sei se você vai gostar, mas...

– Castle, ela não é uma assassina - falei irritada e cruzando os braços.

– Não disse que ela era, só que... - ele foi até onde eu estava parada - como você explica as digitais e isso - ele me mostrou uma foto, era o David num drive thru, e no canto inferior direito estava a data, tres dias atras, e o horario, 10 da noite - se ele passou a noite toda com ela, como ee pode estar ai?

– O que quer dizer com isso Castle? - falei e sentei no sofá.

– Eu não sei ao certo Kate - ele se sentou no sofá - a Melanie me pareceu ser otima, mas tudo esta levando de novo a ela, e Kate, quanto tempo faz que vocês não se falam, digo, não convivem, ela pode ter mudado...

– Assassina? Isso vai contra tudo o que ela acredita. Ela repudiava, repudia, qualquer tipo de crime, não faz sentido.

– Alguma coisa aconteceu. As digitais dela estao na roupa da vitima, o alibi dela acabou de ir por agua abaixo...

– Motivo? - perguntei.

– Não sei, a unica coisa que penso é na vaga de ballet, mas nao faz muito sentido para mim, precisamos conversar com ela.

– Ela não atende o celular - falei e ele arqueou uma sobrancelha me encarando - deve estar ocupada... - eu suspirei - não consigo pensar que ela possa ter feito isso, Castle, eu a conheço desde criança, ela é como uma irmã para mim, é dificil.

– Imagino - ele pegou a minha mão e acariciou - nós vamos encontrar a ligação dela com isso, aposto que ela tem uma explicação boa para tudo isso, mas se caso isso não acontecer, eu estarei aqui com você - eu o encarei e ele sorriu.

– Obrigada - sussurrei.

– Sempre.

Abri um pequeno sorriso com aquela palavra, era bom te-lo ali comigo, nesse momento a chaleira começou a fazer um barrulho enorme e eu pulei do sofa e fui até o fogão.

– Acho que prefiro o vinho - falei e desliguei o fogo, peguei duas taças e me sentei na cadeira da bancada, Castle fez o mesmo e abriu o vinho.

Nós não voltamos ao assunto "Melanie" novamente. Castle me contavamais ideias para o proximo livro e me perguntava se eu podia contar mais coisas sobre o meu passado. Eu ri quando ele perguntou e neguei.

– Isso você vai descobrindo com o tempo Castle, não se aprece tanto.

– Ao menos eu tentei - ele riu, o seu celular tocou - Me de licença, um momento.

Ele foi até a sala e eu continuei bebendo o vinho. Tinha me esquecido completamente do caso da Mel, Castle conseguiu me alegrar, como sempre fazia.

– Ótimo - ele disse chegando a cozinha, eu arqueei uma sobrancelha para que ele continuasse - Alexis acabou de me ligar avisando que vai dormir em uma amiga porque minha mãe resolveu fazer uma convenção de teatro em casa e esta insuportável ficar lá. E o mais engraçado, a casa é minha - ele sentou-se na cadeira.

– Não deve ser tão ruim Castle - eu ri.

– Ah, você não a conhece. Isso não vai acabar tão cedo, e minha casa deve ter virado um cenario de alguma peça da broadway. - ele fez uma careta.

– Você pode ficar aqui se quiser - assim que eu falei arregalei meus olhos, acho que tomei vinho demais - e claro, se não se importar de dormir no sofá.

– Sério?

– Sim, mas lembre-se que eu durmo com uma arma ao lado da minha cama, não tente gracinhas Richard Castle - estreitei os olhos.

– Pode deixar - ele riu abertamente - obrigado Kate.

– Sempre - respondi me levantando. Vi de canto de olho que ele sorriu ao ouvir a palavra. - Boa noite Castle.

– Boa noite Beckett.

Subi até o meu quarto, deitei na cama mas sabia que ia demorar a dormir, e não era mais por conta da Melanie, mas sim do homem que estava deitado no meu sofá agora.